Comércio Exterior
a) Resultados
No acumulado de janeiro a segunda semana de julho deste ano, o saldo comercial marca superávit de US$ 8,825 bilhões (média diária de 67,9 milhões). Este é o resultado de US$ 94,874 bilhões das vendas ao exterior e importações de US$ 86,049 bilhões. Na comparação com a média diária do mesmo período de 2009, as exportações cresceram 27% e as importações, 44,5%, mas o saldo comercial teve queda de 41,8%.
A corrente de comércio acumulada no período em questão totalizou US$ 180,923 bilhões. Pela média diária, o valor foi 34,8% maior que o aferido no mesmo período de 2009.
Na semana de julho de 2010, a balança comercial registrou exportações de US$ 4,161 bilhões, com média diária de US$ 832,2 milhões. O valor é 9,1% superior à média de US$ 763 milhões da primeira semana do mês.
Nessa comparação, houve crescimento nas vendas de produtos semimanufaturados (76,9%), básicos (13%), enquanto decresceram as vendas de manufaturados (-10,4%).
As importações, no período em análise, somaram US$ 3,439 bilhões, com média diária de US$ 687,8 milhões. O valor é 5,7% superior a média semanal anterior (US$ 651 milhões).
Na segunda semana, a corrente de comércio chegou a US$ 7,60 bilhões (média diária de US$ 1,520 bilhão) e o saldo comercial (diferença entre as duas operações) ficou positivo em US$ 722 milhões (média diária de US$ 144,4 milhões).
No mês, as exportações foram de US$ 5,687 bilhões (média diária de US$ 812,4 milhões) e as importações de US$ 4,741 bilhões (média diária de US$ 677,3 milhões). No período, a corrente de comércio alcançou US$ 10,428 bilhões (média diária de US$ 1,489 bilhão) e, no saldo comercial, houve superávit de US$ 946 milhões (média diária de US$ 135,1 milhões).
A média diária do saldo da balança comercial cresceu 24,6% na comparação com junho passado (US$ 108,4 milhões) e 6,8% em relação a julho de 2009 (US$ 126,6 milhões).
Em relação à média diária de junho passado (US$ 814 milhões), as exportações reduziram 0,2%, por conta do retrocesso nas vendas de produtos semimanufaturados (-14,2%). No entanto, cresceram as vendas de básicos (3,2%) e de manufaturados (2,4%). Nas importações, houve queda de 4% em relação à média diária de junho de 2010 (US$ 705,6 milhões).
Na comparação com a média diária de todo o mês de julho de 2009 (US$ 614,9 milhões), as exportações das duas semanas de julho de 2010 aumentaram 32,1%, com crescimento nas três categorias de produtos.
b) BNDES projeta liberar R$ 14 bilhões de crédito para exportação
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deve liberar R$ 14 bilhões de crédito à exportação no segundo semestre deste ano sob as condições especiais do Programa de Sustentação do Investimento (PSI). Além de novo orçamento de R$ 7,3 bilhões para a exportação de bens de capital, a instituição já começou a operar uma nova linha de R$ 7 bilhões para bens de consumo.
Apesar de os primeiros R$ 7 bilhões destinados pelo BNDES para a exportação de bens de capital pelo PSI, com juros reduzidos a 4,5% ao ano, terem-se esgotado nos três primeiros meses do programa, entre julho e setembro de 2009, apenas no mês passado um novo montante foi aprovado para novas operações. Do total, R$ 800 milhões foram liberados em junho, ainda sob as condições o ano passado. A partir deste mês, a taxa anual sobe para 5,5%, mas continua competitiva em relação à média do mercado, estimada em 7% pela Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).
A expectativa da superintendente da Área de Comércio Exterior do BNDES, Luciene Machado, é que os recursos se esgotem rapidamente, a exemplo do que aconteceu em 2009. Há uma demanda reprimida. Muitas empresas ficaram, durante todo o primeiro semestre, esperando a segunda tranche da linha, disse Luciene.
