28 a 02 de julho de 2010

Comércio Exterior

Resultados
Queda do euro faz importações brasileiras da Europa dispararem
Brasil aposta em ZPEs para diversificar áreas exportadoras

Investimentos

Fitch eleva perspectiva de rating para o Brasil
Usiminas se associa a japoneses na mineração
MMX comemora envio de primeira remessa de minério para a China

Agronegócio

Brasil aguarda liberação de embarques aos EUA
Algodão ocupa área de soja e deve avançar até 20% em 2011
Exportações do agronegócio aumentam 22%

Mercosul

Produção de grãos argentina baterá recorde
Argentina contraria o G-20 e aperta o cerco sobre importações

Organização Mundial do Comércio (OMC)

Aviação: Consórcio europeu diz que vai recorrer

Plano Internacional

Brasil tenta incluir Irã na pauta
China e Taiwan celebram acordo comercial histórico



Comércio Exterior

a) Resultados

O aumento nas importações pelos brasileiros fez cair quase pela metade o saldo comercial do país no primeiro semestre.

De janeiro a junho, a diferença entre as vendas e as compras do exterior ficou em US$ 7,8 bilhões, valor 43,7% menor do que o registrado no mesmo período do ano passado, na comparação pela média diária. Foi o menor saldo para o primeiro semestre desde 2002.

Com a economia brasileira em expansão e ajudada pelo dólar baixo, as importações cresceram 43,9% nos seis primeiros meses do ano, chegando ao valor recorde de US$ 81,3 bilhões. Já as exportações subiram 26,5%.

Para o secretário-adjunto de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Fábio Faria, as importações não devem continuar crescendo em um ritmo tão díspar das exportações no segundo semestre.

O que importa é crescer o volume de comércio e isso está acontecendo. É algo louvável porque você está tendo um aumento da atividade econômica, afirmou.

Segundo Lia Valls, economista da FGV (Fundação Getulio Vargas), a tendência é que o saldo da balança comercial brasileira continue caindo, devido ao maior crescimento econômico do país e pela lentidão na recuperação de mercados compradores, como Europa e EUA.

Ela ressalta que, com esse quadro, o país pode ter um problema de financiamento do deficit de transações correntes, já que há uma entrada grande de capital especulativo, mais volátil.

A saída seria tornar os produtos brasileiros mais competitivos.

É preciso ter persistência em medidas de melhoria de infraestrutura, descobrir novos nichos de mercado, melhorar na oferta exportadora. Isso é um trabalho constante que demora, mas você tem que implementar e ser consistente, completou.


b) Queda do euro faz importações brasileiras da Europa dispararem

As empresas brasileiras aproveitaram o euro em baixa, nos primeiros cinco meses do ano, para aumentar o ritmo de importações brasileiras vindas da Europa. Levantamento da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior mostra que a receita total de compras externas do Brasil originadas dos países da zona do euro subiu para US$ 11,715 bilhões, de janeiro a maio. Foi o maior valor dos últimos dois anos, 29,6% acima do apurado em 2009 no mesmo período (US$ 9,038 bilhões) e 4,6% a mais do que o registrado nos primeiros cinco meses de 2008, antes da crise global (US$ 11,198 bilhões).

A cotação mais baixa do euro este ano, devido ao cenário de turbulência no continente por conta da crise econômica na Grécia, é perceptível no desempenho semanal da moeda. De acordo com o serviço de cotações da Agência Estado, a média semanal do euro nos primeiros cinco meses de 2008 foi de R$ 2,60; nos primeiros cinco meses do ano passado, foi de R$ 2,96; de janeiro a maio de 2010, ficou em R$ 2,43.

A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) já aponta a possibilidade de o ritmo de importações brasileiras originadas da zona do euro seguir em alta este ano. O vice-presidente da AEB, José Augusto de Castro, explicou que as principais compras efetuadas pelo Brasil em países da zona do euro são máquinas, equipamentos e autopeças. Ele não descartou a possibilidade de um aumento das importações de máquinas européias. No entanto, comentou que, embora o euro possa estimular inicialmente as compras externas, o impacto no volume total das importações este ano não será muito expressivo.

Em palestra no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o economista Luiz Gonzaga Belluzzo comentou que tem ouvido de empresários que há um forte movimento de substituição da produção doméstica por importações.

