24 a 28 de dezembro de 2007

Comércio Exterior

Banco Central prevê que dívida líquida feche 2007 em 43,5% do PIB, menor relação desde 1998
Aceleração das importações deve levar a crescimento menor no próximo ano
Cai receita com exportações de álcool

Agronegócio

Soja cai após alta de 81% e se aproximar do recorde de 1973
Nem crise nos EUA deverá afetar renda agrícola brasileira

OMC

Brasil quer prazo longo para tentar solucionar caso de pneus
Sem acordo, Doha aguarda desfecho de campanha presidencial nos EUA

Plano Internacional

BC japonês pode subir os juros no país
PIB da França cresce 0,8% no terceiro trimestre após revisão




Comércio Exterior

a) Banco Central prevê que dívida líquida feche 2007 em 43,5% do PIB, menor relação desde 1998

A relação entre a dívida líquida do setor público e o Produto Interno Bruto (PIB) deve encerrar o ano em 43,5%, de acordo com o chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Altamir Lopes. Se a previsão se confirmar, será o menor percentual desde os 38,9% do PIB a que a dívida líquida correspondeu ao final de 1998.

Segundo Lopes, diversos fatores devem contribuir para a diminuição da relação entre dívida e PIB neste ano. Entre eles, o técnico citou a carga menor de juros, o maior superávit primário das contas públicas (que é a economia feita pelo governo para o pagamento dos juros) e o crescimento mais forte do PIB.

Desde 1999, a dívida líquida sempre superou 44% do PIB. O ápice ocorreu em 2003, quando a relação atingiu 52,4%. A partir daquele ano, a relação dívida-PIB entrou em trajetória de queda, marcando 47% em 2004, 46,5% em 2005 e 44,7% em 2006, de acordo com os dados apresentados pelo Banco Central.

b) Aceleração das importações deve levar a crescimento menor no próximo ano

O Banco Central espera um crescimento de 4,5% da economia em 2008, abaixo do avanço de 5,2% projetado para este ano. A desaceleração no ritmo de crescimento se deve sobretudo ao aumento das importações, que atenderiam a uma parcela maior da demanda interna.

O avanço do consumo das famílias é calculado em 5,9%, percentual idêntico ao esperado para este ano. O diretor de Política Econômica do BC, Mário Mesquita, afirma que o consumo das famílias continuará a ser impulsionado pelo aumento do emprego e da massa salarial e pela expansão do crédito. "Alguns analistas econômicos chegaram a duvidar que a expansão do crédito continuaria em 2008", afirmou. "As evidências são de que crescerá pelo menos 15% no próximo ano."

O investimento, nas projeções do BC, avançaria 10,4%, um pouco abaixo dos 12,2% previstos para 2007. A execução dos projetos de investimento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), anunciados em 2007, deverão estar mais avançados no próximo ano. Isso significa que os investimentos privados, nas projeções do BC, deverão apresentar certa desaceleração.

"Na verdade, os investimentos privados vão continuar a crescer fortemente", explica Mesquita. "Acontece que os investimentos cresceram muito nos últimos dois anos e, em 2008, irão avançar a partir de uma base mais alta." Ele destacou que, apesar da desaceleração, será o terceiro ano seguido de crescimento de dois dígitos nos investimentos.

O consumo do governo deverá recuar ligeiramente entre 2007 e 2008, de 3,8% para 3,7%, em virtude de um crescimento um pouco menos intenso na arrecadação. O relatório assinala que a rejeição da CPMF pelo Senado criou uma incerteza sobre a evolução dos gastos públicos.

As exportações cresceriam 6,6% em 2008, abaixo dos 7,3% projetados para este ano, e as importações avançariam 22,4%, em um ritmo mais intenso do que os 20,8% deste ano. "Essas projeções já refletem uma certa desaceleração da economia mundial no próximo ano", afirmou Mesquita.

