23 a 27 de agosto de 2010

Comércio Exterior

Resultados
Indústria têxtil tem déficit maior

Importações crescem 45% enquanto vendas externas avançam 28%
Vale assume posto de maior exportadora do País
Minério muda a pauta de exportações do País

Investimentos

Brasil firma-se como destino para investidores japoneses
Standard compra estação aduaneira

Agronegócio

M.Dias Branco analisa perspectiva global do trigo

Mercosul

Mercosul cresce 7% e tenta acelerar uniãor

OMC

Barreira da UE ao frango custa US$ 400 mi por ano ao Brasil

Plano Internacional

Risco americano contamina bolsas
Alemanha adota taxa para bancos
EUA terão política mais severa para as importações da China




Comércio Exterior

a) Resultados

O déficit em conta corrente de US$ 4,499 bilhões, registrado em julho deste ano, é o pior para o mês desde o início da série histórica do Banco Central (BC), em 1947, de acordo com dados divulgados. Com relação ao acumulado em 12 meses, as contas externas apresentam déficit de US$ 43,8 bilhões (2,24% do PIB). Especialistas acreditam que o cenário deve piorar no decorrer do ano. No entanto, o chefe do Departamento Econômico do Banco Central Altamir Lopes informou que prevê, para agosto, um déficit menor em conta corrente, de US$ 2,5 bilhões.

Frederico Araújo Turolla, professor da ESPM e sócio da Pezco Consultoria, explica que a alta carga tributária e o câmbio são responsáveis pela deterioração da conta corrente. "A carga tributária prejudica a competitividade dos produtos brasileiros, enquanto o câmbio depreciado impossibilita contrato de exportação", justifica. Ele projeta déficit nas contas externas em US$ 50 bilhões neste ano.

Já Altamir disse não enxergar risco de uma crise futura no balanço de pagamentos por conta do aumento do déficit em conta corrente - o balanço de pagamentos registrou superávit de US$ 1,8 bilhão em julho. Segundo ele, o fato de o Investimento Estrangeiro Direto (IED) não cobrir todo o déficit na conta corrente, o que tem sido feito com ajuda dos empréstimos externos e dos investimentos em ações e renda fixa, não é um problema, porque os empréstimos tomados são de prazo mais longo.

Altamir destacou, ainda, que o IED deve apresentar aceleração, motivada pela exploração do pré-sal e por conta da Copa do Mundo e da Olimpíada do Rio de Janeiro.

O IED somou em julho US$ 2,643 bilhões, segundo dados do BC. O ingresso desse investimento no mês passado foi mais que o dobro do registrado em julho de 2009, quando ficou em US$ 1,287 bilhão. Para Turolla, o resultado não mostra grande recuperação. "Acredito que é mais uma questão pontual, como a melhora do ambiente externo [Europa]. Ao notar o acumulado em 12 meses, até o mês passado, a entrada de IED não é tão expressiva [US$ 26,697 bilhões, ou 1,37% do PIB]."

Segundo análise dos economistas do Iedi, a divulgação do BC traz "informações negativas e positivas". Do lado negativo, o instituto destaca, por meio de nota, o novo recorde do déficit nas transações correntes. "A alta dos gastos com serviços, ambos associados aos mesmos determinantes [o patamar apreciado do real e a evolução favorável da renda da população], influenciaram no resultado negativo".

Do lado positivo, para eles, desponta a recuperação dos fluxos de IED. "Essa recuperação decorreu, de um lado, do aumento dos fluxos em participação no capital e, de outro lado, do melhor desempenho da modalidade empréstimo intercompanhia. Ou seja, enquanto este último fator de expulsão de recursos do país [ao que tudo indica associado à situação frágil de várias matrizes] se estacou em julho, os fatores de atração, como mercado interno ou fontes de recursos naturais, se fizeram novamente presentes", concluíram.

A autoridade monetária informou também que a conta de serviços apresentou déficit de US$ 2,7 bilhões no mês, 85,8% superior ao registrado em julho de 2009. Neste resultado, o saldo negativo registrado nas viagens internacionais no mês (US$ 1,098 bilhão), segundo Altamir Lopes, teve a maior participação relativa na piora dos números. A conta desse turismo também representou o maior saldo negativo para todos os meses desde o início da série histórica do BC.

O professor da ESPM entende que a liberalização dos preços das passagens pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) contribuiu para o aumento do turismo de brasileiros no exterior. "Contudo, o câmbio depreciado é o que mais colabora para a ocorrência dessas viagens", destaca.