A executiva comentou que as liberações via PSI deverão impulsionar o desembolso total da carteira do BNDES para exportação, fechando o ano com cerca de R$ 20 bilhões emprestados ao setor. Em 2009, foram pouco mais de R$ 15 bilhões.
No primeiro semestre deste ano, o banco liberou cerca de R$ 5 bilhões nas linhas convencionais de exportação, quase 40% acima do do mesmo período de 2009. O aumento dos pedidos, especialmente nas linhas pré-embarque, mostra que o financiamento é um fator crítico para os exportadores, apontou.
As linhas do PSI têm sofrido críticas pelo custo fiscal que geram ao oferecer taxas de juros abaixo das praticadas normalmente pelo BNDES com base na Taxa de Juros de Longo Prazo (6%). O Tesouro Nacional cobre a diferença com recursos captados pela taxa básica de juros (Selic), atualmente em 10,25%.
Representantes do setor já admitiram que essa componente do PSI ajudou a recuperação da produção de máquinas e equipamentos depois da crise. Entre janeiro e maio deste ano a produção de bens de capital cresceu 30,6%. Mesmo assim, o BNDES repetirá os juros subsidiados para a exportação do setor, acompanhada de nova linha para bens de consumo.
Poderão tomar os empréstimos fabricantes de manufaturados, como eletroeletrônicos, itens de vestuário e calçados. No entanto, para bens de consumo, a taxa da linha PSI será de 7% ao ano, a prazo de 36 meses.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deve liberar R$ 14 bilhões em crédito à exportação no segundo semestre por meio do Programa de Sustentação do Investimento (PSI).
c) EUA dobram superavit no comércio com o Brasil
Os EUA dobraram o superavit no comércio com o Brasil (um dos poucos países para quem vende mais do que importa), acentuando a tendência iniciada há dois anos.
Nos cinco primeiros meses deste ano, os EUA venderam US$ 4,1 bilhões mais do que compraram do Brasil, aumento de 99% em relação ao mesmo período de 2009.
Esse resultado mostra que o Brasil está na contramão no comércio com os EUA, já que a maioria dos países tem superavit com a maior economia global, e não o contrário. Só de janeiro a maio os EUA acumulam deficit no comércio de US$ 258 bilhões.
Com isso, o Brasil caminha para ter o terceiro ano consecutivo de contas negativas com os EUA, que perderam no ano passado para a China o posto de maior destino das exportações do país, mas que recebem cerca de 10% dos produtos nacionais.
Comparando os dados de 2007 (último ano em que o Brasil teve superavit) com os atuais, alguns produtos brasileiros -especialmente manufaturados- perderam muito espaço nas exportações para os EUA, como aviões, calçados, ouro e laminados de ferro ou aço.
d) BNDES abre linhas de crédito para importação
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) começa a operar ainda este ano linhas permanentes de crédito no exterior para importadores de máquinas e equipamentos produzidos no Brasil. Chamada de Exim Automático, a nova modalidade de crédito será uma espécie de Finame (linha que financia a compra de bens de capital no Brasil) para países que podem ampliar o mercado de produtores brasileiros.
Segundo a superintendente da área de Comércio Exterior do banco de fomento Luciene Machado, o banco espera fechar até o fim do ano parcerias com bancos locais em cinco países da América do Sul: Argentina, Paraguai, Uruguai, Peru e Chile. Pelo modelo, o BNDES financiará compradores nesses países com prazos de 3 a 5 anos, mas as condições financeiras e o risco dos tomadores ficarão por conta das instituições financeiras locais.
"O BNDES aceita o risco de crédito desses bancos no país onde estão localizados, e são esses bancos que vão fazer a análise do importador e da capacidade de crédito dele na ponta", explica Luciene.
Para ela, a estruturação das linhas ajudará a aumentar o mercado de fabricantes brasileiros de máquinas, especialmente os de pequeno porte. No primeiro ano, deverão ser emprestados de R$ 100 milhões a R$ 200 milhões.
