05 a 09 de fevereiro de 2007

Comércio Exterior

Resultados
Produção da agroindústria cresce 1,6%
Participação de importados na indústria
Infra-estrutura na mira dos franceses
Importado segura a indústria em 2006
China ultrapassa Argentina como fornecedor

Agronegócio

Embarques de carne aumentam 31%
Exportação de suínos cresce 10%
Viabilidade econômica do Biodiesel
Brasil precisa de 100 novas usinas
Equador confirma foco de Aftosa
Ministro critica Farm Bill

OMC


G-20 sugere calendário
Fiesp acena com acordos setoriais
EUA atacam subsídios chineses

Plano Internacional

G-8 alerta para emissões dos emergentes




Comércio Exterior

a) Resultados



b) Produção da agroindústria cresce 1,6%

A agroindústria fechou o ano de 2006 com um crescimento de 1,6%, o que mostra recuperação se for considerada a crise dos grãos que fez de 2005 um ano bastante fraco para o setor. A agricultura foi responsável pela recuperação do setor no ano passado, ao apresentar avanço de 3,4%. Os derivados da cana-de-açúcar foram os produtos que mais colaboraram para a agroindústria no ano passado, com elevação de 7,9% na produção.

Por outro lado, a pecuária contribuiu de forma negativa para a agroindústria em 2006, ao ter sua produção reduzida em 0,8% em comparação a 2005. No ano passado, a gripe aviária provocou a diminuição do consumo de aves em todo o mundo. Já as carnes bovina e suína brasileiras foram alvos de embargo por diversos países em virtude dos focos de febre aftosa em bovinos nos Estados do Mato Grosso do Sul e do Paraná no fim de 2005.

c) Participação de importados na indústria

O aumento de apenas 2,8% na produção é o resultado mais baixo desde 2003. A valorização do real e a alta competitividade dos importados são apontados como os principais causadores do recuo na expansão industrial de 2006. Segundo o IBGE, apesar do desempenho mais fraco, há sinais de melhora na qualidade da expansão industrial. Em 2005, ela atingiu 49,7% dos produtos. Em 2006, foi mais disseminada, atingindo 54,6%.

O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, culpou os juros e o câmbio pelo resultado fraco da indústria: "Se a política econômica não for modificada, o desempenho continuará fraco", disse. Dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior) mostram que as importações de bens intermediários (insumos industriais) cresceram 15,7%. O câmbio afetou segmentos exportadores e os que sofrem diretamente com a concorrência dos importados.

d) Infra-estrutura na mira dos franceses

A presença da ministra de Comércio Exterior da França, Christine Lagarde, no Brasil envolve possíveis projetos em infra-estrutura e energia, inclusive nuclear. Entre os projetos que interessam às empresas francesas, Christine citou a possibilidade de participação de companhias francesas na reativação das obras e na operação da usina Angra 3. Parada há 20 anos, a usina consta do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A pirataria também foi lembrada por um convênio assinado para a cooperação entre o instituto nacional de Propriedade Intelectual (INPI) e órgão equivalente na França.

e) Importado segura a indústria em 2006

A participação das importações no consumo de bens industriais no País bateu recorde em 2006 e vai superar a barreira histórica novamente este ano, segundo projeções da Fundação Centro de Estudos em Comércio Exterior (Funcex). Favorecidas pelo câmbio baixo, as importações fecharam 2006 com participação de 12% no consumo total de bens industriais. A taxa é três vezes e meia à registrada no início dos anos 90. O último recorde era de 11,7%, em 1998, ano anterior à desvalorização cambial.

f) China ultrapassa Argentina como fornecedor

A China ultrapassou a Argentina e se tornou o segundo maior fornecedor de produtos para o Brasil. No acumulado de 12 meses até janeiro, os chineses venderam US$ 8,28 bilhões para o país, acima dos US$ 8,19 bilhões exportados pelos argentinos. Os Estados Unidos seguem como líderes isolados, com exportações de US$ 15 bilhões no período. As importações vindas da Argentina cresceram 22% nos 12 meses até janeiro, patamar similar à alta de 25% das compras externas totais do país. Apoiados em baixo custo de mão-de-obra e em câmbio desvalorizado, os chineses conseguem um ritmo muito superior. No mesmo período, a alta nas importações de produtos chineses chegou a 33%. Em janeiro de 2007, as importações de produtos da China aumentaram 58% em relação a janeiro de 2006.