Este novo apetite brasileiro por compras externas, vindas da União Europeia, já começou a puxar para cima o desempenho total de importações em pelo menos um setor. Dados da Secex mostram que as importações de veículos automóveis, tratores, partes e acessórios, que estão entre os produtos mais importados pelo Brasil dos países europeus, já somam US$ 1,44 bilhão nos primeiros cinco meses deste ano, quase o dobro do apurado em igual período de 2009 (US$ 730,9 milhões) e já superando levemente os primeiros cinco meses de 2008 (US$ 1,35 bilhão).


c) Brasil aposta em ZPEs para diversificar áreas exportadoras

A forte demanda interna e a baixa produção nacional alavancaram nos primeiros cinco meses as importações brasileiras. A afirmação é do diretor da Fractal, Celso Grisi. De acordo com o executivo o Brasil precisa investir em infraestrutura, logística e pólos industriais em todas as regiões brasileiras, não somente no sudeste.

Os déficits e quedas dos saldos comerciais nas Regiões Sul, Norte e Nordeste acontecem pela baixa diversificação da pauta exportadora em conjunto com a falta de condições dos setores industriais, agrícolas e de serviços em atender a demanda interna do País. Precisamos equipar essas regiões para que o saldo volte a ser positivo, pontuou.

Na mesma linha de raciocínio, o secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e comércio exterior (Mdic), Ivan Ramalho, afirmou que o próximo passo do governo é auxiliar os estados e regiões brasileiras a ampliarem sua participação no comércio internacional por meio de pautas diversificadas, de maior participação em feiras e eventos, e da abertura de Zonas de Processamento ao Exportador (ZPE).

Vamos incentivar as regiões carentes no comércio exterior, pretendemos elevar a logística e infraestrutura nestes locais, para com isso possibilitar uma maior inserção no mercado internacional. Hoje temos o auxílio das ZPEs que possibilitam cada região a redução de impostos federais e estaduais em muitas operações, como na fabricação de produtos e na venda ao exterior. Essa atitude ajudará a elevar o saldo comercial em conjunto com outros benefícios, como o aumento dos números de mão de obra empregada, relatou Ramalho.

Outro ponto abordado pelo secretário são as parcerias com outros países, como a China, que abriu uma filial do Banco da China no Brasil para ensinar aos empresários brasileiros como adentrar o mercado chinês com mais facilidade e sucesso.

Para Grisi, o incentivo é uma ótima oportunidade para estas regiões deficitárias em comércio exterior; contudo, ele afirma que o processo é longo.

Isso é viável num prazo mais longo. Primeiro, porque não são fornecedores tradicionais ao mercado internacional e a entrada é sempre muito lenta, requer inúmeros cuidados e conhecimentos. Segundo, porque precisa ter estrutura mais organizada, com ampla logística e investimento em tecnologia de ponta, argumentou o diretor da Fractal.

Segundo o Mdic, entre janeiro e maio deste ano a única região em que cresceu o número de exportações e que ampliou o saldo comercial foi a Sudeste. Na comparação com o mesmo período de 2009, houve um acréscimo de 169% no saldo, ao passar de US$ 1,065 bilhão para US$ 2,870 bilhões.

Em contrapartida, a Região Sul apresentou a maior queda no mesmo item comparado, ao passar de US$ 2.970 bilhões para déficit de US$ 257 milhões.

Na opinião do professor do Centro de Estudos Calil & Calil, Mauro Calil, a queda ocorre pela competitividade e mercado dos produtos brasileiros frente às mercadorias indianas e chinesas.

O sul do País tem alguns setores predominantes, como o agronegócio e o setor calçadista e têxtil. No caso de sapatos, os empresários brasileiros perdem muito espaço com os produtos mais baratos vindos da Índia e da China, a competitividade faz com que o Brasil sofra até mesmo nos parceiros do Mercosul, como a Argentina. No caso do setor agrícola, houve uma perda das safras pela questão climática, pelas chuvas do início do ano. Podemos esperar uma melhora, mas ainda a tendência é ruim. No caso da pecuária, os frigoríficos estão migrando para o centro-oeste do País, o que faz os empresários sulistas inclusive importarem carne de outros estados, como Mato Grosso e São Paulo, relatou.

Os dados do Mdic da Região Centro-Oeste apontam uma ligeira queda do saldo comercial, que passou de US$ 2,737 bilhões nos primeiros cinco meses de 2009 para US$ 2,459 bilhões no mesmo período deste ano.

O centro-oeste vem se dando melhor do que outras regiões pela superioridade do Brasil no agronegócio. Outro ponto importante é o aumento dos preços das commodities como a soja,carro-chefe da região, e a aceitação no mercado internacional, declarou Grisi.

As Regiões Norte e Nordeste, por sua vez, passaram de US$ 1,010 bilhão para déficit de US$ 468 milhões, e de US$ 628 milhões para US$ 39 milhões, respectivamente. Estas regiões não têm perfil Exportador, e, com o aumento do consumo, a produção nacional não está dando conta; por isso estamos comprando mais para suprir a demanda, concluiu Grisi.

