14 a 18 de junho de 2010

Comércio Exterior

Resultados
Exportação acumula crescimento de 30,85%

Investimentos

Real já é a 2ª moeda mais negociada no mercado futuro

Agronegócio

Coreia e Japão são os novos destinos dos suínos brasileiros
Soja volta a cair com ajuste de preços no mercado interno
Açúcar vive onda de fusões e aquisições

Mercosul

Argentina deixa de vender US$ 130 milhões por desrespeito à Cota Hilton
Brasil perde para China no mercado argentino
Brasil puxa alta do PIB da América Latina

Organização Mundial do Comércio (OMC)

Americanos sinalizam com mudanças nos subsídios

Plano Internacional

Seul lança regras cambiais para conter mercados
Em meio à crise, Grécia busca aporte externo e fecha 14 acordos com China
G20 decide entre ajuste e estímulo



Comércio Exterior

a) Resultados

A balança comercial da segunda semana de junho fechou com déficit de US$ 166 milhões e média diária de menos US$ 33,2 milhões. O saldo comercial negativo foi resultante da diferença entre exportações de US$ 3,767 bilhões (média diária de US$ 753,4 milhões) e importações de US$ 3,933 bilhões (média diária de US$ 786,6 milhões). Em consequência, a corrente de comércio fechou o período em US$ 7,7 bilhões (média diária de US$ 1,540 bilhão).

As exportações da segunda semana são 29,4% inferior à média de US$ 1,067 bilhão da primeira semana. Houve redução nas vendas das três categorias de produtos: básicos (-45,9%), manufaturados (-10,7%) e semimanufaturados (-9,1%).

Do lado das importações, houve acréscimo de 14,7% sobre igual período comparativo.

No mês o superávit foi de US$ 979 milhões e a média diária de US$ 122,4 milhões. Somando as duas semanas de junho, as exportações chegaram a US$ 6,969 bilhões (média diária de US$ 871,1 milhões) e as importações a US$ 5,990 bilhões (média diária de US$ 748,8 milhões). A corrente de comércio somou US$ 12,959 bilhões (média diária de US$ 1,619 bilhão).

Na comparação com todo o mês de maio deste ano (média diária de US$ 843 milhões), as exportações cresceram 3,3%, devido ao aumento nas vendas de produtos semimanufaturados (12,6%) e manufaturados (3,6%), enquanto decresceram as vendas de básicos (-1,4%). Em relação ao junho de 2009 (média diária de US$ 689 milhões), o acréscimo foi maior, com as exportações tendo aumentado 26,4%. Cresceram as vendas de produtos das três classes: semimanufaturados (57%), básicos (24,7%) e manufaturados (17,3%).

Nas importações, a média diária até a segunda semana de junho de 2010 ficou 59,4% acima da média de junho de 2009 (US$ 469,7 milhões) e 10,3% superior a de maio último (US$ 679 milhões).

A corrente de comércio teve 6,4% a mais na comparação com maio último e 39,8% frente a junho do ano passado. Por outro lado, o saldo comercial caiu 25,4% se comparado com maio de 2010 e 44,2% em relação a junho de 2009. No acumulado do ano, o superávit da balança comercial foi de US$ 6,588 bilhões. O resultado foi 41,4% menor que o registrado no mesmo período do ano passado. Nas exportações o resultado deste ano está 28,5% acima do registrado de janeiro a segunda semana de junho de 2009. As importações também aumentaram, na mesma comparação. Este ano houve acréscimo de 44,2%.


b) Exportação acumula crescimento de 30,85%

O Distrito Federal exportou nos primeiros cinco meses deste ano 30,85% a mais que no mesmo período de 2009. As vendas externas no acumulado de 2010 atingiram no mês passado o montante de US$ 55,5 milhões — o equivalente a R$ 99,3 milhões de acordo com a cotação de ontem. A análise foi divulgada pela Federação das Indústrias do DF (Fibra), com base em dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Entre janeiro e maio de 2009, o volume de exportações na capital do país fechou em US$ 42,3 milhões. “Os dados mais recentes ilustram o melhor momento em relação ao ano passado”, disse o presidente da Fibra, Antônio Rocha. A média mensal de vendas externas — que era de US$ 8,4 mil em 2009 — está em US$ 11,1 mil. Só no mês passado, o DF exportou US$ 13,5 mil, contra US$ 8,9 mil comercializados em maio do ano anterior.

