Comércio Exterior
a) Resultados
Na primeira semana de setembro, a balança comercial registrou exportações de US$ 2,616 bilhões e importações de US$ 2,478 bilhões, resultando em um saldo comercial -diferença entre as duas operações- superavitário em US$ 138 milhões. Os números foram divulgados segunda-feira pelo Ministério do Desenvolvimento. No acumulado do ano, o superávit foi de US$ 11,822 bilhões. Nas exportações, o resultado do ano foi de US$ 128,712 bilhões, enquanto as importações alcançaram US$ 116,890 bilhões.
Na primeira semana do mês, a balança teve superávit de US$ 138 milhões. No acumulado do ano, o saldo foi de US$ 11,822 bilhões, com US$ 128,712 bilhões em exportações
b) Setor de máquinas pesadas atrai gigante chinesa ao País
Desembarca no Brasil uma das maiores montadoras chinesas de máquinas pesadas, para concorrer com a Caterpillar, líder do mercado há quase 50 anos. O XCMG (Xuzhou Construction Machinery Group), décimo maior fabricante mundial do setor, está construindo no País uma fábrica e dois centros de distribuição (CD) de peças que consumirão um investimento inicial de US$ 15 milhões, em conjunto com a parceira brasileira Êxito Import&Export.; A ofensiva asiática faz parte de um plano de ganhar uma fatia de pelo menos 8,5% do mercado nacional, que produz anualmente cerca de 13 mil unidades.
Na semana passada, os diretores chineses do XCMG estiveram no Brasil e anunciaram a construção de uma montadora no complexo industrial portuário de Suape, no Estado de Pernambuco, e um centro de distribuição no Recife. O CD vai fornecer peças de reposição e de manutenção, e até o final do ano que vem um novo centro de distribuição deve ser instalado em São Paulo.
"A parceria com o XCMG tem mais de três anos, e agora vamos ampliar o acordo para aproveitar o excelente momento do Brasil em investimentos de infraestrutura", avalia Rubens Azevedo, diretor de Comércio Exterior da Êxito. "O mercado para máquinas está superaquecido, não apenas por conta de eventos como as Olimpíadas, mas pelo próprio desenvolvimento do País", completa Azevedo.
A empresa chinesa, que fatura globalmente US$ 10 bilhões e tem capital integralmente estatal, vendeu 200 máquinas no Brasil em 2009. No primeiro semestre deste ano, foram 350 máquinas. "Em 2011, numa análise nem otimista nem conservadora, serão vendidas 1,1 mil máquinas no País", afirma Azevedo.
O modelo de fabricação na unidade de Suape será o CKD (do inglês complete knock-down), como é chamado o processo de montagem das máquinas a partir de kits pré-montados, importados do país de origem. O modelo de fabricação favorece as empresas que entram no País, uma vez que num primeiro momento reduz custos com desenvolvimento e adaptação das peças e com tecnologia. Mas o desenvolvimento posterior de tecnologias e peças a partir de materiais locais é visto pelo mercado como benéfico para a cadeia produtiva em geral. Segundo o XCMG, em até três anos as máquinas começarão a ser nacionalizadas.
"Já estão sendo costurados acordos para o terceiro ano de operações com o objetivo de ampliar o conteúdo nacional do produto", revela Azevedo, que explica que o impedimento inicial é o ajuste dos produtos aos materiais e às tecnologias nacionais. A maior parte do investimento veio da brasileira Êxito. Entretanto, com plano de negócios traçado para os próximos dez anos, a empresa espera retorno do investimento em três a cinco anos.
O portfólio da empresa asiática para o mercado brasileiro tem tratores de terraplenagem, caminhões-guindaste, motoniveladoras e escavadeiras hidráulicas.
Os chineses do XCMG exportam em média 15% de sua produção, e o Brasil representa para eles um mercado de 2,5% dessas exportações. A partir do ano que vem, a meta é de que a participação do País, dentre os 12 mercados aos quais a empresa exporta, chegue a pelo menos 4%.
Os olhos dos chineses estão mesmo voltados para a alta demanda em infraestrutura no País. Prova disso é também o recente anúncio da fabricante Sany Heavy Industry, que está erguendo uma fábrica com investimento de US$ 200 milhões em São Paulo.
Sem o entusiasmo asiático, o setor nacional de máquinas teme que o custo do dinheiro no País esteja estimulando importações em detrimento dos investimentos em insumos e produtos locais. "A nossa sensação é de que o setor de máquinas nunca esteve tão ameaçado", afirma José Velloso, vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).
