Comércio Exterior
a) Resultados
A primeira semana de maio fechou com superávit comercial (diferença entre as exportações e importações) de US$ 517 milhões, com média diária de US$ 103,4 milhões. Na comparação pelo valor médio diário, o resultado foi 61,2% maior que o de abril último e 21,2% menor que o de maio de 2009.
No mesmo período, foram exportados US$ 4,003 bilhões (média diária de US$ 800,6 milhões) e importados US$ 3,486 bilhões (média diária de US$ 697,2 milhões), resultando em uma corrente de comércio de US$ 7,489 bilhões (média diária de US$ 1,497 bilhão).
O resultado semanal das exportações é o segundo melhor do ano, perdendo apenas para a quinta semana de abril, quando foram exportados 827,2 milhões de dólares.
Pelo critério médio diário, as exportações da primeira semana de maio foram 5,6% maiores que as de abril deste ano, devido ao aumento nas vendas de produtos semimanufaturados (19,6%) e básicos (10,7%), enquanto decresceram as de manufaturados (4,4%).
Na comparação com a média diária de maio de 2009, o aumento foi de 33,6%, tendo havido aumento nas três categorias de produto: semimanufaturados (60,7%); básicos (44,6%); e manufaturados (14,5%).
Nas importações, em relação a abril deste ano, o acréscimo foi de 0,5%, devido a produtos químicos orgânicos/inorgânicos (89%), equipamentos elétricos e eletrônicos (57,2%), equipamentos mecânicos (37,1%), veículos automóveis e partes (34,6%), instrumentos de ótica e precisão (31,4%), plásticos e obras (20,6%) e siderúrgicos (12,6%). Na comparação com maio de 2009, também pela média diária, o aumento das importações foi de 49%, devido a equipamentos elétricos e eletrônicos (88,1%), químicos orgânicos/inorgânicos (84,4%), veículos automóveis e partes (+63,3%), siderúrgicos (57%), combustíveis e lubrificantes (+53,5%) e instrumentos de ótica e precisão (50,1%).
No acumulado do ano, com 86 dias úteis, o superávit foi de US$ 2,692 bilhões (média diária de US$ 31,3 milhões), resultado que é 62,8% menor que o verificado no mesmo período de 2009. Nas exportações, o número chegou a US$ 58,393 bilhões (média diária de US$ 679 milhões), enquanto nas importações chegou a US$ 55,701 bilhões (média diária de US$ 647,7 milhões).
Na comparação pela média diária, com o mesmo período do ano passado, as exportações cresceram 25,8% e as importações 42,1%, enquanto a corrente de comércio teve acréscimo de 33,3%.
A balança comercial brasileira apresentou superávit de US$ 517 milhões na primeira semana de maio. O mercado já projeta um saldo positivo de US$ 13 bilhões no ano.
b) Para facilitar cooperação externa, Embrapa vai se internacionalizar
A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) passará a ser uma empresa internacional, o que facilitará suas operações de cooperação técnica fora do país, atendendo à demanda crescente da África e da América Latina.
A legislação atual só permite que a estatal tenha unidades próprias no Brasil, e o anúncio da mudança deve acontecer no encontro de três dias que reunirá em Brasília, cerca de 50 representantes de ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento Rural de países africanos.
Há anos a Embrapa presta assessoria agrícola na África, por meio da ABC (Agência Brasileira de Cooperação), do Itamaraty. Em 2009, a agência gastou US$ 6,8 milhões no continente -aumento de 1.478% em relação a 2005.
Mas a necessidade de dotar a empresa de personalidade jurídica que lhe permita alugar instalações e movimentar contas no exterior surgiu a partir de projetos recentes de longo prazo, que exigem a permanência de seus técnicos no país-sede.
Ditos estruturantes, esses programas começaram na África em 2008 com o Cotton-4, sediado no Mali e que visa aumentar a produtividade do algodão naquele país e em Burkina Fasso, Benin e Chade.
A Embrapa iniciará em junho um plano de rizicultura no Senegal e prepara-se para instalar em Moçambique três projetos cofinanciados pela ABC e as agências de cooperação internacional do Japão (Jica) e dos EUA (Usaid).
Os programas em Moçambique movimentarão ao menos US$ 18,2 milhões e um deles, o ProSavana, tentará replicar o Prodecer, que transplantou culturas de clima temperado ao cerrado brasileiro e teve apoio japonês, nos anos 1980.
Trabalhamos com um desenho que deu certo no Brasil, com adaptações locais, disse Francisco Basílio Souza, diretor da área internacional da Embrapa, que é vinculada ao Ministério da Agricultura.
A cooperação técnica não é condicionada à contratação de empresas ou à compra de produtos brasileiros, mas reforça a presença do país num continente em crescimento devido ao boom das commodities e cujo mercado é disputado por China e Índia, além das ex-metrópoles europeias.
O embaixador Rubens Ricupero, que nos anos 70 participou da primeira grande missão do Itamaraty à África, diz que o governo Lula teve sensibilidade e senso de oportunidade em sua política africana. Existe ali um capital de boa vontade grande em relação ao Brasil.
Entre 2002 e 2008, as exportações brasileiras para a África cresceram 339% -75% delas foram de itens manufaturados.
Ricupero não compartilha das críticas à abertura de 13 novas embaixadas na região (são hoje 34), embora considere que exista uma deficiência sistemática da diplomacia em torná-las mais efetivas.
