13 a 17 de julho de 2009

Comércio Exterior

Resultados
Participação do PIB do Brasil na AL deve crescer
Dólar freou importação de insumos
Movimento de cargas aéreas no país tem queda de 31% este ano
País discute como financiar aquisição de armamentos
SK10 inaugura segunda unidade no país para atender a Embraer
Exportação para países árabes cresce 4% no ano
Melhoria do mercado internacional eleva preços de exportação

Agronegócio

USDA turbina estoque de milho nos EUA em 2009/10
Cosan fecha acordo para exportar álcool ao Japão
Amaggi vai esmagar soja na Europa
Embarques do campo rendem 7% a menos de janeiro a junho
Mercado interno de adubo dá mostras de recuperação
Ásia toma lugar da Europa e é o maior cliente do agronegócio brasileiro
Exportação de frango à Rússia despenca

Mercosul

Crise do trigo na Argentina beneficia o Brasil

Organização Mundial do Comércio (OMC)

Relatório da OMC sobre protecionismo irrita Camex
Com discrição, Brasil e EUA discutem Doha

Plano Internacional

Brasil espera o aumento de sanções econômicas
Demanda crescerá no mundo, mas Opep terá menor procura
Cepal já prevê uma forte recuperação da AL em 2010



Comércio Exterior

a) Resultados

A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) divulgou suas novas previsões para a balança comercial brasileira. A entidade estima que o total exportado este ano será de US$ 146,193 bilhões, valor 26,1% abaixo do montante registrado em 2008. O número é bem inferior à meta de exportações do governo para este ano, de US$ 160 bilhões. A maior queda, de 28%, ocorrerá com manufaturados, produtos mais afetados pela redução da demanda mundial e a valorização do real frente ao dólar.

b) Participação do PIB do Brasil na AL deve crescer

Mesmo na crise, o Brasil segue a tendência verificada ao longo da década de aumento da participação sobre o Produto Interno Bruto (PIB) da América Latina, devendo encerrar a década com avanço de 5 pontos percentuais em sua participação na economia regional. Entre 2000 e 2008, o peso da economia brasileira na região cresceu 4,4 pontos percentuais, passando de 30,9% para 35,3%, conforme levantamento da Comissão Econômica para América Latina (Cepal).

Em 2009, segundo cálculo do BNP Paribas e do JP Morgan, a participação brasileira aumentará entre 0,6 e 0,7 ponto percentual e em 2010, terá incremento menor, de 0,1 a 0,3 ponto percentual. Vizinhos como Chile e Venezuela, que também ganharam importância na economia latino-americana, devem encerrar a década com avanços inferiores a dois pontos.

Em termos globais, a economia brasileira também deve apresentar resultados acima da média mundial, mas inferiores ao desempenho previsto para outros países emergentes. As projeções para a economia brasileira são de queda no PIB de até 0,5%, que ainda é um desempenho positivo em comparação com outras economias. Esse resultado aumentará o peso relativo da economia brasileira na região, avalia o representante da Cepal para América Latina, Renato Baumann. O organismo divulga na próxima semana as projeções de PIB para 2009.

Baumann ratifica as previsões já divulgadas por organismos como o Banco Mundial (Bird) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) de recuperação da economia global a partir do segundo semestre, mas em nível insuficiente para reverter a tendência de queda neste ano. O Bird projeta queda de 2,9% no PIB global em 2009 e expansão de 2% no próximo ano.

Para a América Latina, a previsão é de queda de 2,2% neste ano e alta de 2% no próximo. O Brasil, segundo o Bird, deve apresentar retração de 1,1% na economia em 2009 e expansão de 2,5% em 2010.

O BNP Paribas projeta para este ano queda de 1,2% no PIB brasileiro e de 2,7% na América Latina. É uma das projeções mais pessimistas do mercado, porque o banco considera que haverá desaceleração do consumo no mercado interno por conta do aumento na taxa de desemprego. O banco também aposta em uma melhora na taxa de investimento e do setor de bens de capital apenas em 2010. Há quem espere uma recuperação já no quarto trimestre, afirma o estrategista-chefe do BNP Paribas, Alexandre Lintz. Se for confirmado esse desempenho, o país encerrará o ano com 35,8% de participação no PIB regional, o que representa um avanço de 0,5 ponto percentual sobre a participação verificada no ano passado.