O bom desempenho reflete um aumento das vendas de bens de consumo. A principal mercadoria comercializada continua sendo a carne de frango, responsável por 81,65% do total. Produtos de consumo de bordo, combustíveis e lubrificantes para aeronaves aparecem em segundo lugar, com 12,87%. A Venezuela se mantém no topo do ranking dos países(1) para onde Brasília mais exporta (35,64%), seguida de Arábia Saudita (12,58%), de Portugal (9,52%), de Hong Kong (7%) e dos Emirados Árabes (6,94%).

Quanto às importações, o DF alcançou US$ 177,1 milhões em maio — crescimento de 94,10% comparado ao mesmo mês de 2009 (US$ 91,2 milhões). No acumulado de 2010, o saldo apresenta um aumento de 86,36% na comparação com igual período de 2009. As importações continuam concentradas em cinco países: Canadá (34,03%), Estados Unidos (13,66%), Alemanha (11%), Reino Unido (8,69%) e Suíça (7,17%).


Investimentos

a) Real já é a 2ª moeda mais negociada no mercado futuro

Levantamento do Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês) mostra que a moeda brasileira, o real, já é a segunda moeda mais negociada do mundo no mercado futuro e de opções, atrás apenas do dólar e à frente do euro.

O BIS afirmou, em relatório, que o volume de posições em aberto em contratos futuros e de opções da moeda brasileira subiu 41% nos primeiros três meses de 2010 e chegou à cifra de US$ 140 bilhões de dólares. A importância da moeda brasileira no segmento de moedas do mercado de futuros e opções se deve ao fato de haver comparativamente poucos negócios no mercado de balcão, informou o banco.

O banco destaca que a moeda brasileira é atraente para investidores graças à força da economia do País, à sua alta taxa de juros, a Selic - hoje a 10,25%- e ao seu status de moeda atrelada a commodities. Contudo, o real continua sendo uma moeda vulnerável em tempos de grande aversão a risco nos mercados financeiros, afirmou a nota.

Na visão do ministro da Fazenda, Guido Mantega, vários fatores fazem com que a moeda ganhe status internacional. A economia brasileira está mais líquida, os títulos brasileiros estão mais líquidos; a moeda inspira mais confiança e também tem outra razão: a rentabilidade do nosso mercado futuro é maior, devido ao fato de a taxa de juros ser maior, ressaltou, durante apresentação ao Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social.

Para o ministro, o fato de o real ter ultrapassado moedas como o euro e o iene nas negociações futuras é bom para o País. Podemos dizer que a nossa moeda é uma moeda de curso internacional, tem segurança, garantia e atratividade.

No campo do comércio exterior, Mantega rebateu as críticas de que o Brasil está dando mais ênfase a produtos primários do que a manufaturados. Hoje, o que está dando mais dinheiro para o Brasil é o minério de ferro, não o setor siderúrgico, afirmou.

Ainda em relação às commodities, o ministro da Fazenda destacou que faltará alimento no mundo nos próximos anos em razão da demanda elevada. E qual será o país que atenderá a esse aumento da demanda? O Brasil, enfatizou o ministro da Fazenda.

O gerente de Operações da Confidence Câmbio, Felipe Pellegrini, diz que o fato de o real ser a segunda moeda mais negociada no mundo precisa ser analisado com cuidado. A notícia em si não impacta o mercado, se não o diagnóstico seria uma grande baixa da moeda norte-americana.

Ele explica que a maioria dos contratos futuros é de operações de curto prazo e que os investidores estrangeiros buscam as altas taxas de juros praticadas no Brasil. Pode ser bom por atrair o câmbio-turismo. Fica fácil viajar para fora. Contudo, o lado ruim da história é que o dinheiro fica pouco no País e não faz investimentos. Para ele, o movimento é nitidamente especulativo, sem envolver investimentos diretos.

Quando questionado se concorda com os analistas que preveem queda da taxa Selic até 2012, Pellegrini ressaltou que taxas de juros altas atraem o investidor estrangeiro. O mercado sente que o movimento será de altas taxas de juros, apesar de um ano eleitoral. No longo prazo, deverá diminuir, mas não dá para afirmar.