Sob a ótica da oferta, o crescimento da agricultura sofreria desaceleração entre 2007 e 2008 (5,5% para 4,4%), assim como os serviços (4,6% para 4,2%). O crescimento da indústria se manteria estável em 4,8%. Mas a expansão da indústria de transformação seria um pouco menor (5,2% para 4,2%), enquanto que a indústria extrativa avançaria mais rápido (2,8% para 8,1%).

c) Cai receita com exportações de álcool

Apesar do crescimento explosivo das exportações, registrado desde 2003, e da quantidade quase inexpressiva de importação, a receita com o comércio exterior de álcool diminuiu em 2007 na comparação com 2006.

O motivo é a queda da cotação internacional do produto. De janeiro a outubro de 2006, o preço médio do álcool combustível exportado pelo Brasil ficou em US$ 0,47 o litro. No mesmo período de 2007, caiu para US$ 0,42, segundo o Ministério do Desenvolvimento.

De janeiro a outubro de 2007, foram exportados 3,061 bilhões de litros de álcool, volume 7,3% maior do que o registrado no mesmo período de 2006. Em termos de valores, no entanto, houve queda.

Em 2007, de janeiro a outubro, as vendas de álcool no mercado externo somaram US$ 1,291 bilhão, valor 3,3% menor do que o verificado no mesmo período de 2006.

Quantidade

Além da queda de preço, em 2007 houve forte aumento na quantidade importada de álcool. De janeiro a outubro de 2006, praticamente não se importou álcool (222 mil litros) no país. No mesmo período de 2007, a compra de outros países saltou para 1,969 milhão de litros. Apesar desse crescimento, as importações representam volume equivalente a 0,1% das exportações e têm pouco efeito na balança comercial.

A Petrobras estuda investir em um alcoolduto entre as cidades de Senador Canedo (Goiás) e o terminal portuário de São Sebastião, em São Paulo, com capacidade para 12 bilhões de litros por ano. Um ramal desse duto deverá ligá-lo à hidrovia Tietê-Paraná. Segundo a empresa, o projeto será ofertado ao mercado para ser usado para quem queira exportar álcool.

A estatal tem projeto para outro duto, ligando Campo Grande (Mato Grosso do Sul) ao terminal portuário de Paranaguá (Paraná).

Mais projetos

Associada à Mitsui (conglomerado japonês com atuação em energia e commodities), a Petrobras tem avaliado cinco projetos-piloto de usinas de produção de álcool, que farão parte de uma base inicial de produção e exportação para o mercado japonês.

A estatal deverá investir US$ 3,4 bilhões na produção, na armazenagem e no transporte de biocombustíveis no período de 2008 a 2012.

Agronegócio

a) Soja cai após alta de 81% e se aproximar do recorde de 1973

As cotações das principais commodities agrícolas oscilaram fortemente na Bolsa de Chicago. A soja caiu 0,65% (8 pontos) depois de ter acumulado alta de 81% este ano e se aproximado ao recorde de 1973. A cotação da oleaginosa fechou em 1.231,50 centavos de dólar por bushel de 60 libras. A explicação para a brusca alta é a especulação de que os investidores podem reforçar suas posições de commodities como salvaguarda contra a inflação. Outros fundamentos para a alta são informações de que os produtores agrícolas reduziram as áreas destinadas à soja, interessados em colher a maior safra de milho desde 1944, uma suposta seca nas lavouras de soja e milho da Argentina e as pressões inflacionárias na China, o que levaria o governo daquele país a reforçar suas importações do grão.

Outro fator foi o crescimento do consumo alimentar e energético no mundo. A pressão da demanda como justificativa para a alta dos preços destoa do que ocorreu em outras ocasiões em que o preço alcançou patamares elevados pelo efeito das adversidades do clima. Mas, essa alta não é recebida com euforia pelos produtores brasileiros. "Os preços negociados por aqui ficam abaixo em relação àqueles que o mercado internacional estipula. Para se ter uma idéia, atualmente, no Mato Grosso, a saca é negociada a 27 dólares, descontando o frete chega a 20 dólares", explica Marcelo Duarte Monteiro, diretor executivo da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja).