As remessas de lucros e dividendos somaram em julho US$ 1,802 bilhão, contra US$ 1,724 bilhão observados no mesmo mês do ano passado. No acumulado de janeiro a julho deste ano, as remessas registraram US$ 16,769 bilhões, alta de 33,27% ao verificado em igual período de 2009.

A taxa de rolagem dos empréstimos externos de médio e longo prazos em julho ficou em 255%, segundo o BC, ante o registro de 24% no mesmo mês do ano passado. De janeiro a julho, a taxa de rolagem foi de 225%, contra 66% em igual período de 2009.

As reservas internacionais somaram US$ 257,3 bilhões em julho, US$ 4,2 bilhões superiores em relação ao estoque do mês anterior.

A dívida externa total estimada para julho somou US$ 235 bilhões, com elevação de US$ 10,2 bilhões em relação à posição estimada para junho. No mesmo período, a dívida de longo prazo totalizou US$ 185,7 bilhões, com aumento de US$ 2,7 bilhões, e a de curto prazo atingiu US$ 49,6 bilhões, com ampliação de US$ 7,5 bilhões.
O déficit em conta corrente de US$ 4,499 bilhões, registrado em julho deste ano, é o pior para o mês desde o início da série histórica do Banco Central (BC), em 1947, de acordo com dados divulgados.

b) Indústria têxtil tem déficit maior

O déficit da balança comercial da indústria têxtil e de confecção do Estado de São Paulo, entre janeiro e julho deste ano, somou US$ 351,9 milhões, o que representa crescimento de 45,8% em relação ao mesmo período do ano passado, quando o déficit foi de US$ 281,3 milhões. As exportações tiveram alta de 41,69%.

c) Importações crescem 45% enquanto vendas externas avançam 28%

O Ministério do Desenvolvimento anunciou que no acumulado de janeiro à terceira semana de agosto deste ano, as importações foram de US$ 108,560 bilhões, com média diária de US$ 678,5 milhões. O valor é 45% acima da média registrada no mesmo período de 2009 (US$ 467,8 milhões).

As vendas ao exterior, por sua vez, somaram US$ 120,027 bilhões (média diária de US$ 750,2 milhões). Na comparação com a média diária do mesmo período de 2009 (US$ 585,6 milhões), as exportações cresceram 28,1%.

O superávit da balança comercial no ano chegou a US$ 11,467 bilhões, com média diária de US$ 71,7 milhões. Por esse critério, o número ficou 39,2% abaixo da média registrada no mesmo período do ano passado (US$ 117,8 milhões). A corrente de comércio no mesmo período totalizou US$ 228,587 bilhões (média diária de US$ 1,428 bilhão). Pela média, o valor foi 35,6% maior que o aferido no mesmo período de 2009 (US$ 1,053 bilhão).

Na terceira semana de agosto, a balança comercial registrou saldo positivo de US$ 864 milhões, com média diária de US$ 172,8 milhões. A corrente de comércio totalizou US$ 8,436 bilhões, com média diária de US$ 1,687 bilhão.

As exportações, no período, foram de US$ 4,650 bilhões, com média diária de US$ 930 milhões, valor 9,2% superior à média de US$ 851,7 milhões acumulada até a segunda semana. O aumento se deve a expansão das vendas de produtos básicos (24,7%); semimanufaturados (8,6%) e queda de 11,2% nos manufaturados.
As importações, na terceira semana de agosto, chegaram a US$ 3,786 bilhões, com média diária de US$ 757,2 milhões. Houve acréscimo de 5,9%, na comparação da média da terceira semana com a média até a segunda semana de agosto (US$ 714,7 milhões).

No mês, as exportações totalizaram US$ 13,167 bilhões. Na comparação pela média diária, o valor é 9,3% superior à média que foi registrada em julho deste ano. A média também está 33,2% acima da que foi aferida em agosto do ano passado (US$ 659,1 milhões). As importações, no acumulado mensal, foram de US$ 10,933 bilhões. Pela média diária, o número é superior em 41,9% ao aferido em agosto de 2009. Já na comparação com a média diária de julho de 2010, houve queda de 1,7%.