"Para a indústria, o dinheiro custa de 30% a 35%, e o câmbio está no mínimo 20% acima dos níveis reais", explica Velloso. Segundo o executivo, uma máquina produzida no Brasil sai da fábrica com 40% de tributos.
Velloso explica que, diferentemente do discurso oficial, o Brasil está muito carente de infraestrutura, e os chineses estão muito motivados a pleitear este filão. "Estou falando com você e estou parado no trânsito da Marginal do Tietê [em São Paulo], sem perspectiva de andar", comenta Velloso, ao telefone. Para ele, a política tributária e cambial do País prejudica as empresas que investem no setor há mais de 50 anos. "A Caterpillar, por exemplo, já chegou a exportar 80% de seu faturamento. Hoje as importações no setor estão crescendo exponencialmente", afirma. O de máquinas rodoviárias, segundo Velloso, é o setor que mais cresce.
Desembarca no Brasil mais uma montadora chinesa de máquinas pesadas para concorrer com a Caterpillar, líder desse segmento há quase 50 anos. O XCMG (Xuzhou Construction Machinery Group), décimo maior fabricante mundial do setor, está construindo no País uma fábrica e dois centros de distribuição de peças que consumirão um investimento inicial de US$ 15 milhões, em conjunto com a parceira brasileira Êxito Import&Export.; A ofensiva asiática faz parte de um plano para ganhar uma fatia de pelo menos 8,5% do mercado brasileiro, que produz anualmente cerca de 13 mil máquinas desta categoria.
Os diretores chineses do XCMG estiveram no Brasil na semana passada e anunciaram a construção de uma montadora no complexo industrial portuário de Suape, no Estado de Pernambuco, e de um centro de distribuição em Recife. O centro vai fornecer peças de reposição e de manutenção a todo o País, e até o fim do ano que vem um novo centro de distribuição deve ser instalado em São Paulo.
"A parceria com o XCMG tem mais de três anos, e agora vamos ampliar o acordo para aproveitar o excelente momento de investimentos de infraestrutura no Brasil", avalia o diretor de Comércio Exterior da Êxito, Rubens Azevedo. "O mercado para máquinas está superaquecido", completa Azevedo.
A empresa chinesa, que fatura globalmente US$ 10 bilhões e tem capital integralmente estatal, vendeu 350 máquinas no primeiro semestre deste ano.
c) Importação cresceu cinco vezes mais que exportações
A taxa de crescimento das importações (38,8%) foi mais de cinco vezes superior à das exportações (alta de 7,3%) no segundo trimestre de 2010 ante igual período do ano passado. De acordo com analistas, o aumento das vendas para o mercado externo foi ocasionado basicamente pela valorização das commodities. A expansão das importações, por outro lado, foi pautado pelo aumento da compra de manufaturados, tanto em valor como em quantidade.
"Nas exportações, enquanto tivemos uma queda dos manufaturados em termos de quantidade, as commodities aumentaram no aspecto preço. É o contrário do que se tem nas importações, em que há um aumento de produtos manufaturados tanto em quantidade quanto em valor", afirma o presidente em exercício da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, sobre os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo o professor Marcio Sette Fortes, do Ibmec-RJ, o aumento das importações é sinal de que a demanda continua aquecida no País. "Existe uma demanda acima do normal, superando a capacidade de oferta, atendida pelos produtos que vem de fora", diz.
Antes considerado o vilão do setor exportador, o câmbio tem recebido menos atenção. Segundo Nathan Blanche, da consultoria Tendências, o câmbio no patamar atual evita uma escalada da inflação e um aumento maior dos juros. "O câmbio tem sido o herói deflacionário. Se não estivesse a R$ 1,70, as taxas de juros já deveriam estar em torno de 14%."
d) Exportação pela rede postal dos Correios bate recorde
As exportações feitas pela rede postal dos Correios cresceram 43% no mês passado em relação a agosto de 2009 e bateram mais um recorde, segundo dados do Ministério das Comunicações. As vendas externas no oitavo mês do ano alcançaram a marca de US$ 21 milhões pelo sistema simplificado de envio de remessas ao exterior, considerado o melhor resultado já obtido nos meses de agosto, de acordo com o Ministério. Os dados incluem as exportações feitas por meio da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) e de operadores privados.
No acumulado de 2010, as exportações pela rede postal já chegaram a US$ 172 milhões, o que representa 94% do volume remetido ao exterior em todo o ano passado. Foram 812 tipos diferentes de mercadorias, enviadas principalmente para os Estados Unidos (destino de 24,09% dos produtos), Argentina (que recebeu 7,77% das remessas) e México (país para onde foram 5,20% das mercadorias).