De acordo com estimativa da consultoria FCstone, o Brasil deverá colher na safra 2007/08, 62 milhões de toneladas do grão, um aumento de cerca de 5% em relação à safra 2006/07, o que significa a segunda colocação entre os maiores produtores mundiais, atrás apenas dos Estados Unidos - que colheram 70 milhões de toneladas - , e à frente da Argentina, com 47 milhões de toneladas. "O que ocorre no mercado das commodities é uma briga entre o milho e as oleaginosas para ver quem fica com a maior área plantada. Com a expansão do biocombustível, a soja acabou perdendo espaço para o milho", avisa Héber Cardoso, consultor de grãos da FCstone.A área plantada de soja caiu de 30 para 25 milhões de hectares nos Estados Unidos, enquanto a de milho subiu de 37 para 44 milhões de hectares, isso diminuiu a produção das outras commodities e contribuiu para a queda na oferta de alguns produtos no mercado mundial. Na safra 2006/07, os EUA colheram 86 milhões de toneladas de soja; na de 2007/08 esse número caiu para 70 milhões de toneladas, causando um impacto considerável nos estoques mundiais. Para suprir esse déficit estima-se que o Brasil precise crescer 15% nos próximos dois anos para abastecer parte desse mercado e talvez se consolidar como o maior exportador de soja do mundo.

A demanda mundial pela soja cresce a uma média de 10 milhões de toneladas por ano, principalmente em países extremamente populosos como China e Índia. Para João Paulo Moraes Filho, Analista de Mercado da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), "o mercado está buscando fixar um patamar para ajustar os preços ao novo cenário que as commodities irão ocupar daqui para frente.

b) Nem crise nos EUA deverá afetar renda agrícola brasileira

A perspectiva de uma recessão econômica nos Estados Unidos ou uma eventual diminuição significativa no crescimento da economia daquele país poderá mudar as projeções para os preços das commodities, incluindo as agrícolas. Na média, segundo estimativas da RC Consultores, as cotações das commodities agrícolas cairiam 5% no ano que vem. Com o novo cenário, o ajuste pode ser de 10% a 15% - considerando todas as commodities.

Mesmo assim, segundo o economista Fábio Silveira, da RC Consultores, a receita da lavoura brasileira não deverá ser afetada significativamente, mesmo se o desaquecimento da economia dos Estados Unidos se confirmar, como efeito da crise no mercado imobiliário. Para Silveira, o valor da produção deverá alcançar R$ 152 bilhões. Neste prognóstico foram incluídos grãos e culturas perenes, como café, cana-de-açúcar e fumo. "Não sabemos, por exemplo, como ficará a taxa de câmbio", afirma. Pelas projeções iniciais realizadas da consultoria, a receita agrícola no próxima ano será 23% superior à de 2007.

Efeito menor

Apesar de acreditar que o cenário mundial para 2008 possa ficar mais negativo que o deste ano, Silveira acredita que as commodities agrícolas tenderiam a ter os preços reduzidos com menor velocidade que as cotações de outros produtos (como metais). Uma das razões desse descompasso é que os preços agrícolas subiram menos em 2007.

Além de um desaquecimento da demanda mundial, o economista lembra a questão financeira, que poderá levar: muitos investidores a sair das bolsas, reduzindo os valores das commodities. "Mas, apesar de um possível esfriamento da economia dos Estados Unidos, os produtos agrícolas, especialmente os grãos seguem em patamares acima das médias históricas", afirma o economista.

Pelas projeções otimistas da RC Consultores, a soja teria uma valorização de 13% em 2008, enquanto o milho subiria 2%, enquanto a carne de frango teria aumento de 2% e o açúcar, 4%. "Vários países estão plantando milho, por causa dos atuais níveis de preço, e isso provocará um arrefecimento nas cotações", avalia. Historicamente, o grão é cotado a 250 centavos de dólar por bushel e, em 2008, a previsão - sem crise nos Estados Unidos - é de 380 centavos de dólar por bushel. Em 2007, a média dos preços do produto foi de 372 centavos de dólar por bushel.