Entre as instituições financeiras que vão operar o Exim Automático na Argentina estão as subsidiárias dos brasileiros Banco do Brasil e Itaú e de estrangeiros, como o sul-africano Standard Bank.
e) Brasil fecha acordos com Europa e abre mercado para aviação
O Brasil abrirá seu mercado de aviação doméstica para empresas provenientes da União Europeia que queiram explorar rotas que não estão em operação pelas companhias domésticas. Esse foi um dos acordos fechados em Brasília com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso.
Outro acordo foi feito entre a União Europeia, o Brasil e Moçambique para desenvolver projetos de bioenergia e biocombustíveis no país africano, disseram autoridades.
"O acordo proporciona a mais companhias aéreas voarem para o Brasil", disse Barroso. A comissão que tratou da assinatura dos contratos não apresentou detalhes.
Estimulado pela alta demanda de biocombustíveis da UE e as metas de expansão da produção do Brasil, o acordo com Moçambique é visto como o primeiro passo para a cooperação no desenvolvimento de projetos de energia na África.
Sob o acordo, a UE e o Brasil iniciarão estudos sobre como desenvolver melhor os projetos de bioetanol, biodiesel e bioenergia em Moçambique, que se tornou o maior produtor de biocombustíveis nos últimos anos.
"O acordo fará parte de uma cooperação mais ampla entre a UE e o Brasil com a África, que esperamos levará a um acordo com a União Africana", disse uma autoridade da UE.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que as negociações para um acordo de associação entre o Mercosul e a União Europeia serão prioridade durante o tempo em que ele exercer a presidência pro tempore do bloco. Lula estará na presidência do Mercosul durante o segundo semestre deste ano.
O presidente da França, Nicolas Sarkozy, é o presidente que mais dá trabalho para o avanço das negociações entre o Mercosul e a UE, na avaliação do presidente Lula. "É preciso flexibilizar o coração dos franceses", brincou durante cerimônia de assinatura de acordos bilaterais entre Brasil e União Europeia, realizada durante o 4º Encontro Empresarial Brasil - União Europeia, realizado no Palácio do Itamaraty, em Brasília.
No mesmo evento, também ouviu uma mensagem do presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso: "minha mensagem é simples: não subestimem a Europa", afirmou ao dizer que o velho continente tem tomado todas as medidas necessárias para se desvencilhar dos efeitos da crise financeira mundial. Ele ainda destacou a importância de se promover uma aproximação entre a UE e o Mercosul.
Agronegócio
a) Rossi inicia reunião para ampliar venda de carne à União Europeia
Wagner Rossi, ministro da Agricultura, reúne-se com dirigentes da União Europeia (UE) para o Comércio de bovinos e de Carne. A missão, que também conta com os secretários de Relações Internacionais, Célio Porto, e de Defesa Agropecuária, Francisco Jardim, tem uma meta ambiciosa: tentar flexibilizar as normas impostas pelo bloco para a exportação de carne e ampliar a aceitação da UE em relação a níveis mínimos de tolerância de contaminação de transgênicos.
Além disso, o ministro deve formalizar um convite para a visita dos comissários ao Brasil. Ele quer estender o convite a missões das áreas de saúde e defesa do parlamento europeu, que viriam para obter mais informações sobre a produção pecuária nacional. Estão em destaque programas de monitoramento, como o Boi Guardião, e outros considerados inovadores na busca de proteção ao meio ambiente.
Os temas são muito importantes e queremos avançar nessa agenda, mas não sabemos o nível de avanço possível, disse. Negociações internacionais não se fazem apenas em um ato. É preciso uma peça inteira de muitos atos, acrescentou.
Para o ministro, as regras de rastreabilidade para o Brasil são extremamente restritivas. No passado, havia alguma razão para isso, mas agora deixaram de ser razoáveis, comentou.
Com a flexibilização, a expectativa é de que o Brasil consiga cumprir a Cota Hilton de cortes nobres. Dentro da cota, os cortes bovinos pagam tarifa de 20%. Fora dela, o imposto é de 12,8%, mas os exportadores pagam mais 3.041 euros por tonelada. A fatia do Brasil na cota é de 10 mil toneladas, mas, desde julho de 2009, só conseguiu exportar 10% do total. O Brasil não consegue cumprir as especificações que impuseram, disse o ministro. O setor produtivo está otimista em relação aos resultados da viagem porque é a primeira vez em que um ministro trata do caso pessoalmente.