A corrente de comércio alcançou US$ 24,1 bilhões e o saldo foi superavitário em US$ 2,234 bilhões, alta de 141,5% na comparação com o mês passado e aumentou 2,4% em relação a agosto de 2009.

d) Vale assume posto de maior exportadora do País

A Vale passou a Petrobras e assumiu o posto de maior empresa exportadora brasileira. No acumulado do ano até julho, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a mineradora exportou US$ 10,143 bilhões, ante US$ 10,139 bilhões da petrolífera. Essa é a primeira vez que a mineradora conseguiu ocupar a primeira posição no ranking das empresas brasileiras exportadoras, apoiada na alta do mercado de minérios. A Petrobras mantinha a primeira posição desde 2002.

e) Minério muda a pauta de exportações do País

A adoção do novo sistema de reajustes trimestrais do minério de ferro teve forte impacto sobre o resultado da Vale no segundo trimestre. Além do lucro e o melhor desempenho operacional e financeiro da mineradora, desde o choque financeiro global do terceiro trimestre de 2008, a Vale passou a Petrobras e assumiu o posto de maior empresa exportadora brasileira.
                                               
No acumulado do ano até julho, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), a Vale exportou US$ 10,143 bilhões, ante US$ 10,139 bilhões da estatal petrolífera.

No final do ano passado, a estatal detinha uma parcela de 8,04% das exportações do Brasil, enquanto a mineradora, com um volume de vendas externas de US$ 10,826 bilhões, tinha uma parcela de 7,08%.

A Petrobras mantinha a primeira posição entre as exportadoras brasileiras desde 2002, quando passou a então líder, Embraer. Ainda de acordo com dados do Mdic, outras empresas que estão entre as dez maiores exportadoras são: Bunge (US$ 2,6 bilhões), Embraer (US$ 2,0 bilhões) Cargill (US$ 1,8 bilhões) e Brasil Foods (US$ 1,2 bilhões).

Na visão do vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, o ritmo atual de exportações das companhias indica que é bastante factível que a Vale seja a primeira exportadora do País no balanço consolidado do ano.

"A Vale já chegou a estar à frente ao longo de 2009, mas, por conta de uma alta forte do petróleo no segundo semestre, acabou o ano atrás. Porém, para este ano não há perspectiva de grande variação nos preços do barril do petróleo e do minério de ferro nos próximos meses que faça esse ritmo se alterar significativamente. Com isso, a Vale deve encerrar o ano pela primeira vez à frente", pontua o vice-presidente da AEB.

Para o analista de comércio exterior Ivan Boeing, os elevados reajustes do preço do minério de ferro colocaram o produto como principal item de exportação nos sete primeiros meses deste ano e ajudaram a Vale a ultrapassar a Petrobras, contudo a queda nas compras do petróleo foi outro contribuinte para a inversão de posições das vendas externas.

"No acumulado do ano, a Vale teve alta de 57,65% frente ao mesmo período de 2009, enquanto a estatal petrolífera - mesmo beneficiada com o avanço da cotação internacional do petróleo e com taxa de crescimento de 85,83% - exportou menos pela diminuição de mercados compradores em decorrência da crise mundial", frisa Boeing.

De acordo com os dados até a terceira semana de agosto, a Vale segue em ritmo de exportações mais forte.

Enquanto foram vendidos para o exterior US$ 167 milhões por dia de minério de ferro, foram exportados R$ 105 milhões por dia em petróleo e seus derivados, que significam 100% das vendas da Petrobras tem como destino os países do exterior.

"A disputa das duas empresas pela liderança da pauta de exportações, porém, consolida a concentração da pauta brasileira em poucos produtos", diz Castro.
Segundo dados do Mdic, de janeiro a julho, as duas empresas responderam por 19% das exportações do País.

Segundo Boeing as exportações de minério do totalizarão US$ 19 bilhões este ano, enquanto as exportações de petróleo somarão entre US$ 17 bilhões e US$ 18 bilhões.

No ano passado, a Petrobras exportou US$ 12,3 bilhões, enquanto a Vale gerou US$ 10,2 bilhões em vendas de minério para fora do país.

"A participação da China na nossa receita de vendas caiu para 27,2% no segundo trimestre, ante 37,6% no segundo trimestre de 2009, refletindo crescimento mais equilibrado da demanda global por minérios e metais", destacou a mineradora em nota.

As importações de minério de ferro pela China em julho somaram 51,2 milhões de toneladas, 11,8% abaixo de julho de 2009 e 8,5% acima de junho, segundo dados do Mdic.

As exportações de produtos de aço em julho atingiram 4,55 milhões de toneladas, mais do que o dobro de julho de 2009.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje que tomará uma decisão política no processo que definirá o preço do barril de petróleo a ser utilizado na capitalização da Petrobras.

"Estou aqui para tomar a decisão política. Quando os técnicos se puserem de acordo, tomarei a decisão política", afirmou Lula.

A ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, disse que o governo continua debruçado sobre os estudos das certificadoras internacionais para tentar um preço de consenso para o barril de petróleo nas reservas que serão cedidas pela União à Petrobras ainda esta semana e garantir a realização da capitalização da estatal em 30 de setembro.

