Comércio Exterior
a) Resultados
O saldo comercial (diferença entre exportações e importações) da primeira semana de julho foi positivo em US$ 224 milhões (média diária de US$ 112 milhões). Pela média diária, o resultado é 3,2% maior que o do mês passado e 11,5% menor que o registrado no mês de julho de 2009. A corrente de comércio (soma das exportações e importações) foi de US$ 2,828 bilhões (média diária de US$ 1,414 bilhão).
As exportações, na primeira semana do mês, fecharam em US$ 1,526 bilhão (média diária de US$ 763 milhões), representando aumento de 24,1% em comparação à média de julho de 2009 (US$ 614,9 milhões). Na comparação entre esses dois períodos, as exportações de produtos manufaturados tiveram aumento de 37,7%. As vendas ao exterior de produtos básicos também cresceram, 23,3%. Diminuíram, porém, as vendas de produtos semimanufaturados (-11,2%).
Frente a junho deste ano (média diária de US$ 814 milhões), as exportações da primeira semana de julho diminuíram 6,3%, devido às quedas nas vendas de produtos semimanufaturados (-44,6%) e básicos (-5,6%). Dentre os manufaturados, porém, as exportações cresceram 10,6%.
Nas importações, o total da primeira semana de julho foi de US$ 1,302 bilhão (média diária de US$ 651 milhões), valor 33,3% acima da média de julho de 2009 (US$ 488,3 milhões). Em relação a junho de 2010 (média diária de US$ 705 milhões), a média diária das importações diminuiu 7,7%.
No acumulado do ano, as exportações registraram US$ 90,715 bilhões (média diária de US$ 725,7 milhões) e as importações alcançaram o montante de US$ 82,604 bilhões (média diária de US$ 660,8 milhões).
De janeiro até a primeira semana de julho, a corrente de comércio somou US$ 173,319 bilhões (média diária de US$ 1,386 bilhão), o que representou crescimento de 33,9% na comparação com o mesmo período de 2009 quando registrou-se US$ 129,437 bilhões e média diária de US$ 1,035 bilhão.
No ano, a balança comercial está superavitária em US$ 8,111 bilhões, número 44,2% abaixo da média diária de igual período em 2009 (US$ 116,2 milhões).
b) Brasil importa alta tecnologia chinesa
Já não são só lojas de R$ 1,99 que compram produtos made in China. Exportador de bugigangas de qualidade duvidosa, o gigante asiático agora se transforma em fornecedor de produtos de alta tecnologia para algumas das maiores empresas do país.
Principal exportadora brasileira à China, a Vale comprou 12 navios de carga do estaleiro privado Rongsheng, um negócio de US$ 1,6 bilhão. Cada embarcação terá capacidade para 400 mil toneladas de minério de ferro, um recorde. A encomenda, de 2008, fica pronta até 2012.
As pessoas me diziam: Você está louco? Construir algo totalmente diferente na China?, afirmou o presidente da Vale, Roger Agnelli, em entrevista coletiva em Xangai, há um mês. Eu dizia: Não, estamos felizes.
Já a CSN fechou neste ano uma compra de US$ 280 milhões em equipamentos da empresa de engenharia estatal Cisdi para duas novas fábricas voltadas à produção de aços longos. É a segunda vez que a siderúrgica brasileira compra dessa estatal.
Hoje, eles detêm tecnologia de ponta no setor, justificou o diretor-presidente da CSN, Benjamin Steinbruch, em abril, sobre a Cisdi, subsidiária da MCC (Corporação Metalúrgica da China, na sigla em inglês) que tem um escritório no Brasil e uma lista de clientes no país que inclui Gerdau, MMX e Cosipa.
A China também demonstra ter mão de obra qualificada. Em março, a Petrobras recebeu no Rio a primeira plataforma cilíndrica do mundo para um contrato de seis anos. Ela foi construída na China pelo estaleiro estatal Cosco Qidong, sob encomenda da norueguesa Sevan Marine, que detém a tecnologia.
A presença de tecnologia e equipamentos chineses no Brasil pode se estender em breve ao setor ferroviário, já que um consórcio do país disputa o fornecimento do trem-bala entre SP e RJ.
