29 de maio a 2 de junho de 2006

Comércio Exterior

a) Resultados Comerciais

A balança comercial registrou até 31 de maio um acumulado superavitário de US$ 15,464 bilhões, saldo resultante de exportações no valor de US$ 49,466 bilhões e importações totalizadas em US$ 34,002 bilhões desde o início do ano. Comparando com o mesmo período de 2005, observou-se um aumento de 12,9% das exportações e um crescimento ainda maior nas importações: alta de 20,9 %.

As contas do comércio exterior brasileiro concluíram o mês de maio com superávit de US$ 3,028 bilhões. O volume de exportações contabilizou US$ 10,275 bilhões - média diária de US$ 467 milhões – e as importações somaram US$ 7,247 bilhões. Este resultado expressa um aumento de 6,5% em relação a janeiro e uma redução de 21,5 % comparado a março, mês no qual o superávit atingiu recorde.

O Ministério do Desenvolvimento apontou a greve dos auditores fiscais da Receita Federal como um dos fatores responsáveis pelo superávit inesperado. Outros analistas também admitiram a influência das paralisações, mas adicionaram como causa a menor competitividade dos produtos brasileiros no mercado externo, resultado da valorização do real.

Considerando apenas a última semana do mês (dias 29 a 31) em seus três dias úteis, registrou-se um superávit de US$ 252 milhões, valor reduzido porém esperado por se tratar de uma semana curta. Comparando com o restante do mês tivemos uma primeira semana com superávit em US$ 880 milhões, a segunda trouxe um aumento para US$ 1,071 bilhão e a terceira fechou com uma queda para US$ 433 milhões - os três períodos tiveram 5 dias úteis.

b) Soja surpreende

A exportação cambial de soja nos cinco primeiros meses do ano apresentou um aumento de 35,7% em relação ao mesmo período do ano passado. A alta do dólar ao longo do mês, acumulada em 12,1%, permitiu um maior aquecimento do setor de grãos cuja receita é fortemente dependente da cotação da moeda americana – em apenas uma semana as vendas que totalizaram 2 milhões de toneladas.

Apesar do surpreendente desempenho, visto a recente valorização do real frente ao dólar, o preço médio de cereal passou de US$ 225 para US$ 228 por tonelada, um aumento de 1,3% se comparado com 2005 – considerando apenas as últimas semanas de maio, o aumento dos preços foi de 15%. O volume exportado também agradou, registrando um crescimento de 34 % - 10,17 milhões de toneladas sobre 7,7 milhões em 2005.

c) Brasil X Chile

Chile e Brasil negociaram na última semana de junho, saídas para dois entraves comerciais. Em troca de flexibilizar a proibição brasileira às importações de frutas chilenas suspeitas de apresentarem ácaros, o governo do Chile aceitou rever as barreiras impostas à carne brasileira em função de focos de Febre Aftosa nos estados de Mato Grosso e Paraná.

O ministro das relações exteriores chileno Alejandro Foxley comemorou os resultados das negociações e defendeu uma maior liberalização do comércio bilateral entre Chile e Brasil. Até o mês de abril, o comércio entre Brasil e Chile somou US$ 1,86 bilhão, com superávit de US$ 403,69 milhões para o Brasil cujos principais produtos exportados para os chilenos são óleos brutos de petróleo, telefones celulares e automóveis.

Índia

A economia indiana registrou no período de janeiro a março um crescimento de 9,3%, maior ritmo de crescimento desde 2004. A duplicação da produção alcançada pelas chamadas “supersafras” agrícolas e o aumento das contratações feitas por empresas no setor de tecnologia de informação (TI) – 229 mil novos empregos apenas na Microsoft - incentivaram o aumento do consumo da população e uma conseqüente elevação dos gastos com o setor de serviços.

Acordo entre Estados Unidos e União Européia

O Parlamento Europeu sugeriu no dia 1 de junho o estabelecimento de um “Acordo de Associação Transatlântica” para melhor articular a colaboração entre União Européia e Estados Unidos no plano internacional e abrir espaço para um “mercado livre de obstáculos” entres ambos. Em 21 de junho ocorrerá em Viena uma reunião de cúpula para discutir seus vínculos políticos e econômicos.

