24 a 28 de agosto de 2009

Comércio Exterior

Resultados
Setor têxtil crítica acordo que facilita venda ao Brasil da produção boliviana
Usinas aproveitam momento para exportar


Agronegócio

Crise global faz comércio de produtos agrícolas cair 16%
Milho terá menor área desde os anos 60
Custo menor deve ampliar margem da soja nesta safra
Angola plantará cana com o Brasil

Mercosul

Cristina anuncia veto a lei e abre novo conflito com campo
Frango brasileiro no Uruguai

Organização Mundial do Comércio (OMC)

Índia propõe abertura de emergentes
China é maior exportadora, diz OMC

Plano Internacional

Hesitações no G-20 e custo da crise bancária
Muitas farpas e pouco acordo em Bariloche

Comércio Exterior

a) Resultados

As exportações e as importações brasileiras apresentaram crescimento nas três primeiras semanas de agosto em relação a julho, de acordo com dados da balança comercial divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

As exportações somaram US$ 9,60 bilhões nesse período, aumento de 4,1% na média diária. Na comparação com o mesmo período do ano passado, que é afetada pelos efeitos da crise econômica, houve queda de 31,9%. Já as importações ficaram em US$ 7,57 bilhões - aumento de 3,5% em relação ao mês anterior e queda de 39,3% na comparação anual.

No acumulado do ano, a balança comercial apresenta superávit de US$ 18,943 bilhões (média diária de US$ 118,4 milhões), alta de 11% na comparação da média diária. A média diária de exportações caiu 24,8% neste ano. Nas importações, houve recuo de 30,5%. As vendas para o exterior somam US$ 93,7 bilhões e as importações, US$ 74,7 bilhões.

A diferença entre exportações e importações nas três primeiras semanas de agosto resultou em superávit comercial de US$ 2,03 bilhões, resultado 23,9% maior que o registrado no mesmo período do ano passado.

Em relação a julho, houve aumento nas vendas de produtos semimanufaturados (15,8%) e manufaturados (6,3%). No entanto, a saída de básicos registrou queda de 1,2%. Quanto a agosto de 2008, as reduções foram verificadas nas três categorias: semimanufaturados (-34,2%); manufaturados (-32,7%); e básicos (-29,4%).

No que diz respeito às importações realizadas nas três primeiras semanas de agosto, foi registrado crescimento em produtos siderúrgicos (13,5%), veículos e peças (13,4%), adubos e fertilizantes (12,4%), aparelhos eletroeletrônicos (10,1%), instrumentos de ótica e precisão (8,0%), equipamentos mecânicos (5,5%) e químicos orgânicos e inorgânicos (5,5%).

Na comparação com agosto de 2008, houve queda de 39,3% nas importações. Caíram os gastos, principalmente, de combustíveis e lubrificantes (-64,5%), adubos e fertilizantes (-52,8%), siderúrgicos (-40,4%), equipamentos mecânicos (-35,9%), aparelhos eletroeletrônicos (-27,4%) e instrumentos de ótica e precisão (-26,9%).

Na terceira semana de agosto, com cinco dias úteis (entre os dias 17 e 23), a balança registrou superávit de US$ 415 milhões.

b) Setor têxtil crítica acordo que facilita venda ao Brasil da produção boliviana

O acordo de preferência tarifária assinado pelo governo brasileiro para compra de produtos têxteis da Bolívia foi recebido com surpresa pelas indústrias brasileiras, afirmou o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Aguinaldo Diniz Filho. Pelo acordo, válido por um ano, prorrogável, o Brasil poderá importar da Bolívia US$ 21 milhões em produtos têxteis.

Ficamos bastante surpresos com a flexibilização da origem para compensar as exportações que a Bolívia fazia aos Estados Unidos, afirmou Diniz. Pela regra vigente, um produto deve ter 60% de componentes fabricados no país. A flexibilização da origem permite que a Bolívia importe produtos de outros países e reexporte ao Brasil, com valor final mais baixo, dada a isenção fiscal. Em função de acordos anteriores, a Bolívia já exportava têxteis ao Brasil com isenção fiscal. O que muda com o acordo é a flexibilização da origem.

Para o presidente da Abit, a medida também pode abrir um precedente para que outros países reivindiquem taxas de importação mais baixas. Outro ponto questionado é a estipulação de um valor de importação, em lugar de uma cota em volume. Dentre os produtos têxteis que o Brasil importa da Bolívia, o principal grupo é o de itens de cama, mesa e banho. Diniz observou que, no ano passado, o preço médio da roupa de cama importada entrava no país a US$ 0,69 o quilo. Esse preço não paga nem a matéria-prima. Pode haver subfaturamento e entrar no país muito mais produtos do que está informado no preço original, disse.