Investimentos

a) Brasil firma-se como destino para investidores japoneses

Empresários japoneses contradizem ponto de vista de investidores chilenos e elevam a busca por meios de investir no Brasil. De acordo com o BNP Paribas, o número do valor aplicado no mercado financeiro brasileiro por japoneses cresceu 11% de dezembro de 2009 para junho deste ano.
"O número de empresários que tem investido no Brasil é crescente, em virtude da alta da Selic - taxa de juros - e a constante busca por investimento dos japoneses que possuem um alto nível de poupança e tem que buscar diversificar seu foco de aplicações", argumenta Renata Thompson, responsável pelos clientes off-shore do BNP Paribas.

"Outro motivo para atrairmos investidores japoneses é o destaque do Brasil frente ao mundo, após a crise financeira mundial", acrescentou Rafael Bardella.

Dentre os fundos mais procurados atualmente estão os que possuem carteiras de investimentos em setores de consumo, com ações de empresas como Natura, Lojas Renner, Lojas Americanas, Submarino e JBS. "Recentemente fizemos um fundo 100% dedicado a este setor, é uma carteira mais restrita, pois visa atender a demanda japonesa", frisa Thompson.

Ainda com foco nos investimentos no Brasil, em setores como logística, tecnologia, hotelaria e também em obras públicas, como drenagem e estrutura viária, uma comitiva de empresários japoneses esteve na fábrica da Volkswagen em São Bernardo, como parte de um roteiro no País para identificar perspectivas de negócios e investimentos no mercado brasileiro.

O grupo, formado por 14 empresários, já havia participado de seminário promovido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e de simpósio da Câmara de Comércio do Japão no Brasil, que envolveu 300 companhias japonesas. "Nós temos mercado, mas no Brasil está muito difícil de investir, pois os impostos estão muito altos em cima da produção, mão de obra e importação de máquinas, além de financiamentos. Precisamos de uma política industrial que facilite a entrada de investimentos, o que nos salva atualmente são as commodities que exportamos, fora isso o País está muito ruim", afirmou o presidente da Associação Brasileira de Comércio Exterior (Abracex), Roberto Segatto.

O Chile e o Brasil estão trabalhando para assinar um acordo de investimentos bilateral, segundo informou o diretor-geral chileno de Relações Econômicas Internacionais, Jorge Bunster, citado pela agência de notícias chilena Valor Futuro.

Nos últimos 15 anos, o Chile já assinou mais de 50 acordos comerciais com a maioria dos países da América Latina, EUA, Canadá, União Europeia e gigantes asiáticos, como a China, Japão e Coreia do Sul. Entretanto, até agora o país não tem nenhum acordo desse tipo com o Brasil, que está "entusiasmado" com a possibilidade, disse Bunster.

Bunster, falou sobre o tema ao entregar uma avaliação dos 20 tratados comerciais vigentes atualmente com 57 nações, e os países com os quais "gostaríamos de negociar".
"Os setores melhores seriam construção civil, transporte, infraestrutura, logística. Temos condições de atrair investimentos em todas as áreas, mas precisamos criar condições de concorrência, pois temos mercado interno, e pouco mercado externo", pontua Segatto.

"O Brasil tem uma população de quase 200 milhões de habitantes com um ingresso per capita de US$ 10 mil. Nosso comércio é importante: US$ 2,5 bilhões em exportações e US$ 2,8 bilhões de importações" indicou ele.

Bunster acrescentou que a nação governada por Luiz Inácio Lula da Silva "estava crescendo 4,5% antes da crise, mas é um país muito fechado".

Aumento da procura de investidores japoneses por investimentos em empresas e ativos brasileiros pode se transformar em um instrumento de aproximação comercial.

b) Standard compra estação aduaneira

Com a meta de aumentar em 200% o volume de carga movimentada, a empresa logística Stardard firmou a aquisição da Estação Aduaneira do Interior (EADI Bauru), no Estado de São Paulo. Este empreendimento tem o objetivo de fomentar as atividades da empresa, que possui forte atuação nos mercados externo e interno, e através da EADI Bauru incorpora o segmento de importação ao seu portfólio. A empresa ainda planeja investir em um Terminal Intermodal em parceria com a empresa ferroviária América Latina Logística (ALL).