Apesar do bom desempenho em agosto, as vendas pela via postal registraram redução quando comparadas a julho. A queda foi de 7,9% no total exportado, mas, de acordo com a área técnica dos Correios, a redução é sazonal, normal para esta época do ano. Nos últimos dez anos, houve aumento nas exportações pela rede postal de julho para agosto apenas em 2003, 2005 e 2007.
Investimentos
a) BNDES amplia crédito para investimentos em R$ 10 bi
Após a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre de 2010 acima do esperado para muitos analistas, a pergunta que fica é se a indústria no País deve atender a demanda com um crescimento da ordem de 7%, previsto tanto pelo mercado quanto pelo governo. Para tentar atender essa demanda, foi publicada no Diário Oficial a ampliação em R$ 10 bilhões da linha de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), conhecida como Programa de Sustentação de Investimentos (PSI) que deve contribuir para que a resposta à dúvida seja positiva.
O programa serve para bens de capital e para produção de bens exportáveis e inovação tecnológica, com subsídio do Tesouro Nacional. A linha, que era de R$ 124 bilhões, será agora de R$ 134 bilhões e também vai financiar o setor de energia elétrica. A mudança foi incluída na Medida Provisória 501, que prolonga também de 31 de dezembro de 2010 para 31 de março de 2011 o prazo para contratação dos financiamentos.
O PSI foi inicialmente criado durante a crise internacional com um volume inicial de R$ 44 bilhões. O valor foi, posteriormente, elevado em R$ 80 bilhões pela MP 487, cujo prazo de votação venceu no último dia 5.
Com a queda da MP, o governo teve que editar uma nova medida para garantir o programa e aproveitou para turbinar em R$ 10 bilhões a linha de crédito, que possui taxas bastante favoráveis para quem quer investir. O Ministério da Fazenda ainda não deu explicações sobre a MP, que trata também de outros assuntos. Essa ampliação da linha de crédito não representa aporte de novos recursos do governo no banco, mas sim uma elevação do volume de financiamentos que o Tesouro vai arcar com o subsídio.
Júlio Hegedus Netto, economista-chefe do Interbolsa e membro do Instituto Millenium, acredita que a indústria conseguirá atender a demanda originada pelo forte crescimento econômico deste ano. "O crescimento é equilibrado. Embora a oferta avance menos do que á demanda, não haverá muita diferença entre ambas. Esse aumento de crédito do PSI é positivo a princípio à medida que revela que há muitos pedidos de crédito do BNDES, o que amplia a capacidade produtiva. É resposta de um consumo forte com uma demanda previsível", observa ele, que prevê alta do PIB de 7,4% para 2010 e uma expansão de 24% da taxa de investimento, ao alcançar 18,5% com relação ao PIB deste ano.
O professor da Brazilian Business School (BBS), Ricardo Torres, concorda que o horizonte é positivo para a indústria, assim como para a economia brasileira neste ano e nos próximos. "Alguns setores estão tendo que importar mais equipamentos para suprir a demanda. Mas não vejo isso como um problema. Isto só seria ruim se continuasse no decorrer dos anos a exemplo do que ocorreu com os Estados Unidos", avalia. "De qualquer forma, vivemos em um momento único. Por isso acredito que excessos serão solucionados. Mesmo porque o empresário brasileiro só investe se acredita em uma demanda certa", acrescenta o especialista.
Alcides Leite, professor da Trevisan Escola de Negócios, afirma que, neste ano, a indústria deverá atender a demanda e o PSI deve continuar a fortalecer esse atendimento. "O problema vai ser a partir de 2011. Dificilmente o PIB brasileiro tem condições de apresentar um crescimento tão elevado nos próximos anos devido, sobretudo, aos baixos níveis de investimentos públicos e privados. Somente com taxas de investimento acima da ordem de 25% do PIB é que o País poderá sustentar taxas de crescimento do PIB em torno de 5% sem gerar pressões inflacionárias", analisa.
Questionado se essa ampliação de recursos não poderia se estender para 2011, ano que gera incertezas entre economistas, Netto considera que como 2010 é ano de eleições, algumas medidas serão tomadas de forma cautelosa. Ou seja, neste primeiro momento é difícil afirmar se a ampliação do contrato de financiamento será para além de março do próximo ano. "Por outro lado, o ritmo é bom. Acredito que a economia avance 4,8% em 2011", diz.