Para ele, o Brasil poderia praticar taxas de juros menores. Uma das soluções, segundo ele, seria o incentivo à produção. Ainda que tenhamos pressões inflacionárias, há outras maneiras de segurar a inflação sem elevar a Selic. Hoje, a procura é maior que a oferta. A solução é frear com taxas maiores, ou incentivar a oferta?

Pellegrini enxerga que o fato de um órgão internacional, o BIS, ter emitido o relatório o impacto no exterior pode ser maior. Fica a propaganda para o Brasil, pois a notícia será lida no mundo todo. Para nós, o melhor cenário seria se os grandes investidores colocassem o dinheiro no longo prazo e incentivassem a produção nacional, reflete o executivo.

De acordo com ele, o investidor internacional levará em conta as ofertas públicas de ações do Banco do Brasil e da Petrobras, além de outras ofertas públicas iniciais de ações (IPO) no segundo semestre. Podemos ter um aumento do fluxo de dólares.

Para o gerente de câmbio da Treviso Corretora de Câmbio, Reginaldo Galhardo, o fato da moeda brasileira ser a segunda mais negociada no mundo mostra o aumento de credibilidade na imagem do Brasil, perante investidores internacionais.

O gerente explica que o grande volume de negociações em Real acontece porque quando o dinheiro estrangeiro precisa fazer contratos de hedge para negociar.

Existe a segurança de se fazer as negociações no Brasil, pois o investidor sabe que não haverá mudanças de regras no meio do caminho, analisa ele.

Galhardo disse que o País pode caminhar para uma condição de conversão de moeda e se tornar mundial. É importante isso para o Brasil ter este destaque.

O dólar comercial fechou a R$ 1,7833 na compra e a R$ 1,7818 na venda, baixa de 0,32%.

Levantamento do Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês) mostra que a moeda brasileira, o real, já é a segunda mais negociada do mundo no mercado futuro e de opções, atrás apenas do dólar e à frente do euro. A instituição afirmou em relatório que o volume de posições em aberto em contratos futuros e de opções da moeda brasileira subiu 41% nos primeiros três meses de 2010 e chegou à cifra de US$ 140 bilhões de dólares.

A importância da moeda brasileira no segmento de moedas do mercado de futuros e opções se deve ao fato de haver comparativamente poucos negócios no mercado de balcão, informou o banco.


Agronegócio

a) Coreia e Japão são os novos destinos dos suínos brasileiros

De olho nos mercados de Coreia do Sul, Japão e China, o Brasil espera ampliar a exportação de carne suína. Por enquanto, segundo Pedro de Camargo Neto, presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne suína (Abipecs), o momento é de preparação para atender às exigências sanitárias. O executivo acrescenta ainda que, caso haja acordo, o País poderá iniciar as comercializações no próximo ano.

O Brasil caminha para se adequar às barreiras sanitárias impostas por esses mercados como, por exemplo, o ajuste de cortes da carne, afirmou. O executivo disse também que as vendas devem ser concretizadas em 2010. Demora alguns anos para conquistar uma parcela importante para a exportação, explicou. Questionado pelo DCI em quanto as exportações brasileiras poderiam aumentar, Neto preferiu não dar estimativas. Mas assegurou que, no segundo semestre, o setor deve vender mais que no primeiro.

As embarcações suínas, em maio deste ano, apresentaram uma receita total de US$ 118 milhões, 15% superior à de igual período de 2009. O volume exportado foi de 46.028 toneladas, 11% inferior ao do último ano. A redução em volume é proveniente de um menor embarque para a Rússia, principal destino das vendas externas. Recentemente, os russos restringiram parte do envio de carnes de algumas empresas brasileiras ao seu país.

