28 de maio a 1 de junho de 2007

Comércio Exterior

Resultados
Brasil deixa de exportar US$ 2,7 bi para os EUA
Maior exportadora do Brasil de calçados fecha as portas
Aumento da quantidade exportada já dá forte contribuição ao saldo comercial

Agronegócio

Brasil pressiona para que agricultura volte à agenda com a UE
Futuro do plantio de milho no Paraná divide produtore

Mercosul

CNI manifesta preocupação com Venezuela no Mercosul
Mercosul e UE podem retomar negociação
Brasil discute com argentinos política automotiva comum para o Mercosul

OMC

Europa quer mais cortes de tarifas do Brasil

Plano Internacional

Apetite russo para compras deve crescer, diz especialista

 




Comércio Exterior

a) Resultados

A balança comercial registrou superávit de US$ 700 milhões na quarta semana de maio, elevando o saldo mensal a US$ 3,4 bilhões, de acordo com os dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Na última semana, as exportações somaram US$ 2,944 bilhões (média diária de US$ 588,8 milhões) e as importações, US$ 2,244 bilhões (média de US$ 448,8 milhões). O superávit comercial já é 12,86% maior que o registrado em maio de 2006, quando foi de US$ 3,0 bilhões. Trata-se do segundo melhor resultado do ano, atrás apenas dos US$ 4,203 bilhões anotados em abril.

Com o resultado da última semana de maio, o superávit comercial atingiu US$ 16,390 bilhões no ano, saldo próximo aos US$ 15,222 bilhões registrados de janeiro até a segunda semana de maio de 2006. As exportações deste ano, até a quarta semana de maio, cresceram 20,1%, atingindo US$ 57,963 bilhões. No período, as importações deram um salto de 25,8%, totalizando US$ 41,573 bilhões.

b) Brasil deixa de exportar US$ 2,7 bi para os EUA

Apesar da festejada aproximação entre Brasil e Estados Unidos, os americanos não abriram mão de nenhuma das centenas de barreiras que impõem à entrada de produtos brasileiros em seu mercado. Só por causa das ações de anti-dumping, o Brasil perdeu US$ 2,7 bilhões em exportações de 1991 a 2006.

'Há uma forte expectativa de conclusão da Rodada Doha e isso poderá levar à redução de barreiras', diz o embaixador brasileiro em Washington, Antonio Patriota . 'Precisamos ter em mente, em primeiro lugar, que, apesar da persistência das barreiras, nossas exportações estão aumentando. Isso é importante em si mesmo.'

Os Estados Unidos impõem obstáculos para a entrada de carnes bovina e suína, frango, várias frutas, aço, suco de laranja, açúcar, etanol, tabaco e algodão, entre outros, como mostra o relatório de barreiras a produtos brasileiros no mercado dos EUA, elaborado pela embaixada em parceria com a Funcex, divulgado ontem.

A única barreira discutida nos encontros entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e George W. Bush, em março, foi a tarifa de US$ 0,54 por galão sobre o etanol. E o recado dos americanos não foi dos mais animadores: não haverá renegociação da tarifa ao menos até o fim de 2008, quando expira.

c) Maior exportadora do Brasil de calçados fecha as portas

A maior e uma das mais tradicionais exportadoras de calçados do país, a Reichert Calçados, com sede em Campo Bom (RS), região metropolitana de Porto Alegre, não resistiu à desvalorização do dólar e decidiu fechar as portas. A empresa, fundada em 1935, destina 100% da produção para o mercado externo, principalmente Estados Unidos, mas deve desativar suas 20 unidades industriais em pelo menos onze municípios do Rio Grande do Sul até o fim de julho ou agosto, o que significará a demissão de 4 mil trabalhadores.