Já para Alcides Leite, mais do que ampliar o prazo de contratação de financiamento seria o caso do governo fazer um aperto fiscal e ampliar os investimentos públicos. "Se o volume de investimentos do governo passar dos atuais 2% do PIB para 5% do PIB, o número de recursos do setor privado virá mais fácil e assim chegaremos aos 25% [de investimentos] necessários para a economia."
Como reforço a opinião dos especialistas, na última segunda-feira, na primeira pesquisa Focus divulgada após o anúncio do resultado do PIB no segundo trimestre de 2010, analistas elevaram a estimativa para o crescimento da economia neste ano de 7,09% para 7,34%. Para 2011, a mediana das previsões segue em 4,50%.
Na mesma pesquisa, foi mantida pela quarta vez a previsão para a alta da produção industrial de 2011 em 5%. Para 2010, a aposta recuou de 11,47% para 11,37%.
Foi publicada no Diário Oficial a ampliação em R$ 10 bilhões da linha de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), conhecida como Programa de Sustentação de Investimentos (PSI). O programa destina-se a bens de capital e a produção de bens exportáveis e inovação tecnológica, com subsídio do Tesouro Nacional. A linha, que era de R$ 124 bilhões, será agora de R$ 134 bilhões e também vai financiar o setor de energia elétrica. A mudança foi incluída na Medida Provisória 501, que também prolonga de 31 de dezembro de 2010 para 31 de março de 2011 o prazo de contratação dos financiamentos. O PSI foi inicialmente criado durante a crise internacional, no ano passado, com volume inicial de R$ 44 bilhões. O valor foi elevado por medida provisória (MP) que venceu no último dia 5 e não foi votada pelo Congresso, o que fez com que o governo editasse nova MP.
b) Embraer fecha empréstimo de US$ 1 bilhão com 25 bancos
A Embraer fechou uma operação de crédito de US$ 1 bilhão com um conjunto de 25 instituições financeiras internacionais. De acordo com comunicado da empresa, o objetivo principal do acordo é assegurar o acesso a recursos financeiros de curto prazo a taxas pré-negociadas em caso de necessidade.
O acordo consiste na renovação da operação de crédito sindicalizado de US$ 500 milhões anunciada em agosto de 2006. A Embraer ressalta em comunicado que, desta vez, o valor ofertado foi o dobro do inicialmente demandado e demonstra a confiança dos bancos na saúde financeira e operacional da companhia. O montante total ficará disponível por até dois anos em duas linhas de crédito: US$ 400 milhões destinados ao pré-financiamento de exportações e US$ 600 milhões para financiamento de capital de giro. O recurso estará disponível para saques e o prazo final para pagamento, se utilizado, é setembro de 2013.
A operação recebeu a adesão de 25 instituições financeiras de todo o mundo. Sob a coordenação do BNP Paribas, sete instituições financeiras atuaram como líderes: BNP Paribas, Banco do Brasil, HSBC, Intesa Sanpaolo, Santander, Societé Générale e The Bank of Tokyo-Mitsubishi. Outras 18 também participaram da operação, dentre as quais: Banco de Chile, Banco Espírito Santo, Bank of America.
"A conclusão desta operação demonstra o alto grau de credibilidade da Embraer, pois trata-se de uma linha de crédito de US$ 1 bilhão disponível para saque em condições pré-pactuadas", afirmou o vice-presidente Executivo, Financeiro e de Relações com Investidores da Embraer, Luiz Carlos Aguiar, no comunicado. "O acordo também contribui para a melhoria da nossa classificação de risco de crédito no futuro."
c) Empresas levantam US$ 6 bi no exterior
Empresas brasileiras de primeira linha conseguiram levantar no exterior nesta semana, a primeira após as férias no hemisfério Norte, mais de US$ 6 bilhões com a venda de títulos de dívida de longo prazo. É o maior ritmo já ocorrido em um período tão curto. Até julho, as captações eram de US$ 21 bilhões.
Pela primeira vez, as empresas foram ao exterior antes do Tesouro Nacional, que costuma abrir as temporadas de captações. O Tesouro também planeja vender US$ 1,5 bilhão em títulos da República, segundo os bancos.
Como representa, em tese, o menor risco do país, a República brasileira testa o apetite do mercado e cria uma espécie de piso para os juros das demais dívidas privadas, que saem com taxas maiores.
"Essa realidade mudou. Existe uma demanda forte lá fora por papéis de empresas brasileiras. Não precisa mais o Tesouro dar essa referência", disse Alberto Kiraly, diretor da Anbima (associação do mercado de capitais).