A China está passando por um salto tecnológico, afirma o embaixador brasileiro na China, Clodoaldo Hugueney. É semelhante ao que aconteceu no Japão nos anos 1960: daqui a pouco, os produtos chineses deixarão de ser vistos como de má qualidade para serem considerados de ponta.
Principal parceiro comercial do Brasil, a China tem uma pauta diversificada de exportação ao país, com predominância de manufaturados. Já o Brasil praticamente não exporta manufaturados à China e tem sua pauta de exportação concentrada em minério de ferro e em soja.
Agronegócio
a) Brasil vai retomar exportação de carne aos EUA
O Ministério da Agricultura autorizará, a partir da próxima semana, a retomada dos embarques de carne bovina processada para os Estados Unidos proveniente daqueles frigoríficos que tiverem seus planos de autocontrole de resíduos aprovados pelo governo federal. Segundo o diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal, Nelmon Oliveira, cerca de 40% dos 21 frigoríficos que exportam o produto propuseram seus planos, e estão sob análise.
b) São Paulo tem potencial para produzir até 900% mais trigo
São Paulo tem potencial para aumentar em 900% a produção de trigo e abastecer metade do consumo do estado. Para Christian Saigh, diretor superintendente do Moinho Santa Clara e vice-presidente do Sindicato da Indústria do trigo, o estado pode produzir 1,5 milhão de toneladas do grão. Estatística da Safras & Mercado mostra que o consumo do cereal no estado é de 2,7 milhões de toneladas. São Paulo responde por 30% do consumo de trigo do Brasil.
De acordo com Edegar Mascari Petisco, engenheiro agrônomo do departamento de sementes da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), no curto prazo, São Paulo pode quintuplicar a área plantada de trigo. Sem esforço, pode atingir 300 mil hectares, o que já renderia 900 mil toneladas do grão, calcula Petisco, mas observa que apesar dos possíveis avanços, o mercado é quem define o ritmo de crescimento.
Segundo o agrônomo, com a quebra na qualidade da safra em 2009, devido ao excesso de chuva, e com os preços abaixo dos patamares mínimos praticados no mercado, ao longo do ano, os produtores reduziram o cultivo do cereal nesta temporada.
Projeção da Safras & Mercado aponta uma produção paulista de 150 mil toneladas, em 50 mil hectares, para 2010, uma retração de 16,7% se comparada à safra de 2009, quando o estado colheu 180 mil toneladas. Em 2009, São Paulo importou 1,4 milhão de toneladas de trigo. A oferta total no estado foi de 1,8 milhão de toneladas. São Paulo é o estado com maior déficit entre oferta e demanda, além de ser o maior importador do cereal, afirma Élcio Bento, analista da Safras & Mercado.
De acordo com dados do Instituto de Economia Agrícola (Iea), a cultura de trigo em São Paulo está concentrada em Itapeva, com 48% da área cultivada no estado, seguida por Avaré, com 20%, Itapetininga e Assis 11% cada, Ourinhos 4% e Sorocaba 2%.
Para o analista, o aumento na produção em São Paulo é estrategicamente mais interessante, já que o estado concentra a maior parte do polo industrial de trigo. Teoricamente, ainda segundo o analista, o trigo paulista chegaria à indústria com um custo menor, em função de frete mais barato. O preço do produto importado que chega aos moinhos é que determina os valores no mercado.
A quebra de safra no ano passado também refletiu no comportamento dos triticultores do Paraná e do Rio Grande do Sul, regiões que respondem por 90% da produção nacional. Último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), feito em junho, prevê um cultivo nacional em 2010, em cerca de 2,1 milhões de hectares, 12,5% menor que a área na safra 2009.
Sidney Fujivara, triticultor de médio porte, em Capão Bonito, na região sudoeste do Estado de São Paulo, que reduziu em 50% a área de plantio de trigo para a safra 2010, também vê como principais dificuldades do setor a fixação de preço e a comercialização.
