31 de maio a 04 de junho de 2010

Comércio Exterior

Resultados
Sudeste asiático se transforma em alternativa para o Brasil
Reajuste fará do minério de ferro o principal item exportado pelo Brasil

Agronegócio

Tendência é de preços da soja em queda no próximo ano
Brasil embarca 2 milhões de sacas de café em maio
Agrícolas mantêm avanço nas exportações
Nas exportações do país, produto brilha como ouro branco

Mercosul

Brasil e Argentina farão reunião trimestral para tratar de agricultura
Argentina volta a ser o principal destino para exportações brasileiras

Organização Mundial do Comércio (OMC)

Acordo com os EUA sobre algodão fica mais distante

Plano Internacional

Euro valerá US$ 1 em 2011, preveem analistas
Vaivém: Exportação agrícola dos EUA atinge US$ 105 bi



Comércio Exterior

a) Resultados

A balança comercial brasileira registrou, em maio, o maior superávit desde junho do ano passado, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). De acordo com a divulgação, o quinto mês do ano fechou com um saldo comercial de US$ 3,443 bilhões, resultado das exportações (US$ 17,702 bilhões, com média diária de US$ 843 milhões) deduzido o valor das as importações (US$ 14,259 bilhões, média diária de US$ 679 milhões).

Frente ao resultado de maio e o aumento de preço de alguns itens importantes, como o minério de ferro e a soja, o governo ampliou para US$ 180 bilhões a meta de exportações para 2010, o valor projetado anteriormente era de US$ 168 bilhões.

A meta poderia ser mais ambiciosa, mas preferimos aguardar os impactos da crise européia no cenário internacional, disse o secretário do Comércio Exterior do Mdic, Welber Barral.

O resultado favorável do Comércio Exterior brasileiro no mês passado é visto na diferença entre os resultados no acumulado deste ano, frente ao mesmo período do ano passado que apresentou uma diminuição. Entre janeiro e abril deste ano o superávit era 67,5% menor do que o valor obtido no primeiro quadrimestre de 2009. Já na análise comparativa de janeiro a maio dos dois anos, a queda é de apenas 40,2%.

Esses desempenhos resultaram numa corrente de comércio (soma das exportações com as importações) de US$ 31,961 bilhões, valor que também é o maior do ano.

Para o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), vários fatores contribuíram positivamente para o resultado de maio. O saldo médio diário avançou 25% frente ao mesmo mês anterior após recuos superiores a 60% entre janeiro e abril de 2010 em função da aceleração das exportações (40,7% frente a maio de 2009, contra 23% em abril), simultaneamente à perda das importações (45,1%, frente ao percentual de 60,8% em abril). Na série dessazonalizada pelo Iedi, a divergência de desempenho é ainda mais evidente: as exportações cresceram 9% frente ao mês anterior e as importações recuaram 8,1%, após 10 meses consecutivos de crescimento, aponta o relatório do Iedi.

Em maio, a média diária das exportações cresceu 40,7% em relação ao mesmo mês do ano passado (US$ 599,2 milhões). Já em relação a abril deste ano - quando a média diária das exportações brasileiras foi de US$ 758,1 milhões - o aumento foi de 11,2%. Por sua vez, as importações, também pelo critério da média diária, registraram incremento de 45,1% sobre maio do ano passado (US$ 468,1 milhões). Entretanto, na comparação com abril deste ano - média diária de US$ 693,9 milhões - houve queda de 2,1%. A média diária do superávit no mês foi de US$ 164 milhões, valor 25% maior que a registrado em maio do ano passado (US$ 131,2 milhões) e 155,6% superior ao valor verificado em abril deste ano (US$ 64,2 milhões).

No acumulado de janeiro a maio de 2010, as exportações brasileiras totalizaram US$ 72,093 bilhões, com média diária de US$ 706,8 milhões, cifra 28,7% maior que a verificada no mesmo período de 2009 (US$ 549,3 milhões).

As importações, no mesmo período, chegaram a US$ 66,476 bilhões, com uma média diária de US$ 651,7 milhões, valor 42,5% acima da registrada de janeiro a maio do ano passado (US$ 457,2 milhões).

No período, o saldo comercial chegou a US$ 5,617 bilhões, com média diária de US$ 55,1 milhões. Por esse critério, o desempenho foi 40,2% menor que o observado entre janeiro e maio de 2009 (US$ 92,1 milhões).

Barral, afirmou que apenas três produtos foram responsáveis pela maior parte do aumento das exportações no mês de maio: minério de ferro, petróleo em bruto e soja em grão. Segundo ele, esses três itens responderam por 53,4% do aumento das vendas externas no mês passado em relação a maio de 2009 e por 70,2% do crescimento frente ao mês de abril.

De acordo com Barral, este fato é perigoso para o País, já que os produtos são commodities, o que deixa a balança vulnerável à variação dos preços internacionais.