Rossi pressionará também a União Europeia a ampliar sua aceitação de níveis mínimos de tolerância de contaminação de organismos geneticamente modificados, os transgênicos. Atualmente, essa tolerância é nenhuma (zero) nos produtos exportados ao bloco, e o que o Brasil pleiteará é um intervalo de 0,1% a 0,2% de contaminação. Há certa sensibilidade para isso ser ampliado, disse.
O ministro tratará do caso da Diretiva 61, que exige uma lista prévia de propriedades habilitadas a fornecer gado de abate. O Brasil vai propor que a relação de fazendas passe a ser administrada pelo Ministério da Agricultura, não pela UE.
b) Venda de fertilizantes deverá voltar a bater recorde este ano
As vendas de fertilizantes no Brasil em 2010 podem atingir 25 milhões de toneladas. O volume bate o recorde registrado em 2007, quando foram entregues ao consumidor 24,6 milhões de toneladas. Segundo Rafael Ribeiro de Lima Filho, analista da Scot Consultoria, o processo de recuperação do setor, pós-crise econômica mundial, será puxado pela expectativa de avanço na safra de grãos brasileira. A compra de fertilizantes pode variar de 23 milhões de toneladas a 25 milhões de toneladas, tudo vai depender também dos preços lá fora e de variação cambial, diz.
A cana-de-açúcar (voltada para o etanol), a previsão de ligeiro aumento na área plantada de soja e a recuperação no plantio de algodão devem ditar o ritmo de crescimento na comercialização de fertilizantes. Estatística da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) mostra que em 2009, o País distribuiu no mercado interno 22,47 milhões de toneladas do produto. Um avanço de apenas 0,18%, se comparado ao volume vendido em 2008. O Brasil é o quarto maior consumidor mundial de fertilizantes, atrás da líder China, que é seguida no ranking, pela Índia e pelos Estados Unidos. Para este ano, o setor espera comercializar mais de um milhão de toneladas, ante 2009. Por outro lado, importamos 65% dos nutrientes usados para fabricação, afirma Carlos Florence, diretor executivo da Associação dos Misturadores de Adubos do Brasil (Ama).
De acordo com Filho, o Mato Grosso é o maior estado comprador de fertilizantes, seguido pelo Paraná, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo. São os estados que mais produzem grãos, afirma.
O volume de fertilizantes absorvido em Mato Grosso, para a temporada 2010/2011, deve chegar a cinco milhões de toneladas. O que responde, de acordo com estatística da Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos agrícolas e Veterinários (Andav), por cerca de 20% da aplicação nacional, se o montante de vendas ficar na casa dos 23 milhões de toneladas.
Dados da Ama apontam ainda que o País importa cerca de 90% de potássio, 50% de fósforo e 65% de nitrogênio. Em 2009, as importações brasileiras de fertilizantes somaram 11 milhões de toneladas. Este ano devemos importar mais, já que em 2009 o estoque de passagem era grande, diz o diretor executivo.
Para Florence, as importações representam um custo anual de aproximadamente US$ 5 bilhões no bolso dos agricultores brasileiros. Se importamos 13 milhões de toneladas, por exemplo, a um custo médio de US$ 400 a tonelada, teremos o peso da dependência internacional, diz.
Segundo o analista, nos últimos dois meses os preços de fertilizantes caíram uma média de 8% a 9%. A queda nos valores do nitrogênio variou de 5% a 10%, e do componente fósforo, de 1% a 2%. Isso já pode ter causado alguma antecipação nas compras, diz.
Para Filho, em setembro, quando os produtores se preparam para a safra 2011, o aumento na procura pelo produto deve puxar os preços. Se subir vai ser dentro dos patamares da queda, entre 8 e 9%, estima o analista, reiterando que não há tendência de alta como nos níveis de 2008.