Para o diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Rogério Dreyer, o fechamento da Reichert prova que a crise provocada pela valorização do real ante o dólar "passou dos limites". "Outras empresas já haviam fechado, mas eram de pequeno e médio porte", comentou. A estimativa da Abicalçados é de 30 mil demissões de uma base de 300 mil trabalhadores do setor em todo o país desde 2005. "A situação é mais do que conhecida pelo governo federal e infelizmente não há nenhuma mudança na política cambial", diz o diretor executivo do Sindicato das Indústrias de Calçados de Campo Bom, Gilfredo Heckler. O diretor do sindicato dos trabalhadores de Campo Bom, Júlio da Luz, disse que a Reichert se recusava a discutir a crise com os operários. Segundo ele, a recusa ao diálogo foi assim explicada pela diretora de RH da empresa: “Vocês vão fazer subir o câmbio? Se não vão, não adianta nada nos reunirmos".

d) Aumento da quantidade exportada já dá forte contribuição ao saldo comercial

Os dados mais recentes do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior estão revelando uma tendência surpreendente das exportações brasileiras, em tempos de real valorizado. Depois de um ano em que o crescimento das exportações foi puxado pelos preços das commodities, os novos números de 2007 mostram que a evolução da quantidade exportada está próxima de se tornar o fator preponderante no atual ciclo do comércio exterior, contrariando a maior parte das previsões elaboradas com base no comportamento da taxa de câmbio.

O secretário de Comércio Exterior do ministério, Armando Meziat, informou ontem que o chamado 'quantum' das exportações brasileiras já cresceu 8% neste ano, ante 9% dos preços. No ano passado, os preços haviam crescido 12,5%, e os quantum, 3,3%.

O desempenho das exportações, que já atingiram US$ 57,9 bilhões em pouco menos de cinco meses - 20,1% mais que no mesmo período do ano passado - está surpreendendo especialistas por causa da cotação do dólar, que já está abaixo de R$ 2. 'São só notícias boas, apesar de a taxa de câmbio não estar muito boa para as exportações’.

Agronegócio

a) Brasil pressiona para que agricultura volte à agenda com a UE

O Brasil quer que a agricultura faça parte da parceria estratégica com a União Européia, segundo fontes em Brasília. A UE proporá o lançamento dessa discussão com o país em reunião de cúpula no dia 4 de julho, em Lisboa. Só que a parte agrícola sumiu da última versão da agenda comum UE-Brasil que Bruxelas propõe para elevar a relação bilateral.

O documento para abrir a discussão sobre a parceria com o Brasil deve ser aprovado formalmente pela Comissão Européia nesta quarta-feira. O texto é altamente elogioso sobre o papel e o peso do país na cena internacional, entende que a parceria pode fazer avançar o Mercosul e a estabilidade latino-americana. Porém, no documento de 14 páginas e 4950 palavras, a UE não menciona uma só vez o termo "agricultura", apesar de outros papéis da UE destacarem que se trata de componente "essencial" da relação bilateral.

O Brasil decidiu que levará para a discussão do texto final com os europeus sua própria proposta de agenda comum. E Brasília insistirá que a agricultura seja um dos temas centrais. André Nassar, diretor do Ícone, instituto ligado ao agronegócio, concorda que a posição deve refletir o fato de que o Brasil tornou-se o maior fornecedor agrícola da UE. Para ele, elevar o diálogo no setor também ajudará a prevenir crises. "Sem agricultura, não tem jogo. Um diálogo de alto nível só ajudará os dois lados", concorda Pedro de Camargo Neto, presidente da Associação dos Exportadores de carne suína.

b) Futuro do plantio de milho no Paraná divide produtores

Dilvo Grolli ocupou 30% de sua propriedade com o plantio de milho na última safra de verão, e pretende reservar 40% das terras para o grão na temporada 2007/08. Outro produtor, Décio Arnhold, decidiu ampliar o espaço dedicado à cultura de 40% para 50% de sua área. Atílio Maróstica vai na mesma direção, e o aumento previsto é de 25% para 30%.