Agronegócios

a) M.Dias Branco analisa perspectiva global do trigo

Os conselheiros da M.Dias Branco, proprietária da marca Adria, se reuniram com a assessoria especializada da companhia para discutirem o cenário atual e as perspectivas de curto e médio prazos do mercado de trigo. As cotações do cereal já acumulam alta de mais de 70% em função dos problemas climáticos na Rússia - quarto país no ranking do trigo mundial na safra passada. Por conta de problemas no clima, os russos não só viram a colheita de grãos cair em 38% como também suspenderam as exportações do cereal. Na reunião também foi aprovado o aumento de capital social da empresa em R$ 1,57 milhão.

Mercosul

a) Mercosul cresce 7% e tenta acelerar união

Os quatro sócios do Mercosul vivem uma fase ímpar desde o início da década, caracterizada pela redução das brigas comerciais e pela recuperação de suas economias.

O Produto Interno Bruto (PIB) de cada um dos sócios plenos — Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai — vai crescer em torno de 7% este ano, segundo estimativa da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), apresentando as maiores taxas da região. O desempenho seria ainda mais significativo se a Venezuela — que está a um passo de entrar no bloco nas condições dos outros quatro — não estivesse mergulhada em uma grave recessão.

— O bloco passou por momentos difíceis nos últimos anos, mas agora o momento econômico é tão bom que o Mercosul vai andar mais rápido do que em 20 anos passados — prevê o ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge.

Na visão de especialistas do setor privado e alguns integrantes do governo, porém, esta fase de bonança deve ser aproveitada para se dar uma nova roupagem à união aduaneira, não importa quem sair vencedor das eleições deste ano. Divergências são bem-vindas, destacou um embaixador brasileiro, desde que aproveitadas para o bem, como a integração produtiva e a formação de polos exportadores com a união das empresas dos países associados.

— Usamos o tempo que perdíamos brigando para discutir como melhorar a integração produtiva — resumiu o secretário de Comércio argentino, Eduardo Bianchi.

Receita de mais comércio e menos amarras diplomáticas A receita, de forma geral, consiste em mais comércio e investimentos e menos amarras, como a que obriga os países do bloco a só negociarem acordos de livre comércio em conjunto, e não separados. O diplomata Rubens Barbosa não se conforma com esse dispositivo.

Ele destacou que, em 2004, o Brasil não fechou um acordo de livre comércio com a União Europeia (UE) porque a Argentina impôs restrições: — Poderíamos ter concluído sozinhos essa rodada.

Miguel Jorge não concorda.

Acredita que o acordo só não foi fechado até agora porque os europeus não se entendem.

Países como França e Irlanda são fontes de resistência, especialmente quando se põe sobre a mesa a redução dos subsídios agrícolas.

— Acabamos de fechar acordos com Israel e Egito. Até o fim do ano concluiremos as negociações com a Jordânia. Se não fechamos ainda com a UE, não foi por um problema nosso, mas deles — afirmou o ministro.

Brasil e Argentina avançam na integração produtiva, e os argentinos são, desde julho, nossos segundos principais clientes, passando os Estados Unidos e só ficando atrás da China.

Argentina e Uruguai selaram a paz no conflito gerado pela instalação de uma fábrica de celulose, em solo uruguaio, na fronteira com a Argentina. Paraguai e Brasil já não brigam mais por causa da usina de Itaipu. Constroem, juntos, estradas e linhas de transmissão.

‘Venezuela só vai pegar carona’, diz diretor da Fiesp Em meio a tudo isso, lamentou o diretor da Área Internacional da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Roberto Giannetti da Fonseca, chegam os venezuelanos, sem indústrias, com inflação nas alturas e alto endividamento.

O país ainda peca por não ter um parque industrial desenvolvido e por ser muito dependente do petróleo: — A Venezuela só vai se aproveitar da situação, pegando carona em acordos comerciais com outros parceiros internacionais, sem pagar pedágio.

Para Rubens Barbosa, o Mercosul é importante mas precisa sofrer ajustes, com ou sem venezuelanos.

As mudanças devem ocorrer mediante a adoção de uma nova linha diplomática: — O Mercosul precisa voltar às origens, seguir os cronogramas de redução tarifária.

O economista e diretor da Fractal Instituto de Pesquisa, Celso Grisi, lembrou que o Brasil, ao contrário dos demais sócios, tem uma indústria forte e diversificada, da qual poderia tirar vantagem: — Brasil e a Argentina têm melhores condições de industrialização e devem aproveitar a fase para expandir o bloco.