O problema não é só exportar commodity. O problema é termos uma dependência muito grande dos preços internacionais, disse Barral. Para ele, é preciso aumentar a competitividade dos produtos brasileiros, principalmente dos industrializados, para enfrentar a concorrência internacional. O Brasil ainda tem custos embutidos nas exportações, como os de logística e tributos, além do câmbio desfavorável. O ministério tem trabalhado para implementar medidas, mas não consegue fazer isso no mesmo ritmo dos desafios que surgem.

A balança comercial brasileira registrou, em maio, o maior superávit desde junho do ano passado, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). De acordo com a divulgação, o quinto mês do ano fechou com um saldo comercial de US$ 3,443 bilhões.

Frente ao resultado de maio e o aumento de preço de alguns itens importantes na pauta de exportações das empresas brasileiras, como o minério de ferro e a soja, o governo decidiu ampliar para US$ 180 bilhões a meta de exportações para 2010, contra os US$ 168 bilhões projetados anteriormente pelo ministério. A meta poderia ser mais ambiciosa, mas preferimos aguardar os impactos da crise europeia no cenário internacional, disse o secretário de Comércio Exterior do Mdic, Welber Barral.


b) Sudeste asiático se transforma em alternativa para o Brasil

A procura por novos mercados para a expansão do comércio internacional brasileiro tem um novo foco, o Sudeste Asiático. De acordo co Michel Alaby, diretor da associação das empresas brasileiras para integração de mercados (Adebim), o Brasil tem elevado a busca por outros mercados, principalmente aos próximos da China, pelos resultados surpreendentes apresentados por estes, além da perda de mercado para a própria China e Estados Unidos.

Não é só o Brasil que está correndo atrás de novos mercados, de novas rotas comerciais. O Sudeste Asiático mostra ao mundo que também está crescendo de forma avassaladora. Temos como destaques a Malásia, a Tailândia, Jordânia, entre outros. O País pode atingir um crescimento de 12% no médio prazo, o que seria um incremento de US$ 5 bilhões na corrente comercial e manter o saldo favorável para nós, explicou Alaby.

Com o objetivo de estreitar as relações com a Jordânia, o chanceler brasileiro Celso Amorim e o ministro das Relações Exteriores da Jordânia, Nasser Judeh, apostaram em conversas para dar continuidade aos esforços de ampliação comercial bilateral.

Estou dando continuidade aos encontros que a nossa majestade o rei Abdullah II teve no Brasil em 2008, afirmou o ministro da Jordânia, Judeh.

Em sua primeira visita a um país da América Latina, o ministro afirmou que a Jordânia pretende organizar, em meados de julho, uma missão comercial ao Brasil. Vai ser uma missão de promoção e cooperação entre os dois países, disse ele durante o Fórum Internacional no Rio de Janeiro.

De acordo com o ministro, a Jordânia pode ser uma porta de entrada para o Brasil entrar em outros países do Sudeste Asiático. Temos muitos projetos. Existem oportunidades para investimento em transporte, tratamento de água, turismo, entre outros, que o Brasil pode colaborar, disse.

Para Michel Alaby, os setores que podem adentrar com maior facilidade são os de alimentos, bens de capital e produtos intermediários. Os países do Oriente Médio não conhecem os produtos e serviços brasileiros tanto quanto deveriam, por isso há uma enorme dificuldade de inserção. As missões empresariais, as feiras internacionais estão abrindo portas. Contudo, tem setores que já possuem uma visão melhor, frisou.

Outros países do Sudeste Asiático, além da China, já começaram a demonstrar um interesse renovado no desenvolvimento das relações com o Brasil e outros países sul-americanos, com maior atenção aos setores energéticos, de matérias-primas e outras áreas estratégicas, afirma o investigador Russel Hsiao.

Num cenário de crise financeira global, as atividades chinesas na América Latina tornaram-se notavelmente mais acentuadas, sublinha Hsiao, a propósito de vários negócios concretizados nas últimas semanas, em particular no Brasil.

Dado o nível de desenvolvimento relativamente sofisticado de Brasil e Argentina em vários setores de alta tecnologia, não é surpreendente ver estes dois países tornarem-se polos na corrida dos países asiáticos à região, afirma, citando os casos da energia nuclear, indústria aeroespacial e telecomunicações.

Para a secretária executiva da Cepal, Alicia Bárcena, o Brasil não pode substituir a dependência dos Estados Unidos nos anos de 1980 e 1990 pela dependência da China, mesmo diante das perspectivas promissoras da economia do país asiático. A América Latina não pode passar de uma dependência para outra.

Para superar essa condição é necessário que os países superem sua condição de exportadores de matérias-primas e diversifiquem seus parceiros econômicos, defendeu Alicia.

Os dados do Ministério do Desenvolvimento (Mdic) apontam que a corrente de comércio entre o Brasil e os países que compões o Sudeste Asiático cresceu 32,73%, na comparação do primeiro quadrimestre deste ano com o mesmo período de 2009.