No cenário sem revisão, a soja ficará a US$ 9,8 por bushel - em 2007 a média foi de US$ 8,6 o bushel. A carne de frango, a US$ 1,42 o quilo, e o açúcar, a 10,3 centavos de dólar a libra-peso. "Mesmo em um cenário negativo a soja deve ter valorização porque houve um encolhimento da área em função do milho", afirma.

"Os preços internacionais, que estão em patamares elevados, podem encolher além do desejado", afirma Silveira. Segundo ele, talvez a economia dos Estados Unidos não cresça o que se esperava: 1,5% de aumento do Produto Interno Bruto (PIB). O economista acredita que, somente nas próximas semanas ficará mais claro se isso poderá ocorrer. Silveira afirma que a queda nos preços das commodities ocorrerá por uma menor demanda mundial. "Diminui o volume do comércio mundial, e a demanda chinesa também", diz. De acordo com ele, isso pode fazer com que a China deixe de ser uma "consumidora voraz".

Organização Mundial do Comércio (OMC)           

a) Brasil quer prazo longo para tentar solucionar caso de pneus

O Brasil pretende aproveitar ao máximo os prazos da Organização Mundial do Comércio (OMC) no caso em que o Brasil foi obrigado a interromper a importação de pneus recauchutados do Uruguai e Paraguai, informou um alto funcionário do governo brasileiro. Ao julgar uma queixa da União Européia (UE) contra as barreiras impostas no Brasil à importação de pneus recauchutados, a OMC reconheceu o direito brasileiro de restringir a entrada desse produto por razões de defesa de saúde e meio ambiente; mas considerou incompatíveis com as regras mundiais de comércio as exceções feitas para importação de pneus dos sócios do Mercosul.

Também foram consideradas exceções discriminatórias, contrárias às regras de comércio internacional, as importações de pneus usados da Europa obtidas por liminares judiciais. O Brasil, pelas regras da OMC, tem 60 dias para informar como pretende cumprir as determinações do órgão de solução da controvérsias da organização, que exigiu o fim das irregularidades no comércio de pneus. Após esse prazo, a UE deverá indicar se aceitará a solução apresentada pelo Brasil ou reivindicará novas medidas. Caso não cumpra as determinações, a UE será autorizada a aplicar retaliações comerciais contra o Brasil, como o aumento de tarifas de importação para determinados produtos brasileiros, no mercado europeu.

Todo o processo na OMC, até a possível autorização para retaliações comerciais, pode durar mais de um ano, como vem acontecendo no caso vencido pelo Brasil contra os subsídios ao algodão nos Estados Unidos. O governo brasileiro pretende discutir a estratégia a seguir na próxima reunião da Câmara de Comércio Exterior, que deverá se reunir em fins de fevereiro ou em março. Os técnicos ligados ao tema já avaliam que, em média, o prazo na OMC entre uma decisão e eventual autorização para retaliações é de 15 meses, prazo com que conta o Brasil para negociar com os parceiros no Mercosul um acordo sobre o tema.

Como resultado do caso na OMC, o governo brasileiro já havia restringido a importação de pneus do Uruguai e Paraguai, a 250 mil unidades por ano, o que vem provocando protestos dos dois sócios, que querem discutir o assunto nas instâncias do Mercosul.

O Brasil sugere, como alternativa aos sócios, a criação de uma política comum de aproveitamento de resíduos sólidos, com regras específicas para os pneus. A política bloquearia a possibilidade de terceiros países, como os europeus, usarem o Uruguai e o Paraguai como base de remodelagem de seus pneus usados para venda ao Brasil e Argentina, mas permitira o beneficiamento de pneus usados do Mercosul em fábricas dos dois sócios menores. O tema é polêmico, mas o fato de que também a Argentina proíbe a importação desse produto, apesar de determinação contrária do tribunal de solução de controvérsias do Mercosul serve de argumento aos diplomatas brasileiros sobre a importância de um acordo.