De acordo com levantamento da Scot, em junho de 2008, a ureia chegou a custar R$ 1.318,20, o cloreto de potássio R$ 1.503,61 e o super simples R$ 1.026,03. No mesmo período em 2010, a ureia estava cotada a R$ 897,65, o cloreto de potássio a R$ 1106,56 e o super simples R$ 585,63. A previsão de safra cheia em cultivo nos Estados Unidos pode ainda pressionar os preços.
O Banrisul e o Sindicato da Indústria de Adubo do Rio Grande do Sul (Siargs) firmaram um acordo que prevê a extensão do Banricompras Cartão Banrisul Crédito Rural às empresas filiadas ao Sindicato da Indústria.
Segundo Bruno Fronza, diretor de Crédito do Banrisul, os produtores que costumam comprar os fertilizantes diretamente da indústria poderão utilizar o meio eletrônico de pagamento. É importante que a indústria estreite relações com o banco dos gaúchos e com os seus clientes, conclui Torvaldo Marzolla Filho, presidente do Siargs.
O campo ensaia recuperação este ano com previsão de aumento das vendas de fertilizantes no mercado interno a patamares recordes e com a retomada das vendas de máquinas agrícolas.
No caso dos fertilizantes, as vendas no Brasil em 2010 podem atingir 25 milhões de toneladas. O volume é o maior desde 2007, quando foram entregues ao consumidor 24,6 milhões de toneladas. Segundo Rafael Ribeiro de Lima Filho, analista da Scot Consultoria, o processo de recuperação do setor pós-crise econômica mundial será puxado pela expectativa de avanço da safra de grãos brasileira. A compra de fertilizantes pode variar de 23 milhões de toneladas a 25 milhões de toneladas, tudo vai depender também dos preços lá fora e da variação cambial, diz.
A cana-de-açúcar (voltada para o etanol), a previsão de aumento da área plantada de soja e a recuperação do algodão devem ditar o ritmo de crescimento da comercialização de fertilizantes.
Nos últimos dois meses os preços de fertilizantes caíram em média 8% a 9%. Para Lima Filho, no mês de setembro, quando os produtores se preparam para a safra de 2011, o aumento da procura pelo produto deve puxar os preços. Se subir vai ser dentro dos patamares da queda, entre 8 e 9%, estima o analista, reiterando que não há tendência de alta aos níveis de 2008.
No caso das máquinas agrícolas, as vendas no Brasil em junho atingiram 6.059 unidades - queda de 5% em relação ao mês de maio. No entanto, ante o mesmo mês do ano passado, os números apresentam uma alta de 42,8%. Os dados foram divulgados ontem pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). De janeiro a junho, o setor vendeu 34.982 unidades, crescimento de 51,7% face ao mesmo período de 2009.
c) Brasil exportará volume recorde de soja, prevê Abiove
O Brasil deverá exportar um recorde de 29,5 milhões de toneladas de soja na temporada 2010/2011 (fevereiro/janeiro), informou a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), que elevou a sua previsão em 300 mil toneladas na comparação com a estimativa de junho. Na temporada anterior, segundo a entidade, o Brasil exportou 28 milhões de toneladas.
"O País, segundo maior exportador global de soja após os Estados Unidos, continua se beneficiando da forte demanda da China, maior importador mundial", disse Fábio Trigueirinho, secretário-geral da Abiove.
"Os Estados Unidos tiveram uma safra muito boa (na temporada passada), mas foram vendendo muito e estão com estoques curtos, permitindo que o Brasil se beneficie disso nos meses de julho, agosto, setembro", afirmou Trigueirinho, prevendo embarques elevados nos próximos meses, antes do início da colheita da nova safra dos Estados Unidos. Ele também lembrou que o Brasil já exportou grandes volumes no primeiro semestre.
"O Brasil teve participação forte no início do ano, e está indo muito bem, com a demanda chinesa basicamente. Os amigos da China acabam ano após ano importando mais um pouco, e o Brasil tem conseguido atender a essa demanda", declarou o executivo.