Para Rogério Kerber, diretor executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos suínos (Sips), não há a possibilidade do País negociar com os japoneses (tiveram problema com a febre aftosa). É uma negociação inexistente, pois não há acordos sanitários entre as partes, falou. Em 2008, Kerber lembra que houve uma missão japonesa de conhecimento do produto brasileiro: Até então, não há prazo definido.Irineu Wessler, presidente da Associação Brasileira dos Criadores de suínos (ABCS), acredita que a oportunidade de vender para os asiáticos abre a possibilidade de competir com os americanos. Wessler ressalta também o bom momento do mercado interno. As compras internas estão boas e, por isso, a estratégia é se voltar ao interno, mas sem esquecer dos novos mercados, disse. A média anual da produção nacional de carne suína é de 3,2 milhões de toneladas - dessa montante, 600 mil toneladas são exportadas. O Brasil consome 13 kg per capita - 4 kg de carne in natura e 9 kg de produto industrializado -, enquanto a Europa consome, em média, 45 kg per capita.

Em maio, o volume de cortes embarcados apresentou um recuo de 11% se comparado ao mesmo período do último ano - um total de 46 mil toneladas. Losivânio de Lorenzi, vice-presidente da Associação Catarinense dos Criadores de Suíno (ACCS), atribui essa desaceleração ao preço da carne bovina. A carne de boi teve melhor preço, o que causou retração no mercado de suínos, afirmou. Hoje, o preço da carne suína em Santa Catarina está em torno de R$ 2,20 (kg), enquanto em São Paulo é de aproximadamente R$ 49,50 (arroba).

O Brasil embarca, conforme afirmou Wessler, 61% do volume para Rússia e Hong Kong. De acordo com o setor, a crise da União Europeia, em especial na Grécia, ainda não bateu à porta do Brasil. A Europa não é uma grande compradora de suínos do Brasil. Também não houve nenhum corte nas vendas para fora, falou Lorenzi, que crê em uma exportação de 700 mil toneladas em 2010, saldo superior ao do ano passado. Com os problemas de febre aftosa com os animais bovinos no Japão, alguns bois foram abatidos. A expectativa, segundo Lorenzi, é que Santa Catarina seja um dos polos a atender à demanda japonesa.


b) Soja volta a cair com ajuste de preços no mercado interno

As cotações da soja no mercado interno, que vinham se sustentando apesar das quedas na Bolsa de Chicago, voltaram a cair na semana passada, de acordo com relatório semanal publicado pelo Cepea. No início da semana passada, as variações ainda ligeiramente positivas refletiam a boa demanda pelo grão brasileiro para exportação, o comportamento retraído de vendedores e a alta do dólar. Já nos últimos dias, pesou justamente a recuperação do real, com o mercado interno se ajustando ao internacional. No balanço da última semana, o Indicador Cepea/Esalq da soja em grão caiu 1,91%, fechando a R$ 35,39 a saca de 60 kg, na sexta.


c) Açúcar vive onda de fusões e aquisições

A consolidação do mercado brasileiro de açúcar e álcool continua. Enquanto algumas empresas de menor porte são compradas, outras se juntam para enfrentar os novos desafios do setor.

A mais nova união foi a do grupo Clealco -duas usinas- com a Copersucar, que, agora, soma 39 empresas. Para Plinio Nastari, da Datagro, novos investimentos virão e deverão ser destinados a fusões e a aquisições.

No passado, houve um efeito manada devido à empolgação com o etanol. Agora, o mercado está passando por ajustes, disse ele em seminário no final de maio, em Nova York (EUA). Presente ao seminário, Leonardo Bichara da Rocha, da Organização Internacional do açúcar, disse que as grandes empresas representam 30% do setor no Brasil, percentual bem menor do que em outras commodities.

Já o diretor de desenvolvimento de açúcar e bioenergia da Bunge USA, Ben Pearcy, diz que os novos investimentos no setor serão para fusões e aquisições porque ainda há muitas empresas com dificuldades financeiras. A procura é maior do lado vendedor do que do comprador.

No final de dezembro, a Bunge adquiriu cinco das seis usinas do grupo Moema, no interior de São Paulo, por US$ 1,5 bilhão -um dos maiores negócios do setor sucroalcooleiro no país. Com isso, a empresa deve triplicar sua capacidade de produção.

Segundo o executivo, a Bunge continua analisando a possibilidade de novas compras. Se você quer investir em açúcar e etanol, o Brasil é o primeiro lugar para isso. A demanda por etanol está crescendo mais de 10% ao ano, diz Pearcy.