Os números mostram que as exportações este ano atingiram a marca de US$ 54,391 milhões ante aos US$ 43,499 milhões dos quatro primeiros meses do ano passado. As importações por sua vez resultaram em US$ 52,216 milhões frente aos US$ 36,818 milhões apresentados no mesmo período de 2009.

Para Rodrigo Bourguignon, gerente comercial da Pedra Rio, ainda são necessários alguns ajustes para que as exportações possam aumentar, mas que há muito interesse no crescimento das vendas. É um mercado com o qual podemos negociar um tipo de material que os outros não aceitam, conta Bourguignon.


c) Reajuste fará do minério de ferro o principal item exportado pelo Brasil

Com o reajuste de preços efetuado pela Vale em abril, o minério de ferro deve se tornar o principal item da pauta de exportações brasileira em maio, estabelecendo também um novo recorde de receitas, acima de US$ 2 bilhões. Um novo aumento de preços não só elevará essa marca mensal, mas proporcionará ao país um superávit substancialmente superior às projeções atuais dos analistas.

— Teremos números surpreendentes, porque pela primeira vez um único item da pauta de exportações vai superar os US$ 2 bilhões em um mês — diz José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), sobre os números que o Ministério do Desenvolvimento divulgou sobre a balança em maio.

Segundo ele, as receitas com exportações de minério de ferro, de US$ 13,2 bilhões em 2009, atingiriam cerca de US$ 22 bilhões este ano, mantidos os preços atuais. Com a perspectiva de nova alta — e supondo-se que ela seja de 30% a partir de julho —, a receita do país com a exportação do minério chegaria a US$ 25 bilhões. A Vale responde por 90% do minério de ferro exportado pelo Brasil.

— Mais do que nunca, o minério de ferro se firma como o principal item da pauta de exportações brasileira.

No fim de 2009, a AEB estimava em US$ 12 bilhões o superávit da balança comercial este ano. Com o reajuste do minério em abril, de 90%, a projeção passou a US$ 20 bilhões.

Siderúrgicas e empresas vão repassar novas altas Ubirajara Choairi, diretor da área de Veículos e Marketing da fabricante de caminhões e chassis para ônibus Agrale, espera nova queda de braço com os fornecedores de aço por causa do reajuste do minério de ferro. Segundo ele, parte do reajuste será repassada aos clientes. A Usiminas, que após o reajuste de abril elevou seus preços de 10% a 15%, também fala em repasse. O presidente-executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo, afirma que não há como as siderúrgicas absorverem novos reajustes, pois minério e carvão respondem por 50% do preço do aço: — Esse novo modelo de reajustes trimestrais traz muita instabilidade para o setor.

Mas ele não acredita que um eventual reajuste nos preços dos produtos siderúrgicos provoque um efeito cascata em carros e eletrodomésticos. Em simulação feita pelo instituto, um aumento de 20% no aço elevaria em 1,6% o preço de um Gol, por exemplo.

O banco Credit Suisse e a corretora SLW preveem reajustes entre 30% e 35%, o que levaria o preço da tonelada do minério de ferro a entre US$ 142 e US$ 149 a partir de 1ode julho.

Caso as previsões se confirmem, o novo preço será 150% superior ao de 2009 (US$ 56).

A Vale diz que o novo reajuste será automático, mas não revela o índice. O analista de mineração da SLW, Pedro Galdi, vê uma tendência ao preço se estabilizar ou cair no próximo trimestre, devido à provável queda do consumo na Europa. Ele estima que o preço da tonelada do minério feche o ano a US$ 150.

Essa estimativa contribuiu para que, depois de 18 semanas em alta, as projeções de inflação ficassem estáveis na última pesquisa Focus, do Banco Central (BC). Pesou ainda a expectativa de alta na Taxa Selic — hoje em 9,50% ao ano — e de acomodação dos preços dos alimentos. A projeção para o IPCA em 2010 permaneceu em 5,67%. Para 2011, ficou em 4,80%. Nas expectativas de 12 meses, o IPCA caiu de 4,81% para 4,76%, mais perto do centro da meta do governo, de 4,5%, para 2010 e 2011.

— Ainda há incerteza sobre a crise europeia, mas pode-se esperar uma acomodação nos preços das commodities — disse o economista-chefe do banco Schaim, Sílvio Campos Neto.

O Focus também manteve a estimativa de que a Selic chegará em dezembro em 11,75% ao ano. Já a projeção para o crescimento da economia brasileira este ano passou de 6,46% para 6,47%.


Agronegócio

a) Tendência é de preços da soja em queda no próximo ano

A cotação da soja, em torno de R$ 39, baseada no Porto de Paranaguá, apresenta baixa, ante o mesmo período do ano passado, quando estava cerca de R$ 54. A queda é em função de uma forte pressão nos preços do mercado internacional. Em 2011, a tendência é também de preços baixos, mas por outro motivo: produtores devem optar por plantar mais oleaginosa em vez do milho.