A Abiove em seu relatório mensal manteve a previsão de colheita na última safra em um recorde de 68,4 milhões de toneladas, a qual cresceu mais de 10 milhões de toneladas na comparação com a temporada anterior. E, com o aumento esperado nas exportações, a Abiove foi obrigada a revisar para baixo os números dos estoques finais em 2010/2011, para 3,7 milhões de toneladas de soja, ante 4 milhões na previsão anterior e contra 2,1 milhões na temporada passada.
No informe mensal, a entidade manteve previsões de processamento de soja em 33,1 milhões de toneladas em 2010/2011, o que representará um aumento de 2,4 milhões de toneladas ante a temporada passada.
Em junho, as companhias processaram 2,9 milhões de toneladas de soja, um número que deverá ser reajustado para cima nos próximos meses, considerando que eles representam 81% das indústrias do País.
A produção de farelo de soja do Brasil está estimada para 2010/2011 em 25,2 milhões de toneladas, ante 23,5 milhões na passada, enquanto a produção de óleo crescerá para 6,3 milhões de toneladas, ante 5,9 milhões no ano passado.
Mercosul
a) Argentina pode ficar sem carne por protesto de trabalhadores do setor
Trabalhadores da indústria da carne argentina anunciaram que vão iniciar um bloqueio por tempo indeterminado ao maior mercado de gado do país para exigir o pagamento de um subsídio que compense a redução de horas de trabalho dos empregados.
O país é um dos maiores exportadores mundiais de carne e os argentinos comem mais carne per capita do que qualquer outro povo no mundo, mas a indústria local teve perdas nos últimos meses causadas por uma queda acentuada no número de cabeças de gado enviadas para abate.
Os pecuaristas dizem que isso se deve à redução no tamanho do rebanho nacional, fato que atribuem às políticas governamentais que levaram alguns produtores a vender animais e arrendar suas terras para cultivos que dão mais lucro que a pecuária, como a soja. Trabalhadores da indústria da carne carregando faixas e bandeiras se reuniram diante do Mercado de Liniers.
O protesto começa agora e será por tempo indeterminado, disse Alberto Fantini, secretário-geral da Federação Gremial do Pessoal da Indústria da Carne, que tem 60 mil membros. O objetivo é assegurar que os trabalhadores da indústria de processamento da carne possam obter os subsídios que lhes foram prometidos pelo Estado e pelas empresas, afirmou ele aos repórteres, diante do mercado, acrescentando que muitas empresas não enviaram os documentos necessários.
As indústrias da carne têm estoque substancial e os negociantes de gado dizem não esperar que haja escassez nos açougues do país, a não ser que os protestos se estendam por tempo demasiado.
Não haverá escassez de carne, pelo menos não imediatamente. Isto deve durar por duas ou três semanas, disse um negociante do produto, acrescentando que na manhã de segunda-feira houve entrega normal de gado no mercado de Liniers.
O número de abates caiu 22,5% até maio, comparado com o mesmo período de 2009, segundo o grupo industrial CICCRA, fato que levou o governo a limitar as exportações na sexta-feira. Com menos animais enviados ao mercado, várias indústrias da carne reduziram o horário de trabalho dos empregados. Para compensar as perdas nos salários, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, anunciou um subsídio em maio, mas a indústria da carne diz não ter recebido ainda o dinheiro.
b) Argentina dobra mistura de biodiesel ao óleo diesel
Objetivo da medida é substituir a importação de óleo diesel, usado por 28% dos veículos e em centrais elétricas .
A Argentina decidiu dobrar até o fim de 2010 a fração de biodiesel que deve ser misturada ao óleo diesel derivado de petróleo que abastece a frota veicular do país.
Conforme anúncio do Ministério do Planejamento local, a fração obrigatória atual de 5% passará a 7% em dois meses e a 10% até dezembro.
O principal objetivo da medida é substituir as importações de óleo diesel, usado por 28% dos veículos e em centrais elétricas.
O espaço que será ocupado pelo biocombustível na matriz energética praticamente dispensará as compras do combustível fóssil, que chegavam a 800 mil toneladas anuais.
Outra intenção do governo é aumentar o consumo interno de óleo de soja, matéria-prima usada na fabricação do biodiesel argentino.
Maior exportador de óleo de soja do mundo, o país hoje é refém da demanda externa, principalmente da China.