De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), de janeiro a julho não houve importação desses itens vindos da Bolívia. No ano de 2008, foram importados 1.622 toneladas de produtos de cama, mesa e banho, no valor equivalente a US$ 2,011 milhões. As importações totais de têxteis da Bolívia em 2008 somaram US$ 3,8 milhões no ano passado, o equivalente a 1.516 toneladas de produtos. Em 2007, as importações somaram US$ 3,3 milhões. O limite de US$ 21 milhões é muito alto se for considerada a média importada pelo Brasil atualmente, disse o executivo. A Abit enviará nesta semana um ofício ao ministério questionando o acordo.
O acordo resultou de uma negociação entre os países após a suspensão das preferências tarifárias com os EUA, em 2008. O governo americano condicionava incentivos fiscais para exportação ao combate ao narcotráfico.

c) Usinas aproveitam momento para exportar

A retomada das exportações, que foram um motivo forte do religamento de fornos no Brasil a partir de julho e em vários países do mundo, mostra sinais de saturação em alguns mercados, mas ainda está sustentando boa parte da produção das siderúrgicas brasileiras, como Usiminas, ArcelorMittal Tubarão, Gerdau Açominas e CSN. O temor dos empresários presentes ontem no Encontro Nacional de Siderurgia é com a formação de excesso de oferta nos próximos meses, bem como com o arrefecimento da demanda interna com cortes nos programas governamentais de estímulo ao consumo de bens duráveis, como carros e geladeiras.

Dependendo de cada empresa, e do tipo de aço fabricado, os embarques ao exterior vão de 15% a 55% do total produzido. Os principais mercados são a Ásia, com destaque para China, bem como EUA e Europa, que apresentam recuperação mais lenta.

A ArcelorMittal Tubarão, que faz placas e produtos laminados, está exportando mais da metade da produção de seus dois altos-fornos em operação. Ambos estão funcionando além da capacidade, que soma 6,2 milhões de toneladas. O terceiro forno da usina, que está parado desde novembro do ano passado, só deverá ser religado por volta de abril do próximo ano.

A ordem nas empresas, admitem empresários e executivos, é aproveitar o momento de demanda aquecida em várias partes do mundo e ocupar o máximo de capacidade ociosa de suas instalações para fazer caixa. Os preços dos produtos também mostraram boa reação de preços desde meados do primeiro semestre deste ano.

Benjamim Batista, presidente da ArcelorMittal Tubarão, disse que o principal destino das vendas são clientes da Ásia, principalmente da China. A usina brasileira, que fica ao lado de Vitória (ES), também está atendendo pedidos de clientes da sua co-irmã mexicana, a antiga Imexa, grande fabricante de placas, que encontra-se paralisada há mais de duas semanas por conta de uma greve dos trabalhadores.

Na Usiminas, segundo informou Sérgio Leite de Andrade, vice-presidente de negócios, as exportações já respondem por 35% do volume vendido pela empresa. A siderúrgica reativou dois dos três altos-fornos que estavam parados em julho e começo deste mês, elevando a ocupação da capacidade total da companhia para 90%. O quinto alto-forno será reativado somente no primeiro semestre do próximo ano, quando houver sinais mais firmes de consumo na economia, interna e externamente.

Segundo Andrade, a empresa está exportando desde placas, para suprir clientes laminadores, bem como produtos acabados, como chapas finas a quente e frio. Já vem fazendo embarques para EUA, Europa e América Latina, que foram bastante afetados com a crise financeira mundial, mas a China é o maior comprador de aço no mundo neste momento. Isso, apesar de estar batendo recordes de produção a cada mês. Fez 50,7 milhões de toneladas em julho.

A usina de Cubatão da Usiminas (antiga Cosipa) está operando no nível de 380 mil toneladas mensais de aço bruto, e assim deverá permanecer até o fim do ano, informou Omar Silva Jr., vice-presidente industrial da Usiminas. Seu foco será o mercado externo. Já unidade de Ipatinga (MG), com uma linha de produtos mais nobres, principalmente para automóveis, linha branca e construção civil, vai concentrar-se no atendimento do mercado doméstico.

O nível de uso da capacidade de Ipatinga é de 75%, incluindo o alto-forno parado. A previsão é atingir 85% até o fim do ano. A recuperação da demanda no país ainda está bem lenta em alguns setores, como bens de capital, construção e tubos de grande diâmetro, com fraca reação, afirmou. No todo, a Usiminas prevê vender neste ano quase 6 milhões de toneladas, cerca de 20% abaixo de 2008.

A CSN, informou Benjamin Steinbruch, principal acionista e presidente da siderúrgica, está exportando 15%, o dobro do primeiro semestre e pouco acima do que em 2008. No ano passado, o consumo no país estava tão aquecido que obrigou até as usinas brasileiras a importar para atender clientes locais. Mas nosso foco é o mercado interno, disse Steinbruch.

Agronegócio

a) Crise global faz comércio de produtos agrícolas cair 16%

A crise econômica global provocou uma queda de 16,05% no comércio agricola internacional em valor no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2008, revelam dados do Departamento de agricultura dos Estados Unidos (USDA).