A China responde agora por 8,8% das importações do Brasil, apenas um décimo à frente da Argentina, com 8,7%. A tendência é que o país consolide essa vantagem e se mantenha na segunda colocação. Na última década, os chineses conseguiram avanço importante no mercado brasileiro. Em 1997, exportavam apenas US$ 1,2 bilhão para o Brasil e respondiam por 2% das compras do país.

Agronegócio

a) Embarques de carne aumentam 31%

As exportações brasileiras de carne bovina cresceram 30,9% em volume, para 215,2 mil toneladas (equivalente-carcaça), e 39,14% em valor, para US$ 338,960 milhões, em janeiro passado sobre igual período de 2006, conforme a Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne Bovina (Abiec). O aumento nas exportações em janeiro passado pode ser explicado pela continuidade do crescimento da demanda por carne no mercado internacional, mas a base de comparação baixa, em janeiro de 2006, também influenciou.

Os principais compradores da carne bovina in natura brasileira no mês passado foram Rússia, com US$ 71,603 milhões e Egito, com US$ 27,623 milhões, segundo a Abiec. A expectativa é de que as exportações sigam em alta ao longo do ano, de acordo com o executivo, por conta da restrição de oferta em países concorrentes do Brasil, como Argentina, Paraguai e Uruguai. O Brasil fechou 2006 com exportações de 2,404 milhões de toneladas (equivalente-carcaça), alta de 12,67%. A receita cresceu 28,22%, para US$ 3,923 bilhões.

b) Exportação de suínos cresce 10%

Conforme dados divulgados ontem pela Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), foram embarcadas 38.110 toneladas no mês passado, alta de 4,97% em relação a igual mês de 2006. A receita com as vendas de carne suína ao exterior totalizou US$ 73,127 milhões, um incremento de 9,80% sobre janeiro de 2006, segundo a Abipecs.

Os números da associação mostram que os embarques para a Rússia - que só importa hoje carne suína do Rio Grande do Sul e do Mato Grosso - continuam a recuar. O país, que ainda é principal cliente brasileiro em suínos, comprou 18.410 toneladas em janeiro passado, uma queda de 20,88% que em igual mês de 2006. Um destaque positivo foi a Ucrânia, para onde os exportadores brasileiros venderam 3.769 toneladas em janeiro deste ano, contra apenas 987 toneladas no mesmo mês do ano passado, um crescimento de 282%.

c) Viabilidade econômica do Biodiesel

A Agência Internacional de Energia (AIE) revisou para cima suas previsões para a produção mundial de biocombustíveis (etanol e biodiesel), mas apontou "fortes incertezas" quanto à sua viabilidade econômica. A agência destaca o apoio político à produção em vários países, sobretudo nos EUA - traduzido em generosos subsídios aos produtores por razões de segurança energética e ambiental.

Os EUA, que superaram o Brasil na produção de etanol, subsidiam os produtores com US$ 0,50 por galão, para compensá-los pela pouca atratividade econômica no segmento. Neste contexto, hoje, em Genebra, o Brasil estará ao lado de Canadá, União Européia, Austrália e Argentina contra os EUA na primeira consulta de uma disputa aberta pelos canadenses contra subvenções ao milho, produto mais usado para a produção americana de etanol.

Os EUA já tem 112 refinarias de etanol, com capacidade de 360 mil barris por dia. Outras 84 usinas estão em construção ou expansão. Com novos projetos sendo anunciados a cada semana, a capacidade total americana pode chegar a 1 milhão de barris de etanol em 2008. Com relação ao biodiesel, 87 usinas tem produção combinada de 40 mil barris por dia nos EUA. Outras 78 estão em construção, com 90 mil barris adicionais. A agência estima que a tendência de aumento no setor continuará diante da "generosa" ajuda governamental americana.