Nesta semana, a Vale captou US$ 1,75 bilhão com emissão de títulos de 10 e de 30 anos com juros de 4,748% e 6,074%, respectivamente. Só neste ano, a Vale já captou US$ 2,75 bilhões, ultrapassando o Bradesco como o maior emissor brasileiro de dívida privada no exterior.
O objetivo é trocar dívida de curto por longo prazo, com juro menor.
Desde a crise, os países desenvolvidos -e suas empresas- reduziram os juros, diminuindo o ganho dos investidores. Com isso, aumentou o apetite por países que têm taxas altas e risco baixo, como o Brasil.
O BNDES abriu uma captação de US$ 1,3 bilhão. Também emitiram bônus a Odebrecht (US$ 500 milhões) e a Oi (US$ 1 bilhão). Ontem, anunciaram captações a Embraer (US$ 1 bilhão), a Suzano (US$ 500 milhões) e a JBS (US$ 300 milhões).
No forno, está ainda uma captação do Banco do Brasil de cerca de US$ 1,5 bilhão.
Para Kiraly, falta o mercado se abrir para financiar empresas de menor porte, como ocorria antes da crise. "Temos de abrir mercado para empresas de segunda linha."
Agronegócios
a) País exporta 25% menos soja em agosto em relação a julho
Dados preliminares do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), analisados pela Scot Consultoria, apontam que em agosto o Brasil exportou 2,96 milhões de toneladas de soja grão. O volume foi 25,80% menor que o embarcado em julho, mas próximo do verificado no mesmo período do ano passado, quando foram exportadas 2,97 milhões de toneladas. No acumulado do ano, o país enviou para o exterior aproximadamente 25,45 milhões de toneladas do grão, 37% do total produzido na safra 2009/10 (68,47 milhões de toneladas). Esse montante é ligeiramente inferior (0,64%) às exportações em igual período de 2009.
b) Milho terá a menor área já semeada
Os produtores de milho continuam abandonando o plantio no verão e aumentando o cultivo no inverno. Nesta safra de verão, o Brasil deverá fazer o menor plantio de milho da história.
Segundo consultorias especializadas, a área fica próxima de 7,4 milhões de hectares, e a produção não chegará a 30 milhões de toneladas.
A intenção de plantio do produtor depende dos preços. Sem visualizar remuneração com o produto no primeiro semestre, muitos produtores optaram pela soja.
As perspectivas para o milho mudaram, no entanto, neste segundo semestre, e os preços começam a se recuperar. Um dos motivos dessa mudança foi a forte participação do governo no mercado por meio de leilões de escoamento do produto.
Com a decisão já tomada de qual cultura semear e insumos comprados, poucos produtores podem mudar de ideia e voltar ao milho.
Com isso, a oferta do início do próximo ano deverá ser menos abundante e os produtores voltam a apostar na safra de inverno, também chamada de safrinha. A estimativa é de um crescimento de 3% nesse período, para 5,2 milhões de hectares.
Além de uma menor área, as lavouras de milho podem passar por problemas climáticos nesta safra. Segundo Leonardo Sologuren, da consultoria Céleres, o clima está seco em boa parte da região centro-sul, devido ao fenômeno "La Niña", o que pode atrasar tanto o plantio do milho como o da soja.
Parte do milho retirado do mercado pelo governo tem como destino as exportações, que vinham patinando e não auxiliavam na recuperação interna dos preços.
Só no mês passado saiu 1,2 milhão de toneladas de milho pelos portos brasileiros, elevando o acumulado do ano para 3,53 milhões.
Algumas estimativas já indicam vendas externas de 9,5 milhões de toneladas no ano.
Sologuren, da Céleres -cuja empresa prevê plantio de 7,65 milhões de hectares e safra de 29,9 milhões de toneladas no verão-, diz que os preços do milho podem ser ajudados também por fatores externos.
A quebra de safra de grãos na Europa e na Rússia vai exigir importação maior dos europeus. "E a vantagem é que a Europa sempre paga "prêmio" pelo produto brasileiro", diz o analista.
Fernando Muraro Jr., da AgRural -consultoria que estima área de 7,34 milhões de hectares e produção de 28,9 milhões de toneladas nesta safra de verão-, diz que o cenário para o milho é bom para o ano que vem.
A grande maioria dos produtores já fez, no entanto, a opção de plantio pela soja. Preço, custo de produção, liquidez na venda do produto e eventuais problemas climáticos pesaram na decisão. A conjugação desses fatores apontou para a soja.
