Comércio Exterior
a) Resultados
O balanço de pagamentos de abril mostrou superávit em transações correntes (US$ 1,8 bilhão), na balança comercial (US$ 4,2 bilhões) e na conta financeira e de capital (US$ 8,9 bilhões). O ingresso bruto de investimentos estrangeiros diretos (IED), de US$ 3,5 bilhões no mês e de US$ 10 bilhões no ano, foi superior ao previsto, sinal de maior interesse dos investidores.
Os investidores estrangeiros apostam numa valorização dos ativos brasileiros na seqüência da graduação do País pelas agências de classificação de risco, esperada para fins de 2008. E, com isso, é possível que antecipem a obtenção do investment grade.
A estratégia do Banco Central (BC) é aproveitar o saldo comercial para fortalecer as reservas cambiais. Estas cresceram US$ 12,3 bilhões no mês e US$ 32,9 bilhões no primeiro quadrimestre. No dia 26, chegaram a US$ 145,5 bilhões - igualando a dívida externa de médio e longo prazos, de US$ 145,4 bilhões. Mas o BC quer mais: o diretor de Política Monetária, Mário Gomes Torós, afirmou em Nova York, anteontem, que as reservas ainda estão abaixo das de outros países emergentes comparáveis ao Brasil e “a política de acumulação vai continuar”. A consultoria LCA previu reservas de US$ 175 bilhões no final do ano.
A “corrida” para acumular reservas mostra que as autoridades não descartam mudanças, para pior, no cenário internacional. O Banco de Compensações Internacionais (BIS) defende juros mais altos nos países desenvolvidos. O melhor, acredita o BC, é acumular gordura cambial para evitar o risco de que uma crise respingue no País. Essa política também reduz o risco de fuga de capitais de curto prazo.
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b) Exportações do Brasil crescem mais que média mundial
Dados da Organização Mundial do Comércio (OMC) apontam que as exportações brasileiras continuam crescendo em um ritmo acima da média mundial em 2007, mas bem inferior ao aumento registrado na China.
Nos três primeiros meses do ano, as vendas nacionais registraram uma alta de 15% em valores. Segundo a OMC, a média mundial nesse mesmo período é inferior aos dados registrados pelo Brasil.
Com o desempenho, o Brasil praticamente consegue atingir o mesmo crescimento de exportações registrado nos últimos três meses de 2006, com 16%. O primeiro trimestre de 2006 apresentou taxa maior, de 20%.
c) Bolívia multa Petrobrás por exportação irregular
A Bolívia cobra da Petrobrás uma multa de US$ 197 milhões por exportação irregular de petróleo nos anos de 2004 e 2005. Segundo a Aduana Nacional daquele país, duas subsidiárias locais da estatal brasileira teriam realizado operações de exportação sem permissão da Direção Geral de Substâncias Controladas, órgão de combate ao tráfico de drogas. A Petrobrás informou, por meio de sua Assessoria de Imprensa, que não reconhece a dívida.
Segundo Arias, a Petrobrás Bolívia Refinacción, que opera as refinarias, teria exportado de maneira irregular cerca de 2,5 milhões de barris de óleo cru por US$ 188,2 milhões. Já a Petrobrás Bolívia Distribuición, que atuava no comércio de combustíveis, exportou 273 mil barris de petróleo reconstituído por US$ 9,1 milhões.
Segundo a lei de combate ao tráfico de drogas da Bolívia, as exportações de petróleo e combustíveis devem ser informadas à Direção Nacional de Substâncias Controladas, a fim de evitar que os produtos cheguem às mãos de traficantes de drogas. A Petrobrás, porém, entende que a lei ainda não estava em vigor quando as operações foram concretizadas. Arias disse que a Aduana também tem queixas contra outras empresas que operam no país.
A superintendência chegou a informar que uma resolução seria editada determinando um prazo de 48 horas para o pagamento. O texto, porém, ainda não foi publicado. À época, a Assessoria de Imprensa do órgão estatal afirmou que estava em negociações com a companhia para resolver a questão. A Bolívia ainda negocia para recuperar as refinarias. O primeiro pagamento, de US$ 56 milhões, foi feito no dia 11, mas problemas burocráticos impedem a transferência dos ativos.