Assim como a Bunge, a Cosan também está aberta às compras, diz Rubens Ometto. Outra que chegou com força no setor e deve elevar participação foi a Petrobras, que está associada à Tereos nos negócios da Guarani.

A volatilidade na cotação do açúcar deve continuar e, pelo menos no curto prazo, o preço baixo também.

Segundo Nastari, cada vez mais o produto está atrelado ao preço do petróleo, já que o Brasil, o maior produtor mundial, destina mais da metade da sua safra de cana à produção de etanol. Enquanto o etanol não for reconhecido como commodity no mercado externo, essa variação no preço vai persistir. Para Nastari, é preciso que sejam criados produtos financeiros, como já existe no mercado de café, por exemplo, para que essa oscilação diminua. A queda recente no preço do açúcar -nos primeiros meses do ano chegou a ter a maior cotação dos últimos 29 anos- também é consequência dos novos números divulgados sobre a safra indiana, na opinião de Rocha.

Em abril, a Índia, que depois da Europa é o maior importador do produto, anunciou que sua safra será bem maior do que o esperado. As projeções iniciais eram de 14 milhões de toneladas, mas a safra irá superar 18 milhões de toneladas, diz Rocha.


Mercosul

a) Argentina deixa de vender US$ 130 milhões por desrespeito à Cota Hilton

O Brasil recebeu uma boa notícia vinda de Buenos Aires: a Argentina deixará de exportar US$ 130 milhões de carne bovina com o não-cumprimento da Cota Hilton - a apreciada fatia de exportação para a Europa com condições tributárias especiais -, segundo cálculos das Confederações Rurais Argentinas (CRA).

A informação pode beneficiar o País no longo prazo uma vez que Brasília tenta há anos ampliar sua participação na cota e conquistar uma fatia maior do mercado europeu. Hoje, o Brasil faz parte da categoria Outros e divide com concorrentes um volume pequeno de exportação.

Essa será a primeira vez em que os argentinos não cumprirão a meta de embarcar 28 mil toneladas do produto. Segundo fontes de mercado, Buenos Aires deve mandar apenas 16 mil toneladas.

As restrições às exportações de produtos agropecuários e, em particular, de carne, impostas pela Secretaria de Comércio Interior e Oncca o organismo que regula o comércio do setor, afetam negativamente o cumprimento dos compromissos assumidos pela Argentina em matéria de Cota Hilton, disse a entidade.

O comunicado afirma que a política de improvisação em matéria de exportação de carnes por parte das autoridades se reflete no atual ciclo 2009/10 da Cota Hilton. Além disso, continua, as restrições imperantes, com a implementação do Pre ROE - uma nova licença de exportação - têm dificultado a integração do negócio de exportação de Hilton, o qual tem levado ao não-cumprimento dos embarques e à falência de muitos negócios que só foram realizados com o objetivo de poder voltar a obter a cota no ciclo seguinte.

O texto detalha que, em abril, ainda não haviam sido distribuídos 60% da cota, que tem um prazo de apenas três meses para ser cumprida e expira em julho. Até o momento, as cifras oficiais dizem que foram embarcados somente 52% do total da cota, disse o presidente da entidade, Mario Llambias. Contudo, a CRA considera que nos próximos dias, devido ao atraso do governo a publicar as estatísticas oficiais, a cifra chegue a 70%. O comunicado põe em dúvida o cumprimento do próximo ciclo, de 2010/2011, e afirma que a perda provocada pelos erros do governo não afeta só os produtores, mas também os trabalhadores da indústria frigorífica e as regiões produtoras.

O Brasil recebeu uma boa notícia vinda de Buenos Aires: a Argentina deixará de exportar US$ 130 milhões em carne bovina com o não-cumprimento da Cota Hilton.


b) Brasil perde para China no mercado argentino

O Brasil continua a perder terreno para a China no mercado argentino de têxteis e confecções. Na comparação do primeiro quadrimestre de 2010 com igual período de 2008, a participação do Brasil nas importações do setor caiu de 33,7% para 28%.


c) Brasil puxa alta do PIB da América Latina

O impacto do maior crescimento brasileiro em mais de uma década não ficou restrito às fronteiras do país. Na América Latina, especialmente no Mercosul, o avanço de 9% do PIB brasileiro ajudou a retomada regional.