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e comércio exterior (Mdic) quer melhorar os resultados de regiões do Brasil que hoje têm baixos níveis de exportação. Segundo Ivan Ramalho, secretário do Mdic, um dos instrumentos para atingir este objetivo são as Zonas de Processamento ao Exportador (ZPEs). Além dos incentivos fiscais das ZPEs, vamos incentivar as regiões carentes no comércio exterior, pretendemos elevar a logística e a infraestrutura nestes locais, para com isso possibilitar maior inserção no mercado internacional, disse. Neste ano, até maio, a Região Sudeste registrou aumento tanto das exportações quanto do saldo da balança comercial.


Investimentos

a) Fitch eleva perspectiva de rating para o Brasil

A agência de classificação de risco Fitch Ratings elevou de estável para positiva a perspectiva para o rating do Brasil. A agência confirmou ainda a avaliação da dívida soberana em “BBBrdquo;, pouco mais de dois anos depois de ter concedido o grau de investimento ao país.

Segundo a Fitch, a melhora da perspectiva — que indica a direção do rating entre um e dois anos — se deve a um desempenho econômico e resistência melhores que o esperado em meio à recessão global.

Embora positiva, a nota da Fitch pesou pouco no mercado.

Em um dia de poucos negócios por causa do jogo do Brasil contra o Chile, o índice Ibovespa, principal referência da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), caiu 0,92% aos 64.225 pontos. O volume negociado foi de R$ 3,243 bilhões. O desempenho do mercado brasileiro foi influenciado pelo recuo nas ações da Petrobras e da Vale, mas a queda foi ampliada no fim do pregão por causa do mercado americano. O dólar comercial avançou 0,17%, a R$ 1,783.

Com a descoberta de três depósitos de minério de ferro na China, Vale PNA (preferencial, sem voto) perdeu 2,17% e a MMX Mineração ON (ordinária, com voto) foi a maior queda do Ibovespa, de 3,81%. Petrobras PN caiu 1,76%, ainda sob a incerteza da capitalização da empresa.

Na última sexta-feira, foi exonerado o vice-presidente de Tecnologia e Logística, José Luís Salinas, filiado ao PT e afilhado político de Berzoini. Para seu lugar, foi indicado Geraldo Dezena, funcionário de carreira do banco, com 33 anos de atuação, e que estava atualmente na diretoria de Tecnologia da Aliança do Brasil, subsidiária do BB na área de seguros.

Dezena não é filiado ao PT, mas tem bastante proximidade com o partido, especialmente a ala baiana, encabeçada pelo governador Jaques Wagner.


b) Usiminas se associa a japoneses na mineração

A Mineração Usiminas terá a Sumitomo Corporation como sua sócia estratégica, já que 30% da nova empresa de mineração e logística do grupo siderúrgico foram vendidos a uma das maiores comercializadoras japonesas de commodities, numa transação de US$ 1,929 bilhão. A Usiminas espera concluir a criação de sua nova empresa — com valor estimado entre US$ 4,5 bilhões e US$ 6,4 bilhões — até o fim de agosto.

A mineradora atuará de forma integrada, gerenciando as operações de mineração, transporte ferroviário e portuário. Além do aporte, a Sumitomo agrega expertise, por seu conhecimento do mercado global de minério.

A mineradora ficará com 83,3% da participação da Usiminas no capital da MRS Logística e com o terreno adquirido em 2008 na Baía de Sepetiba (RJ), onde funcionava a antiga Ingá Mercantil. Lá será construído um terminal portuário, por onde a produção será escoada.

A previsão é que o porto entre em operação em 2014. A nova empresa também deterá as quatro minas da siderúrgica na área de Serra Azul (MG) e as participações em terminais de embarque de minério na região.

Sumitomo terá preferência na negociação de excedente O presidente da Usiminas, Wilson Brumer, destacou que a mineradora nasce com reservas e recursos minerais de 2,6 bilhões de toneladas. Surge também num momento de alta nos preços do minério de ferro, prevendo investir R$ 4 bilhões até 2015 para quadruplicar a produção.

Segundo Brumer, a prioridade da Mineração Usiminas é abastecer as necessidades de minério de ferro da siderúrgica, que consome até 14 milhões de toneladas anuais. O que exceder, a Sumitomo terá preferência de colocação no exterior a preços de mercado.

As ações ON (ordinárias, com direito a voto) da Usiminas recuaram 4,61% na Bovespa. Já as PN (preferenciais, sem direito a voto) caíram 3,20%.