Para o Chile, que em 2008 representava 4,17% do PIB latino-americano, o banco prevê queda de 2% no PIB, levando a economia desse país a representar 4,17% da região. Para a Argentina, a previsão é de queda de 3,1% na economia e recuo na participação de 8,12% para 8,09%. O México terá a retração mais significativa da América Latina, com queda de 6,7% no PIB e redução da participação de 26,6% para 25,8%. O ponto chave do desempenho econômico nos próximos trimestres será a recuperação da demanda doméstica. Países como o Chile e o México, cujas economias estão mais expostas, tendem a sofrer mais. Economias mais fechadas, como a brasileira, sofrerão menos, afirma Lintz.

Outro diferencial apontado por Lintz que garantirá ao Brasil um desempenho acima da média é a capacidade do governo de estimular a economia. A taxa de juros e os juros compulsórios são muito altos, as outras economias latino-americanas não têm tanta margem para baixar os juros e estimular o crescimento, avalia. Outro ponto citado por ele é a possibilidade de o Brasil abrir mão de parte do superávit primário para investimento. No Chile, compara, o governo utilizou parte da poupança externa adquirida nos últimos anos com a expansão das exportações de commodities. O Brasil fez a política anticíclica utilizando gastos correntes e não com fundo soberano, como foi feito no Chile.

Para 2010, o BNP prevê expansão de 2,7% no PIB da América Latina, pouco acima dos 2,4% previstos para a economia global. O desempenho será puxado pelo crescimento do Brasil (3,5%), do Chile (3,2%), da Colômbia e do México (ambos com 3,1%). Argentina e Venezuela ainda registrarão quedas, de 1,5% e 2,7%, respectivamente.

Se tais estimativas forem confirmadas, a participação do Brasil no PIB da região chegará a 36,1% - avanço de 5,2 pontos percentuais na década. O Chile alcançará 4,24% de participação e também superará o nível de 2008 e o patamar do início da década, de 3,62%. O México ganhará peso na economia latino-americana, com participação de 26,07%, mas não recuperará o nível de 2008. Na década, perderá 4,47 pontos percentuais de participação no PIB regional. A Argentina ganhará participação, passando a representar 8,04% da economia da região (nível similar ao de 2008). Ainda assim, o país encerrará a década com perda de 5,6 pontos percentuais de participação.

O JP Morgan projeta para este ano queda de 1% do PIB brasileiro e de 2,9% na América Latina, com elevação da participação brasileira na economia da região para 35,9%. Para 2010, o banco projeta crescimento de 3,5% da economia brasileira e de 3,3% da economia latino-americana, elevando o peso do Brasil no PIB regional para 36,04%. Tanto o resultado brasileiro como o da região se manterão acima da média global. O JP Morgan prevê queda na economia global de 2,7% neste ano e incremento de 2,9% em 2010. O resultado será superior à média global, mas inferior ao desempenho dos países emergentes, que devem crescer 5,2% no próximo ano, principalmente os países asiáticos, estima o economista-chefe do JP Morgan, Fábio Akira.

Na sua avaliação, o fato de os preços internacionais das commodities haverem recuado menos do que se esperava durante a crise contribuiu para que o desempenho do Brasil e da América Latina se mantivesse acima da média mundial, já que a região é exportadora líquida de commodities.