A Europa também ampliou a capacidade e a produção mais rapidamente do que a agência previa. A produção de etanol já é de 40 mil barris por dia, e uma capacidade adicional de 50 mil barris está em construção. Na América Latina e na Ásia, os governos igualmente estimulam a mistura com gasolina e vêem oportunidades de exportar para a Europa e para os Estados Unidos.

d) Brasil precisa de 100 novas usinas

Um estudo d BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) estima que o país precise construir cem novas usinas até 2010 para a produção de mais 8 bilhões de litros de álcool. A capacidade atual já é de 17 bilhões de litros. O tamanho médio de cada nova usina seria de 1,8 milhão de toneladas de cana, de acordo com o estudo. Dados do mercado já apontam projetos de 77 usinas até 2012. Atualmente existem 248 usinas na região Centro-Sul e 88 no Nordeste.

A produção de cana-de-açúcar, que está em 425 milhões de toneladas, deverá atingir 685 milhões na safra de 2012/13. O setor de etanol é um dos destaques na procura por financiamentos do BNDES. Em 2004, o banco desembolsou R$ 580 milhões. Em 2006, R$ 2,02 bilhões, alta de 248,27%. Dados de 2004 mostram que o Brasil respondeu por 36% da produção de etanol. Os EUA, que usam mais o milho, ficaram com 33%.

e) Equador confirma foco de Aftosa

As autoridades sanitárias do Equador comunicaram ontem a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE, pela sigla em inglês) a descoberta de um caso de febre aftosa na Província de Azuay, no sul do país. Segundo a OIE, o foco foi detectado em 6 porcos numa propriedade de 120 suínos, 26 bovinos e 10 caprinos. O último foco descoberto no país foi registrado em maio de 2006. Como o Brasil, o Equador já havia suspendido a compra de carne da Bolívia, onde há pouco mais de uma semana foram detectados focos da doença.

f) Ministro critica Farm Bill

O ministro da Agricultura, Luiz Carlos Guedes Pinto, afirmou ontem que “preliminarmente, a redução de subsídios, prevista na Lei Agrícola dos Estados Unidos (Farm Bill), está muito aquém daquilo que os países exportadores agrícolas, como o Brasil, esperam”. A nova Farm Bill foi apresentada pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) no dia 1 de fevereiro com propostas de corte e mudanças no sistema de subsídios adotado nos EUA. As propostas apresentadas serão votadas no Congresso norte-americano no segundo semestre.

Ao comentar a política agrícola, Guedes Pinto observou que os recursos para apoio à comercialização somam US$ 2,9 bilhões, dos quais US$ 1 bilhão será usado para escoar a soja, especialmente no Centro-Oeste. Com um cenário mais positivo, com preços de mercados mais firmes, o ministro afirma que os recursos podem ser desviados para outras culturas.

OMC

a) G-20 sugere calendário

Duas semanas depois que os principais países anunciaram o relançamento da negociação global, os 150 membros da OMC reuniram-se para avaliar maneiras de avançar na direção de um acordo para a liberalização comercial. Foi sugerido um calendário para concluir a negociação global que retoma a idéia de avanço proximamente nas "conversas" que vêm ocorrendo entre o Brasil, Estados Unidos, União Européia e Índia.