Mas ele afirma que a tendência de alta no comércio com a África vai depender menos da ação diplomática do que da capacidade de oferta brasileira -hoje, o câmbio e o custo do capital desfavorecem a competição com os chineses.
c) Analistas veem freio nas exportações para a UE
O pacote de resgate de 750 bilhões de euros (US$ 1 trilhão) para conter a crise grega, trouxe alívio para o setor exportador brasileiro. Depois de fortes quedas na semana passada, as commodities recuperaram parte das perdas.
Mas, na avaliação de especialistas, o cenário a longo prazo não é tão alentador. Diante do ajuste fiscal que grande parte dos países europeus já anunciou, é dado como certo o crescimento menor ou até estagnação do bloco, que é o maior parceiro comercial do Brasil. No ano passado, 23% das nossas vendas externas tiveram a Europa como destino. Assim, além de menos exportações, a desaceleração também poderá levar à queda nas cotações das commodities mais para frente.
— A União Europeia é a maior economia do mundo, se fica estagnada, todo mundo perde. A Alemanha terá que tomar medidas de austeridade.
Todos (os países) estão com déficit fiscal alto — afirma o economista Marcelo Nonnenberg, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Europa deve crescer menos de 1% este ano O crescimento esperado para Europa este ano, segundo Nonnenberg, era de 1,5%. Agora deve ficar abaixo de 1%, inclusive no próximo ano, diz o economista.
Mas o socorro financeiro, que evitou que os países mais endividados da Europa fosse a nocaute, animou os exportadores.
A avaliação da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) é que o Brasil será beneficiado com a recomposição das exportações de commodities em geral, como minério de ferro, soja, açúcar e carnes bovina e de frango, que têm os europeus como principais compradores.
— Na semana passada, as cotações das commodities estavam despencando e agora começam a se recuperar. O pacote foi excelente para o Brasil — disse o vice-presidente da AEB, José Augusto de Castro.
Ele citou como exemplos a soja e o petróleo, que aumentaram, respectivamente, 1% e 1,69%, na segunda-feira. Essa recuperação, porém, não foi suficiente para compensar o tombo da primeira semana de maio, de acordo com a RC Consultores.
Em relação à última semana de abril, a cotação da soja registrou queda de 3,87%. Já o preço do petróleo teve uma desvalorização de 12,81%, sendo negociado a por US$ 75,11 o barril.
O economista André Sacconato, da Tendências, diz que o socorro deixou os investidores mais animados: — Agora sim, a Europa pôs a mão na massa, o que deixou o mundo mais otimista. Em situações de risco, as pessoas trocam compras e investimentos por títulos americanos.
Investimento direto foi de US$ 5,6 bilhões no 1° tri Além do impacto no comércio, a crise europeia já teve reflexo no fluxo de investimentos financeiros para o Brasil. Luís Afonso Lima, diretor-presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), mostra os números desse abandono nas aplicações financeiras.
No último trimestre de 2009, o Brasil recebeu US$ 23,3 bilhões de investimento estrangeiro em ações e títulos de renda fixa. No três primeiros meses deste ano, o valor despencou para US$ 9,3 bilhões: — E estou com dúvidas se conseguiremos receber os US$ 45 bilhões de investimento estrangeiro direto (recursos destinados à produção) previstos para 2010. No primeiro trimestre, entrou apenas US$ 5,6 bilhões.
Para Fábio Silveira, da RC Consultores, o momento ainda é de grande insegurança: — Não acredito na eficácia desse pacote. A situação na Europa é medonha e o dinheiro vai impedir que a região afunde ainda mais. A recuperação europeia pode levar três anos. O menor crescimento do bloco europeu terá impactos sobre as exportações brasileiras.
O secretário adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Gilson Bittencourt, lembrou que uma crise sempre gera dificuldades em geral. O pacote de ajuda, enfatizou, deve evitar nova recessão.
— Qualquer crise neste momento seria negativo para as economias como um todo, inclusive o Brasil, que é exportador de commodities para a Europa — disse Bittencourt.
O professor da PUC-SP, Antonio Corrêa de Lacerda, está otimista. Diz que a crise na Europa não impedirá o crescimento forte do Brasil, “entre 5% e 6%”, se o Banco Central não aumentar os juros olhando só para a demanda dentro do país, desconsiderando o cenário externo: — Mas, sem dúvida, os países emergentes, especialmente o Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) e agregados vão puxar o crescimento do mundo nas próximas décadas.
d) Analistas veem freio nas exportações para a UE
O governo brasileiro quer não só ampliar o valor do comércio com a Rússia, depois de uma queda de 40% por causa da crise mundial, mas também diversificar as exportações, que hoje são concentradas em produtos alimentícios. Queremos mostrar que temos outras coisas para oferecer; novos produtos. Não podemos ficar só na exportação de carne e importação de petróleo, disse Norton Rapesta, diretor do departamento de promoção comercial do Itamaraty.
Segundo ele, o Brasil quer exportar tecnologia agrária e bioenergia, por exemplo, e importar material de defesa, de transportes, aeroespacial e até nuclear. Precisamos mudar este patamar de investimentos que é considerado muito baixo. A Rússia é o 65º investidor no Brasil, com US$ 1 bilhão e o Brasil investiu na Rússia entre 2007 e 2008 apenas US$ 2 milhões, afirmou.
Ele informou que uma nova missão comercial brasileira já está marcada para voltar à Rússia em setembro. No encontro de amanhã, 160 empresários russos confirmaram presença e quase 100 brasileiros deverão estar aqui. O turismo é uma área em que o Brasil quer abrir mais para os russos, o que deverá ser possível com o fim da exigência do visto.