Além dos fatores de melhora interna, as boas notícias podem vir também dos Estados Unidos, onde a demanda continua forte e os estoques caem rapidamente.
Além disso, problemas climáticos em algumas regiões podem impedir a produtividade média estimada para o país pelo Usda (Departamento de Agricultura dos EUA).
c) Rússia proíbe compra de carne do Brasil
O governo russo proibiu a importação de carne bovina e de frango de várias unidades processadoras do Brasil, incluindo a JBS, a maior do mundo. As informações foram publicadas no site da agência sanitária russa, a Rosselkhoznadzor, e a proibição começou a valer para três fábricas da JBS, depois que carnes dessas unidades apresentaram traços do antibiótico oxitetraciclina e de bactérias.
Em nota, a JBS informou desconhecer o motivo da suspensão e anunciou que manterá o fornecimento àquele país por outras unidades habilitadas no Brasil e nas demais plataformas em países habilitados para a Rússia.
A agência russa afirmou que outra fábrica da JBS será proibida de vender carne bovina e suína a partir de terça-feira por causa da presença de bactérias em seus produtos.
d) Exportações de suínos crescem 2,63% em agosto
As exportações de carne suína em agosto foram de 47,689 mil toneladas, um aumento de 2,63% em relação a agosto de 2009. A receita alcançou US$ 115,91 milhões, um crescimento de 32,41%.
De acordo com Pedro de Camargo Neto, presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne suína (Abipecs), "o ano de 2010 se caracteriza por forte demanda doméstica, o que viabiliza bons preços no mercado interno. O significativo aumento real do salário mínimo, nos últimos anos, e o crescimento da massa salarial fortaleceram a demanda doméstica por proteínas de maneira geral. A carne suína e seus derivados vêm ocupando importante espaço. A demanda sazonal já começa a ampliar a procura por cortes especiais para as festas de fim de ano, o que mantém o fortalecimento dos preços". E completou: "A valorização cambial continua a reduzir a competitividade do produto no mercado externo".
Em agosto, o Brasil vendeu para a Rússia, principal destino da carne suína brasileira, 23.132 toneladas, aumento de quase 38% em relação a igual período de 2009. As vendas para o mercado russo apresentaram um crescimento expressivo em valor, no período: 83,58%. O País faturou US$ 61,21 milhões. De janeiro a agosto de 2010, as exportações para a Rússia foram de 165.841 toneladas - queda de 4,84%, ante igual período de 2009. Em volume, houve alta de 25,19%, para US$ 453 milhões.
Mercosul
a) Argentina de olho no mercado
Os preparativos para a expansão do setor petrolífero ultrapassam a fronteira e já atingem, concretamente, a Argentina, que tem pequenos fornecedores em potencial de máquinas e equipamentos para a Petrobras ou empresas que atendem a estatal brasileira. A adesão dos sócios do Mercosul e, em um segundo momento, dos vizinhos da Comunidade Andina, faz parte dos planos do governo brasileiro de montar uma estratégia que envolva toda a região.
Na Argentina, está sendo realizado uma espécie de inventário sobre o que não se fabrica e o que se produz com baixa qualidade. De posse do diagnóstico, autoridades dos dois países e empresas fornecedoras discutem que tipo de itens poderiam ser produzidos na região, para substituir importações de fora do Mercosul. Medidas de apoio serão tomadas, sendo uma delas o Fundo de Convergência Estrutural (Focem) do bloco, com recursos de US$ 3,6 milhões este ano.
-- Sem dúvida, com as reservas do pré-sal, o Brasil ganhará ainda mais importância mundial. Há uma infinidade de produtos e serviços que podem ser desenvolvidos na cadeia de petróleo e gás, tendo em vista que a Argentina também tem uma produção tradicional — disse o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, Reginaldo Arcuri.
Um dos grandes desafios, explicou Arcuri, é garantir que parte do índice de conteúdo local não se forme apenas por peças e equipamentos, mas também pela tecnologia nacional. O custo com a manutenção é altíssimo.
-- Queremos formar polos de produção e de exportação no Mercosul — disse
a) Brasil e Argentina apostam em agenda para alavancar vendas
Os ministros do Brasil e da Argentina reafirmaram durante reunião que antecedeu a abertura do seminário "Integração Produtiva no Mercosul", que seus governos permanecem engajados para constituir uma agenda que possibilite uma maior integração produtiva em setores estratégicos, sobretudo na cadeia automobilística, com ênfase na produção de autopeças com maior conteúdo regional.