O governo aguarda, ainda, a decisão do Supremo Tribunal Federal sobre uma inédita "arguição de descumprimento de preceito fundamental", em que o Executivo pediu a rejeição definitiva das liminares em tribunais locais que permitem a importação de pneus usados, para remodelagem no país. O Supremo, em dezembro, rejeitou algumas dessas liminares e há no Planalto a expectativa de que a demora em decidir sobre a arguição do Executivo se deveu ao interesse em conhecer o resultado final da decisão da OMC.

No Congresso, é forte o lobby da bancada do Paraná em favor da importação dos usados, matéria-prima da principal remodeladora no país, instalada no Estado. As recentes derrotas do lobby no Judiciário e no Executivo levaram a empresa, BS Colway, a anunciar a demissão dos funcionários. O governador do Estado, Roberto Requião, tem apoiado as reivindicações da empresa, que alega ter de usar pneus usados importados devido à má qualidade do similar nacional.

b) Sem acordo, Doha aguarda desfecho de campanha presidencial nos EUA

Na véspera do Natal, o mediador da negociação agrícola na Rodada Doha, o neozelandês Falconer Crawford, enviou aos 150 países quatro textos traçando o que acredita serem novos pontos de convergência para reduzir os subsídios domésticos. Na prática, ao apontar aproximações em várias questões, o que Crawford faz é pavimentar o terreno para os Estados Unidos limitarem suas subvenções a algo entre US$ 13 bilhões e US$ 14,5 bilhões por ano.

Atualmente, Washington tem direito de dar até US$ 48 bilhões de subsídios por ano, como resultado da Rodada Uruguai, e até agora só aceitou baixar esse montante a US$ 17 bilhões em um futuro acordo global.

Além de ter divulgado documentos em pleno período de festas, o mediador marcou nova rodada de negociações a partir do dia 3 de janeiro. Mas essa movimentação é acompanhada com ceticismo. Um dos mais importantes negociadores sequer teve curiosidade de ler os novos textos. "Mandei para meu ministro, isso não tem pressa mesmo", argumentou.

Ou seja, no nível técnico, a negociação até avança aos tropeções, mas ninguém ignora que a conclusão da Rodada Doha depende do calendário eleitoral nos Estados Unidos. E por aí tudo indica que um acordo global dificilmente ocorrerá antes de 2010.

A maior nação comerciante do planeta está em plena campanha presidencial, o Congresso votou uma lei agrícola que não reduz subsídios e a principal representante comercial americana, Susan Schwab, adota um tom que faz entender que ela sabe que a Casa Branca não quer, ou não pode, fechar um acordo em 2008, durante o mandato de Bush.

Também entre certos exportadores agrícolas há menos pressa por barganhas. Alfredo Chiaradia, o secretário de Comércio Internacional da Argentina, considera que seu país já ganhou com a conjuntura atual, de insuficiente oferta mundial de produtos agrícolas. Como resultado, os preços explodem e forçam dezenas de países a cortarem suas tarifas de importação.

A União Européia, um dos maiores importadores de trigo, soja e milho do mundo, reduziu a zero as tarifas de importação de cereais até junho do ano que vem. China, Rússia, Índia, México, Marrocos, Azerbaijão, Bósnia, Egito, Filipinas, Taiwan, Bangladesh, Nigéria, Gana e Peru fizeram o mesmo. De outro lado, países produtores aumentam as tarifas de exportação para assegurar o suprimento doméstico. Foi o que fizeram Argentina, Rússia e Cazaquistão.

É certo que os atuais cortes de tarifas têm pouco impacto na negociação global, porque esta trata da consolidação de alíquotas (o montante máximo que um país pode aplicar). Mas a conjuntura leva mais países exportadores agrícolas a resistirem a pagar com concessões na área industrial.