Mas analistas garantem que a operação é considerada positiva.

Rumores sobre a venda levaram as ações ON da siderúrgica a terem uma valorização acumulada de 5,33% em junho, já descontada a queda.

Segundo Pedro Galdi, analista da SLW Corretora, a Usiminas atraiu um sócio que também é consumidor. Com os recursos, vai fazer os investimentos e deixará de depender da Vale. Em relatório, a Link Investimentos afirma que o negócio mostra que há interesse nas jazidas brasileiras.


c) MMX comemora envio de primeira remessa de minério para a China

O presidente do grupo EBX, Eike Batista, revelou que a MMX, mineradora do grupo, enviou a primeira remessa de minério de ferro à China: 150 mil toneladas que fazem parte de contrato firmado com a aquele país. Segundo Batista, a remessa enviada corresponde ao total acordado para este ano. A demanda por minério de ferro continua enorme. A China não parou. E a Índia, que era exportadora de minério para a China, está virando quase importadora, disse Eike, e acrescentou que, em razão da demanda, a MMX continua procurando ativos para crescer.

O anúncio foi feito ontem na cerimônia de lançamento das obras do Superporto Sudeste, terminal portuário privativo de uso misto localizado na Baía de Sepetiba, em Itaguaí, a 80 km do Rio. A LLX, empresa de logística do grupo EBX, participa do empreendimento, orçado em R$ 1,8 bilhão, que escoará a produção do Sistema Sudeste da MMX e de outros produtos de minério de ferro do Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais, que hoje não exporta por falta de opção logística. O porto, cujo início da operação está previsto para o começo de 2012, terá área de 52 hectares, profundidade de 21 metros e estrutura offshore inicial com dois berços para navio.

Com a implantação do Superporto Sudeste, a MMX passará a escoar por ele a produção. O contrato da empresa com a China é de 33 milhões de toneladas, produção que a empresa espera alcançar até 2014. Hoje, produzimos 7 milhões de toneladas e temos dificuldade de escoar, disse Eike.

O restante da capacidade do porto, que é de 50 milhões de toneladas por ano, deve ser utilizada com a produção de terceiros. Estamos em contato com todas as empresas do Quadrilátero Ferrífero de Minas todos os dias, afirmou Eike. Quem tem a mina vai ter de buscar comprador e fechar um contrato take-or-pay conosco, para usar uma parte da capacidade do porto, explicou. Ele afirmou que, além de Minas, o porto pode atender outros estados. Isso porque vai entrar carvão eventualmente, explicou.

Uma comissão de comércio dos Estados Unidos recusou um pedido da indústria daquele país sobre imposição de tarifas a centenas de milhões de dólares em importações de um tipo de produto de aço da China. O raro voto contrário decidido pela Comissão Internacional de Comércio dos EUA impede o Departamento de Comércio do país de impor tarifas que podem chegar a 437 % sobre grades de aço.

O presidente do grupo EBX, Eike Batista, revelou ontem que a MMX, mineradora do grupo, enviou a primeira remessa de 150 mil toneladas de minério de ferro à China.


Agronegócio

a) Brasil aguarda liberação de embarques aos EUA

O governo brasileiro aguarda o sim dos EUA para retomar a exportação de carne brasileira. As vendas foram suspensas no dia 27 de maio, a pedido do Ministério da Agricultura, como medida preventiva depois que um problema foi detectado em um lote de carne processada pelo JBS.

A resposta é aguardada para o início do próximo mês pelo secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Francisco Jardim. Isso porque a missão que foi aos EUA para discutir a metodologia aplicada no país na análise de carne retorna no dia 30.

Jardim evitou comentar sobre possível adiamento da posição norte-americana após um segundo problema na exportação de um lote da JBS foi detectado.

Em nota enviada à imprensa, a Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec) salientou que a inconformidade em lotes do produto não significa que toda a carne brasileira exportada para os Estados Unidos está imprópria para o consumo. Desde que foi detectado o problema, a Abiec tem trabalhado em estreita parceria com o Ministério da Agricultura para prestar todas as informações necessárias e correlacionadas a esse evento pontual, informou a nota.