"Estamos trabalhando como nunca em uma agenda de integração produtiva genuína no âmbito do Mercosul que nos permita competir juntos em terceiros mercados", declarou a jornalistas a ministra argentina da Indústria, Débora Giorgi.
Segundo Gleriani Torres, professora do Mackenzie, a criação de uma agenda de integração é importante, e qualquer manifestação é uma busca ação dos governos na concessão de financiamentos para o setor automotivo, a promoção de inovação tecnológica em autopeças e uma maior defesa do mercado regional contra similares importados de fora do bloco econômico.para promover mais negócios entre estes países. "É um tema importante e precisa ser discutido. É necessário este esforço para ampliar o foco dos países. Tudo o que envolve o Mercosul para o Brasil é muito importante, uma vez que os países são importantes no Comércio Exterior do País", disse.
Na presença do ministro de Indústria e Comércio Exterior do Paraguai, Francisco Rivas Almada, e de Indústria, Energia e Minas do Uruguai, Roberto Kreimermande, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, e a ministra argentina voltaram a defender uma maior.
"O setor precisa se desenvolver nos dois países e, para isso, é preciso ter escala, com acesso a mercado e inovação tecnológica", afirmou Débora. "O BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social], o Banco do Brasil e seus contrapartes argentinos, Banco de La Nación e do Banco de Investimento e Comércio Exterior [Bice], podem ser utilizados pelo setor, que é estratégico para a integração produtiva entre os países", disse a ministra argentina.
"A linha de crédito do BNDES de US$ 200 milhões para estimular o setor deve começar a ser operada até o fim do ano, inclusive com financiamentos para que fábricas argentinas de autopeças possam se estabelecer no Brasil. Existem várias possibilidades. Podemos incentivar a criação de joint ventures (associações), trazer empresas para cá ou levarmos as nossas para lá", disse o brasileiro.
Miguel Jorge afirmou ainda que o Brasil terá uma lista de exceções para autopeças não produzidas na região. Esses produtos, que estão sendo negociados entre montadoras e fornecedores de autopartes, terão o Imposto de importação reduzido.
O ministro apontou ainda que a isenção de imposto de importação (II) de autopeças foi o primeiro passo do País para promover um maior conteúdo local na produção nacional de veículos. O mecanismo, que reduzia em 40% a tributação do produto importado, caiu para 30% e será extinto até 2011. "O nosso déficit na balança comercial de veículos é de US$ 5 bilhões por ano, justamente por causa das autopeças", afirmou. "E mais de 60% dessas importações são de peças europeias", acrescentou Miguel Jorge.
"O setor de autopeças no Brasil é bem desenvolvido, o governo constantemente faz incentivos para esta área. Eu particularmente tenho uma crítica, pois o Brasil faz muito esforço com a Argentina, com o Mercosul, precisamos de esforços com outros blocos econômicos, outros países. Claro que a pauta é muito ampla, mas o governo precisa melhorar suas negociações com outros países.
O estreitamento na relação Brasil e Argentina é ótimo, mas precisamos dessa integração com todos os países, principalmente com os desenvolvidos como Japão, União Europeia e Estados Unidos", pontua Torres.
Com relação a isso, a ministra da Argentina explicou que a solução para reduzir as assimetrias em setores estratégicos, como o da indústria automotiva, passa pela "integração de cadeias produtivas" e por estímulos às pequenas e médias empresas.
Giorgi acrescentou que "é necessária uma maior ação por parte dos Governos" para desenvolver a produção regional de autopeças e uma "defesa do mercado regional contra as importações" de países alheios ao Mercosul.
Outras questões comerciais de interesse bilateral em setores como madeira e móveis, maquinário agrícola, linha branca de eletrodomésticos e laticínios também foram discutidos.
O comércio bilateral já atingiu US$ 20 bilhões até agosto de 2010 e a previsão é de recorde em US$ 33 bilhões ao fim deste ano.
Os ministros do Desenvolvimento Miguel Jorge, do Brasil, e Débora Giorgio, da Argentina, afirmaram que os dois países vão buscar uma integração, principalmente no setor automotivo.
Plano Internacional
a) Após protestos, ONU vê risco de crise alimentar
O atual aumento dos preços do trigo e do milho, que vem gerando protestos sangrentos em Moçambique e ameaça causar violência em outros países, levou a ONU a convocar uma reunião extraordinária para evitar uma nova crise alimentar global como a de 2008.