As exportações e importações agrícolas caíram 20% apenas entre janeiro e março, uma queda historica. O Japão, principal importador líquido de alimentos do mundo, teve queda de 53%, a China, de 17,3%, e os EUA, 24,3%. Desde então, o declínio nas exportações e importações diminuiu.

Dados do USDA, aos quais o Valor teve acesso, mostram que entre janeiro e junho o comércio agrícola dos EUA caiu 20,16% . Na União Europeia, o recuo foi de 25%, no Japão, de 6%, e na China, de 6,8%. A Argentina teve uma queda de 19% em seu comércio internacional. Já a Venezuela, que compra no exterior a maior parte do que consome, importou menos 65,7% no primeiro semestre, um recorde mundial. O país que se saiu melhor entre os que contam no comércio agrícola global foi o Brasil, com queda de apenas 0,58% nas trocas.

Entre os poucos que tiveram alta no comércio estão a Rússia, com 65%, a Ucrânia com 7,3%, a Guatemala, com 30,6%, e Hong Kong, com 5,7%, mas todos sem peso suficiente para frear a queda total.

O comércio agrícola só deve se recuperar com o fim da recessão, o que o USDA não espera que ocorra antes do último trimestre ou no primeiro trimestre de 2010. Em 2008, as exportações agrícolas representaram 8,3% do comércio global de mercadorias de US$ 15,8 trilhões.

Para o USDA, a solução da crise passa por redução dos desequilíbrios globais, com efeitos substanciais para a composição de commodities de exportação e os grandes mercados para a agricultura americana, que depende de vendas externas de cereais, óleos, algodão e carnes.
Após o declínio de 2009, as importações agrícolas devem retomar o crescimento graças à alta do consumo nos países emergentes e em desenvolvimento e do maior consumo de carnes nesses países. No curto prazo (2009-2011), período em que o impacto da crise econômica deve ser mais sentido, as exportações agrícolas de países concorrentes vão crescer mais do que as exportações americanas, por causa dos custos mais altos dos produtores dos EUA. Nesse cenário, os principais beneficiários da redução da competitividade americana são o Brasil, no caso da soja, a União Europeia e a Austrália para o trigo, e Argentina para o milho, na avaliação do USDA.

Washington acredita, por outro lado, que suas exportaçoes de carnes podem crescer mais do que as dos concorrentes, refletindo em parte o forte crescimento esperado para importações de frango e carne bovina durante 2009-2011 e a capacidade de seus produtores de manter vantagem comparativa.

Os produtores americanos estão atentos à variação do dólar e ao comportamento da China como produtor e consumidor. Um dólar fraco ajuda estimula as exportações. E os chineses se tornaram importadores líquidos de várias commodities agrícolas nos últimos anos, devido ao aumento da população e ao forte crescimento econômico, movimento que tem afetado os preços internacionais.

b) Milho terá menor área desde os anos 60

O Brasil vai plantar neste verão a menor área de milho desde a década de 1960. Essa redução na área destinada ao milho ocorrerá porque o produtor está caminhando perigosamente para a soja.
Perigosamente porque coloca uma pressão de produção muito grande na safrinha do próximo ano para o abastecimento interno. E a safrinha sempre é uma incógnita devido aos problemas climáticos, principalmente geadas, avalia André Pessôa, da Agroconsult.

Perigosamente, ainda, porque, se confirmada essa tendência, haverá grande oferta de soja e queda na de milho. Com esse cenário, a situação vai estar mais favorável para os produtores de milho do que para os de soja, diz Leonardo Sologuren, da consultoria Céleres.

Os números confirmam as preocupações desses analistas. A área destinada à soja pode subir para 22,8 milhões de hectares, enquanto a de milho deverá recuar para 8,3 milhões.

Esses números ficam ainda mais preocupantes porque a Argentina, outro país importante na oferta mundial de grãos, deve elevar a área de soja para até 19 milhões de hectares e reduzir a de milho para apenas 2 milhões de hectares.

Os produtores brasileiros de soja têm notícias ruins também do mercado norte-americano, onde a produção deve subir para 87 milhões de toneladas.

Na soma total, os principais produtores de soja das Américas devem atingir 214 milhões de toneladas da oleaginosa na safra 2009/10.

Se confirmado, esse volume supera em 36 milhões o da safra anterior. Ou seja, o correspondente às importações da China, país que consegue influenciar os preços internacionais devido ao elevado volume de importações. Diante desse cenário, já há previsões para uma soja a apenas US$ 6 por bushel -hoje o preço é de US$ 10,80.

Sologuren diz que o produtor está olhando apenas para o momento atual, quando a soja é mais rentável que o milho. Este último tem altos estoques, exportações reduzidas e preços baixos. O mercado está sem liquidez. Olhando apenas para hoje, o produtor plantará soja.