OMC

a) Pascal Lamy

O diretor-geral da OMC Pascal Lamy definiu para o final de junho o prazo para a conclusão das negociações sobre subsídios agrícolas e tarifas agrícolas e industriais. Chamando a atenção para a lentidão do atual ritmo das negociações da Rodada Doha, Lamy alertou para a agenda que prevê já para julho o início das negociações em outros assuntos importantes como liberalização de serviços e tratamento especial para países em desenvolvimento. O prazo final da Rodada Doha está previsto para o término desse ano, quando o pacote final terá de ser ratificado pelo Congresso americano antes de julho de 2007, data em que se expira a autoridade dos EUA.

b) Decisões políticas

Diante da pressão para a conclusão das negociações e acompanhado do presidente francês Jaques Chirac, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que o tempo está se esgotando pra as discussões técnicas entre ministros de relações exteriores: “Agora é a hora da decisão política. E a decisão política toma quem tem mandato para tomar, que somos nós, os presidentes e os primeiros-ministros", concluiu.

c) Durão Barroso e Lula

Em viagem ao Brasil o presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para discutir a importância de uma conclusão bem-sucedida para a Rodada Doha. Para ambos, o fracasso da rodada representaria um grande atraso para o multilateralismo e a liberalização do comércio mundial.

As diferenças entre o bloco dos países em desenvolvimento liderado pelo Brasil e a União Européia voltaram à tona nas declarações do presidente brasileiro: “O Brasil está fazendo a sua parte. Mas os maiores gestos têm que vir dos países mais ricos”. Barroso respondeu lembrando porém “que os países menos desenvolvidos têm de realizar concessões nas áreas de serviços e produtos industrializados”.

EUA x União Européia

O Ministro da Agricultura da Áustria, Josef Proell, orientou ao comissário de comércio da União Européia no sentido de não formular uma nova oferta de redução das tarifas de importação durante as negociações da Rodada Doha. A Áustria, que atualmente preside a UEo formularre n outros assuntos , justifica tal intransigência em resposta à falta de flexibilidade por parte de outro membros da OMC.

Peter Mendelson, comissário de comércio europeu, convocou publicamente os EUA a um movimento equivalente ao do bloco europeu, ou seja, se comprometer a melhorar sua oferta agrícola nas negociações: "A UE está disposta a encontrar fórmulas para melhorar sua oferta sobre acesso ao mercado em agricultura. Mas só apresentaremos uma oferta nova se, ao mesmo tempo, outras partes apresentarem ofertas satisfatórias em subsídios agrícolas e tarifas aos produtos industriais.”

OPEP

a) Reunião Extraordinária

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) celebrou no dia 1º de junho em Caracas, Venezuela, sua 141ª reunião extraordinária. A pauta se concentrou em torno da discussão sobre a produção do cartel no atual momento de alta dos preços da commoditye alta dos preços da commoditie. O presidente venezuelano Hugo Chávez defendeu uma redução da oferta argumentando que a alta dos preços é resultado de especulações, não de falta de petróleo no mercado.

Entretanto, a remota hipótese de mudança na produção não se confirmou e a cota diária se manteve em 28 milhões de barris. Aproveitando o encontro, Chávez defendeu a nacionalização dos hidrocarbonetos realizada pelo governo da Bolívia e propôs a admissão deste à OPEP como país observador. O Equador, membro do cartel de 1973 a 1992, também manifestou interesse na integração, mas em seu caso se trataria de um membro pleno.

b) Expansão

A delegação da Nigéria, atual presidente, trouxe pela primeira vez, em 30 anos de história da OPEP, a possibilidade de expansão do número de membros. O nigeriano Edmund Maduabebe Daukoru, presidente do cartel, cogita a admissão de Sudão e Angola como membros plenos do grupo – ambos são observadores atualmente. Se concretizada, tal expansão representará um aumento de 2% - de 41 para 43% - da presença da OPEP no suprimento mundial de petróleo. Somadas, as extrações de Sudão e Angola consistem em 1,5 milhão de barris por dia, sendo a maioria proveniente de Angola cuja produção aumentou 10% na última década.
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