Para o G-20, grupo liderado pelo Brasil e que também inclui China, Índia, Argentina, Indonésia, África do Sul e outros emergentes, tudo depende essencialmente de os Estados Unidos aceitarem mais cortes nos subsídios domésticos e da União Européia e do G-10 (grupo protecionista que inclui Japão, Suíça e Coréia do Sul) concordar com redução maior nas tarifas agrícolas. O grupo reexamina suas propostas para mostrar flexibilidade no momento de bater o martelo, o que passa pelos "produtos especiais", tema que separa exportadores e importadores no grupo. Foram apresentadas reservas à proposta da Casa Branca para a nova lei agrícola dos Estados Unidos, notando que o volume de subsídios que distorcem o comércio mundial ainda é enorme e precisa ter cortes efetivos.

b) Fiesp acena com acordos setoriais

A indústria brasileira quer identificar quais ramos produtivos aceitariam selar acordos setoriais nas negociações da Rodada Doha, da Organização Mundial de Comércio (OMC). Essa nova postura representa a quebra de um tabu para a indústria , que sempre se posicionou contra os acordos setoriais por temer ser forçada a aceitar uma liberalização irrestrita. "Precisamos começar a desmistificar a negociação setorial", diz Carlos Cavalcanti, diretor-adjunto do departamento de comércio exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Os acordos setoriais podem ter três formatos: zerar as tarifas mundiais de todos os países em um segmento industrial, zerar as tarifas dos países ricos e estabelecer uma tarifa "x" para as nações em desenvolvimento, ou reduzir as tarifas de todos os países para um determinado patamar. Alguns setores já se posicionaram a favor de negociações setoriais no Brasil. São eles: granito, vidros planos, madeira processada, gemas de pedras preciosas e minérios (ferro, zinco, cobre, etc). A Fiesp busca agora identificar o maior número possível de setores para apresentar uma lista ao governo brasileiro.

c) EUA atacam subsídios chineses

A decisão dos EUA de abrir um processo contra a China na Organização Mundial do Comércio (OMC) por causa dos subsídios que ela concede a suas indústrias deve ampliar nos próximos meses a pressão internacional sobre os chineses, reforçando os ataques que suas políticas de desenvolvimento têm sofrido em outras frentes. A iniciativa sugere uma mudança de tom na política americana em relação ao país, num momento em que a Casa Branca encontra dificuldades para conciliar seu desejo de um relacionamento mais profundo com os chineses e as fortes pressões de políticos e empresários para que jogue duro com eles.

Os americanos acusam a China de oferecer benefícios tributários e outros subsídios que ajudam as empresas instaladas no país a se tornar mais competitivas no mercado internacional. Os EUA também reclamam que os subsídios chineses incentivam essas empresas a adquirir máquinas e equipamentos feitos na China, em detrimento de produtos americanos similares. De janeiro a novembro do ano passado, os EUA acumularam um déficit de US$ 213 bilhões em suas transações comerciais com a China. O desequilíbrio crescente nessa relação é fonte de grande insegurança em algumas indústrias e tem alimentado os instintos protecionistas dos políticos

Plano Internacional

a) G-8 alerta para emissões dos emergentes

A Alemanha quer criar um grupo coadjuvante de cinco emergentes, incluindo o Brasil, para participar de forma permanente dos encontros de cúpula do G-8, espécie de diretório econômico do planeta. A contrapartida para essa participação em bases regulares, em algumas sessões com as principais potências, será pressão adicional para assumir compromissos políticos em áreas como clima, patentes e investimentos estrangeiros. A presidência alemã do G-8 convidou o Brasil, China, Índia, México e África do Sul para a reunião conjunta no dia 6 de junho na estação balneária de Heiligendamm, para começar um "diálogo permanente" como reconhecimento de novas forças na economia mundial.

O G-8 quer ter, em junho, pelo menos as bases de um novo e radical compromisso obrigatório de redução dos gases. E isso implica o comprometimento do Brasil, China, Índia a assumir metas obrigatórias no futuro acordo. O Protocolo de Kyoto, que dura até 2012, obriga 35 países desenvolvidos a cortar as emissões de carbono em 5% abaixo dos níveis de 1990 nos próximos seis anos. Mas os industrializados reclamam que as nações signatárias representam apenas um terço das emissões globais. A pressão, porém, não cessa. A União Européia incluiu o Brasil numa lista negra, em outubro do ano passado, apontando violação "generalizada" de direitos de propriedade intelectual e de pirataria afetando "todos os tipos" de setores no país. O Brasil condicionou a cooperação na área com os europeus à retirada do país da lista.

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