Isso acontece porque o aquecimento brasileiro também se reflete no aumento da compra dos vizinhos, especialmente Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile, afirma o argentino Osvaldo Kacef, diretor da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe). Quando o Brasil cresce, é uma grande notícia não apenas para países pequenos, como Paraguai e Uruguai, mas também para a Argentina.

No primeiro trimestre, as importações brasileiras vindas do Mercosul foram 43% maiores que no mesmo período de 2009. Com o Brasil puxando as previsões para a região, o crescimento da América Latina deve ficar atrás só do da Ásia.


Organização Mundial do Comércio (OMC)

a) Americanos sinalizam com mudanças nos subsídios

As negociações entre Brasil e Estados Unidos chegaram à fase final. Os americanos sinalizaram com mudanças nos subsídios aos produtores de algodão em reunião encerrada na última sexta-feira em Washington, confirmaram fontes envolvidas no assunto. O conteúdo das ofertas não foi revelado.

Os técnicos vão apresentar a conclusão das negociações aos ministros que compõem a Câmara de Comércio Exterior (Camex) na quinta-feira. Se os ministros decidirem que o acordo alcançado é suficiente, o Brasil pode adiar a retaliação até 2012, quando o Congresso dos EUA vai discutir a reforma da Farm Bill (Lei Agrícola).

A negociação quase terminou em impasse no fim de maio, quando os EUA disseram que não avançariam mais. Foram necessárias mais duas rodadas de discussões: uma em São Paulo e uma em Washington. Estamos na fase final da negociação, mas não completamos o processo ainda. Os ministros vão decidir se o que alcançarmos será suficiente para prorrogar a retaliação até 2012, disse o diretor do departamento econômico do Itamaraty, Carlos Cosendey.

O Brasil venceu um processo contra os EUA na Organização Mundial de Comércio, que condenou os subsídios aos produtores de algodão. Os EUA não retiraram o apoio aos agricultores e a OMC autorizou a retaliação. No início de abril, o Brasil estava pronto para elevar as tarifas de importação, mas adiou. Os EUA concordaram em conceder um fundo anual de US$ 147 milhões aos produtores brasileiros de algodão.


Plano Internacional

a) Seul lança regras cambiais para conter mercados

A Coreia do Sul anunciou os esperados dispositivos para controlar a volatilidade do won, com o objetivo de reduzir as variações nos fluxos de capital ligados à dívida externa de curto prazo e que representam um risco para o nono maior exportador mundial. As autoridades do país, alarmadas com as oscilações abruptas do won durante a recente turbulência nos mercados, causada por problemas de dívida na Europa, estavam preparando os investidores há semanas para as medidas destinadas a estabilizar a moeda e reduzir empréstimos estrangeiros. As novas restrições limitam as operações de câmbio e derivativos de instituições financeiras em 50% do capital.


b) Em meio à crise, Grécia busca aporte externo e fecha 14 acordos com China

Companhias da China e da Grécia assinaram 14 acordos comerciais nas áreas de navegação, imobiliária e de exportação agrícola, durante a visita de quatro dias do vice-premiê chinês Zhang Dejiang à Grécia. Os governos de ambos países, representados pelo ministro de Desenvolvimento grego Louka Katseli e pelo ministro de Transportes da China Li Shenglin, também firmaram um memorando de entendimento para cooperação na área de transporte marítimo.

O impacto da crise financeira global tem se aprofundado. A decisão do governo chinês de enviar uma delegação para a Grécia nesse momento é parte das medidas práticas da China para fortalecer a cooperação com a Grécia, disse Zhang, segundo a agência chinesa Xinhua.

A Grécia, que se encontra em meio ao difícil programa de austeridade e reformas, previsto para durar três anos, tem buscado ativamente investimentos da China. No ano passado, a gigante chinesa de navegação Cosco assumiu o controle administrativo de um terminal de contêineres no porto de Atenas, como parte de uma concessão de 35 anos, por 3,4 bilhões de euros. E a companhia declarou que está interessada em expandir os investimentos.

Na rodada de negociação, companhias gregas de navegação fecharam acordos com a Cosco para a construção de sete navios de carga seca e de opção para a construção de mais quatro, além de acordo de frete com cinco empresas de transporte de carga seca.