O Brasil tem um potencial de exportação de 8 milhões a 9 milhões de toneladas de milho no próximo ano. Se conseguir, os preços estarão aquecidos no segundo semestre de 2010, diz Sologuren.

Com essa queda na safra de verão, a safrinha, que está sempre sujeita a riscos maiores, tem obrigação de ir bem, acrescenta Pessôa. Se hoje os estoques estão folgados e os preços, baixos, daqui a um ano a situação pode estar mais complicada na oferta desse produto, segundo ele.

Mas se o clima for bom na safrinha do próximo ano e o país não conseguir exportar, o cenário para o milho, a exemplo do da soja, também poderá não ser satisfatório. São muitas as variantes, diz Sologuren.

Se a médio prazo a situação é incerta, a curto é pior ainda. Segundo Pessôa, os produtores de Mato Grosso deveriam ter um subsídio para sustentar os gastos com o frete. Mesmo com a ida de várias indústrias de carnes para a região, há uma sobra grande de milho que precisa sair rápido da região.

Citando dados do Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária), Pessôa diz que já são 520 mil toneladas de milho amontoadas ao ar livre. Isso torna o mercado nervoso e traz desânimo ao produtor, que acaba indo na mesma direção da maioria, sem uma avaliação correta do mercado, diz Sologuren.

Mas nem todas as previsões indicam para preços bons para o milho no próximo ano. Os Estados Unidos estão produzindo a segunda maior safra da história e terão 55 milhões de toneladas para exportação, o que pode inibir a presença brasileira no mercado externo.

c) Custo menor deve ampliar margem da soja nesta safra

Ainda que com uma taxa de câmbio considerada pouco atrativa para os exportadores e sob um cenário que projeta queda nos preços da soja nos próximos meses, os produtores brasileiros iniciarão o plantio da oleaginosa na safra 2009/10, em setembro, com perspectivas de margens mais positivas que as registradas para o ciclo anterior. O recuo dos custos de produção nos últimos 12 meses é o principal fator para esse novo quadro.

Em Mato Grosso, maior produtor do grão no país, o plantio deverá ser feito com um custo médio de R$ 27 por saca de 60 quilos, segundo a consultoria Céleres. Na safra 2008/09, também em Mato Grosso, o plantio teve custo médio de R$ 30. A margem média no Estado na temporada passada foi de 20%. Neste momento, existe a perspectiva de que possa ficar entre 21% e 24%, segundo Leonardo Menezes, analista da Céleres.

Em um exercício de projeção de cenários, a Céleres calculou que, para que a margem dos produtores seja positiva, e para uma taxa de câmbio acima de R$ 1,80 por dólar - que é o patamar atual -, a soja precisaria ser negociada na bolsa de Chicago por valores acima de US$ 9,75 por bushel em março, quando a safra brasileira começa a ser escoada. Essa conta levou em consideração, entre outras premissas, a de que a produtividade em Rondonópolis (MT), base para os cálculos, seja de 52 sacas por hectare, o custo de produção seja de R$ 27,50 por saca e o custo do frete para Paranaguá seja de R$ 180 por tonelada.

Ainda não é possível fazer uma previsão mais assertiva, mas um cenário de margens mais elevadas já é um grande alento para para os produtores do grão, que veem se montar um quadro de preços mais baixos que os atuais e de câmbio tido como pouco atrativo para as exportações. Salutar para a balança comercial brasileira: a soja é o principal produto do país no comércio internacional.

Na bolsa de Chicago, referência internacional para a formação de preços agrícolas, os contratos com vencimento em novembro fecharam ontem em baixa de 2,50 centavos de dólar, a US$ 9,9650 por bushel, medida que equivale a 27,2 quilos.

Os papéis de prazo mais dilatado, contudo, estão abaixo desse nível - os contratos para maio de 2010 estão pouco acima de US$ 9,80 por bushel -, o que mostra uma tendência, ao menos neste momento, de queda das cotações.

A cotação do dólar no mercado futuro tem recuado nos últimos meses, mas também apontam números mais atrativos para os exportadores nos próximos meses. Os contratos da moeda americana para setembro saíram ontem por R$ 1,8595, mas os para julho de 2010 encerraram negociados por R$ 1,9610.

A perspectiva de boa margem para os produtores, apesar do cenário que, neste momento, não é considerado exatamente amistoso para seus negócios, é um bom cartão de visitas para o início da temporada 2009/10. Os analistas ressalvam, contudo, que o quadro sempre pode mudar.

Renato Sayeg, da Tetras Corretora, diz que ainda há dúvidas sobre o real desempenho da safra americana, cuja colheita está prestes a iniciar. Certamente será uma safra recorde, mas não se sabe ainda de quanto, afirma ele. Em agosto, o
Departamento de Agricultura americano (USDA) apresentou a projeção de produção de 87,07 milhões de toneladas de soja no país na safra 2009/10, acima das 80,54 milhões de toneladas do ciclo anterior.