Questionado se o Brasil está preocupado com a possibilidade de as exportações para o Irã serem prejudicadas, caso haja embargo comercial contra aquele país, Rapesta disse que não raciocina com esta hipótese, embora reconheça que isso possa acontecer.
No Qatar, segunda escala de Lula, será anunciada a abertura de uma linha aérea direta entre São Paulo e Doha.
O governo brasileiro quer não só ampliar o valor do comércio com a Rússia, depois de uma queda de 40%, mas diversificar as exportações, que são concentradas em alimentos.
Investimentos
a) Aumenta interesse dos países do G-7 em investir no Brasil
O Brasil é a bola da vez, afirma a maioria dos economistas, tanto no Brasil como em outros países. Principalmente neste período pós-crise, o Brasil tem despertado o interesse de países desenvolvidos, como é caso do grupo formado pelas sete maiores economias do mundo, o chamado G-7. Nos últimos meses, Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, França, Alemanha, Itália e Japão, que juntos representam 35% do Produto Interno Bruto (PIB) global, têm demonstrado a intenção em elevar as exportações, estimular associações com empresas brasileiras e investir no Brasil.
Apesar dos investimentos estrangeiros diretos (IED) ao Brasil terem caído, de acordo com último balanço divulgado pelo Banco Central (BC), o cenário pode ser alterado com o interesse crescente do G-7 pelo País.
Em março, o IED somou ingressos líquidos de US$ 2,1 bilhões, 42,73% inferior ao registrado no mesmo mês no ano passado (US$ 3,7 bilhões). No acumulado deste ano (janeiro a março), o ingresso de IED fechou a US$ 5,8 bilhões, enquanto em 2009, esses investimentos ficaram em US$ 6,7 bilhões. Por outro lado, entre os países do G-7, o que mais se destacou em investimentos diretos ao Brasil foram os Estados Unidos, cujo registro em março foi de US$ 443 milhões, contra US$ 309 milhões registrados no mesmo mês em 2009, o que representa 21,7% do total de ingressos de investimentos no Brasil no período. No acumulado de 2010, os investimentos com origem naquele país fecharam em US$ 1,276 bilhão, alta de 54,67% frente ao verificado de janeiro a março do ano passado (US$ 825 milhões).
Outro destaque foi a França, que saltou de US$ 8 milhões em março de 2009 para US$ 263 milhões no terceiro mês deste ano (igual a 6,7% do total de investimentos estrangeiros ao Brasil). Desta forma, no acumulado deste ano, os investimentos daquele país passaram de US$ 225 milhões para US$ 392 milhões, entre o ano passado e este ano.
Sobre o Reino Unido e a Itália também houve aumentos expressivos de ingressos de IED, mas em menor quantidade. Para o primeiro, o relatório do BC informou avanços de 70% para os ingressos registrados de janeiro a março (de US$ 70 milhões para US$ 249 milhões). No caso da Itália, os envios apontaram crescimento de 37,21% (de US$ 43 milhões para US$ 59 milhões, cuja participação é de 1% no total de IED) do acumulado de 2009 para mesmo período de 2010.
Do lado oposto, a maior queda foi a da Alemanha, passando de US$ 1,7 bilhão, em março de 2009, para US$ 15 milhões, no terceiro mês deste ano, cuja variação de um primeiro trimestre para outro caiu 97,55% (0,8% do total de IED ao Brasil). O Canadá passou de envios de US$ 112 milhões, de março de 2009, para US$ 32 milhões, no mesmo mês de 2010, resultando em queda de 38,98% na comparação dos acumulados (US$ 118 milhões para US$ 72 milhões, 1,2% do total de IED). E o Japão mandou 87,32% a menos na comparação de março de 2009, passando de US$ 71 milhões para US$ 9 milhões em investimentos. No acumulado até março, foram enviados 45,74% menos investimentos, do primeiro trimestre de 2009 para o período neste ano (1,7% do total de IED ao País).
Prova da motivação do G-7 pelo Brasil é que os países ampliaram o número de diplomatas e de especialistas em comércio em suas embaixadas no Brasil e costumam, frequentemente, divulgar intenções de expandir as relações comerciais com o País, além de criarem setores de ciência e inovação, como fez o Reino Unido.
O economista e professor de MBA da Brazilian Business School (BSB), Ricardo Torres, acredita que cada vez mais o Brasil vai atrair capital externo desses países ricos. O Brasil se tornou um porto seguro para investimentos, para captação de recursos com alto potencial de retorno, entende. Segundo ele, o que pode atrapalhar o interesse do G-7 é que a grande parte dessas economias está sofrendo com a crise na Europa, mesmo assim vai postergar planos e não eliminá-los.
A crise europeia diminuiu a atração de investimentos no Brasil, mas vai ocorrer uma retomada com os aportes concedidos, diz o professor do mestrado de Gestão Internacional da ESPM, Frederico Turolla.
Somente neste ano, recebemos mais de 30 solicitações de análise de potencial de mercado para os segmentos de turismo, financeiro, construção civil, lazer, infraestrutura e transporte, com um certo foco para as oportunidades que os eventos esportivos de 2014 e 2016 proporcionarão, comenta o diretor-geral da SSK Analises Mercadológicas, Gerson Christensen.
Depois do arrefecimento da crise financeira mundial, os números mostram um interesse crescente dos países ricos no Brasil. O destaque fica com os Estados Unidos, que no primeiro trimestre injetaram no Brasil US$ 1,276 bilhão, quase 55% a mais que no mesmo período do ano passado. Os norte-americanos lideram o ranking de participação por país nos investimentos estrangeiros diretos no Brasil em 2010, com 21,7% do total de investimentos até março.