Companhias de navegação da Grécia, que controlam cerca de 15% da frota mundial de cargueiros e petroleiros, e metade da tonelagem (indicação do tamanho da frota, medida pela soma da capacidade dos navios em toneladas) da União Europeia, têm cada vez mais recorrido à China durante a última década para construir novos navios para sua frota.

A série de acordos inclui um negócio estimado em 100 milhões de euros pela companhia imobiliária chinesa BCEGI Group para desenvolver um complexo hoteleiro e comercial no porto de Pireu na região metropolitana de Atenas, enquanto a operadora de telecomunicações grega Hellenic Telecommunications Organization assinou um contrato com a fabricante chinesa de equipamentos Huawei Technologies para a infraestrutura da instalação.

No setor alimentício, foram fechados quatro acordos entre companhias gregas e chinesas referentes a exportações de azeite de oliva da Grécia para a China.


c) G20 decide entre ajuste e estímulo

A cúpula do G20, no próximo fim de semana, será uma grande batalha entre os gritos de crescimento (cantados por EUA e Brasil, principalmente) e de austeridade (ou ajuste fiscal, que a Europa não só grita, mas já faz, precipitadamente).

Não se trata de ilação. Trata-se de informação de quem participou das negociações já havidas em Busan (Coreia do Sul), na reunião de ministros da Fazenda e presidentes de bancos centrais que sempre precede as cúpulas do grupo. Soma-se a essa informação a leitura da carta que o presidente Barack Obama enviou a seus parceiros.

Nela, Obama estabelece muito nitidamente a linha de prioridades. Primeiro, devemos agir juntos para fortalecer a recuperação. Só no médio prazo, é que os países do G20 deveriam comprometer-se a restaurar a sustentabilidade das finanças públicas.

O governo brasileiro assina embaixo, sem nenhuma restrição. O Brasil apoia muito firmemente a tese de que a prioridade tem que ser a consolidação da recuperação e o crescimento, ouviu a Folha no Ministério da Fazenda.

A divergência de enfoque entre americanos e europeus quebra, de certa forma, o principal encanto do G20, clubão das 20 e tantas maiores economias do mundo. Estava dado, precisamente, pela ênfase unitária na necessidade de fornecer o suporte político necessário para manter forte o crescimento econômico, como diz a carta de Obama.

O comunicado de Busan, emitido pelos ministros da Fazenda e presidentes de BCs, carece de uma frase forte a esse respeito, o que os mercados já interpretaram como sinal de uma reversão na posição do G20: da ênfase nos estímulos para o crescimento estar-se-ia passando para a ênfase na austeridade.

Não é bem assim. Primeiro, pela óbvia razão de que governo algum, a menos que tenha enlouquecido, deixará de pôr o crescimento como forte prioridade, mesmo que a prática não leve a tal. Segundo, porque nem EUA nem Brasil negam a necessidade de sustentabilidade fiscal (dívida e deficit públicos em ordem).

O problema é de timing. A Folha ouviu da delegação brasileira que irá a Toronto uma imagem que explica bem a questão: é como se houvesse um carro rolando em pista molhada (a recuperação econômica, frágil e desigual). Aplicar o freio nesse tipo de pista levaria a um cavalo de pau. Ou ao que o jargão adora chamar de recessão double dip, um duplo mergulho na recessão da qual mal se está saindo. Há um segundo ponto tratado na carta de Obama que também arranha a unidade das cúpulas anteriores: o desequilíbrio entre países que exportam demais (China, principalmente, mas também Alemanha e Japão) e países que importam demais (EUA, acima de tudo).

Sem citar países, Obama lembra que na cúpula mais recente (Pittsburgh, setembro de 2009), concordamos que países com superavit externo deveriam fortalecer suas fontes domésticas de crescimento.

Uma das formas mais faladas para tanto seria a China fortalecer sua moeda para reduzir o ímpeto exportador. Os chineses já avisaram que não querem nem ouvir falar do tema em Toronto. É claro que documentos de cúpulas são negociados e tendem a acolchoar divergências. Ocorrerá de novo em Toronto, mas ao custo de aguar a firmeza com que o G20 ajudou a amenizar a crise.


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