Crucial também, mais uma vez, será o quadro climático na América do Sul. Nos últimos cinco anos, tivemos problemas de clima em quatro. No momento, há possibilidade de o Brasil produzir até 64 milhões de toneladas de soja volume que seria recorde, mas isso vai depender do clima, afirma Sayeg.

d) Angola plantará cana com o Brasil

Angola plantará cana-de-açúcar a partir de setembro pela primeira vez em 30 anos. O projeto em parceria com o Brasil para a produção de açúcar e etanol será o primeiro passo de Angola em direção aos biocombustíveis. Participam do projeto a companhia petrolífera estatal Sonangol, a brasileira Odebrecht e o grupo privado angolano Damer. O programa de biocumbustíveis de Angola é uma tentativa de recuperar a agricultura após três décadas de guerra e começará na província de Malanje, de 30 mil hectares, a leste da capital Luanda. A meta do governo é diversificar a economia e aliviar a dependência de Angola das exportações de petróleo e diamantes, responsáveis pelo auge econômico vivido pelo país após a guerra civil que terminou em 2002.

Mercosul

a) Cristina anuncia veto a lei e abre novo conflito com campo

O governo argentino anunciou que vetará a Lei de Emergência Agropecuária, aprovada no Senado na última quinta. Com isso, encerrou a trégua com a oposição em torno dos impostos de exportação de grãos.

A lei, de autoria do deputado Francisco De Narváez, algoz do governo na derrota nas eleições legislativas de junho passado, busca socorrer produtores afetados pela seca de 2008.

Lideranças do agronegócio protestaram publicamente e enviaram carta à presidente, manifestando profunda preocupação e lhe pedindo que recue da decisão.

A presidente tomou a decisão no fim de semana, ao notar que a lei aprovada na sexta exime produtores da Província de Buenos Aires afetados por desastre (perdas de 80%) ou emergência (perdas de 50%) de pagar impostos por seis meses.

O governo não quer perder arrecadação, nem encarar o risco da exigência de isonomia pelos demais produtores. Argumenta que o pouco que foi produzido em 2008 já foi comercializado.

b) Frango brasileiro no Uruguai

O Brasil quer abrir o mercado uruguaio para a carne de frango produzida no País. A Associação Brasileira dos Exportadores de frango (Abef) pretende realizar em setembro um encontro entre importadores e representantes dos ministérios da Agricultura e Fazenda do Uruguai. A ideia é que sejam iniciados os procedimentos para a criação de um acordo sanitário entre os dois países para viabilizar o comércio do produto.

Além da aproximação comercial, a expectativa é de que haja uma pressão política por parte do Brasil. Na quarta-feira, durante reunião da Câmara de Comércio Exterior (Camex), o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, informou que o Itamaraty questionará as autoridades uruguaias sobre os motivos pelos quais não são mantidos os entendimentos necessários, no âmbito sanitário, para liberar a exportação da carne de frango brasileira. A atitude do Ministério da Agricultura é louvável. A não abertura do Uruguai é uma atitude indevida e injustificável, disse Francisco Turra, presidente da Abef.

Apesar de o Brasil ser responsável por quase 40% das exportações mundiais de carne de frango e atender as necessidades dos mais variados importadores, o Uruguai sempre se manteve fechado ao produto brasileiro alegando proteção dos produtores locais.

Todas as vezes em que buscamos essa aproximação o governo dizia que precisaria consultar os produtores domésticos para saber os impactos que a carne de frango brasileira provocaria. Dessa forma, eles sempre ganharam tempo, disse um exportador.

Sobre a notícia que produtores da Arábia Saudita estariam pedindo ao governo daquele país uma medida antidumping contra as exportações brasileiras, o embaixador do Brasil no país, Sérgio Luiz Canaes, informou que ela não procede. Em comunicado enviado à Abef, Canaes disse que não há risco de interrupção da entrada de carne de frango do Brasil na Arábia Saudita.

Segundo o diplomata, a notícia foi, provavelmente, induzida por produtores insatisfeitos com a decisão das autoridades sauditas de baixar a tarifa do frango importado de 20% para 5% em junho. Na segunda-feira, a agência de notícias Dow Jones, citando o jornal Al Yaum, noticiou que produtores sauditas pediram a suspensão da importação de carne de aves do Brasil e outros fornecedores.

Organização Mundial do Comércio (OMC)

a) Índia propõe abertura de emergentes

A Índia faz uma proposta para retomar as negociações da Rodada Doha, acordo comercial global da Organização Mundial do Comércio (OMC), que azeda a relação com o Brasil. Brasília e Nova Délhi são os principais pilares do G-20 (grupo das 20 maiores economias), que defende uma reforma comercial no setor agrícola. Mas os indianos vão apresentar uma agenda que pode prejudicar os interesses do Brasil.