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d) República Dominicana vai comprar nove Super Tucanos
O governo da República Dominicana está finalizando a operação de compra de nove aviões brasileiros de ataque leve, Super Tucano, fabricados pela Embraer. O valor da operação, a ser determinado pela configuração eletrônica pretendida para os turboélices, é estimado entre US$ 50 milhões e US$ 81 milhões. O negócio foi confirmado pelo presidente dominicano, Leonel Fernández, em mensagem à comissão de assuntos de defesa da Assembléia Nacional.
Essa é a segunda exportação do avançado turboélice de ataque e treinamento. A Colômbia, depois de longa discussão, encomendou 25 aviões pelos quais está pagando US$ 234 milhões.
No Brasil, o Comando da Aeronáutica vai receber 99 aeronaves por US$ 400 milhões. Há ainda, em curso, entendimentos com o México, uma concorrência na Turquia e possibilidades na aviação militar de países da Ásia, da África e do Oriente Médio - nesse caso, no arranjo para instrução de pilotos.
Até 2010 serão definidos pedidos de até 350 aviões da classe do Super Tucano fora do eixo dos Estados Unidos e da Europa. Só o mercado asiático responderá por 200 aeronaves, representando US$ 1,1 bilhão.
Agronegócio
a) Odebrecht planeja destinar R$ 5 bi para açúcar e álcool
O grupo Odebrecht confirmou ontem a sua entrada no setor sucroalcooleiro, prevendo injetar R$ 5 bilhões nos próximos oito anos em usinas e no plantio de cana-de-açúcar. A meta é ficar entre as três maiores empresas do setor.
Segundo Ruy Sampaio, diretor de investimentos da Odebrecht, o novo negócio faz parte do projeto de expansão do grupo de um faturamento próximo a US$ 12 bilhões em 2006 para US$ 18 bilhões em 2012. "As operações no setor de açúcar e álcool têm potencial para responder por 15% a 20% do faturamento da Odebrecht em oito anos", afirmou o executivo.
A investida em açúcar e álcool segue o plano estratégico da Odebrecht de criar um terceiro negócio depois de consolidação dos investimentos em construção e petroquímica. Em 2006, o grupo faturou R$ 24 bilhões, dos quais R$ 16,5 bilhões vieram da petroquímica Braskem (70% da receita) e R$ 7,4 bilhões da construtora CNO (30%). Nos últimos cinco anos, a receita do grupo cresceu em média 17% ao ano. A compra de ativos petroquímicos da Ipiranga em março deve elevar a receita da Braskem para perto de R$ 20 bilhões.
b) Certificado para carne
O Ministério da Agricultura inicia na próxima semana a emissão de certificados sanitários para exportação de carnes em papel especial produzido pela Casa da Moeda. Com 12 itens de segurança, o novo certificado busca evitar fraudes e falsificação dos papéis brasileiros constatada em países do Leste da Europa e da Ásia. A medida, que será inicialmente adotada nos embarques destinados à Rússia, virá acompanhada da obrigatoriedade de identificação individual das peças de carnes nas embalagens. Serão exigidos rótulos com nome do frigorífico, inscrição no SIF e informações sobre o tipo de corte. O ministério também ampliará a emissão eletrônica dos certificados sanitários. Hoje, a medida é adotada parcialmente para cargas destinadas a União Européia, Estados Unidos e Canadá.
Mercosul
a) Brasil foi o país que mais ganhou com o Mercosul, indica estudo
Dezesseis anos depois de lançado o Tratado de Assunção, que criou o Mercosul, o Brasil foi o país que mais se beneficiou da integração regional como um todo. Por outro lado, a integração não conseguiu reduzir os desequilíbrios de renda e desenvolvimento que atingem não só os países menores do bloco - Paraguai e Uruguai - mas também regiões inteiras do Brasil e da Argentina, que até agora não foram beneficiadas pela união aduaneira entre os quatro países.
Esta é a conclusão de um trabalho intitulado "Assimetrias no Mercosul: Impedimento para o Crescimento?", elaborado e recém-concluído pela Rede de Investigações Econômicas do Mercosul. A Rede Mercosul é composta de quase uma centena de economistas ligados às universidades do Paraguai, Uruguai, Argentina e Brasil (da qual fazem parte UFRJ, Ipea, Unicamp e Funcex). Eles estudam os principais aspectos econômicos do bloco e já lançaram cerca de dez livros, além de inúmeros "papers".