Os jogos da Copa do Mundo têm antecipado os fins de semana de muitos torcedores, que transferem o tradicional churrasco de sábado para o meio da semana nos dias das partidas da seleção brasileira. É o que mostra levantamento divulgado pelo frigorífico Quatro Marcos. Entre os dias 13 e 15 de junho, horas antes da estreia do Brasil no Mundial contra a Coreia do Norte, a venda de carne cresceu 20% no varejo em relação ao mesmo intervalo do ano passado. No atacado, o resultado foi ainda maior, de 25% em relação ao mesmo período de 2009.


b) Algodão ocupa área de soja e deve avançar até 20% em 2011

A área de algodão no Brasil será aumentada entre 15% e 20% na safra 2010/2011, segundo especialistas ouvidos pela reportagem do DCI. O Mato Grosso, principal produtor do País, deve ter um espaço ampliado entre 10% e 15%, de acordo com a Associação Mato-grossense dos Produtores de algodão (Ampa). Atualmente, foram plantados 422 mil hectares da cultura no estado e, se a previsão se mantiver, o número será de 483 mil hectares para a próxima temporada. Atualmente, há aproximadamente 836 mil hectares de plantação de fibra no Brasil. De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores de algodão (Abrapa), com o aumento de área, a produção do algodão poderá subir para 1 milhão de toneladas. Os preços do algodão estão atrativos e, por isso, os produtores já venderam parte de seus cultivos, afirmou Haroldo Cunha, presidente da Abrapa. Segundo o executivo, foram vendidas, até agora, entre 300 mil e 400 mil toneladas.

A maior parte foi negociada com o mercado internacional, contou. O acréscimo de espaço para a cotonicultura no País será proporcional aos estados que mais produzem algodão. Para o presidente da Abrapa, Mato Grosso terá ganho de 90 mil hectares; enquanto Bahia, 50 mil; e Goiás, 25 mil hectares.

Gilson Ferrúcio Pinesso, presidente da Ampa, também atribui o acréscimo da área da cotonicultura aos contratos já acertados para os mercados externo e interno. Principalmente, o mercado doméstico, que está consumindo bem, afirmou. De acordo com Flávio Roberto de França Junior, diretor de Produção da Safras & Mercado e analista de soja, o baixo preço da oleaginosa - hoje a cerca de R$ 40, em Paranaguá -, causa redução de área e aumenta espaço para a entrada da fibra. Segundo Miguel Biegai Júnior, especialista da Safras & Mercado, o ideal é que produtores tenham entre 50% e 60% de negócios definidos com a exportação e demanda interna. Até 60%, o produtor está na margem de segurança. Se tudo correr bem, sem interferências climáticas, ele poderá ter lucro na próxima safra, explicou Biegai.

Para o analista da safras & Mercado, o aumento de área é uma recuperação do setor. A safra 2010/2011 será plantada em dezembro e janeiro e colhida entre junho e julho. O algodão havia perdido área para a soja. Agora, é um processo de retomada, o mercado interno está aquecido e os preços estão melhorando, disse. Em junho, a libra-peso da pluma estava cotada em R$ 1,51, de acordo com o indicador Cepea/Esalq. Hoje, após uma alta na última sexta-feira, a fibra está cotada em R$ 1,65 a libra-peso. Ainda no último mês, a valorização na bolsa de Nova York foi de 4,73%.

De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores de algodão (Abrapa), até o momento, foi colhido da pluma brasileira entre 15% e 20%. O setor pode ter uma quebra na safra 2009/2010, que tinha previsão de 1,250 milhão de toneladas. Segundo Biegai, uma estiagem nos meses de março e abril prejudicou a plantação de estados como Mato Grosso, Bahia, Goiás e Mato Grosso do Sul, assim como problemas com praga e mudanças no clima, que travam o desenvolvimento do algodão. Goiás pode ter uma quebra de 5% a 10%. Se a projeção se concretizar, a safra poderá cair para 1,150 milhão de toneladas. No entanto, só estaremos certo disso no fim deste mês, disse o analista, que acredita, para este ano, um consumo interno de 1 milhão de toneladas de fibra.

Segundo Pinesso, Mato Grosso terá uma queda significativa. Projetamos uma redução na produtividade em até 15%. O peso da pluma está abaixo do normal, por causa da falta de chuva desses meses março e abril, comentou. Segundo Cunha, a quebra do estado será maior em função de uma plantação tardia em meados de janeiro. Mato Grosso exporta por ano cerca de 300 mil toneladas de algodão e é responsável por 58% das vendas para fora do País. Por ano, o Brasil embarca 500 mil toneladas de fibra.

O presidente da Abrapa aponta uma perda menor no Estado da Bahia - segundo no ranking brasileiro de produção - , de 5%. Já em Goiás, Cunha afirmou que ainda é cedo para dizer em porcentagens, no entanto, a tendência de queda atingirá, de fato, o estado goiano.

A área de algodão no Brasil será aumentada entre 15% e 20% na safra 2010/2011, segundo especialistas. O Mato Grosso, principal produtor do País, deve ter um espaço ampliado entre 10% e 15%, de acordo com dados da Associação Mato-grossense dos Produtores de algodão (Ampa).