Rafael Ribeiro, especialista da Scot Consultoria, acredita que, principalmente os produtores do centro-oeste do País, sudeste e sul devem preferir a soja no ano que vem. É uma possível migração, caso o preço do milho se mantenha baixo, afirmou o analista. Questionado pelo DCI, se os preços da oleaginosa também poderão cair em 2011, Ribeiro falou que: Se houver maior oferta e a demanda não acompanhar o ritmo, com certeza o preço cairá.

Segundo levantamento da Safras & Mercado, as exportações brasileiras do complexo da soja nesta temporada deverão ser de alta em termos de projeções de volume - estimativa aponta volume total a ser embarcado de 42,5 milhões de toneladas, que se confirmado, seria superior ao recorde de 42,4 milhões de toneladas do ano passado. Em termos de valores a serem obtidos, o levantamento espera por queda de US$ 16,3 bilhões para US$ 16 bilhões - números indefinidos e embarques em fase inicial.

De acordo com o balanço, embora o País tenha colhido uma safra 16% maior, ainda assim enfrentará dificuldades para aumentar de forma expressiva o volume de embarques, uma vez que os Estados Unidos absorveram grande parte do crescimento do mercado internacional, especialmente por conta de volumosas vendas para a China.

Houve uma safra maior, de uma colheita de 9 milhões de toneladas a mais que no ano passado. É o excedente exportável, com oferta maior, já que a demanda interna não consegue assimilar a produção interna, afirmou Flávio Roberto de França Junior, diretor de Produção da Safras & Mercado e analista de soja. Para o especialista, o passo, agora, é avaliar o andamento do mercado.

Segundo Ribeiro, a China, principal comprador de soja do mundo, deve superar a importação do último ano - que foi de aproximadamente 46 milhões de toneladas -, uma vez que o País formará mais estoques e, por isso, deve comprar até julho. Em 2009, os chineses tiveram uma produção menor por causa da estiagem durante a safra 2009/2010 e colheram 14,5 milhões de toneladas, número inferior ao normal: 17 milhões. Este ano, eles chineses devem adquirir mais de 49 milhões de toneladas, disse especialista da Scot Consultoria.

No entanto, segundo a Safras & Mercado, os chineses devem manter os 46 milhões de toneladas até o fim deste ano. Os Estados Unidos, líder no ranking de produção de soja, devem vender, aproximadamente, 21 milhões de toneladas para o mercado chinês; enquanto o Brasil deverá exportar 15; e a Argentina 5 - segundo e terceiro, respectivamente no cultivo da oleaginosa.

Isso ainda pode variar, vai depender muito dos preços da commodity, especulou o analista da Safras. Somente em soja, a expectativa de exportação brasileira até o fim deste ano deve ser de 28,5 milhões de toneladas, diante de cerca de 28 milhões de toneladas do último ano.

Glauber Silveira da Silva, presidente da Aprosoja/MT e Aprosoja Brasil, não acredita que a crise na Europa seja responsável pela queda da renda brasileira. O preço caiu, e a produção mundial está em alta e, por isso, acredito que a situação lá Europa não afeta o País, assegurou.

No entanto, conforme disse Silveira da Silva, os efeitos negativos da crise devem prejudicar o Brasil no próximo ano. Não somente a agricultura deve ser afetada, mas o crédito, o petróleo, até a demanda poderão ter queda.

Na opinião de Junior, a crise que afeta a Europa ainda não bateu à porta do País e nem baterá em 2011. Não acredito em algum impacto significativo. O problema está concentrado em países que não têm grande peso na demanda no setor agrícola brasileiro, afirmou.

Segundo Ribeiro, só as especulações já interferem e causam preocupação geral.

A crise pressiona o mercado todo, comentou.


b) Brasil embarca 2 milhões de sacas de café em maio

A exportação de café em maio passado (21 dias úteis) alcançou 2,077 milhões de sacas de 60 kg, o que representa elevação de 2,35% em relação ao mesmo mês do ano passado. Em termos de receita cambial houve elevação de 24,74% no período, para US$ 321,8 milhões, em comparação com US$ 258 milhões em maio de 2009. Os dados foram divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). Quando comparada com o mês anterior, a exportação de café em maio apresenta queda de 5,5% em termos de volume. A receita cambial é 7,16% menor, considerando faturamento de US$ 346,6 milhões em abril.


c) Agrícolas mantêm avanço nas exportações

As exportações agropecuárias mantêm a sustentação da balança comercial do Brasil. Além da evolução no volume exportado, algumas das principais commodities estão com preços superiores aos de há um ano.

As exportações de soja, produto que lidera as receitas no setor agrícola, somaram 5,7 milhões de toneladas em maio, 12% a mais do que em igual período de 2009.

A alta nas exportações foi possível porque o país acabou de colher uma safra recorde. Nesse caso, o volume médio exportado aumentou, mas o valor recebido não.

Os dados do Ministério do Desenvolvimento indicaram US$ 367 por tonelada em maio-mesmo valor de 2009.

Não é o que ocorre com as carnes in natura bovina, suína e de frango. Além de alta de 9% no volume de maio, em relação ao mesmo mês do ano anterior, as receitas cresceram 28% no período.