Os modelos econométricos aplicados não se limitaram às fronteiras políticas, mas dividiram o Mercosul em regiões econômicas. Dessa divisão ficou demonstrado que, nesses 16 anos de integração, as brechas de desenvolvimento que haviam entre as regiões começaram a diminuir entre 1991 e 1995, mas desde então voltaram a alargar-se. Geograficamente, as regiões que mais ganharam com a integração estão na Argentina (Patagônia, no extremo sul, Pampa, no centro, região de pecuária, e a Grande Buenos Aires) e as que mais perderam são o Norte e o Nordeste do Brasil e o Paraguai.
No período analisado, informa o estudo, o Brasil apresentou melhoras competitivas em vários setores industriais, especialmente nos de químicos, maquinaria elétrica e não-elétrica, equipamentos de transporte, profissionais e científicos. Os países menores ganharam competitivamente nos setores industriais de tecnologia baixa (como têxtil, confecções e calçados) e manufatura de recursos naturais (tabaco, bebidas e alimentos, entre outros).
b) Brasil não cabe mais no Mercosul, diz especialista
O Brasil deve defender a liberdade de negociar acordos bilaterais isoladamente, sem precisar da concordância dos demais países do Mercosul. A avaliação é do especialista em comércio exterior Pedro da Motta Veiga, diretor do Centro de Estudos de Integração e Desenvolvimento (Cindes).
As regras atuais do bloco, composto ainda por Argentina, Uruguai e Paraguai, determinam que os países poderão negociar apenas em bloco acordos com outros países ou regiões. Na avaliação do economista, o Brasil está se lançando ao mundo, com investimentos crescentes no exterior, ganhando maior visibilidade e respeito internacional. Além disso, mantém exportações diversificadas. 'É atraso de vida continuar amarrado ao Mercosul.'
Para o diretor do Cindes, o Brasil pode partir para acordos bilaterais com a perspectiva de insucesso na Rodada de Doha. Ele ressalta, contudo, que o atual governo tem preferido buscar entendimentos multilaterais, que, basicamente, não incluem itens como serviços, investimentos e compras governamentais.
c) O Mercosul pós-Doha
Os presidentes do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai devem reunir-se quinta-feira, em Assunção, para discutir a ajuda aos sócios menores do Mercosul e a estratégia do bloco diante do fracasso, agora quase certo, da negociação global de comércio. Resta uma pequena esperança de salvação da rodada, mesmo depois do fiasco, na última semana, das conversações entre os ministros do G-4 (Brasil, Índia, EUA e União Européia) em Potsdam. Mas ninguém mais aposta num acordo ambicioso e a saída mais provável, para os países mais ativos no comércio internacional, será a multiplicação de acordos bilaterais e regionais.
A pauta do encontro em Assunção será repleta de cobranças, principalmente ao Brasil. Os governos do Uruguai e do Paraguai querem melhor tratamento no Mercosul. O governo brasileiro tem mostrado simpatia pela concessão de um importante benefício. As indústrias paraguaias e uruguaias ficariam livres da dupla cobrança da Tarifa Externa Comum. Essa dupla cobrança é uma das aberrações do Mercosul: o imposto incide quando o produto ingressa no bloco, em qualquer país sócio, e é novamente cobrado quando há reexportação para um parceiro.
Cinco anos e meio depois de lançada, a Rodada Doha está paralisada e, se for concluída, resultará em benefícios muito mais modestos que aqueles imaginados inicialmente. Durante esse período, o Mercosul enterrou a negociação da Alca, principalmente por causa da orientação política dos governos do Brasil e da Argentina. O Uruguai negociou com os EUA um acordo de investimentos e tem ameaçado deixar o Mercosul, se puder negociar um acordo de livre-comércio com a maior economia do mundo. O Paraguai tem mostrado inclinação semelhante. Para os dois países, a experiência do bloco regional foi frustrante, segundo seus governantes e muitos de seus empresários.