No próximo dia 4 de setembro, ministros dos principais países que fazem parte da OMC realizam em Nova Délhi uma reunião informal para tentar dar sentido ao processo lançado em 2001 e que até hoje não foi concluído.

Pela nova proposta, apoiada pelos australianos, a ideia é escolher pontos prioritários para permitir que o processo avance. O problema, segundo o Itamaraty, é que os pontos escolhidos atendem aos interesses americanos. Nova Délhi propõe debater a questão da abertura dos mercados emergentes para produtos industriais dos países ricos e deixa de fora os níveis de subsídios agrícolas nos EUA e até mesmo as cotas para a importação de carne, açúcar ou soja por parte dos europeus.

b) China é maior exportadora, diz OMC

A China passou a ser a maior exportadora do mundo e superou Alemanha e Estados Unidos. Os dados são da Organização Mundial do Comércio (OMC), que compilou o volume de exportações dos países de janeiro a junho de 2009 e aponta para o impacto da crise no mapa das potências comerciais.

Graças aos países asiáticos, a conclusão da OMC é de que o comércio mundial parou de cair e dá moderados sinais de recuperação. Os dados indicam que a queda nos primeiros meses do ano já se reverteu em um pequeno aumento em junho e julho. Mas a taxa ainda está distante dos níveis de 2008. Os dados ainda revelam que a retomada das exportações está sendo liderada pelos emergentes, em especial os da Ásia. Já o Brasil está estagnado em sua recuperação nos últimos dois meses.

A principal mudança provocada pela crise foi a transformação da China no maior exportador do mundo. Por uma margem mínima, Pequim superou a Alemanha, que era a líder desde 2003. A China exportou US$ 521,7 bilhões em seis meses, ante US$ 521,6 bilhões da Alemanha. Os americanos estão na terceira colocação.

Em 2002, a China era a quinta maior exportadora do mundo, com vendas anuais de US$ 325 bilhões, US$ 200 bilhões abaixo do que o país vendeu apenas nos últimos seis meses. Em 1997, era apenas a 16ª, com US$ 24,5 bilhões.

Parte da posição de número 1 da China resulta da crise. Nos últimos anos, a expansão das exportações alemãs tem sido o pilar da economia do país. Mas a recessão provocou uma reviravolta no modelo de crescimento defendido pela chanceler Angela Merkel. Ela e seu modelo enfrentam uma eleição em setembro. Com o alívio de já ter superado a recessão.
A OMC admite que não sabe se a China continuará líder até o fim do ano. Mas a realidade é que a China já é uma das líderes. No caso do Brasil, é o principal parceiro. Os chineses também já substituíram os americanos como o principal fornecedor de mercadorias à Europa.

Nos últimos anos, dezenas de medidas foram adotadas contra os produtos chineses e Pequim é hoje o país mais afetado por medidas restritivas. Uma delas foi adotada pelo Brasil no início do ano, para barrar a entrada de produtos siderúrgicos chineses.

Apesar da retomada das exportações, a entidade máxima do comércio mantém a previsão de que o fluxo de importações e exportações cairá 10% em 2009, o maior recuo em décadas. Mas o que traz alívio aos analistas é que o tombo de mais de 40% em Cingapura, Japão e Coreia em janeiro e fevereiro já não está ocorrendo.

A principal força na recuperação do comércio é a Ásia. Na China, as exportações passaram de US$ 95 bilhões em junho para US$ 105 bilhões em julho. Ainda assim, a taxa é 23% abaixo de julho de 2008. As importações chinesas também cresceram entre junho e julho, de US$ 87 bilhões para US$ 94,7 bilhões. Ainda assim, a taxa é 14% inferior ao mesmo período de 2008.

Na China, a queda de exportações em janeiro foi a maior desde que o país decidiu romper com alguns dogmas do comunismo e abrir a economia, há 30 anos. Em janeiro, a redução das exportações foi de 29%, a maior desde 1979. Agora, grande parte do crescimento do comércio asiático é resultado da retomada industrial na região.

Os dados da OMC também mostram estagnação do Brasil. Entre junho e julho, as exportações chegaram a cair, de US$ 14,5 bilhões para US$ 14,1 bilhões. Mas ainda são superiores aos US$ 12 bilhões de maio.

A corrente de comércio em julho foi de US$ 25,3 bilhões, com recuo de 32% em relação ao mesmo mês do ano passado. A queda só não foi maior nas exportações brasileiras graças às compras de empresas chinesas no setor primário.

Plano Internacional

a) Hesitações no G-20 e custo da crise bancária

Os países do G-20, que fazem 85% da produção mundial, se preparam para nova reunião de cúpula de chefes de Estado e de governo em fins de setembro, em Pittsburgh (EUA), sem uma ideia clara ainda do que vão produzir desta vez. Já o Banco de Compensações Internacionais (BIS), espécie de banco dos bancos centrais, acaba de dar uma mostra da marca que a crise bancária deixará sobre a atividade econômica nos próximos anos.