O maior destaque ficou para as carnes bovinas, que tiveram aumento de 20% no volume enviado para fora e alta de 27% nos preços médios. A tonelada esteve a US$ 3.970 no mês passado. O açúcar, um dos principais produtos da pauta de exportação, mantém evolução no volume exportado, mas os preços já começam a recuar. O mercado, que chegou a praticar 30 centavos de dólar por libra-peso, já negocia o produto por valor inferior a 15 centavos em Nova York.

Algodão, milho e álcool foram destaques nas quedas. Tiveram recuos próximos de 70% no volume exportado em maio em relação a 2009.


d) Nas exportações do país, produto brilha como ouro branco

O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de açúcar, com volume de 24,3 milhões de toneladas, respondendo, em 2009, por 46,5% do mercado livre mundial. Isso muito mudou nos últimos 20 anos.

Em 1989, quando foi extinto o monopólio estatal na exportação de açúcar, as vendas externas somavam apenas 1,05 milhão de toneladas e representavam 4,2% do mercado livre mundial.

Dois grandes fatores contribuíram para essa expansão. O primeiro: a falência do sistema de produção de Cuba, que, no seu auge, em 1969, chegou a produzir mais de 8,5 milhões de toneladas e tinha como mercado preferencial a ex-URSS, que remunerava o produto bem acima do preço mundial.

O colapso da URSS a partir do final de 1991 minou a indústria cubana, que definhou lentamente a ponto de, em 2009, produzir apenas 1,27 milhão de toneladas.

O segundo: a bem-sucedida ação do Brasil na OMC (Organização Mundial do Comércio) contra as exportações subsidiadas de açúcar de beterraba por parte da União Europeia.

Em 2005, a União Europeia exportou 7,56 milhões de toneladas, mas, após a implementação das decisões do Órgão de Solução de Controvérsias da OMC, passou a ser importadora líquida de 1,7 milhão de toneladas.

O Brasil tem uma participação dominante no mercado externo, com apenas 28,4% de sua produção de cana destinada a açúcar para exportação. O etanol de exportação, que atende a mais de 90% do mercado livre, representa somente 7% da produção de cana.

Portanto, com pouco mais de um terço da sua produção total, o Brasil é, por larga margem, o maior fornecedor mundial de açúcar e de etanol. Por esse motivo, qualquer coisa que afete os dois terços consumidos internamente tem impacto amplificado no mercado externo.

Os maiores destinos do açúcar brasileiro são, por importância, Índia, Rússia, Emirados Árabes Unidos, Bangladesh e Nigéria.

No futuro, os destinos tendem a se concentrar cada vez mais na Ásia e no norte e no oeste da África, onde o consumo anual per capita ainda é baixo -respectivamente, 17,5 e 16,4 quilos, mas está em acelerado aumento -a média mundial é 24,5 quilos.

Em 2009, as exportações de açúcar geraram US$ 8,38 bilhões em divisas ao Brasil, e as de etanol, outro US$ 1,34 bilhão. Somadas, representaram 15% das exportações do agronegócio nacional.

Mais uma vez na história brasileira é a exportação de commodities -agrícolas e minerais- que tem viabilizado a importação de bens de capital e intermediários necessários à expansão do produto potencial. Nesse contexto, o açúcar tem brilhado como ouro branco.

Mercosul

a) Brasil e Argentina farão reunião trimestral para tratar de agricultura

Os ministros de Agricultura do Brasil, Wagner Rossi, e da Argentina, Julián Domínguez, decidiram ontem realizar reuniões trimestrais para discutir assuntos de interesse do setor. Durante visita de cortesia do ministro brasileiro ao argentino, como classificou a assessoria de Rossi, os dois concordaram sobre a necessidade de construir uma pauta comum com vistas a propiciar um melhor comércio, e um acordo de transferência de tecnologias para obter melhores técnicas agrícolas.

A assessoria informou que os ministros não conversaram sobre as barreiras argentinas aos alimentos importados que vigoravam até a semana passada.

Na última sexta-feira, após a reunião entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Cristina Kirchner, no Rio de Janeiro, o Instituto Nacional de Alimentos (Inal) e a Aduana da Argentina liberaram a entrada dos carregamentos de alimentos brasileiros barrados na fronteira entre os países, segundo informou uma fonte dos supermercadistas do país vizinho.

Os dois organismos foram os responsáveis pela aplicação das restrições verbais de importações ordenadas pelo secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno. As barreiras consistiam em uma demora na concessão de licença para o trânsito interno da mercadoria.

Sem uma medida por escrito para restringir a entrada dos produtos, Cristina e seus ministros desmentem a aplicação das barreiras. Porém, no mesmo dia da reunião que manteve com Lula, a mercadoria foi rapidamente liberada. A iniciativa foi interpretada pela Câmara de Importadores da República Argentina como um sinal positivo necessário para a reunião que ministros de ambos os países vão manter dentro de dias.