Os três vivem no Paraná, maior produtor de milho do Brasil, e moram em cidades vizinhas no oeste do Estado. Mas, apesar da intenção comum de incrementar a aposta no milho, eles têm motivações distintas e traçam cenários também diferentes ao programar a safra. Um vê na "febre do etanol" uma ótima oportunidade para ganhar dinheiro. Outro se sente forçado a plantar mais para garantir ração em conta para os animais que cria. Para o terceiro, trata-se de uma questão de vocação.

Tendo em vista a notória desarticulação da cadeia do milho no país, o horizonte aberto pela valorização da commodity - com a maior demanda para a fabricação de etanol nos EUA as cotações internacionais subiram 80% no primeiro quadrimestre em relação ao mesmo período de 2006, enquanto no Paraná os preços estão 30% mais altos - pode, segundo especialistas, fortalecê-la e torná-la um produto regular de exportação. Nesse processo, que prevê maior integração entre produtores, cooperativas, agroindústrias e tradings, também a oferta doméstica poderia ser melhor programada e negociada, com o incremento de vendas antecipadas da produção e maior interesse em mercados futuros.

Mercosul

a) CNI manifesta preocupação com Venezuela no Mercosul

O presidente da CNI, Armando Monteiro Neto, enviou carta ao ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, manifestando preocupação com o processo de adesão da Venezuela ao Mercosul. Ele recomenda que sejam adotadas algumas posturas e precauções ao processo de adesão do vizinho sul-americano ao bloco. Na carta, Monteiro diz que "é urgente que se promova um amplo debate com a sociedade civil sobre os objetivos, direitos e compromissos envolvidos nesse processo". E chama a atenção para o fato de que o grupo de trabalho criado para o detalhamento dos cronogramas e condições do processo de adesão da Venezuela ao Mercosul encerrou seus trabalhos sem que todas as tarefas estivessem concluídas.

A carta seguiu com um documento em anexo que analisa em detalhes o processo de adesão da Venezuela ao Mercosul. O documento reforça a necessidade da promoção de amplo debate com a sociedade sobre os compromissos do protocolo de adesão e sobre as conclusões do grupo de trabalho.

A CNI afirma também que o ingresso formal da Venezuela no Mercosul, antes mesmo que tenham sido definidos os cronogramas para a transição, representa elevado risco para o processo de aprofundamento de integração em um bloco já afetado por crescentes dificuldades de consolidação. "Os possíveis ganhos econômicos da Venezuela ao Mercosul são modestos frente às dificuldades que esse processo pode trazer tanto para a agenda interna quanto para a agenda externa do bloco", diz a CNI.

b) Mercosul e UE podem retomar negociação

As negociações para um acordo comercial entre o Mercosul e a União Européia (UE) poderão ser retomadas em setembro, sinalizou ontem o diretor de negociações comerciais da UE, Karl Friedrich Falkenberg, que iniciou por Buenos Aires um giro pelos países do bloco, segundo informou o secretário de Assuntos Econômicos Internacionais da chancelaria argentina, Alfredo Chiaradia.

Essa é a primeira reaproximação entre autoridades de ambos os blocos desde o ano passado, depois da suspensão dos diálogos em novembro de 2005, por falta de avanço na negociação de parte dos temas da pauta. Chiaradia frisou que a reunião mantida com o executivo europeu não foi de negociação, porque o Mercosul só negocia via sua presidência - atualmente exercido pelo Paraguai - ou com a presença de todos os países membros.

Ele afirmou, contudo, que o funcionário europeu trouxe disposição para a retomada das negociações. "O mais importante de tudo (que foi discutido) é que, tal como nos sinalizou Falkenberg, apesar de não termos mantido um encontro negociador este ano, a União Européia tem interesse em manter a possibilidade de ter um acordo com Mercosul", disse Chiaradia.

c) Brasil discute com argentinos política automotiva comum para o Mercosul

Representantes do Brasil e da Argentina reúnem-se em Buenos Aires, para tentar limpar a pauta de contenciosos bilaterais e fazer um monitoramento do comércio entre os países que, este ano, deve atingir pela primeira vez US$ 20 bilhões. Como parte da pauta, o governo brasileiro vai apresentar duas propostas do setor produtivo: a definição de uma política automotiva comum para o Mercosul e um acordo que limite a entrada de farinha de trigo argentina no Brasil.

O secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Ivan Ramalho, explicou que num primeiro momento a discussão sobre um acordo automotivo no Mercosul deve ocorrer só com a Argentina. Depois, serão agendadas reuniões com Uruguai e Paraguai. Segundo ele, o Brasil vai trabalhar para que até o fim do ano haja uma proposta consistente para a política automotiva comum. 'Não queremos todo ano ter de discutir a prorrogação dos acordos automotivos. Isso gera insegurança para os investidores.'

O Brasil tem acordos com Argentina e Uruguai. Mas o setor produtivo tem pressionado para a definição de uma política para o Mercosul. Em março, quando o Brasil prorrogou o acordo com o Uruguai, a Associação Nacional de Veículos Automotores (Anfavea) avisou que não aceitaria novas prorrogações. O livre comércio de veículos com a Argentina deveria ter entrado em vigor em 1º de janeiro, mas, a pedido da Argentina, o prazo foi estendido.

OMC           

a) Europa quer mais cortes de tarifas do Brasil

O presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso, manifestou confiança na conclusão da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC) até o fim do ano. 'Estou otimista, a rodada vai sair', disse ele, ontem, em seu gabinete na capital belga. Mas avisou que o acordo vai exigir 'cortes reais' nas tarifas de importação de bens industriais do Brasil e de outros grandes países emergentes. 'Estou convencido de que o Brasil só tem a ganhar com uma maior liberalização de seu setor de serviços e industriais', disse. 'Se eu fosse o Brasil, faria isso.'

Barroso ressaltou que a União Européia (UE) já fez propostas de abertura de seus mercados agrícolas. Entre elas, o fim dos subsídios às exportações e a redução em 40% de suas tarifas médias de importação de produtos agrícolas. 'Podemos fazer novos cortes se outros também melhorarem suas ofertas, e nos referimos principalmente aos Estados Unidos, no caso de seus subsídios aos agricultores', afirmou.

Mas Barroso disse que espera uma contrapartida do Brasil, principalmente na área de bens industriais. 'Queremos cortes efetivos.' O Brasil, acrescentou, não deve esperar as mesmas concessões oferecidas por Bruxelas para os países 'menos desenvolvidos', que incluem em alguns casos a abolição de tarifas de importação agrícolas até 2009. 'Com o devido respeito, o Brasil não é Guiné-Bissau', disse.

Plano Internacional

a) Apetite russo para compras deve crescer, diz especialista

Os grupos siderúrgicos russos vão ter um papel muito mais proeminente no âmbito das aquisições pois são empresas com baixo custo operacional, com elevado controle patrimonial (o que favorece decisões mais rápidas) e baixo endividamento e têm mostrado apetite, avalia Germano Mendes de Paula, professor do Instituto de Economia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), mestre e doutor pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e com pós-doutorado pela University of Oxford, Inglaterra.

Desde 1989, Mendes dedica-se à análise da indústria mundial do aço, tema no qual é um dos principais especialistas no país. Na sua visão, várias empresas no mundo, inclusive no Brasil, ainda estão reagindo lentamente ao processo de consolidação da siderurgia, deslanchado pela bilionária transação de compra da Arcelor pela Mittal Steel em meados de 2006. "Apesar de algumas estarem tomando iniciativas de defesa, muitas estão perdendo oportunidades, entre elas as brasileiras. Hoje, não fossem as restrições antitruste, seria mais fácil a Arcelor Mittal passar de 120 milhões para 240 milhões de toneladas, do que companhias atualmente na faixa de 30 milhões dobrarem de tamanho", afirma.
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