O cenário econômico mudou. A primeira cúpula dos líderes do G-20 ocorreu nos Estados Unidos no auge da crise e de lá saiu a determinação de reagir com firmeza para evitar quebradeira dos bancos e recessão mais severa. A segunda, em abril, em Londres, num ambiente ainda sombrio, o pacote de mais de US$ 1 trilhão anunciado reduziu inseguranças e afastou a explosão de certos problemas, sobretudo entre países em desenvolvimento.

Agora, a nova cúpula, de novo nos EUA, será realizada quando os efeitos da crise persistem, mas a percepção é que o pior já passou. Tanto que o governo de Barack Obama quer dar mais ênfase a dois temas novos: mudança climática e dificuldades dos países mais pobres sem instrumentos para sair da crise, aumento do desemprego, tensões sociais. Não haverá proliferação de cifras, mas promessas de que as instituições financeiras reforçarão o financiamento para essas economias. Quanto ao clima, a preocupação é não atropelar o processo de Copenhague, mas dar um impulso dos líderes, o que implicará certamente pressões adicionais sobre China, Índia e Brasil.

O Brasil, por seu lado, prepara-se para enfatizar três temas já na reunião de ministros de Finanças, na semana que vem em Londres, em preparatória para a cúpula. Brasília vai insistir que a energia política continue concentrada na recuperação econômica e cobrará respeito aos prazos para a reforma do FMI e do Banco Mundial, em 2010 e 2011 respectivamente. E quer a reforma da regulamentação financeira.

Para o país, é preciso evitar que o sistema bancário volte ao business as usual depois do tamanho da recessão mundial que provocou. Considera a reforma importante para prevenir futuras crises e restaurar a confiança nos bancos. Além disso, uma reforma global, que imporá mais exigências, beneficiará a internacionalização dos bancos brasileiros, já habituados à regulamentação mais restritiva no Brasil.

A posição brasileira é coordenada pelo secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, embaixador Marcos Galvão, e pelo sherpa para o G-20, o embaixador Pedro Luiz Carneiro de Mendonça. O Banco Central atua forte nas reuniões técnicas. Nos últimos meses, as discussões prosseguiram em meio aos alertas do BIS de que, enquanto a reforma financeira global não ocorrer, qualquer melhora na economia real será temporária.

Existe consenso de que o capital próprio dos bancos precisará ser muito maior do que o limite atual de 8%. Serão exigidas mais ações ordinárias do banco, por exemplo, para cobrir operações da carteira de tesouraria. Em caso de insolvência, os acionistas terão maior responsabilidade. Com isso, se espera melhor gestão.

Um colchão de capital, ou fundos próprios anticíclicos, está decidido, obrigando as instituições a reforçarem capital em período de prosperidade para ser usado em momentos difíceis. A questão sobre a redução da alavancagem está agora na calibragem. Se as exigências forem descabidas, o crédito se torna mais caro e os fluxos de capital mudam. Se for muito branda, a instabilidade persiste.

As autoridades monetárias estudam também limitar o tamanho dos bancos. O Brasil é um dos países que vão ajustar sua regulação igualmente sobre a remuneração de executivos, para evitar tomada de riscos excessivos no curto prazo e que contribuíram para o desastre financeiro atual globalmente.

Certos banqueiros temem, porém, que as autoridades políticas possam arrefecer a pressão para desenvolver e implementar as reformas, diante da percepção de que os bancos estão se recuperando, dependendo, em alguns casos, menos dos governos.

Um estudo do BIS - Crise Financeira e Atividade Econômica pode contribuir com a discussão. Os autores (Stephen Ceccheti, chefe do departamento econômico e monetário, Marion Kohler, economista-sênior, e Christian Upper, chefe da unidade de mercados financeiros) usaram informações sobre 40 crises bancárias em 35 países desde 1980 para examinar sua duração, profundidade e impacto na produção.

Constataram que essas crises são mais frequentes do que as pessoas pensam e conduzem a perdas maiores do que se espera. Em média, entre três e quatro crises bancárias sistêmicas foram registradas por ano nos últimos 25 anos.

Concluíram que o custo é maior se elas vêm acompanhadas por crise da moeda, ou quando o crescimento imediatamente anterior já estava baixo. E é menos severo se elas vêm com calote da dívida soberana.

Um quarto das crises provocou perda acumulada de produção de mais de 25% em relação ao crescimento pré-crise. E em um terço, a contração econômica durou três anos ou mais. Mesmo quando a tendência de crescimento foi maior após a crise do que antes, a recuperação da perda de produção demorou anos. Alterando atitudes em relação ao risco, aumentando a dívida dos governos e o balanço dos bancos centrais, crises sistêmicas têm o potencial de elevar as taxas de juros, deprimindo investimentos e baixando a capacidade produtiva no longo prazo.