OMC
a) Brasil decide adotar nova estratégia após fracasso de Potsdam
O Brasil poderá combinar três novas atitudes no rastro do fiasco de Potsdam, que aprofundou o estado calamitoso da Rodada Doha, na Organização Mundial do Comercio (OMC). Primeiro, o país vai se expor menos com o novo formato para tentar salvar a negociação global. Continuará no centro das articulações, até pelo seu peso como segundo maior exportador agrícola mundial, mas terá agora a companhia de outros emergentes nas barganhas decisivas, em reuniões restritas.
Segundo, o Brasil pode endurecer no ataque aos subsídios agrícolas dos Estados Unidos. Já estava certo que participaria da disputa aberta pelo Canadá na OMC contra as subvenções americanas, mas só como terceira parte. Agora, o governo brasileiro pensa ir além e entrar como co-demandante no contencioso. Isso terá mais que um forte teor simbólico. Ao invés de ser apenas observador, o país poderá coordenar com os canadenses as estratégias de ataque. A decisão será tomada esta semana.
Terceiro, o governo brasileiro quer acelerar alternativas à Rodada Doha. Nesse cenário, pressionará outros países em desenvolvimento para concluir até o final do ano a negociação Sul-Sul, que prevê troca de concessões tarifárias em torno de 30% só entre esses países. Essa discussão se realiza através do Sistema Geral de Preferências Comerciais (SGPC), mecanismo da Agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad) e toma maior dimensão para o país, já que 62% de suas exportações vai para países em desenvolvimento.
b) Brasil reclamará da China na OMC
O Brasil vai alvejar hoje a China na Organização Mundial do Comércio (OMC) por proibir a entrada de carne bovina e gelatina brasileiras, numa ação que reflete impaciência crescente de Brasília com as barreiras chinesas. O Brasil apresentará uma "preocupação comercial específica" contra Pequim no Comitê de Medidas Sanitárias e Fitossanitárias (conhecido como Comitê SPS), reclamando que o país não reconhece o princípio de regionalização sanitária previsto em regras internacionais. A Coréia do Sul também será alvo de reclamação.
O princípio da regionalização estabelece, no caso da existência de determinada doença - como a aftosa - no território de um país exportador que será levada em conta a localização do foco, permitindo-se a exportação de produtos de animais criados em outras regiões do país livres da doença. O questionamento do Brasil não significa ainda disputa comercial. Mas a reclamação diante dos outros 148 países-membros da OMC sinaliza que o tom endurece, após fracassadas tentativas de resolver o problema bilateralmente.
Além disso, outros mercados exigentes em qualidade e sanidade, como a União Européia, acatam a regionalização. Após a aftosa, em outubro de 2005, Bruxelas proibiu a importação de carne bovina dos Estados de Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná, embargo mantido até hoje.
Plano Internacional
a) EUA agora têm recall de pneu chinês
Autoridades dos EUA determinaram que uma importadora americana faça um recall de até 450 mil pneus comprados de um fabricante chinês e colocados à venda no país. Os pneus, segundo a própria importadora, foram feitos com um dispositivo de segurança inadequado, o que pode pôr os motoristas em risco.
O caso faz aumentar as preocupações em relação a produtos fabricados na China, após a descoberta de que rações para animais vendidas nos EUA tinham sido contaminadas com um produto químico e que medicamentos e pastas de dente chinesas exportadas para países da América Latina possuíam toxinas.
A Foreign Tire Sales, de Union, Nova Jersey, disse que um número não conhecido de pneus importados desde 2002 da Hangzhou Zhongce Rubber, de Hangzhou, China, podem se romper, mesmo problema que levou a um grande recall de pneus da Firestone em 2000. A FTS também disse desconhecer quantos dos pneus que vendeu para distribuidores da Califórnia, Minnesota, Flórida, Maryland e Mississippi foram fabricados com um dispositivo inadequado de segurança (ou sem ele), chamado de fita colante, que ajuda a manter unidas umas às outras as cintas de cada pneu.
Em 11 de junho, a importadora enviou um comunicado para a Administração Nacional de Segurança de Tráfego dos EUA dizendo que a Hangzhou Zhongce produziu pneus com problemas. Segundo a porta-voz da entidade, Heather Hopkins, a FTS foi informada na segunda-feira que as autoridades querem um "recall completo dos pneus". E acrescentou: "a responsabilidade de fazer isso é da FTS".
b) Mineradora britânica investe US$ 130 milhões em Minas Gerais
Com investimento inicial de US$ 130 milhões na expansão da produção de minério de ferro, a mineradora britânica London Mining abriu uma nova perspectiva no oeste do chamado quadrilátero ferrífero mineiro. A empresa, com sede em Londres, escolheu a região de Serra Azul, a 70 quilômetros de Belo Horizonte, para inaugurar suas atividades de produção com a compra, em maio, da Minas Itatiaiuçu - em operação desde a década de 70 e dona de depósitos de 260 milhões de toneladas de minério.