A Secretaria de Agricultura, em parceria com moinhos do Estado de São Paulo, por meio do Sindustrigo, criaram o programa trigo Paulista com Qualidade. A integração garante que 50% da safra, desde que tenha qualidade, seja absorvida pela indústria. Entrei no programa com a Anaconda Industrial e Agrícola de Cereais para garantir colocação do produto, afirma Fujivara, que, apesar de ter reduzido sua área de plantio, também aposta no potencial de crescimento do estado. Não se planta mais por insegurança. Segundo Petisco, a indústria, por meio da Secretaria, fornece as sementes para o produtor que paga com a própria safra. Para cada quilo de semente entregue, o triticultor paga com até dois quilos e meio de trigo. O volume varia conforme a cotação.
c) Safra deve igualar recorde de 2008
Com mais de 80% das lavouras de grãos já colhidas, o Brasil caminha para repetir em 2010 a safra recorde registrada em 2008. Pela estimativa de junho do IBGE, a produção atingirá 145,9 milhões de toneladas neste ano.
Trata-se da mesma marca alcançada em 2008, e a cifra corresponde a uma expansão de 8,9% ante o resultado de 2009 -ano afetado pelo clima desfavorável, principalmente no Paraná, maior produtor do país.
Na análise dos dados, há uma pequena diferença a favor da safra de 2008 em relação à de 2010 -de 36 mil toneladas de grãos, ou 0,03%.
Mas essa distância tende a se dissipar porque o clima está melhor neste ano e favorece as culturas de inverno -dentre as quais a do trigo é a mais importante.
Segundo dados da Conab, também divulgados, a safra de grãos foi estimada em 146,75 milhões de toneladas, com alta de 8,6%. Caso seja confirmada, também será recorde.
Neste ano, o clima também ajudou muito. Não tivemos os problemas de 2009. Há apenas uma estiagem moderada no Centro-Oeste, que não preocupa porque as lavouras de verão já foram colhidas. Ocorreram também as fortes chuvas que castigaram Pernambuco e Alagoas, mas em regiões distantes das áreas produtoras, disse Mauro André Andreazzi, gerente de agricultura do instituto.
A melhora do clima é um dos fatores que explicam o maior rendimento das lavouras neste ano, ao lado da recuperação dos preços de alguns produtos no mercado internacional.
Pelos dados do IBGE, a área colhida será 0,9% menor em 2010. O crescimento da safra, desse modo, se dará graças ao ganho de produtividade, resultado de uso de mais tecnologia e defensivos nas lavouras.
Nesta safra, o Paraná também recuperou a posição de maior produtor nacional de grãos, após perder o posto no ano passado para Mato Grosso -atual segundo no ranking. O Paraná enfrentou uma série de intempéries climáticas em 2009, que prejudicaram as lavouras.
Entre as culturas, o destaque foi a soja, cujo crescimento de 19,4% decorre da reação da economia global no pós-crise e a consequente maior demanda pelo grão, importante no pilar da alimentação, principalmente nos países da Ásia.
Ao contrário da safra de verão, a chamada safrinha de inverno do milho também registra um bom desempenho e cresceu 15,7% ante junho de 2009, também na esteira da recuperação dos preços e da demanda pelo grão, base das rações animais. Diferentemente da soja, o milho é consumido principalmente no mercado interno.
O trigo, do qual o país é dependente de importações, também reagiu. Sua safra subiu 5,7% ante junho de 2009.
d) Setor de fertilizantes atrai R$ 3,3 bi, com aposta em produção maior de grãos
A perspectiva de aumento da produção de grãos no Brasil — a safra de 2009/2010 será recorde segundo previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgada — está fazendo com que empresas nacionais invistam fortemente no mercado de fertilizantes, segmento no qual o Brasil é importador e que vem passando por um processo de consolidação. A atenção se volta principalmente para os produtos à base de fosfato, muito usados nas culturas de soja, milho e algodão.
Os projetos de ampliação da produção nacional deste nutriente são liderados pela Fosfertil, recentemente comprada pela Vale, e pela Galvani. Juntas, as duas empresas vão investir R$ 3,3 bilhões até 2014, o que permitirá que as importações de fosfato sejam reduzidas à metade. Isso proporcionará uma economia de US$ 750 milhões por ano ao país.
O Brasil é o quarto maior consumidor de fertilizantes do mundo, mas importa cerca de 65% dos nutrientes usados em sua fabricação, segundo a Associação dos Misturadores de Adubos do Brasil (AMA). A dependência externa custa aproximadamente US$ 5 bilhões por ano aos produtores.