Outro destaque foi a França, que saltou de US$ 225 milhões entre janeiro e março de 2009 para US$ 392 milhões no mesmo período deste ano, e responde por 6,7% do investimento total.
Os destaques negativos ficam com a Alemanha, que somente em março do ano passado investiu US$ 1,7 bilhão no Brasil. Neste ano, este montante passou para US$ 15 milhões, com uma participação de 0,8% do total. O Japão passou de US$ 71 milhões em março de 2009 para US$ 9 milhões em 2010, com uma participação de 1,7% do total. O Canadá tem participação de 1,2% do total de investimentos.
Prova da atração do G-7 pelo Brasil é que os países ampliaram o número de diplomatas e de especialistas em comércio em suas embaixadas no Brasil e costumam, frequentemente, divulgar intenções de expandir relações comerciais com o País, além de criarem setores de ciência e inovação, como fez o Reino Unido.
O economista e professor de MBA da Brazilian Business School (BSB) Ricardo Torres acredita que cada vez mais o Brasil vai atrair capital externo desses países ricos. O Brasil tornou-se um porto seguro para investimentos e para captação de recursos.
Agronegócio
a) China pode ser a saída para excedente de milho brasileiro
As cerca de 15 milhões de toneladas de milho excedente projetados para este ano no Brasil podem ganhar novos destinos. Segundo Glauber Silveira, presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja), a China tem intenção de importar o grão. "A China poderá viabilizar o milho do Paraná e do Rio Grande do Sul e o Mato Grosso pode suprir a demanda interna do País", diz.
Ainda de acordo com Silveira, países asiáticos e o Oriente Médio têm potencial para adquirir o produto brasileiro, mas o alto custo do frete e a falta de armazenagem no Brasil, principalmente em Mato Grosso, são os principais obstáculos. Soma-se a tudo isso, a sobrevalorização do real, que torna menos competitivo o milho nacional. "Precisamos de mais dez milhões de toneladas em capacidade de estocagem", diz o presidente da Aprosoja.
Para Rafael Ribeiro, zootecnista e analista da Scot Consultoria, outra solução para escoar parte do grão excedente seria o crescimento da suinocultura no País, que já sinaliza avanço. "O crescimento do setor pode ajudar a ajustar o mercado", afirma.
Segundo o analista, a tonelada de milho norte-americano é 46,67% mais barata que no Brasil. "Nos Estados Unidos a tonelada gira em torno de U$ 150, enquanto aqui sai a U$ 220", afirma.
João Carlos Werlang, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), considera ainda, como opção para atenuar os problemas enfrentados pelo produtor de milho brasileiro, a troca do grão por outra mercadoria no exterior, como, por exemplo, fertilizante.
Desde a safra 2007/2008, segundo Ribeiro, os estoques de passagem têm aumentado, provocando dificuldade de armazenagem e de comercialização do produto a preços atrativos, pelo menos nos patamares do preço mínimo definido pelo governo federal. "Temos mercado lá fora. O governo [federal] precisa achar um mecanismo para aumentar exportação", afirma Werlang.
Ainda de acordo com o analista da Scot, os embarques de milho brasileiro estão em baixa.
Se comparado ao mesmo período de 2009, este ano, o Brasil exportou um milhão de toneladas a menos. Segundo dados da Scot Consultoria, até agora foram embarcados 1,96 milhão de toneladas do grão, ante os 2,92 milhões no ano passado.
Ainda de acordo com números da Scot, em 2010, o País entrou com estoque de passagem do produto em torno de 11 milhões de toneladas. "Hoje os estoques estão em seis milhões de toneladas", observa Ribeiro.
Para a safra verão está prevista uma produção de 33,9 milhões de toneladas e para a safrinha 20,2 milhões de toneladas. "Se subtrairmos do volume total o consumo interno aproximado de 45 milhões de toneladas teremos um excedente de pelo menos 15 milhões de toneladas de milho", calcula o analista.
Para Silveira, se o cenário de comercialização de milho não se desenrolar, o setor deve piorar a cada ano. "O produtor investe em tecnologia para aumentar a produtividade", comenta.
Já o presidente da Abramilho prevê para 2011 redução de área e produção. "O produtor está insatisfeito. Este poderá ser mais um ano sem renda e sem espaço para o milho", afirma.
O Prêmio para Escoamento de Produto (PEP), de acordo com Werlang, pode contribuir para o setor, mas desde que seja direcionado para exportação. "O leilão de um estado para outro é uma solução paliativa. A solução seria Pep para exportação", afirma.
Segundo Ribeiro, em alguns estados brasileiros, especialmente na Região Centro-Oeste, os preços têm sido até 40% menor que os praticado em 2009. "Em São Paulo, a saca de 60 quilos é comercializada a R$ 18, em 2009 estava cotada a R$ 21. Em Rondonópolis, a saca é vendida a R$ 10, no ano passado custava R$ 14."
De acordo com tabela da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), atualmente o valor mínimo do milho está estipulado a R$ 17,46 para as Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste (exceto Mato Grosso). Em Roraima e Mato Grosso a R$ 13,98, e nas Regiões Norte (exceto Roraima) e Nordeste a R$ 20,10, este último está previsto para entrar em vigor, em julho deste ano.
Os cerca de 15 milhões de toneladas de milho excedente projetados para este ano no Brasil podem ganhar novos destinos e desafogar os armazéns. Entre esses destinos estão China e países do Oriente Médio.
b) Exportação do agronegócio bate recorde, a US$ 6,3 bi
Os embarques de produtos agropecuários totalizaram, em abril, US$ 6,373 bilhões, um recorde na série histórica do quarto mês do ano. O valor é 16,2% superior ao mesmo período de 2009. Com o montante importado de US$ 994,4 milhões, o superávit da balança comercial do agronegócio foi de US$ 5,378 bilhões. As informações foram divulgadas pelo Ministério da Agricultura (Mapa).