Os economistas do BIS terminam por prever que a crise bancária atual terá duração média de dez trimestres para a maioria dos países afetados. Os EUA e o Reino Unido podem recuperar o nível de crescimento do pré-crise no segundo semestre de 2010. A Espanha e a Holanda, um semestre mais tarde.

b) Muitas farpas e pouco acordo em Bariloche

Apesar dos esforços do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a reunião extraordinária da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) realizada na cidade argentina de Bariloche, não conseguiu pacificar o delicado cenário político andino: a Colômbia manteve firme sua decisão de implementar o acordo militar com os Estados Unidos, que permitirá ao governo americano utilizar sete bases em território colombiano, apesar da enérgica oposição dos governos da Venezuela, do Equador e da Bolívia.

Durante mais de sete horas de debates, o clima entre os presidentes do bloco foi de extrema tensão. No final das discussões, o presidente brasileiro irritou-se com seus colegas pela demora em alcançar um entendimento, em meio a uma interminável troca de acusações entre os dirigentes Álvaro Uribe, Hugo Chávez e Rafael Correa.

— Se um presidente (do bloco) tenta impor sua verdade, não conseguiremos ter um documento. O que me preocupa é o que sairá na imprensa amanhã (hoje) sobre a reunião — disse Lula, especialmente crítico com Correa, presidente temporário da Unasul.

Já haviam se passado quase seis horas de debates, e Lula, que voltou a pedir garantias jurídicas à Colômbia de que as bases não afetarão outros países, temia um desfecho da cúpula sem resolução de consenso. A resposta do presidente equatoriano foi enfática: — Não me interessa o que dirá a imprensa amanhã (hoje). Devemos a defesa da integração a nossos povos.

A resolução final divulgada após a reunião mostrou que o conflito desencadeado pelo acordo selado entre Uribe e a Casa Branca está longe de ser superado. O documento defendeu a América do Sul como região de paz e a soberania e a segurança dos países diante da presença de tropas estrangeiras.

Também foi convocada uma reunião de ministros da Defesa do bloco para a primeira quinzena de setembro.

Resultado: o presidente colombiano abandonou Bariloche sem apresentar o acordo negociado com os EUA e sem uma condenação da Unasul, como pretendiam Venezuela, Equador e Bolívia.

— O acesso dos EUA (às bases) não implica a renúncia sobre um milímetro de nosso território — declarou Uribe, que só participou da foto oficial porque foi buscado pessoalmente pela anfitriã, a presidente Cristina Kirchner.

Uribe esclareceu que “o artigo terceiro do acordo dispõe que o entendimento não pode ser usado para intervenção em assuntos internos de outros Estados?.

O discurso do colombiano, que voltou a manifestar sua indignação pelo fato de os países do continente não terem reconhecido as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) como grupo terrorista, não convenceu adversários regionais, que insistiram em considerar o acordo com os EUA uma ameaça de guerra.

— Enquanto o assunto não for esclarecido, rechaçamos a pretensão dos EUA de instalar bases militares, sobretudo a base (aérea) de Palanquero — disse Chávez.

O presidente venezuelano apresentou um documento do Comando de Mobilidade Aérea e a estratégia global de bases de apoio do governo dos EUA que, segundo ele, provam a intenção da Casa Branca de intervir militarmente em outros países da região.
— Aqui estão falando de guerra, de mobilizar para a guerra — enfatizou Chávez.
Chávez evitou falar em ruptura das relações com a Colômbia, mas fez duras críticas ao acordo militar fechado por Uribe. Depois de ter começado o dia com um café da manhã com Lula no luxuoso hotel Llao Llao, sede do encontro, o presidente venezuelano suavizou o tom das declarações, mas não sua posição no debate com a Colômbia. Já Correa não poupou ataques.

— Esta estratégia militarista é um fracasso no combate ao narcotráfico — assegurou Correa. — A solução está em outro lugar, povo colombiano, não na ajuda americana.

O presidente equatoriano disse que seu país, longe de ser cúmplice das Farc, como denunciaram autoridades colombianas, é vítima do grupo guerrilheiro e “de um conflito que a Colômbia não consegue resolver.

O presidente peruano, Alan García, um dos principais aliados de Uribe, pediu um esclarecimento sobre o entendimento militar com os EUA e denunciou a “compra vergonhosa” de armas por parte dos governos regionais, que no ano passado empregaram US$ 51 bilhões em gastos militares.

Os presidentes Lula, Cristina Kirchner, Chávez e Correa reiteraram a necessidade de realizar um encontro dos países da Unasul com o presidente americano, Barack Obama.

— Queremos discutir o papel dos EUA na América Latina. Não podemos ter embaixadores que digam o que devemos fazer numa eleição — alfinetou o presidente brasileiro.



©2024 rbarbosaconsult.com.br – Todos os direitos reservados. Av. Brig Faria Lima, 2413 Sobreloja Conj. B - São Paulo - SP | Fone: (5511) 3039 6330