Há dois meses, os chineses deixaram de comprar óleo por supostas irregularidades fitossanitárias, o que gerou retenção do produto no país.
O bloqueio foi interpretado como represália ao protecionismo argentino nos manufaturados e está sendo debatido entre os governos.
Analistas divergem ao avaliar a disputa. Parte acredita que os chineses querem concentrar o processamento da soja internamente e manterão barreiras ao óleo.
Outros veem uma solução próxima e interpretam a política argentina pró-biodiesel por outro ângulo.
O principal efeito dessa medida que aumenta a fração de biodiesel é a redução dos gastos do governo no setor energético. O óleo diesel trazido de fora custa muito e pesa no bolso do governo, que subsidia as compras, afirma Carolina Schusf, da consultoria Abeceb.
Com o aumento da demanda interna por biodiesel, estima-se que o setor movimentará US$ 1,5 bilhão no país.
Hoje, 19 empresas abastecem a cota nacional estabelecida pelo governo, que regulamentou o setor em março deste ano.
O preço interno, fixado pelo Estado, é favorável em relação à cotação internacional e beneficia principalmente médias e pequenas empresas de capital argentino, segundo Carlos St. James, presidente da Câmara Argentina de Energias Renováveis.
Com a ampliação da fração de biodiesel de 5% para 10%, a tendência é que se reduzam as exportações.
Hoje, o país produz 2,4 milhões de toneladas anuais de biodiesel, consome um terço e vende o restante à Europa.
No Brasil, a lei exige desde 2008 que se misture 2% de biodiesel ao óleo diesel derivado de petróleo. Até 2013, a intenção é passar para 5%.
c) França trava acordo entre UE e Mercosul, diz Lula
O presidente Lula disse que a França é o principal entrave para um acordo entre Mercosul e União Europeia em torno da criação de uma zona de livre comércio entre os dois blocos.
Em discurso na 4ª reunião de cúpula Brasil-União Europeia, em Brasília, Lula disse que o seu principal compromisso como presidente do Mercosul, cargo que assume ainda neste mês, será convencer o colega francês, Nicolas Sarkozy, a enfrentar vozes contrárias ao acordo dentro de seu país para que o compromisso saia. A iniciativa sofre oposição, principalmente de agricultores.
O companheiro que mais tem dado trabalho nas discussões sobre zona de livre comércio é um grande amigo meu, o presidente da França, Nicolas Sarkozy. Eu tenho a responsabilidade de tentar convencer o Sarkozy a flexibilizar o coração dos franceses e a gente fazer um acordo antes de eu terminar a Presidência. Seria um avanço extraordinário, disse.
Lula disse que conhece o peso dos agricultores franceses na política do país e classificou como normais as pressões de setores que se sintam prejudicados com o acordo Mercosul-UE.
O presidente apontou, porém, que os países dos dois blocos precisam levar em conta o benefício da zona de livre comércio para a população de uma maneira geral.
Você sempre pode ter um setor da economia que não fique contente, mas isso aqui não é um jogo de corporação. É um jogo de nações, em que você tem que fazer os acordos pensando em beneficiar o conjunto da população.
O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, disse durante o encontro que um acordo entre o bloco e o Mercosul em torno da zona de livre comércio só não foi possível até agora porque os latino-americanos estão pedindo muito.
De acordo com Barroso, a UE está interessada em uma parceria, mas isso só vai ser possível se o Mercosul apresentar uma proposta mais equilibrada, que atenda a interesses gerais das 27 nações que compõem o bloco europeu e de algum setor que se sinta mais especialmente afetado, em referência aos agricultores, contrários à iniciativa.
Mercosul e UE voltaram a negociar a zona de livre comércio em maio. As conversações estava interrompidas desde 2004 porque os europeus não ofereciam a abertura no mercado agrícola desejada pelos sul-americanos.
Plano Internacional
a) Exportações chinesas sobem 43,9% em junho e superávit vai a US$ 20 bi
O superávit comercial da China chegou a US$ 20 bilhões em junho, o maior em nove meses, impulsionado pela alta de 43,9% das exportações em um ano, acima das estimativas. As importações chinesas, por sua vez, subiram 34,1% no mês passado, frente a igual mês de 2009.