Eduardo Sampaio, diretor de Promoção Internacional do agronegócio do Mapa, enfatiza que o resultado supera em 11% o de abril de 2008. Naquele mês, o total foi de US$ 5,722 bilhões, caracterizando o melhor da série histórica. Até mesmo o acumulado de janeiro a abril foi 6% superior ao primeiro quadrimestre daquele ano, considerado excepcional para o agronegócio, informou.
O bom desempenho das vendas externas de abril foi puxado pelo complexo sucroalcooleiro (35,9%), produtos florestais (27,9%), complexo soja (7,6%), carnes (14,8%), couros e seus produtos (63,1%), café (18,5%), fumo e seus produtos (30,1%) e animais vivos (64,8%).
O destaque fica por conta do complexo sucroalcooleiro, cujas exportações apresentaram crescimento de 35,9% (passando de US$ 498 milhões para US$ 677 milhões). A alta é resultado do aumento dos preços do açúcar (55,1%) e do etanol (67,2%), uma vez que o volume exportado de açúcar aumentou apenas 4,3% e a quantidade embarcada de etanol teve redução de 86,1%, em relação a abril de 2009. O valor embarcado de açúcar foi de US$ 655 milhões, 61,8% superior a 2009. O montante das vendas internacionais de etanol diminuiu 76,7%, somando US$ 22 milhões.
Na análise por destinos, os valores exportados aumentaram para a maioria dos blocos econômicos e regiões: União Europeia (3,2%), Ásia (14,2%), Nafta (25,9%), Oriente Médio (14,9%), Europa Oriental (100,2%) e Mercosul (33,8%). Taxas positivas de variação predominaram na maioria dos países. Destacaram-se as vendas para Tailândia (97,8%), Rússia (96,6%), Venezuela (84,3%), Irã (49,9%), Argentina (42%), Arábia Saudita (32,6%) e China (31,9%).
Nos primeiros quatro meses de 2010, os embarques totalizaram US$ 20,864 bilhões, o que significou crescimento 15,4% em relação ao valor exportado no mesmo período de 2009. As importações também apresentaram variação positiva (29,7%), totalizando 4,031 bilhões. O saldo comercial do agronegócio aumentou de US$ 14,969 bilhões para US$ 16,832 bilhões.
c) Preços do café robusta devem voltar a ter elevação em junho
Os preços do café robusta devem voltar a subir a partir do mês de junho, quando a safra deve voltar aos patamares normais. Em abril de 2009, a média mensal do café robusta estava em R$ 200,20 a saca tipo 6 peneira 13, enquanto no mesmo período deste ano os negócios foram fechados 21% mais baixos. A safra 2010/2011 apresentou comercialização a R$ 155 a saca, e no fim de abril caiu para R$ 145 (o tipo 7/8 bica corrida), queda de R$ 10 por saca.
Basicamente, é influência da cotação internacional. Com a entrada da atual safra o preço caiu, afirmou Nathan Herszkowicz, diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria do café (Abic). No entanto, a demanda está permanente e vem atendendo ao mercado interno e externo. A demanda mundial cresce 2% ao ano, acrescenta.
Para Gil Barabach, analista da Safras & Mercado, o preço do café robusta caiu em função de um aumento na oferta mundial, que agora foi retomado pela produção do Vietnã. Eles vietnamitas é quem ditam o ritmo. Apesar de o preço ter caído, a renda brasileira se manteve porque o Brasil pôde subir os preços, diz.
Segundo o analista, a tendência é de que o volume da oferta aumente em junho. Por enquanto, a safra nova é de poucos grãos, panorama que deve se alterar a partir do próximo mês.
Herszkowicz ressalta que os produtores do café conilon (robusta) ainda têm lucratividade. Não há nada de anormal com o setor. Os preços não ficam no pico a vida toda, pontuou.
De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), com a bienalidade positiva do café, a safra 2010/2011 deve crescer 19%. Mas o mercado está otimista e aposta em um crescimento entre 19% e 25%.
O País pode colher uma safra 2010/2011 recorde, entre 51,6 a 54,2 milhões de sacas, disse o analista da Safras. Na temporada 2009/2010, que termina no próximo mês, a colheita foi de 43,2 milhões de sacas. O analista atribui o bom cenário, além da bienalidade, à contribuição da chuva. Apesar do excesso, a chuva foi importante para a produção, diz.
Acompanhada pela nova safra está a exportação, que também terá aumento. De acordo com Guilherme Braga, diretor-geral do Conselho dos Exportadores de café do Brasil (CeCafé), a exportação no segundo semestre pode chegar a 17 milhões de sacas embarcadas. Neste mesmo período, em 2009, exportamos cerca de um milhão a menos, afirma.
Otimista, Braga aposta, até o fim de 2010, em 31 milhões de sacas exportadas, volume maior que o acumulado dos últimos 12 meses, quando o País comercializou 29.938.979 sacas de café, equivalente à receita de US$ 4,5 bilhões. Para o diretor-geral do CeCafé, o acréscimo nas vendas para o exterior está ligado à produção de 47 milhões de sacas. Esse número aponta aumento de 19,2%, ante as 39,5 milhões de sacas de 2009. A bienalidade da cultura de café é intercalada entre um ciclo alto e baixo. Se a safra for comparada a 2008, quando a bienalidade também foi positiva, o crescimento é de 2,85%.