No estado, a cultura vem tomando o espaço antes destinado à soja. Atualmente, foram plantados 422 mil hectares de algodão no Mato Grosso e, se a previsão se mantiver, o número será de 483 mil hectares na próxima temporada.


c) Exportações do agronegócio aumentam 22%

O desempenho das exportações do agronegócio brasileiro é bem melhor neste ano do que em 2009. O saldo acumulado pelos cinco principais produtos já soma US$ 22,9 bilhões no primeiro semestre, 22% acima do obtido em igual período de 2009.

Esse saldo só não é maior porque o carro-chefe do setor, a soja, teve ritmo menor tanto no volume exportado como nas receitas obtidas, segundo a Secex (Secretaria de Comércio Exterior).

Uma das principais melhoras neste ano ficou com o setor de carnes, que, além de exportar volume maior, obteve preços melhores.

Os dados da Secex indicam que as vendas externas de carne de frango in natura subiram para 307 mil toneladas em junho, 6% a mais do que em maio.

A exportação de carne bovina in natura também passa por um bom momento. O volume exportado em junho foi de 96,4 mil toneladas, superando em 7% tanto as vendas externas de maio como as de junho de 2009.

A carne bovina foi o setor que teve a maior recuperação nos preços externos. As receitas do primeiro semestre somaram US$ 1,94 bilhão, com alta de 42% em relação a igual período anterior. A venda de milho perdeu ritmo e caiu 28%. Oferta mundial maior e menor competitividade do produto brasileiro, devido ao câmbio, reduziram as receitas para US$ 414 milhões no semestre.


Mercosul

a) Produção de grãos argentina baterá recorde

O ministro de Agricultura da Argentina, Julián Domínguez, anunciou na sexta-feira que a produção de grãos do país atingirá recorde de 100 milhões de toneladas. Segundo ele, a supersafra inclui também aumento da produção de trigo, o que deixa o país em condições de ampliar suas exportações do cereal para o Brasil, principal importador. Estou convencido de que este ano vamos superar os 100 milhões de toneladas, com recorde de produtividade, e não só em soja, disse Domínguez. Até o momento, as estimativas da produção total de grãos superavam a casa dos 90 milhões, mas não chegavam ao volume projetado pelo ministro na sexta-feira.

De acordo com ele, a aposta é chegar a 150 milhões de toneladas de grãos nos próximos anos. Contudo, ele reconheceu que falta projetar o futuro. Parte da estratégia oficial diz respeito ao estímulo ao agricultor para que não se restrinja ao cultivo da soja. Neste sentido, ele mencionou que a produção de trigo desse ano será muito maior que a última colheita. Estamos estimando 4,5 milhões de hectares implantados com trigo, com uma produção de 14 milhões de toneladas, quase duplicando a safra anterior, disse ele.

Em relação ao embarque de óleo da China, Domínguez informou ainda que os embarques começaram a ser normalizados na sexta-feira. Desde abril, Argentina e China travam uma disputa comercial que levou à suspensão das importações chinesas.


b) Argentina contraria o G-20 e aperta o cerco sobre importações

O governo da Argentina pretende aumentar o cerco às importações, apesar do compromisso assumido com o Grupo dos 20 (G-20, que reúne as nações mais industrializadas e as principais potências emergentes do mundo) de não colocar barreiras ao comércio.

O aviso foi dado pelo secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno, que se reuniu com os empresários para dizer que só pode importar quem exportar e em proporções iguais. A Argentina está preocupada com o aumento das importações, de 72% em maio, enquanto as exportações subiram só 25%, na comparação anualizada. A ordem é evitar a redução do superávit comercial e a consequente pressão sobre o câmbio.

Devem exportar o mesmo valor que importam, caso contrário, não poderão importar, disse Moreno em algumas das reuniões que têm realizado com empresários, conforme relato de fontes ligadas à Câmara de importadores (Cira). Não há uma norma que formalize as restrições às importações locais. Trata-se de um controle administrativo aplicado na aduana para que o produto não entre no país.

A advertência de Moreno ocorreu apenas um dia depois de participar da reunião entre os ministros brasileiros da Fazenda, Guido Mantega, e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, com os ministros argentinos da Economia, Amado Boudou, e da Indústria, Débora Giorgi, na quinta-feira. Foi a primeira vez que o secretário participou de um encontro bilateral.