Um terço desse montante, ou US$ 1,5 bilhão, é usado para adquirir fosfatos, que vêm principalmente de Rússia (20%) e Marrocos (19%). Os US$ 3,5 bilhões restantes são consumidos na compra dos outros dois nutrientes que compõem os fertilizantes, o potássio e o nitrogênio.
— Os novos projetos contribuirão para amenizar nossa dependência externa, mas estão longe de acabar com ela — frisa Carlos Eduardo Florence, diretor-executivo da AMA.
Vale inaugura novo projeto no Peru em agosto. Os projetos de Fosfertil e Galvani acrescentarão cerca de um milhão de toneladas de fosfatos ao parque nacional até 2014, cuja produção beirou dois milhões de toneladas em 2009. No caso da Fosfertil, são duas frentes de expansão. Uma unidade em Uberaba (MG), que terá sua produção elevada em 230 mil toneladas até 2011, e uma nova mina em Patrocínio (MG), que elevará a oferta em 560 mil toneladas até 2014. Os dois projetos estão orçados em R$ 2,4 bilhões.
As iniciativas são anteriores à aquisição do controle da Fosfertil pela Vale, concluída em maio passado. Mas tudo indica que a companhia vai mantêlas.
Disposta a ser um dos líderes globais na indústria de fertilizantes, a mineradora criou recentemente uma diretoria para o setor, que tem à frente Mário Barbosa, ex-Bunge.
Nas últimas semanas, ele visitou unidades da Fosfertil para se inteirar dos projetos.
Paralelamente, a Vale mantém projetos de fosfatados no exterior, como o de Bayóvar, no Peru, que será inaugurado no próximo mês e tem como foco o mercado brasileiro.
Outras duas empresas de porte atuam no segmento de fertilizantes fosfatados: a anglosul-africana Anglo American, que está buscando compradores para seus ativos no Brasil, e a paulista Galvani, que trilha o caminho oposto. Fundada em 1934, a Galvani é a única que atua em todas as etapas da cadeia produtiva, da mineração à distribuição do fertilizante. Está investindo R$ 860 milhões em dois projetos para triplicar sua produção até 2013/2014.
Em um deles, na mina de Santa Quitéria (CE), a empresa vai extrair o fosfato que é encontrado em associação com o urânio. A companhia obteve a concessão da mina em 2008, após vencer uma licitação promovida pelas Indústrias Nucleares do Brasil (INB), que ficará com o urânio produzido lá. A ideia inicial era começar a operação em 2012, mas o presidente do Conselho de Administração da companhia, Rodolfo Galvani Júnior, acredita que o projeto pode atrasar de um a dois anos devido à demora no licenciamento ambiental. Há ainda a ampliação da mina de Serra do Salitre (MG), prevista para 2013. Juntas, as duas minas vão ampliar a produção das atuais 140 mil toneladas para anuais para 400 mil toneladas por ano de fosfato.
Com esses projetos, o executivo espera dar musculatura à empresa para evitar que ela se torne alvo de aquisições e, possivelmente, possa assumir a posição de comprador no futuro, embora descarte fazer uma oferta pelos ativos da Anglo por enquanto: — A Galvani precisa amadurecer um pouco, ter mais projetos, para depois partir para uma consolidação. Nossa vantagem é que, por sermos uma empresa menor e com menos burocracia, conseguimos tomar decisões mais rápidas.
Soja é carro-chefe da safra 2009/2010 Por trás desse interesse no mercado de fertilizantes está a aposta na Agricultura brasileira.
Segundo previsão da Conab, a safra de 2009/2010, que termina em agosto, baterá novo recorde, atingindo 146,75 milhões de toneladas de grãos, aumento de 8,6% sobre a anterior. A soja, uma das culturas que mais demandam fertilizantes à base de fosfatos, é um dos carros-chefe desse avanço. A projeção é que sejam produzidos 68,7 milhões de toneladas de soja nesta safra, alta de 20,2% em relação à anterior.
Para os próximos anos, a expectativa é de demanda crescente impulsionada pela recuperação internacional.
— Como os projetos de produção de fertilizantes demoram de quatro a cinco anos para colocar os produtos no mercado, essa é a hora de investir para reduzirmos a dependência externa — diz Rosemeire dos Santos, superintendente técnica da Confederação Nacional da Agricultura (CNA).