O Espírito Santo representa mais de 22% da produção nacional de café, conforme atestou Antonio Joaquim de Souza Neto, presidente da Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel. Na opinião do produtor, a produção de robusta apresentou problema em virtude de três meses (dezembro, janeiro e fevereiro) de seca no fim do ano passado. Estamos a 200 metros de altitude, ao norte do Espírito Santo, onde é muito quente. Com a falta da chuva, não houve enchimento do grão, fato que determinou perda de 30% no peso, explicou. Por isso, o presidente disse que só conseguiu colher 35 sacos de 80 litros, enquanto que o normal é 45 sacos.
Outro agravante foi ocasionado, segundo Souza Neto, pelo aumento nos custos de produção: Aí, pode-se somar mão de obra mais cara; mais defensivos agrícolas; energia e combustível, afirmou o produtor.
O preço atual do conillon está em torno de R$ 156, enquanto o arábica (depende da variedade) está por volta de R$ 213. Souza Neto paga, atualmente, R$ 6 cada por saco de 80 litros.
O café tipo arábica, que representa 75,1% da produção total, está calculado em 35,3 milhões de sacas, ante 28,9 milhões do último ano. O crescimento é de 22,3%. Já o conilon ou robusta têm índices equivalentes a 11,7 milhões de sacas.
Mercosul
a) Embarque de biodiesel da Argentina deve ser recorde, diz Oil World
As exportações de biodiesel da Argentina nos primeiros quatro meses de 2010 devem atingir um novo recorde, com intensas vendas para a Europa, apesar de protestos de produtores europeus do combustível verde sobre disputa injusta, informou a Oil World.
A expectativa do mercado é que se for mantido o ritmo de vendas externas, as exportações poderão chegar a US$ 1,5 bilhão apenas neste ano.
As exportações de biodiesel da Argentina entre janeiro e abril são estimadas pela consultoria em um recorde de 430 mil toneladas, uma alta de 200 mil toneladas em relação ao mesmo período do ano anterior. Do total deste ano, 410 mil a 415 mil toneladas devem ser vendidas para a União Europeia e cerca de 15 mil toneladas para o Peru.
Produtores europeus de biodiesel estão insatisfeitos com o aumento das vendas argentinas para sua região. Esses produtores alegam que elas são mais baratas por conta de taxas especiais para a Argentina.
O país sul-americano começou a mistura obrigatória de biodiesel em combustível fóssil no início de 2010, uma medida que poderia reduzir os volumes de combustível verde disponíveis para exportação.
No entanto isso não aconteceu, disse a Oil World. As exportações argentinas de biodiesel caíram em abril para cerca de 100 mil toneladas, mas ainda estão acima das 87 mil toneladas em abril de 2009.
Os elevados preços para o biodiesel estão encorajando as exportações em vez de vendas de óleo de soja, que é usado na Argentina para produzir o combustível verde, disse a Oil World.
Tanto o Brasil como a Argentina produzem biodiesel a partir da soja. No entanto, segundo analistas de mercado o produto brasileiro chega a ser 70% mais caro que o argentino.
No mês passado, a Argentina começou a vender diesel com adição de 5% de biodiesel a exemplo do que acontece também no Brasil.
Um novo leilão de biodiesel será realizado no Brasil entre 24 de maio e 4 de junho para negociar a compra de 600 mil metros cúbicos do combustível. As diretrizes da disputa foram publicadas na edição de ontem do Diário Oficial da União (DOU).
O leilão será realizado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para suprimento do mercado durante o terceiro trimestre deste ano. O leilão terá dois lotes: o primeiro, com 480 mil metros cúbicos, e o segundo, com 120 mil metros cúbicos. A aquisição atenderá a adição obrigatória de 5% no diesel.
b) Países da UE fazem alerta contra Mercosul
Oito países da União Européia (UE) fizeram um alerta contra a retomada das negociações de um acordo de associação entre o bloco e o Mercosul porque o consideram uma ameaça à agricultura européia.
Em declaração conjunta, o grupo formado por França, Irlanda, Grécia, Hungria, Áustria, Luxemburgo, Polônia e Finlândia afirmou que o reatamento das discussões entre UE e Mercosul (composto por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) é um mau sinal aos agricultores e aos criadores de gado europeus.
Estagnadas desde 2004, as negociações do Mercosul com a União Europeia para a liberalização do setor agrícola devem ser retomadas em uma cúpula a ser realizada em Madri, na semana que vem.
O documento assinado pelos oito países europeus motivou os ministros da Agricultura da União Europeia a debaterem sobre o assunto na próxima segunda-feira em Bruxelas.
Os oito países lamentaram que a Comissão Europeia (CE, braço executivo da União Europeia) tenha proposto reativar as negociações comerciais com o bloco latino-americano sem um debate político prévio e sem analisar o impacto econômico de um eventual acordo.
Esses países ressaltam que a União Europeia já ofereceu bastante em matéria de agricultura no âmbito internacional, em referência às também bloqueadas negociações de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC) para a liberalização do comércio mundial.
c) Brasil se prepara para possível barreira imposta por Argentina
O governo argentino inicia a restrição às importações de alimentos produzidos no Brasil. Desta maneira, o Itamaraty afirmou que se houver um conflito com o Brasil, a Argentina tem mais a perder do que a ganhar e que haverá retaliações comerciais.
Nos últimos dias, a imprensa dos dois países tem divulgado a intenção da Argentina de proibir as importações de alimentos processados que tenham fabricação similar local, sob a alegação de proteger a sua indústria do país.