OMC

a) Barreira da UE ao frango custa US$ 400 mi por ano ao Brasil

Com as novas barreiras impostas pela União Europeia (UE), o Brasil pode perder, por ano, US$ 400 milhões em vendas de carne de frango para o bloco. Em maio deste ano, entrou em vigor um regulamento europeu, número 1.047, que muda o conceito de carnes frescas brasileiras e pode reduzir em até 30% anuais a utilização de alguns produtos da avicultura na Europa. A mudança é válida apenas para as aves. Apesar do entrave com a UE, a União Brasileira de avicultura (Ubabef) informou que nos próximos anos o Brasil poderá ultrapassar a China no ranking de países criadores de frango. Os Estados Unidos são líderes da tabela.

Segundo Ricardo Santin, diretor do núcleo de mercados da Ubabef, a restrição da UE poderá resultar em impacto financeiro no País. Hoje, o frango brasileiro vendido aos europeus rende cerca de US$ 1, 2 bilhão. Para a entidade, a atitude dos europeus pode ser interpretada como uma barreira comercial disfarçada.

Clever Pirola Ávila, presidente da Associação Catarinense de avicultura (Acav), afirmou que 25% das exportações da avicultura brasileira vão para a Europa. Além disso, o País participa de 5% do consumo europeu de carne de frango. "O Brasil não pode ser tratado dessa maneira [pela UE]. Por isso, acionamos o conselho de ministros da Câmara de Comércio Exterior [Camex]", disse.

Na última semana, a Camex autorizou o Itamaraty a dar prosseguimento ao processo de consulta à UE na Organização Mundial de Comércio (OMC) a respeito das novas regras impostas pelo bloco para importação de carne de frango. Perguntado pela reportagem do DCI no que essa ação poderia resultar, caso o Brasil levasse a questão em diante, Ávila falou que "o processo é moroso.

A União Europeia não ouviu o País e aplicaram este novo conceito [regulamento de maio]". De acordo com os produtores brasileiros, a barreira à venda de frango descongelado ao bloco tem causado perda ao setor. Em setembro de 2009, o bloco europeu regulamentou a venda de carne de frango nos países membros e autorizou apenas mercadorias nas categorias congelada, ultracongelada e fresca. A medida, de maio, impede que a carne seja descongelada para ser vendida ou usada na fabricação de preparados, o que inviabiliza parte das vendas brasileiras a esses países. Desta forma, assim que concluída a verificação das informações, o Brasil deverá ingressar com um procedimento de resolução de controvérsias no órgão internacional, que em uma primeira fase consistirá em consultas formais à União Européia.
Os principais criadores de carne de frango do mundo são: Estados Unidos, com mais de 15 milhões de toneladas; China, com 12 milhões de toneladas; e Brasil, com 11 milhões de toneladas. As informações são do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Segundo Santin, esse panorama poderá mudar em breve e a exportação brasileira de aves deve crescer de 3% a 5% em 2010.

"Houve aumento de demanda de alguns países e o Brasil conquistou novos mercados, como a própria China, neste ano. Há também a facilidade de produção de grãos, como o milho e a soja, para a alimentação das aves, além de tecnologia para produzir mais de 100 tipos de cortes da carne, que pode se adaptar às necessidades do importador", explicou. E completou: "Embora haja tendência de aumento de preços para a soja e milho, isso não atrapalha o setor da avicultura porque o Brasil tem acesso fácil aos grãos e não precisa importar".

Alex Lopes da Silva, especialista da Scot Consultoria, acredita que para o País superar os chineses deve aumentar o número de criadores e acrescentar tecnologia ao setor. O analista ainda lembrou que o preço do bovino em alta, torna o frango competitivo.

Dados da Ubabef apontam que as exportações de frango brasileiro entre janeiro e julho de 2010 somaram US$ 2,165 milhões de toneladas, quase 2% a mais que o total registrado no mesmo período do ano passado, quando foram vendidas US$ 2,124 milhões de toneladas. Em receita, houve incremento 16,6% no comparativo entre os sete primeiros meses deste ano e de 2009. No geral, foram US$ 3,756 bilhões entre janeiro e julho de 2010, contra US$ 3,222 bilhões do mesmo período do ano anterior.


Com as novas barreiras impostas pela União Europeia (UE), o Brasil pode perder US$ 400 milhões por ano em vendas de carne de frango para o bloco. Em maio deste ano, entrou em vigor o regulamento europeu de número 1.047, que muda o conceito de carnes frescas brasileiras e pode reduzir em até 30% anuais a utilização de alguns produtos da avicultura na Europa. A mudança é válida apenas para aves. Semana passada, o conselho de ministros da Câmara de Comércio Exterior (Camex) autorizou o Itamaraty a dar prosseguimento à consulta na Organização Mundial de Comércio (OMC) com respeito às novas regras europeias de importação de frango.