Organização Mundial do Comércio (OMC)
a) UE irá denunciar Argentina na OMC por restrições comerciais
O fim da primeira rodada de negociações que buscam o acordo de livre-comércio entre o Mercosul e a União Europeia, encerrada na sexta-feira, em Buenos Aires, culminou com o anúncio oficial de que a UE irá denunciar a Argentina à Organização Mundial de Comércio (OMC) por restringir as importações locais de alimentos europeus. "Na próxima semana vamos levantar esta questão junto ao Conselho de Mercadorias da OMC", comunicou o diretor-geral adjunto de Comércio da Comissão Europeia, João Aguiar Machado, durante entrevista coletiva à imprensa.
A declaração acontece ao mesmo tempo que empresários argentinos revelaram que durante reunião na noite de quinta-feira na Secretaria de Comércio Interior argentina foram informados que o país pretende frear as importações mundiais.
"Durante a reunião os empresários foram informados quanto à necessidade de proteger o mercado interno, elevar as exportações e deixar de importar produtos do exterior, qualquer que seja o país. A pressão do governo é para que os empresários argentinos comprem mais caro ou mais barato, mas que seja de produtores locais", disse com exclusividade ao DCI, Roberto Segatto, presidente da Associação Brasileira de Comércio Exterior (Abracex).
O aviso foi dado pelo secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno, que se reuniu com os empresários para dizer que só pode importar quem exportar e em proporções iguais. A Argentina está preocupada com o aumento das importações, de 72% em maio, enquanto as exportações subiram só 25%, na comparação anualizada. A ordem é evitar a redução do superávit comercial e a consequente pressão sobre a valorização cambial.
"Devem exportar o mesmo valor que importam, caso contrário, não poderão importar", disse Moreno em algumas das reuniões que têm realizado com empresários, conforme relato de fontes ligadas à Câmara de Importadores (Cira). Não há uma norma que formalize as restrições às importações locais. Trata-se de um controle administrativo aplicado na aduana para que o produto não entre no país.
Os alimentos do Brasil vão poder entrar no país, mas os importadores vão ter de usar o Sistema de Moedas Locais (SML), ou seja, sem utilizar a moeda norte-americana nas negociações. "O governo não quer que o mercado de câmbio esteja inundado de dólares. Para nós, não há problema porque não muda nada realizar as operações em pesos, reais ou dólares", disse Segatto.
"Na próxima semana vamos levantar esta questão junto ao Conselho de Mercadorias da OMC", comunicou o diretor-geral adjunto de Comércio da Comissão Europeia, durante entrevista coletiva à imprensa.
Durante os quatro dias de reuniões, Machado manteve encontros com os ministros argentinos de Agricultura e de Indústria, Julián Domínguez e Débora Giorgi, respectivamente, para discutir o problema no comércio exterior.
Machado pediu explicações aos ministros sobre a ordem do governo de Cristina Kirchner aos importadores para não comprarem alimentos importados similares aos da produção nacional. "Nossa esperança é de que a partir de agora haja uma melhora na situação", disse ele.
O Governo da Argentina reiterou que não impôs restrições às importações de alimentos procedentes da UE.
"Não existem bloqueios às importações de produtos alimentícios da UE", assegurou a ministra da Indústria, Débora Giorgi, em resposta as declarações do porta-voz da Comissão de Comércio do bloco, John Clancy.
A ministra reforçou que a Argentina iniciou os mecanismos previstos pela OMC para evitar a entrada de bens em condições de concorrência desleal.
Em maio passado, a UE já tinha alertado a Argentina a que não pusesse em prática medidas que restrinjam as importações.
O novo ministro das Relações Exteriores da Argentina, Héctor Timerman, negou que o governo da presidente Cristina Kirchner esteja analisando a possibilidade de impor restrições a produtos que tenham similares argentinos. O chanceler reconheceu que existem "especulações" sobre o assunto, mas garantiu que não há nenhuma ação nesse sentido.
"Nós não temos nenhum tipo de impedimento para a entrada de produtos. Não há também previsões [de barreiras comerciais] nem expectativas. São rumores. Isso não procede", afirmou Timerman.