Os alimentos do Brasil vão poder entrar no país, mas os importadores vão ter de usar o Sistema de Moedas Locais, ou seja, pesos e reais, para o intercâmbio comercial. Não querem os funcionários que o mercado de câmbio esteja inundado de dólares. Para nós, não há problema porque não muda nada realizar as operações em pesos, reais ou dólares, disse uma das fontes.

O setor de autopeças também recebeu a orientação de importar peças do Brasil usando o SML, criado em outubro de 2008 para eliminar o dólar das transações comerciais. Mas o Brasil não é o único a sofrer as barreiras. Tanto que o porta-voz da União Europeia, John Clancy, acusou a Argentina de aplicar medidas protecionistas e pediu que o governo deixe imediatamente de bloquear as importações europeias. Estamos muito preocupados porque a situação atual está tendo um impacto negativo em algumas exportações de produtos comestíveis da União Europeia, disse Clancy às agências internacionais.


Organização Mundial do Comércio (OMC)

a) Aviação: Consórcio europeu diz que vai recorrer

A empresa afirmou que vai apelar da decisão da OMC. Caso condenada, ela pode ser obrigada a devolver parte do dinheiro ou até dar aos EUA (que entraram com a ação em 2004 para proteger a competitividade da Boeing) a chance de aumentar a tarifa de importação de produtos europeus.


Plano Internacional

a) Brasil tenta incluir Irã na pauta

Menos de um mês depois de amargar uma derrota no Conselho de Segurança das Nações Unidas, quando Brasil e Turquia foram os únicos países a votarem contra a aplicação de nova rodada de sanções aos iranianos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe nesta quarta-feira seu colega sírio Bashar al-Assad. O encontro foi acertado em abril deste ano, num contexto diferente do atual: na época, predominava o interesse do Brasil como facilitador de uma negociação de paz entre israelenses e palestinos. Agora, não há como fugir da questão envolvendo a política nuclear do Irã, que tem a Síria como um de seus maiores aliados.

A agenda da visita de Assad ainda não foi divulgada pelo governo brasileiro, mas a expectativa é a de que o Irã entre na pauta. Segundo previu ontem um diplomata, esperase que Lula peça a Assad que convença o líder iraniano Mahmoud Ahmadinejad a manter sobre a mesa a Declaração de Teerã, que estabelece um acordo de troca de urânio levemente enriquecido por combustível entre o país persa e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

É a primeira visita do presidente sírio à América Latina Brasil e Turquia são signatários do documento, firmado em 17 de maio último. Um ponto a ser explorado diz respeito à proposta da França que, embora tenha concordado com as novas sanções, passou a defender a retomada do diálogo entre o Irã e a AIEA.

Assad preside um país que, junto com o Irã, está em uma lista, formulada pelo Departamento de Estado americano, de nações que fariam parte do chamado “Eixo do Mal”; ou seja, aqueles que apoiariam o terrorismo. Para melhorar sua imagem, ele faz, pela primeira vez, um périplo na América Latina.

Antes do Brasil, Assad visita a Venezuela e Cuba, e daqui seguirá para a Argentina.

O episódio que culminou na aprovação de novas sanções ao Irã acabou desgastando as relações entre Brasil e Estados Unidos. O chanceler brasileiro, Celso Amorim, já avisou que só tentará mediar uma negociação se for oficialmente convidado pelos EUA .

Washington esfriou as relações com Brasília, suspendendo os contatos, antes frequentes, com autoridades brasileiras. EUA e Israel veem a Síria e Irã como inimigos em potencial. Afirmam que Damasco e Teerã financiam grupos radicais islâmicos — o Hezbolah, no Líbano; e o Hamas, na Faixa de Gaza, Palestina. Segundo uma fonte do governo brasileiro, preocupa também o fato de Assad ter adotado um discurso de advertência quanto à possibilidade de uma nova guerra no Oriente Médio, devido à operação militar israelense contra a frota de ajuda humanitária para Gaza.


b) China e Taiwan celebram acordo comercial histórico

China e Taiwan assinaram um histórico acordo comercial, que pode ampliar transações bilaterais hoje no patamar dos US$ 100 bilhões e facilitar laços políticos entre a ilha, extremamente exportadora, e a terceira maior economia do mundo. O Acordo de Cooperação Econômica, o maior entre os dois países em 60 anos, reduz as tarifas de importação de 800 produtos e abre o setor de serviços.

Ao assinar o acordo na cidade chinesa de Chongqing, os negociadores falaram de uma nova era entre os dois países — que vivem à sombra de um confronto militar desde que Taiwan e China se separaram em meio a uma guerra civil em 1949.

Chongqing foi a sede na China do partido Kuomintang, que governa Taiwan desde que perdeu a guerra civil para os comunistas de Mao Tsé-Tung.