Plano Internacional

a) Risco americano contamina bolsas

Os mercados financeiros mundiais enlouqueceram com as péssimas notícias sobre a economia dos Estados Unidos. Entre os dados ruins da maior potência mundial, o pior foi, sem dúvida, a queda vertiginosa na venda de casas. O índice que despencou 27,2% em julho, na comparação com junho, atingindo níveis de 1995. A tensão cresceu acima do esperado porque os preços das moradias seguem em alta após o fim de um crédito tributário para os compradores de imóveis. Além disso, o mercado vive a expectativa de dados desfavoráveis sobre o Produto Interno Bruto (PIB) americano, aguardados para sexta-feira. O conjunto de fatores fez bolsas de valores globais desandarem.

No Brasil, o Ibovespa, índice mais negociado na BM&FBovespa, caiu 1,25%, atingindo 65.156 pontos. O indicador Dow Jones, na Bolsa de Nova York, afundou 1,32%. Na Europa, Paris registrou com perdas de 1,74%. Madri encerrou com baixa de 1,65%. Londres e Frankfurt cederam, respectivamente, 1,5% e 1,25%. Na Ásia, Xangai foi exceção, com alta de 0,41%. Mas Hong-Kong caiu 1,1% e Tóquio perdeu 1,33%, nível mais baixo em 15 meses. As declarações do Prêmio Nobel de Economia de 2001, Joseph Stiglitz, trouxeram mais apreensão. Ele alertou que há um risco de novo ciclo de recessão europeu.

No mercado doméstico, pesou mais o cenário político. Na avaliação de Marcelo Coutinho, sócio-presidente da YouTrade, “o dia foi quase normal, em um mercado que se encontra sem direção”. Os investidores aproveitaram o clima de aversão ao risco e procuraram mais segurança em ativos de renda fixa, poupança ou fundos de investimentos. “Observe que a Bolsa registrou mais de 412 mil negócios e volume de quase R$ 5 bilhões. Sinal de que a queda de hoje não foi um alarde, e sim mudança de posição. Até porque as blue chips (ações mais negociadas) vêm sofrendo intenso desgaste”, explicou.

Os papéis da Petrobras e da Eletrobras, que passam por processo de capitalização (leia mais sobre o tema na página 13), são os que mais sofrem em razão do “impacto noticioso em ano eleitoral”, assinalou Coutinho. Apenas ontem, as ações ON (com direito a voto) da Petrobras caíram 2,05%. Este ano, o baque já é de 27,65%. As ações PN (sem esse direito) cederam 1,95%, com perdas de 27,18% em 2010. As ações ON da Eletrobras subiram 0,82%. No ano, porém, perderam 13,3%.

Pesquisa da Consultoria Economatica, em 751 empresas, apontou Petrobras e Eletrobras como as que registraram maior queda nominal de mercado entre as companhias de capital aberto da América Latina, este ano, até 23 de agosto. A estatal do petróleo, no fim de 2009, valia em bolsa US$ 199,3 bilhões. Fechou, na segunda-feira, a US$ 143,1 bilhões, queda de US$ 56,2 bilhões ou 28,2 %, no período. Se comparada às empresas americanas, ficou com a segunda maior perda, atrás apenas da Microsoft, que perdeu US$ 60,5 bilhões no mesmo período.

b) Alemanha adota taxa para bancos

Apesar do risco de isolamento na Europa e no resto do mundo, a Alemanha adotou um projeto de taxa bancária com o objetivo de evitar que o contribuinte pague pela falência dos bancos, mas a iniciativa pode terminar sendo apenas simbólica.

Os bancos alemães deverão destinar ao Estado uma parte de seus rendimentos, segundo o projeto, que deve passar primeiro pelo Parlamento até o fim do ano.

A quantia arrecadada criará um fundo ao qual será possível recorrer em caso de ameaça de falência de um banco considerado de importância estratégica.

O valor da taxa será proporcional ao tamanho do estabelecimento e ao grau de risco de suas atividades.

O governo da primeira-ministra, Angela Merkel, não deu uma cifra quanto ao volume de dinheiro que espera arrecadar, mas indicou que em 2006, um bom ano para os bancos, a taxa teria gerado 1,3 bilhão de euros (US$ 1,6 bilhão).

A opinião pública alemã manifestou muita irritação com os valores gastos pelo Estado para resgatar bancos, como, por exemplo, o do banco especializado no setor imobiliário Hypo Real Estate, que ainda se beneficia de mais de 100 bilhões de euros (US$ 126 bilhões) de garantias.