"Estamos dispostos a dar todas as explicações aos ministros europeus. Não pretendemos fazer isso por meio dos organismos, mas cara a cara", afirmou o chanceler argentino.
O fim da primeira rodada das negociações que buscam o acordo de livre-comércio entre o Mercosul e a União Europeia, encerrada na sexta-feira, em Buenos Aires, culminou com o anúncio oficial de que a UE irá denunciar a Argentina à Organização Mundial de Comércio (OMC) por restringir as importações locais de alimentos europeus. "Na próxima semana vamos levantar esta questão junto ao Conselho de Mercadorias da OMC", comunicou o diretor-geral adjunto de Comércio da Comissão Europeia, João Aguiar Machado.
A declaração se deu ao mesmo tempo em que empresários argentinos, reunidos na noite de quinta-feira na Secretaria de Comércio Interior argentina, foram informados de que o país pretende frear as importações mundiais, revelaram os empresários. "Durante a reunião os empresários foram informados da necessidade de proteger o mercado interno, elevar as exportações e deixar de importar produtos do exterior, qualquer que seja o país. A pressão do governo é para que os empresários argentinos comprem mais caro ou mais barato, mas que seja de produtores locais", disse, com exclusividade ao DCI, Roberto Segatto, presidente da Associação Brasileira de Comércio Exterior (Abracex).
O aviso foi dado pelo secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno, que disse que só pode importar quem exportar - e em proporções iguais. A Argentina registrou aumento de importações de 72% em maio, contra 25% de exportações.
Plano Internacional
a) Obama planeja dobrar exportações dos EUA para reativar economia
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse que o país está a caminho de dobrar suas exportações nos próximos cinco anos. Em janeiro, Obama havia feito essa promessa em seu discurso do Estado da União, dizendo que isso ajudaria a manter milhões de empregos. O presidente norte-americano informou que deve nomear os executivos-chefes da United Parcel Services (UPS), Walt Disney, Pfizer e outras empresas para integrar um conselho consultivo para auxiliar o governo em questões comerciais que envolvem o país.
O relatório mostra que, nos quatro primeiros meses de 2010, as exportações subiram 17% na comparação com o mesmo período do ano passado. O crescimento foi calculado com base em um relatório sobre comércio exterior divulgado em junho pelo Escritório de Análises Econômicas, que mostrou que as exportações de bens e serviços de janeiro até abril de 2010 foram de US$ 588 bilhões, comparadas com US$ 502 bilhões no mesmo período de 2009. O crescimento nas exportações aconteceu após a maior queda no comércio externo em décadas, quando a recessão abalou os EUA e o mundo.
Obama falou sobre o crescimento e a necessidade de continuar a promover as exportações em um discurso na Casa Branca. Impulsionar as exportações fortalece nosso crescimento econômico e dá sustentação a milhões de empregos bons no país, com altos salários, disse Obama, segundo agências internacionais que tiveram acesso ao seu discurso.
O executivo-chefe da Ford, Alan Mulally, elogiou os esforços da administração Obama de expandir as exportações. Na Ford, nós acreditamos que uma estratégia econômica baseada nas exportações é fundamental para atingirmos nossos objetivos comuns de crescimento econômico, criação de empregos e um futuro sustentável, disse. O executivo acrescentou que para as exportações crescerem nós precisamos garantir que o acesso do mercado a produtos manufaturados permanece no centro da política de comércio dos EUA.
A administração Obama está tentando manter o ímpeto alcançado com sucessos comerciais envolvendo o mercado avícola e suíno, e planeja incentivar a expansão das exportações de empresas de pequeno porte.
Em março, os EUA e a China concordaram em reabrir o mercado chinês para produtos suínos norte-americanos. O país também fechou um acordo com a Rússia, em junho, para reabrir o mercado russo para produtos avícolas após seis meses de proibição.
b) Polícia monetária: BC da Coreia do Sul aumenta taxa de juros
A taxa, que estava no menor nível histórico, foi elevada em 0,25 ponto percentual, para 2,25%. Segundo o BC sul-coreano, ainda que existam riscos nos mercados globais pela crise da dívida na Europa, a economia interna e as exportações continuam a se expandir. A Coreia do Sul foi um dos países que se recuperaram mais rapidamente da crise. Outros países, como Austrália e Brasil, também subiram os juros.