O encontro de técnicos e diplomatas, previsto para o próximo dia 24 em Roma, na sede da FAO (braço da ONU para alimentos e agricultura), foi marcado após surgirem sinais alarmantes de queda da oferta mundial.
O mercado se retraiu depois que a Rússia, terceiro maior exportador de trigo, sofreu nos últimos meses uma seca e incêndios que devastaram muitas plantações.
O governo russo anunciou na semana passada o prolongamento até 2011 de uma medida que proíbe produtores nacionais de exportar trigo. O objetivo é usar toda a produção local para atender o mercado doméstico.
A medida joga a pressão da demanda global sobre outros grandes exportadores, como EUA, onde o preço do trigo já aumentou 25%.
Alguns analistas sustentam que não há razão para pânico. Eles alegam que o cenário mudou muito desde a última crise alimentar, já que os níveis de produção e estoques de cereais ainda estão em níveis seguros.
E os preços, embora em alta, estão longe dos níveis de 2008, quando a crise alimentar derrubou dois governos -Haiti e Madagascar.
Mas a ONU teme que o aumento dos preços se acentue, já que outros países exportadores, como Austrália e Alemanha, também sofreram períodos de seca. Já na Alemanha, a produção foi afetada pelas chuvas.
A retração do mercado de trigo já causou alta de 30% no preço do pão em Moçambique, um dos países mais pobres do mundo. Protestos contra o governo foram reprimidos à bala, deixando dez mortos, entre eles duas crianças, desde quarta passada.
A situação é desesperadora no Paquistão, onde o preço dos cereais aumentou 15% depois que enchentes arrasaram um quinto dos plantios.
Há sinais de revolta popular na Sérvia e no Egito, um dos maiores importadores mundiais de trigo.
b) Déficit comercial dos EUA tem o maior recuo em 17 meses e soma US$ 42,8 bi
O déficit comercial dos Estados Unidos registrou a maior queda dos últimos 17 meses, à medida que as exportações de aviões subiram e as importações em geral caíram. A redução no déficit foi de 14%, para US$ 42,78 bilhões, ante US$ 49,76 bilhões em junho, segundo o Departamento de Comércio do país. A redução do déficit, que se seguiu a três meses consecutivos de alta, foi bem maior do que a esperada. Economistas ouvidos pela Dow Jones previam um déficit de US$ 47 bilhões em julho.
As exportações dos EUA cresceram 1,8%, para US$ 153,33 bilhões, o nível mais alto desde agosto de 2009, de US$ 150,57 bilhões em junho. Já as importações registraram o maior declínio desde fevereiro do ano passado, de 2,1%, para US$ 196,11 bilhões, em comparação com US$ 200,33 bilhões em junho.
O superávit dos países da América Latina e do Caribe em seu comércio de bens com os Estados Unidos caiu 14,5% em julho e ficou em US$ 5,197 bilhões. Nos primeiros sete meses do ano, porém, o superávit da região com os EUA somou US$ 35,546 bilhões, valor 48% mais alto que o conseguido entre janeiro e julho de 2009. O Brasil registrou em julho uma balança desfavorável de US$ 971 milhões, ante um déficit de US$ 790 milhões em junho. De janeiro a julho deste ano, o déficit brasileiro soma US$ 5,904 bilhões comparado com um saldo negativo de US$ 2,701 bilhões no mesmo período de 2009.
Com a China, o déficit dos EUA caiu para US$ 25,92 bilhões em julho, de US$ 26,15 bilhões em junho. As importações da China subiram para o nível mais alto desde outubro de 2008, US$ 33,26 bilhões, com aumento de US$ 393 milhões. As exportações cresceram US$ 630 milhões, para US$ 7,35 bilhões.
O déficit com o Canadá caiu para US$ 1,4 bilhão, o menor desde maio de 2009, de US$ 2,51 bilhões em junho. O déficit com o Japão recuou de US$ 5,25 bilhões para US$ 4,95 bilhões, enquanto o déficit com o México diminuiu de US$ 6,21 bilhões para US$ 5,34 bilhões. No entanto, o déficit com a área do euro subiu para US$ 8,16 bilhões em julho, de US$ 6,10 bilhões em junho. Com a Alemanha, o déficit foi o maior desde julho de 2008, de US$ 3,60 bilhões.
Nos sete primeiros meses do ano, os Estados Unidos acumulam déficit de US$ 288,928 bilhões, número bem superior aos US$ 203,964 bilhões registrados no período similar de 2009. Em todo o ano passado, a balança comercial dos EUA teve déficit de US$ 374,908 bilhões, quase a metade do ano anterior.