Além disso, instituições receberam recursos dos cofres públicos: 7,8 bilhões de euros para o Hypo Real Estate e 18,2 bilhões para o Commerzbank.

Levando em conta uma receita de 1,3 bilhão de euros anuais oriunda da nova taxa, seriam necessários 20 anos de contribuições dos bancos para pagar o total utilizado nos dois estabelecimentos salvos durante a crise.

“Na prática, será o contribuinte que continuará pagando”, declarou o analista bancário Konrad Becker, da Merck Finck.

A Alemanha é o primeiro país a lançar a ideia de uma taxa deste tipo e espera convencer outros países a adotar iniciativa similar, como uma maneira de preservar a competitividade de seus bancos. Até o momento, apenas a França parece entusiasmada com o projeto.
Enquanto que a Grã-Bretanha também aceitou analisar uma taxa similar — sem a garantia de que será adotada —, o Congresso americano, por sua vez, enterrou um projeto para reter dos bancos US$ 25 bilhões e o Canadá e os países emergentes não apóiam a idéia.

c) EUA terão política mais severa para as importações da China

Gary Locke, secretário de Comércio dos Estados Unidos, anunciou 14 propostas que têm como objetivo combater práticas comerciais injustas que podem aumentar a tensão do país com a China. As medidas prevêem, entre outras coisas, que as tarifas antidumping aplicadas pelos Estados Unidos passem a ser calculadas levando em consideração os custos trabalhistas dos produtos importados, assim como subsídios à exportação que esses produtos eventualmente recebam em seu país de origem.

"A administração Obama está comprometida a reforçar a prática das nossas leis de comércio, a fim de garantir um espaço justo para que as empresas norte-americanas e seus funcionários - motores do nosso crescimento econômico", disse Locke em um comunicado. As políticas devem ser implementadas nos próximos meses, após a realização de uma audiência pública sobre o tema.

A China tomou recentemente uma série de medidas para que sua moeda, o iuane, seja mais utilizada nos intercâmbios internacionais, mesmo que ainda não sofra conversão, e para reduzir sua exposição ao dólar americano, segundo os analistas.

Desde a crise financeira de 2008, o maior possuidor de reservas cambiais do mundo diversificou seus investimentos e levou as empresas a pagar suas compras em iuanes com o objetivo de limitar o fluxo de dólares que entra no país. "A crise do crédito em 2008 mostrou à China que os pagamentos em iuanes reduzirão a exposição do país a uma súbita falta de liquidez", segundo um trabalho dos especialistas Ben Simpfendorfer e Erik Lueth de Royal Bank of Scotland (RBS).

Apesar do êxito dos exportadores, o iuane só desempenha papel marginal nos intercâmbios internacionais porque é não é completamente convertível e o dinheiro não pode ser retirado da China com a mesma facilidade com que pode ser investido.

Os grandes bancos da China estão começando a cortar empréstimos para projetos de governos locais, transitando em uma delicada fronteira entre apostar em risco ao sistema financeiro e manter o fluxo de dinheiro ao boom de infraestrutura que sustenta a economia do país, segundo The Wall Street Journal.
A disposição dos governos locais para tomar empréstimos por meio de companhias sem orçamento que eles formam e construir projetos de interesse público ajudaram a fortalecer a China durante a crise financeira global. No entanto, reguladores alertam que padrões frouxos para estes empréstimos acabarão gerando dívidas e o governo decidiu endurecer as regras nos últimos meses.

Ao mesmo tempo, Pequim defendeu que a maioria das dívidas que financiaram projetos de governos locais foi necessária e acabará se provando viável, e que os bancos da China continuam lucrativos. O Industrial & Commercial Bank of China acaba de anunciar aumento de 27% em relação há um ano no lucro líquido do primeiro semestre, para 84,6 bilhões de iuanes (US$ 12,44 bilhões) e o Banco da China também teve alta de 27%, para 52,02 bilhões de iuanes no mesmo período.

Os primeiros resultados do direcionamento do governo para limitar empréstimos a governos locais também estão aparecendo. O presidente do Banco da China, Li Lihui, afirmou que o volume de empréstimos a companhias apoiadas por autoridades locais caiu para 419,7 bilhões de iuanes no final de junho, 4,6 bilhões de iuanes a menos do que em dezembro. O total de empréstimos do banco subiu 9,8% no período.

O China Construction Bank informou que seus empréstimos a entidades de governos locais caíram para 580 bilhões de iuanes no final de junho, o que implica uma contração de 68,5 bilhões de iuanes, ou 11%.

Os Estados Unidos anunciaram uma série de medidas que preveem a aplicação de tarifas a produtos vindos da China.

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