O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, disse que o governo não recebeu nenhuma informação oficial, por parte da Argentina, sobre restrição adotada pelo país à importação de produtos alimentícios industrializados brasileiros. Por enquanto, são só rumores, um lobby de defesa dos agricultores argentinos, assim como os nossos também fazem.
Segundo comunicado da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) já existem fortes indícios de que essa notícia já começou a surtir efeitos, obstruindo o ingresso de produtos brasileiros deste setor no mercado argentino.
Segundo informações da imprensa argentina, o secretário de Comércio da Argentina, Guilhermo Moreno, anunciou, em reunião com diretores de supermercados, que a partir de 1º de junho estaria proibida a entrada de alimentos que tenham similares produzidos localmente.
Segundo Rossi, se a restrição for efetivada, caberá a discussão no nível do Mercosul. O tema precisará ser discutido com espírito de Mercosul, mas ainda não foi oficializado, afirmou. Antes do tema surgir, uma reunião entre os ministros da Agricultura do Cone Sul já estava agendada para os dias 3 e 4 de junho. Nos três primeiros meses do ano, os argentinos importaram US$ 81 milhões em alimentos processados do Brasil, enquanto os brasileiros importaram US$ 190 milhões da Argentina. A orientação do órgão público argentino teria sido comunicada, informalmente, aos importadores daquele país sem a publicação oficial.
A Fiesp posiciona-se contra a utilização de medidas protecionistas arbitrárias e defende o comércio justo e leal.
Em comunicado divulgado, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) condenou a postura do governo argentino e a criação de nova barreira a produtos brasileiros.
Organização Mundial do Comércio (OMC)
a) Brasil e Índia abrirão queixa na OMC contra Europa por genéricos
Depois de uma série de consultas fracassadas, o comércio de remédios genéricos levará o Brasil a abrir, em Genebra, uma disputa legal contra a Europa e o governo da Holanda na Organização Mundial do Comércio (OMC). O Itamaraty apresentará a queixa em uma aliança com a Índia, em um processo que promete se arrastar por meses e voltar a colocar o tema das patentes na agenda internacional.
A polêmica começou quando, em dezembro, um carregamento de 500 quilos do remédio genérico Losartan foi apreendido em Roterdã, na Holanda, no qual a empresa Merck Sharp & Dohme detém a patente do produto. Ele havia saído da Índia, onde foi fabricado, e se direcionava ao Brasil. O problema é que não se tratou de um incidente isolado. No total, mais de uma dezena de casos de apreensões foram registradas na Europa em casos similares no comércio de remédios genéricos entre países emergentes em 2008.
Encontro entre os líderes do Mercosul e da União Europeia para retomar as negociações comerciais, em torno do acordo de livre-comércio, na próxima segunda-feira em Madri, vem sendo motivo de polêmica na Europa, com a oposição de dez países que temem ver seus interesses agrícolas embaraçados.
Nove países se uniram esta semana à França para protestar contra o relançamento das negociações, suspensas há seis anos, ao estimar que se trata de um mal sinal para a agricultura europeia. Fontes próximas à Comissão Europeia destacaram, ontem, que não haverá mais volta: Vamos retomar as negociações. Este é de longe o projeto mais importante economicamente da Europa na América Latina, e de Madri, enviaremos um sinal político forte desse laço, reafirmou.
França, o principal país beneficiário da Política Agrícola Comum (PAC), é apoiada por Irlanda, Grécia, Hungria, Áustria, Luxemburgo, Polônia, Finlândia, Romênia e Chipre.
Esses países estimam que os interesses de ambas as regiões não permitem vislumbrar progressos nas negociações, a menos que a Europa aceite novas concessões agrícolas, algo que seria inaceitável.
A França tem certas sensibilidades que iremos considerar, e apesar do prejuízo na questão agrícola, ela pode ter a sua compensação em setores como produtos químicos, automóveis, autopeças e equipamentos, informaram.
Segundo a Comissão, o acordo deve elevar as exportações anuais equivalentes a 4,5 bilhões de euros (5,9 bilhões de dólares) para cada bloco.
b) Brasil barra 102 produtos dos EUA com licença de importação
Apesar do adiamento do início das retaliações contra os Estados Unidos, 102 produtos norte-americanos estão em sistema de licença não automática de importação desde o dia 7 de abril. O secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), Welber Barral, informou que a medida é necessária para verificar se não está havendo desvio de comércio. Ou seja, se os exportadores dos Estados Unidos não estão enviando ao Brasil os produtos que podem ser objeto da retaliação, usando outro país como intermediário.
A medida significa que a entrada no País destes produtos incluídos na lista de retaliação depende de autorização do governo. Segundo a Organização Mundial do Comércio (OMC), este prazo pode ser de até 60 dias. Barral informou que o prazo de liberação das importações tem sido em torno de uma semana. “Se fosse necessário colocar algum tipo de retaliação, tínhamos que saber quem é o fornecedor e a transportadora para fazermos o controle”, justificou o secretário.
A retaliação começaria no dia 7 de abril, mas foi adiada para o final de junho diante da concordância dos EUA de negociarem as condições de retirada dos subsídios. Não houve aumento do imposto de importação, mas o Brasil está controlando a entrada dos produtos.
Barral informou que, na próxima semana, haverá uma reunião em Washington para continuar as negociações com o governo de Barack Obama. O governo brasileiro também já anunciou a intenção de estender as retaliações para a área de propriedade intelectual. Uma lista de medidas foi colocada em consulta pública e está sendo consolidada pelo governo. No entanto, Brasil e Estados Unidos anunciaram a intenção de incrementar o comércio bilateral por meio de medidas de inovação e fortalecimento da área de propriedade intelectual.