As diferenças entre os países se espalham em todos os temas da negociação, passando por metodologia para calcular antidumping a proteção para indicações geográficas. Tampouco se pode ignorar as fricções persistentes entre três atores principais da rodada, o ministro brasileiro Celso Amorim, Susan Schwab e o comissário europeu de Comércio, Peter Mandelson.

Além disso, há preocupação dentro da OMC sobre os riscos de Venezuela, Bolívia e alguns países africanos rejeitarem o consenso em um futuro acordo. Antes o temor era só com os venezuelanos e bolivianos sob a influência de Hugo Chávez. Agora, vários países africanos, com políticas comerciais desenhadas por organizações não-governamentais (ONGs), mandaram um aviso, ao recusarem um acordo de preferências comerciais com a União Européia.

Uma rodada, contudo, não morre. Haverá muitas reuniões e novos prazos para se chegar a entendimentos. Em Genebra, fala-se agora de julho como nova data dita "crucial" para se esboçar um acordo global. Mas entre importantes negociadores, as atenções estão cada vez mais voltadas para o que Hillary Clinton, se eleita, mudará na política comercia americana e qual o impacto disso na agenda global de negociações.

Plano Internacional

a) BC japonês pode subir os juros no país

A incerteza sobre a economia global aumenta, mas a próxima medida do Banco do Japão deverá se dirigir para uma elevação nas taxas de juros, não para uma redução, disse ontem o novo integrante da diretoria do Banco Central do Japão, Hidetoshi Kamezaki. O funcionário, um ex-executivo do setor privado, que é considerado partidário de elevações nas taxas de juros, assinalou que essas subidas deverão ocorrer de maneira oportuna, ligadas à linha oficial do banco central, de que manter as taxas no atual nível baixo por muito tempo poderá levar a riscos no longo prazo.

Entretanto, Hidetoshi Kamezaki reconheceu que o ciclo positivo da economia japonesa, marcado por um aumento na produção, no lucro e também nos gastos dos consumidores, de certo modo já está se debilitando. O diretor do BC japonês deixou claro que não há nenhum problema para aumentar as taxas do atual nível de 0,5%.
"As taxas de juros, que estão muito baixas em comparação com a economia real, implicam em riscos para o futuro", disse Kamezaki aos jornalistas, após uma reunião com líderes empresariais na cidade de Yokohama.
"Mas, neste momento, há incerteza devido ao impacto sobre a economia causado pela desaceleração do crescimento nos Estados Unidos, as turbulências nos mercados financeiros globais, e as subidas nos preços do petróleo", acrescentou o diretor.

Em seu primeiro discurso público desde que ingressou no Banco do Japão em abril deste ano, Kamezaki se apegou muito à linha oficial da entidade sobre o comportamento da economia, alegando que a atividade está desacelerando, parcialmente devido ao desaquecimento do mercado imobiliário local, mas que mesmo assim crescerá a um ritmo considerado moderado.
Uma elevação nas taxas de juros para 0,75%, considerada antes quase segura para o final deste ano, é vista no momento como distante em relação ao panorama da economia japonesa.

b) PIB da França cresce 0,8% no terceiro trimestre após revisão

O Produto Interno Bruto (PIB) da França mostrou expansão de 0,8% no terceiro trimestre deste ano, um pouco mais do que o 0,7% de crescimento estimado inicialmente para o período. Nos três meses antecedentes, a economia francesa havia avançado 0,3%.

As despesas de consumo das famílias subiram 0,8% entre julho e setembro depois de um avanço de 0,6% no segundo trimestre e contribuíram com 0,4 ponto percentual ao aumento do PIB.
A formação bruta de capital fixo, um indicativo de investimento, também ampliou-se 0,8%, o dobro da taxa apurada nos três meses até junho. As exportações ampliaram-se 1,5% e as importações elevaram-se 1%, sucedendo elevação de 0,7% e 1,8%, respectivamente, anotada no segundo trimestre.

As informações foram apresentadas pela agência oficial de estatísticas Insee.

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