O encontro, cuja data ainda não foi definida, será realizado em Buenos Aires. À mesa de negociação vão se sentar, pelo lado argentino, Amado Boudou (Economia) e Débora Giorgi (Indústria), e pelo lado brasileiro, Guido Mantega (Fazenda) e Miguel Jorge (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) e Luciano Coutinho (BNDES). Segundo informou Cristina, a reunião visa à instrumentação de mecanismos para aumentar o comércio bilateral.


b) Argentina volta a ser o principal destino para exportações brasileiras

Com um superávit de US$ 3,443 bilhões no mês passado — o maior saldo desde junho do ano passado (US$ 4,604 bilhões), graças, principalmente, às exportações de petróleo, minério de ferro e soja —, a balança comercial de maio trouxe como principal novidade o fato de a Argentina ter assumido o segundo lugar entre os maiores compradores de produtos brasileiros, passando os Estados Unidos e só perdendo para a China. A última vez em que os vizinhos ocuparam a segunda posição foi em abril de 2008.

Segundo o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Welber Barral, o país subiu no ranking devido à recuperação da economia argentina.

O Brasil exportou 65,4% mais para o mercado argentino no mês passado, com destaque para automóveis e partes, aparelhos eletroeletrônicos, máquinas e equipamentos, plásticos, minérios e aço.

Por outro lado, as importações de bens oriundas da Argentina aumentaram apenas 14,8%, resumindo-se basicamente a petróleo e trigo.

Em maio, a balança comercial brasileira apresentou um superávit de US$ 332 milhões com a Argentina. Nos cinco primeiros meses do ano, o saldo foi positivo em US$ 920 milhões.

Governo aumenta meta de exportação para US$ 180 bi O total vendido pelo Brasil no exterior em maio somou US$ 17,702 bilhões e as importações brasileiras, US$ 14,259 bilhões. Com a recuperação da balança, Barral anunciou a revisão da meta de exportações para este ano, de US$ 168 bilhões para US$ 180 bilhões, uma expansão de 17,6%. Em 2009, o país exportou US$ 152,9 bilhões.

— O aumento da meta se deve à tendência de melhora do mercado internacional, observada nos últimos cinco meses — disse Barral.

As exportações brasileiras aumentaram 40,7% em relação a maio de 2009. Porém, o secretário afirmou que o perfil da pauta exportadora “é preocupante”.

Isto porque 70% do crescimento das vendas ao exterior tiveram como responsáveis o petróleo, o minério de ferro e a soja em grão — commodities cotadas no mercado internacional que registraram elevações de preços nas últimas semanas.

— Uma das explicações para a recuperação da balança são as grandes elevações dos preços desses itens, o que pode ser perigoso para o país — admitiu o secretário. As importações aumentaram 45,1% frente ao mesmo mês de 2009. O grande destaque foi o crescimento de 55% das compras externas de bens de consumo, especialmente automóveis, que apresentaram uma expansão de 72,5% no período.

Os gastos com bens de capital (máquinas e equipamentos) tiveram um acréscimo de 35,9% e os com matérias-primas e intermediários, 45,6%.

Já combustíveis e lubrificantes registraram uma ampliação de 47,9% em maio.

Nos cinco primeiros meses do ano, a balança acumula um saldo positivo de US$ 5,617 bilhões. As exportações totalizaram US$ 72,093 bilhões e as importações atingiram US$ 66,476 bilhões. Tanto as vendas como as compras externas registraram recordes para o período.



Organização Mundial do Comércio (OMC)

a) Acordo com os EUA sobre algodão fica mais distante

O prazo para obter um acordo que evite a retaliação expira em 17 dias. Apesar do voto de silêncio dos dois lados sobre a reunião ocorrida anteontem em São Paulo, a Folha apurou que nenhuma proposta evoluiu desde o último encontro, nos dias 10 e 11 de maio, em Washington.

Na época, o embaixador brasileiro na OMC, Roberto Azevedo, dissera que a possibilidade de não haver acordo não era desprezível e que pontos cruciais encontravam forte resistência americana. Azevedo se limitou a dizer que os países seguem trabalhando para obter avanços. A próxima reunião será na semana que vem, em Washington.

O Brasil recebeu da OMC em novembro autorização para retaliar os EUA em até US$ 830 milhões (R$ 1,5 bilhão) por conta dos subsídios que o governo americano paga a produtores de algodão. Ante medidas paliativas dos EUA, como a suspensão provisória de parte dos repasses e a criação de um fundo compensatório de US$ 147 milhões aos brasileiros, o Brasil adiou o início das sanções, que deveria ser em abril, em duas semanas e depois em dois meses.

Desde então a conversa estancou. Brasília quer de Washington o compromisso de que alterará seu Orçamento agrícola, a Farm Bill, para rever a estrutura de subsídios -de acordo com o Washington Post, foram US$ 50 bilhões em 20 anos. A lei vai a votação no Congresso em 2012, mas o Legislativo americano é fortemente influenciado pelo lobby agrícola.