A região de Serra Azul possui reservas estimadas em 2 bilhões de toneladas e concentra pouco mais de uma dezena de pequenas e médias produtoras de minério de ferro. 'Consideramos Serra Azul um dos mais importantes - senão o mais importante - ativos minerais a serem explorados', disse o presidente da London Mining no Brasil, Luciano Ramos. Segundo ele, a mineradora também avalia a aquisição de empresas vizinhas.
De imediato, Ramos, ex-executivo da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), tem a missão de elevar a atual produção de 500 mil toneladas para 3 milhões por ano. 'Queremos crescer rapidamente', avisa o executivo.Para isso, a estratégia inicial é processar e vender antigos estoques de rejeitos acumulados pela Minas Itatiaiuçu ao longo das últimas três décadas.
c) China vende carne brasileira. Pirata
Depois de brinquedos, CDs e softwares piratas, a China surge com mais uma novidade: a exportação de carne brasileira falsificada para os mercados da Europa e Rússia. Em muitos casos, as carnes são chinesas, mas empacotadas como sendo produto brasileiro e até com certificados falsificados escritos em português. O Estado obteve informações de que o Ministério da Agricultura já prometeu a vários países que, a partir da semana que vem, modificará os certificados usados para as exportações para dificultar a falsificação.
Importadores desses países afetados pela carne pirateada já se queixaram ao governo brasileiro de que estão recebendo contêineres com caixas de carnes supostamente brasileiras, mas que, na realidade, são exportadas pela China e nunca saíram do País. Fontes no Ministério da Agricultura temem que o problema afete ainda mais a imagem das exportações brasileiras de carne que, apesar do aumento em volume nos últimos anos, sofre em algumas regiões do mundo para ser reconhecida como de alta qualidade fitossanitária.
Uma das queixas recentes recebidas pelo governo veio das autoridades russas. Pedro de Camargo Neto, presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína e ex-secretário de Produção do Ministério da Agricultura, confirma que as queixas de falsificação são cada vez mais freqüentes. Para ele, porém, o fato de os produtos brasileiros estarem sendo copiados é 'prova da qualidade' das exportações nacionais.
d) Vale avança no caminho da internacionalização
A compra da mineradora canadense Inco, em 2006, por US$ 17,6 bilhões, coroou a estratégia de internacionalização da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), que já havia feito aquisições de ativos na França, Noruega e formado parcerias na China. A expansão além fronteiras vem sendo sustentada por um plano que combina portfólio de reservas minerais de alta qualidade, diversificação geográfica e redução do custo de capital, o que foi garantido com o investment grade obtido pela empresa em 2005.
Passada a compra da Inco, especialistas em mineração e analistas de mercado se perguntam quais serão os próximos passos da Vale no front externo. Uma das discussões é se a Vale fará outras aquisições de porte até terminar de pagar a Inco. Há quem não espere nenhuma grande compra importante a curto prazo e quem considere que podem surgir oportunidades para a Vale até que ela quite a mineradora canadense, que lhe permitiu passar a ser líder no mercado mundial de níquel.
Stoliar diz que o portfólio da Vale busca colocar a empresa em posição de liderança nos negócios nos quais está presente na mineração (minério de ferro, níquel, alumínio, cobre e carvão). "Queremos que o conjunto chegue a ser número um, mas existe regra segundo a qual a empresa estará bem posicionada se estiver entre os três primeiros colocados em cada setor", diz o executivo. Segundo ele, a Vale não está fechada a fazer novos negócios em minério e níquel, mas em função do tamanho da empresa nestes setores a tendência é aumentar a presença da companhia em alumínio, cobre e carvão. Uma das metas da Vale é atingir produção de 450 milhões de toneladas de minério de ferro em 2011 (em 2007 serão 300 milhões de toneladas).