— Este é um momento crítico no desenvolvimento de relações de longo prazo. Devemos usar essa oportunidade para trabalhar juntos e construir uma confiança mútua — disse Chiang Pin-Kung, presidente da Straits Exchange Foundation, órgão de Taiwan que trata das relações com a China.

— É um novo marco para as duas economias.

As negociações que resultaram nesse acordo começaram em 2008, pela iniciativa do presidente de Taiwan, Ma Ying-Jeou. O governo espera que esse acordo abra as portas para negociações bilaterais com grandes economias como Japão e Estados Unidos.


c) Comissão Europeia apresenta proposta de supervisão financeira

A Comissão Europeia (CE, braço executivo da União Europeia) propôs um compromisso para a legislação que vai reformar a estrutura da supervisão sobre instituições financeiras na União Europeia (UE), em uma tentativa de acabar com um impasse sobre quanto poder as novas agências regulatórias do bloco devem ter sobre esse setor.

O Parlamento Europeu e o Conselho Europeu, que representam os governos nacionais da UE, aprovaram versões diferentes da legislação. O Parlamento quer dar às novas agências amplos poderes sobre os bancos, as instituições financeiras e companhias de seguros dos 27 países do bloco, enquanto o Conselho quer manter a maior parte dessa autoridade com os governos nacionais.

A proposta da Comissão, que é o braço executivo da UE, permitiria que as agências supervisionassem as empresas financeiras diretamente em situações de emergência, como proposto pelo Parlamento. Também permitiria uma supervisão direta em casos em que os reguladores nacionais discordem sobre a fiscalização de uma instituição com operações em vários países da UE.

Para satisfazer o Conselho, o compromisso preservaria uma cláusula de que nenhuma decisão dessas novas agências poderia intervir sobre as questões fiscais de um governo nacional, de nenhuma forma. O compromisso também permite que o Conselho determine quando existe uma situação de emergência, o que daria poderes de supervisão direta para as novas agências.

Ainda não está claro se os dois lados vão aceitar o compromisso. Líderes da UE recentemente pressionaram os negociadores, porque o impasse está ameaçando prejudicar os planos de ter as novas agências funcionando no começo de 2011.

O Japão decidiu expandir sua linha de crédito para a Grécia para 200 bilhões de ienes (cerca de 2,2 bilhões) para ajudar a estabilizar a economia global e evitar apreciação maior do iene, dias antes do encontro dos líderes do Grupo dos 20 (G-20, que reúne ricos e emergentes), informou o jornal Nikkei. Os recursos serão emprestados à Grécia por meio do Fundo Monetário Internacional (FMI) até 2012.

O Japão pretende evitar que a crise europeia prejudique a economia japonesa e o mercado de bônus. O governo japonês quer proteger a competitividade internacional para as exportações japonesas, as quais têm sido ameaçadas pela apreciação do iene provocada pelos problemas na Europa.


d) China e Taiwan fazem acordo comercial amplo

O governo de Taiwan anunciou que o país assinará um acordo comercial com a China no próximo dia 29 de junho, em uma cerimônia na cidade chinesa de Chongqing. Os laços econômicos entre os dois países têm se intensificado nos últimos anos, depois de décadas de hostilidade, e o acordo vai remover muitas das barreiras que persistem para o comércio e os investimentos, de acordo com especialistas em política internacional.

De acordo com informações de Huang Chih-peng, diretor-geral do escritório de comércio exterior de Taiwan, cerca de 150 produtos entram em uma lista cuja taxação será reduzida. Entre esses itens, segundo o executivo, estão 69 tipos de produtos de maquinaria, 42 tipos de produtos petroquímicos, 22 tipos de têxteis e 17 tipos de autopeças que entram em Taiwan provenientes do mercado chinês terão suas tarifas rebaixadas após a assinatura do Acordo Básico de Cooperação Econômica (ECFA) na próxima semana.

Huang Chih-peng acrescentou que a China vai reduzir suas tarifas para 136 produtos têxteis, 107 produtos de maquinaria, 88 produtos petroquímicos, 50 tipos de autopeças e 18 produtos agrícolas produzidos em Taiwan. No entanto, produtos agrícolas chineses não são parte do acordo, o que já era esperado.

O acordo também prevê que a China dê tratamento preferencial para que bancos e empresas controladoras de hospitais de Taiwan passem a atuar no país. Os bancos de Taiwan poderão conceder empréstimos em iuane na China dois anos depois de abrirem agências no país - exceto na concessão de créditos para subsidiárias chinesas de empresas de Taiwan; neste caso, o prazo será de apenas um ano.

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