Plano Internacional

a) Euro valerá US$ 1 em 2011, preveem analistas

Em janeiro de 2009, a Europa celebrou dez anos de criação do euro como um sucesso: a moeda era vista como um porto seguro — símbolo de uma Europa forte. A inglesa BBC chegou a proclamar: “em dez anos, seu papel como uma moeda global está seguro”. Hoje, essa certeza desapareceu. Em meio à maior crise de sua breve história, o euro está em queda livre. A Europa forte não aconteceu.

E a crise da Grécia revelou uma espiral de dívida e déficits em vários países, colocando em risco o maior projeto econômico da União Europeia (UE).

A empresa de pesquisa econômica Capital Economics, sediada em Londres, aposta que o euro vai chegar a US$ 1,1 já no fim deste ano e que atingirá a paridade completa — ou seja, vai valer US$ 1 — no fim de 2011.

— Se isso acontecer, será um sinal claro de que a confiança no euro caiu muito — diz Cinzia Alicidi, do Centre for European Policy Studies, em Bruxelas.

Em poucos meses, euro cai 15% ante o dólar O nível do euro hoje, em si, não deveria ser um problema, já que todos reconhecem que a moeda estava sobrevalorizada, diz a economista.

— O que é mais preocupante é o fato de que o euro está caindo muito rápido, que tenha perdido 15% do valor em meses.

Para Robert Leonardi, da London School of Economics, o euro deve cair para U$ 1,1 a U$ 1,15 — o que, segundo ele, seria bom porque tornaria empresas europeias e, em particular, as exportadoras, mais competitivas.

Mas ele não acha que a crise vai levar a uma implosão da zona do euro.

— Se o euro se desintegrasse, não seria só uma desintegração do euro, e sim de uma grande parte da economia mundial. Isso seria catastrófico e não veríamos a volta do crescimento por cinco ou dez anos. É impensável no momento.

A moeda chegou a subir depois do anúncio do pacote de C 750 bilhões que a UE e o Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciaram para salvar a Grécia e a zona do euro, há duas semanas.

Mas durou pouco: o euro afundou atingindo o seu mais baixo nível face ao dólar em quatro anos, recuperando apenas um pouco depois. E muitos hoje se perguntam como ninguém viu isso.

— Sabíamos que um dia haveria uma crise na zona do euro.

Era inevitável com países diferentes.

Tivemos uma crise, na Grécia, não soubemos administrála e deixamos desenvolver uma crise mais grave, da zona do euro — diz Jean Pisani-Ferry, diretor do Bruegel, um think tank em Bruxelas.

Para ele, o pacote foi uma boa resposta. Mas não será suficiente: tem que haver uma reforma da governança.

— Não temos escolha. Precisamos dar uma resposta completa.

Caso contrário, não convenceremos.

Não falo de implosão da zona do euro, mas não devemos esconder que estamos em situação de risco. E não podemos tratá-lo com descaso.

Problemas de governança e dívida alta impactaram euro Para Pisani-Ferry, os especuladores do mercado contribuíram para a rápida queda do euro.

Mas não são a única explicação para a queda. Ele aponta para quatro grandes causas. A primeira: a baixa perspectiva de crescimento econômico na zona do euro puxa as taxas de juros para baixo, o que tem efeito no câmbio. A segunda: a degradação da dívida pública em vários países. A terceira: quando as agências de risco degradam a dívida, muita gente corre para vendê-la o que, mecanicamente, leva à baixa do euro.

— Além de tudo isso, há uma inquietação geral sobre a governança e a estabilidade da zona do euro — diz. A crise da Grécia, que ameaça toda a zona do euro, expôs os desequilíbrios do maior projeto econômico e monetário da UE. Para muitos, a irresponsabilidade fiscal da Grécia, que não apenas se endividou como mentiu sobre os números, reforçou o argumento dos que defendem um sistema rigoroso de monitoramento.

— É preciso fazer este trabalho de polícia. Poder de investigação e de auditoria — diz Pisani-Ferry.

Mas a zona do euro também terá de corrigir disparidades entre seus membros.

— Temos grandes disparidades que não podem ser eliminadas de uma hora para outra.

Países do norte e do sul (da zona do euro) terão que fazer ajustes dolorosos — avalia Cinzia.

A presidência da Comissão Europeia discute agora criar uma força-tarefa para melhorar a disciplina fiscal dos Estados. Cinzia vê a iniciativa com ceticismo.

Para ela, “está claro que há um problema de liderança política e falta de coordenação


b) Vaivém: Exportação agrícola dos EUA atinge US$ 105 bi

Assim como ocorreu no Brasil, as exportações do agronegócio dos EUA se recuperam. Uma ligeira melhora na economia mundial, recorde de produção e alta de preços de algumas commodities vão permitir exportações de US$ 105 bilhões neste ano.

Se confirmado, esse valor supera em US$ 28 bilhões as importações, que devem ficar próximas de US$ 77 bilhões. Além da recuperação parcial da economia mundial, os norte-americanos contam com o apetite asiático por importações.

As estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos indicam que as exportações para a Ásia vão atingir US$ 43 bilhões, superando as enviadas aos países do Ocidente, o que não ocorria até o ano passado.

As estimativas de recuperação das exportações dos Estados Unidos correm perigo, no entanto. O risco vem da necessidade de a Europa não permitir que os problemas originados na Grécia avancem para um número maior de países.

Portugal, Espanha e Irlanda já sentem os efeitos dessa nova crise econômica. A soja é um dos destaques nas vendas externas norte-americanas. Após uma sequência de safras elevadas, os estoques do país estão se recompondo e as exportações podem somar 40 milhões de toneladas, 14% a mais do que em 2009.

A recuperação internacional nos preços do algodão também auxilia a retomada das exportações norte-americanas. Previstas em US$ 4,6 bilhões, as receitas com o produto devem superar em 29% as do ano passado.

Os EUA obtêm também melhora no setor de carnes, principalmente devido à recuperação internacional dos preços. As receitas devem somar US$ 20,3 bilhões, 7% a mais do que em 2009. Entre as importações, os maiores gastos do norte-americanos virão de frutas, vegetais, bebidas e óleos essenciais, totalizando US$ 35 bilhões. Açúcar e produtos tropicais (cacau, café etc.) somam outros US$ 17 bilhões.

As negociações de laranja para o mercado spot (sem contrato com indústrias) e para o consumo in natura estão restritas. Com isso, a caixa de R$ 40,8 quilos iniciou o mês a R$ 12,81, mostra o Cepea, 257% mais do que em 2009.

Um dos motivos da baixa oferta de laranja é a queda de 10% na produção. A safra pode recuar para 278 milhões de caixas, segundo o mercado. Grande parte da produção já está comprometida em contratos.

EUA A geração de empregos abaixo do que se previa nos EUA derrubou as Bolsas, o petróleo e levou junto as commodities agrícolas. Cacau (4%) e milho (3%) lideraram as quedas.

O trabalho da Embrapa para elevar a produtividade de algodão em Mali, Burkina Fasso, Chade e Benin será apresentado nesta segunda-feira em Genebra. O resultado indica que os países se mostram como potenciais produtores.

O próximo presidente deve elevar os royalties de mineração, preveem analistas do Itaú, que ouviram políticos e técnicos do governo. O banco não está sozinho. O UBS também aposta nessa alta, depois que houve elevação na Austrália.

A expectativa é de que a alta não supere 5%, para não afetar a competitividade e as exportações. A medida reduziria em 4% o valor da Vale e em 8% o da MMX, calcula o Itaú.

Pressão Panelaço, mas sem tratoraço. É o pedido da bancada ruralista, que quer o apoio dos produtores rurais em Brasília durante a votação do Código Ambiental.


c) Diretor do FMI projeta riscos para a economia mundial

O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, afirmou em São Paulo, que vê quatro riscos a uma recuperação consistente da economia mundial após a recessão de 2009.

O primeiro deles diz respeito à crise das dívidas soberanas (relacionadas a governos), um problema que estourou mais fortemente na Europa neste ano. O segundo risco, segundo Strauss-Kahn, está relacionado ao fluxo de capitais entre os países.

Ele chamou a atenção para a possibilidade de uma nova parada brusca desses fluxos, que poderia ocorrer em caso de agravamento da situação de alguns países, notadamente europeus.

O terceiro risco apontado pelo número 1 do FMI é a falta de reformas do sistema financeiro mundial. Para ele, o grande desafio, neste caso, é conciliar o tempo financeiro com o tempo político. Basileia 2 (conjunto de regras estabelecido para as instituições financeiras do mundo todo, no âmbito do Banco de Compensações Internacionais, BIS) demorou 12 anos para ser implementado, disse.

Por fim, Strauss-Kahn chamou a atenção para os persistentes desequilíbrios globais. Lembrou que, assim como ocorria antes do estouro da crise, a China obtém expressivos superávits em conta corrente (resultado, principalmente, das exportações bem superiores às importações), ao passo que países como os Estados Unidos continuam registrando fortes déficits.

Especificamente em relação ao Brasil, Strauss-Kahn disse que o País precisa gerenciar o crescimento para que não haja um superaquecimento. A tendência (de longo prazo) para o Brasil é de uma expansão de 4% a 4,5%. Mas este ano será muito mais.

Segundo ele, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro pode crescer até 7% em 2010. Por ora, a previsão oficial do FMI para o País é de um crescimento de 5,5%. O risco, disse Strauss-Kahn, é de que uma expansão acima do potencial resulte em alta da inflação.

O diretor elogiou o papel do Brasil nas negociações do G-20 para reagir à crise. O presidente Lula representou um papel chave na reação à crise no âmbito do G20 com sua personalidade.

O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, afirmou ontem, em São Paulo, que o Brasil deve crescer cerca de 7% neste ano.


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