A ideia é unir forças não só para aproveitar as oportunidades nos mercados internos de cada país, mas se tornarem, juntos, mais competitivos em outros mercados. Para Barral, a ameaça de retaliação do Brasil nesta área não inviabiliza o acordo.
Plano Internacional
a) Megafundo para salvar o euro
Para preservar o euro e evitar uma onde de calotes pela Europa, os líderes do continente acertaram ontem a criação de um gigantesco fundo de estabilização, cujos recursos deverão ser aplicados para intervir no mercado financeiro a partir desta semana. Os ministros de Finanças dos países da Zona do Euro concordaram, durante reunião em Bruxelas (Bélgica), em aprovar um megafundo de 750 bilhões de euros a fim de formar a barreira de proteção para a economia europeia.
Essa montanha de dinheiro, equivalente a R$ 1,78 trilhão, servirá como base de capital para pedidos de empréstimos às economias fragilizadas da União Europeia. As autoridades econômicas poderão contar com 500 bilhões de euros, mais 250 bilhões em verbas do Fundo Monetário Internacional (FMI), para enfrentar o ataque especulativo daqueles a que chamaram “lobos” do mercado financeiro.
Os recursos do megafundo serão garantidos pelos 27 países membros da União Europeia. Caberá ao FMI definir condições para os empréstimos que vierem a ser concedidos a uma nação europeia que estiver com dificuldades para honrar suas dívidas interna e externa. Até a semana passada, rumores apontavam, nessa situação, Portugal, Espanha e Irlanda, que acumulam enormes rombos em suas contas públicas. Existem especulações de que esses países já estariam em negociações com o próprio FMI.
O Fundo voltou a desmentir essa informação, logo depois da aprovação oficial do empréstimo de 30 bilhões de euros para a Grécia, que corresponde à parte do organismo multilateral no programa de resgate para o governo grego. Para receber os recursos, a administração do primeiro-ministro George Papandreou terá de aceitar condições rigorosas, que incluem uma combinação de cortes de gastos e aumentos de impostos.
Um dos objetivos das autoridades europeias é separar o mecanismo de intervenção nos mercados, voltado para reduzir o nervosismo e a alta oscilação nos mercados, dos problemas com a gestão fiscal dos governos. Por isso, a Comissão Europeia vai propor a criação de um instrumento adicional de empréstimos intergovernamentais apenas para países da Zona do Euro. Ewald Nowotny, membro do Conselho Executivo do Banco Central Europeu (BCE), deixou claro que a instituição pode ajudar países endividados, mas sem financiar diretamente os rombos nas contas dos países. “O Banco Central Europeu também pode ajudar, mas na área monetária, não através de financiamentos de deficits orçamentários”, afirmou em um programa ao vivo na rede de televisão estatal austríaca ORF.
A operação para salvar a moeda europeia colocou as principais lideranças do mundo em negociações semelhantes a que se viram depois das duas últimas grandes guerras mundiais. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, cobrou da chanceler alemã Angela Merkel medidas enérgicas da União Europeia para tranquilizar os mercados e aplacar a crise da dívida. Ministros e líderes europeus voltaram a alertar para as repercussões da crise. “Agora, vemos comportamentos de uma matilha de lobos e se nós não pararmos isso eles vão estraçalhar países mais fracos”, disse o ministro sueco da Economia, Andares Boro.
Analistas de mercado receberam as medidas com elogios, mas continuavam desconfiados do seu alcance. Alguns economistas afirmaram que elas vão curar os sintomas, mas não a doença. “Os governos finalmente parecem ter se levantado ao desafio trazido pela crise de dívida soberana”, afirmou o Morgan Stanley por meio de nota a clientes. No entanto, o banco alertou para um possível calote: “Mas, como as medidas tomadas anteriormente para benefício da Grécia, um fundo de estabilização está apenas comprando tempo para os devedores em dificuldades”, disse o banco.
b) EUA têm déficit orçamentário de US$ 82 bi em abril
O governo dos EUA registrou déficit orçamentário pelo 19º mês consecutivo em abril, de US$ 82,69 bilhões, de acordo com dados do Departamento do Tesouro. Economistas consultados pela Dow Jones projetavam um déficit de US$ 45 bilhões. No ano fiscal 2010, iniciado em 1º de outubro do ano passado, os EUA acumulam déficit orçamentário de US$ 799,68 bilhões, ante um déficit de US$ 802,30 bilhões acumulado durante período equivalente do ano fiscal 2009.
Em abril do ano passado o governo norte-americano registrou déficit fiscal de US$ 20,91 bilhões - um sinal negativo para as condições orçamentárias dos EUA, visto que o país geralmente apresenta superávit nesta época do ano por conta da receita gerada por contribuintes que pagam o imposto de renda.
O governo registrou superávit fiscal em 43 dos últimos 56 meses de abril. O relatório do Tesouro mostrou que a receita gerada com imposto de renda no mês passado foi de US$ 107,31 bilhões, em comparação a US$ 136,67 bilhões em abril de 2009.
As exportações dos Estados Unidos somaram US$ 147,9 bilhões em março e as importações ficaram em US$ 188,3 bilhões resultando em déficit na balança de bens e serviços do país de US$ 40,423 bilhões. Em fevereiro, o resultado deficitário foi de US$ 39,427 bilhões. Dados do Departamento do Comércio mostraram que o déficit comercial subiu US$ 11,6 bilhões de março de 2009 para igual mês deste ano.