A China também divulgou que o volume de reservas internacionais do país alcançou US$ 2,45 trilhões no fim de junho, o que representa crescimento de 15,1% na comparação anual.
O resultado da balança comercial do país asiático sugere a continuidade da recuperação econômica global, apesar das preocupações recentes com o ritmo do crescimento.
Muitos analistas acreditam que as exportações ainda perderão força. Mas, por enquanto, os números ajudam os críticos da política cambial de Pequim, que alegam que o yuan está sendo mantido artificialmente desvalorizado para dar vantagem comercial à China.
— As exportações estão melhores que o esperado porque o impacto negativo da crise da dívida europeia não foi tão sério como se temia no mercado — disse Lu Nenghua, economista do Bank of Communications, em Xangai. — O crescimento das exportações chinesas ficará mais lento nos próximos meses.
Mas não haverá queda abrupta.
Ritmo de acumulação de reservas caiu Apesar do forte crescimento anual das reservas chinesas, o ritmo foi reduzido nos últimos meses. No segundo trimestre, a China acumulou US$ 7,2 bilhões em reservas, frente a uma expansão de US$ 126,5 bilhões no primeiro trimestre, segundo dados do Banco do Povo da China.
A evolução das reservas internacionais chinesas é acompanhada de perto pelos Estados Unidos, já que a China é o maior credor externo da dívida americana. O país asiático levou uma década, até 2006, para acumular US$ 1 trilhão em reservas, mas a expansão disparou nos últimos anos, e o país ultrapassou a cifra de US$ 2 trilhões em abril.
b) Para FMI, Ásia escapará de duplo mergulho na recessão econômica
Dominique Strauss-Kahn, diretor gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), afirmou que a Ásia precisa estar preparada para riscos que causam desaceleração da economia global, mas descartou a possibilidade de uma recessão de duplo mergulho. Ele também apontou a necessidade de gerenciamento dos fluxos de entrada de capital na região.
Segundo Strauss-Kahn, as autoridades financeiras precisam continuar atentas a impactos negativos. As declarações foram feitas durante a conferência Ásia 21, em Daejeon, Coreia do Sul. Não acredito que haverá outro mergulho. Nosso ponto de partida é que haverá recuperação, afirmou.
Na visão de Strauss-Kahn, a Ásia está liderando a recuperação global, mas as autoridades financeiras da região precisam encontrar caminhos para gerenciar a aguda recuperação nos fluxos de entrada de capital, assim como os riscos relacionados ao superaquecimento econômico, bolhas de créditos e bolhas de ativos. Com taxas de crescimento mais baixas na Europa e nos Estados Unidos - que podem continuar por um período mais extenso -, a Ásia precisa fazer do aumento de seu investimento doméstico e do consumo objetivos políticos de longo prazo, disse Strauss-Kahn.
A crise de dívida soberana da Europa não deveria ameaçar o crescimento da Ásia, mas a região ainda tem muito a aprender com os problemas europeus, segundo ele. Conforme o peso da economia da Ásia continua a aumentar, sua parcela no desempenho econômico de outros países também sobe.
Strauss-Kahn afirmou que o dólar mostrou muita resiliência durante a crise, surpreendendo os participantes do mercado. Moedas fortes como iene e euro têm um papel a cumprir, mas o dólar continua a ser a moeda mais importante, apontou.
As exportações da China aumentaram 43,9% em junho, em relação a mesmo mês do ano passado, para US$ 137,4 bilhões. As importações tiveram alta de 34,1%, ficando em US$ 117,4 bilhões. Com isso, o superávit comercial no período foi de US$ 20 bilhões. No primeiro semestre, o superávit comercial foi de US$ 55,3 bilhões, 42,5% mais enxuto do que o apurado em igual período do ano passado. As vendas externas subiram 35,2% no comparativo anual, para US$ 705,09 bilhões, e as importações tiveram elevação de 52,7%, para US$ 649,79 bilhões.