Ainda de acordo com os cálculos do banco, a economia chilena registrará queda de 1,5% neste ano e crescimento de 3,2% em 2010, mantendo a mesma participação na economia da América Latina verificada no ano passado, de 4,2%. Na década, o ganho será de 0,58 ponto percentual. O México terá queda de 5,5% neste ano e expansão de 3,8% no próximo ano. A participação no PIB da América Latina ficará em 25,47%, abaixo dos 26,56% de 2008.

c) Dólar freou importação de insumos


A valorização do dólar no início da crise levou parte da indústria brasileira a substituir insumos importados por produtos nacionais no primeiro semestre. As importações de bens intermediários como aço, produtos químicos, borracha e artigos de plástico caíram 22,1% entre dezembro e junho, enquanto a produção nacional avançou 5,8%. O uso do drawback verde-amarelo, mecanismo que suspende a cobrança de impostos na compra de insumos internos usados na produção de itens para exportação, também colaborou para a troca.

A substituição de insumos importados, porém, não foi generalizada e a queda do dólar, a partir de março, desestimulou um movimento em grande escala nessa direção. Poderá haver, inclusive, uma reversão da tendência no segundo semestre se o dólar continuar abaixo dos R$ 2.

d) Movimento de cargas aéreas no país tem queda de 31% este ano

A crise mundial fez despencar o movimento de cargas aéreas no país. Houve queda de 31% no volume transportado de janeiro a maio em relação a igual período do ano passado, com redução especialmente acentuada do comércio exterior. O dado positivo é que as empresas viram sinais de recuperação mais forte da demanda nas últimas duas semanas, renovando suas esperanças de deixar para trás o pior momento para esse setor desde 2001 - quando a combinação de atentados terroristas nos Estados Unidos e racionamento de energia elétrica no Brasil afetou dramaticamente o transporte de cargas por avião.

Começamos a ter bons sinais de recuperação, afirma o diretor-comercial da Infraero, Fernando Nicácio da Cunha Filho, explicando que essa tendência ficou clara a partir de junho. O gerente de vendas da ABSA Cargo, Alexandre Silva, concorda: Já observamos uma pequena tendência de alta. Nem chamaria de recuperação, mas quando está caindo e para de cair, é muito positivo.

Nos cinco primeiros meses de 2009, segundo a Infraero, o movimento de cargas importadas caiu de 174 mil para 114 mil toneladas (-36%) e o de cargas exportadas diminuiu de 123 mil para 86 mil toneladas (-30%). A redução foi menor nas cargas nacionais, que encolheram de 99 mil para 72 mil toneladas (-26%).

Quatro aeroportos absorvem 80% de tudo o que é transportado no Brasil por aviões: Guarulhos, Campinas, Manaus e Galeão. Eletrônicos, partes e peças para aeronaves, equipamentos de telecomunicações, medicamentos e CKDs de automóveis (os esqueletos dos veículos) são alguns dos principais produtos.

O gerente da ABSA repara que houve contração da demanda, mas a oferta de vôos continuou bastante grande - seja por meio de linhas puramente cargueiras, seja pelo uso dos porões de aeronaves de passageiros que fazem rotas de longo curso. Um efeito evidente da sobra de espaço foi a queda entre 25% e 30% das tarifas cobradas, o que fez empresas trocarem o frete marítimo pelo aéreo em alguns destinos. Apesar da redução de cargas de e para os Estados Unidos e Europa, houve expansão para a Colômbia (onde a frequência de navios diminuiu) e para a Venezuela (cujas importações de alimentos perecíveis do Brasil, como leite e ovos, provocaram crescimento de 4% na carga aérea neste ano).

Outro reflexo inevitável será nas contas da Infraero. Em 2008, dos R$ 2,526 bilhões da receita operacional bruta da estatal, cerca de 24% foram provenientes do movimento de cargas. Por razões comerciais, o diretor não revela a receita com cargas neste ano, mas antecipa que a participação caiu para 20% do total. Nicácio diz que essa queda tem sido compensada até agora pelo aumento da receita comercial, de 11% de janeiro a maio de 2009, com a locação de espaços nos aeroportos.

Diante das perspectivas de reaquecimento da economia, a ABSA, que detém 26% do transporte de cargas no país, acredita na volta do crescimento para o segmento de cargas aéreas no último trimestre. A expectativa da Infraero é a mesma. Mas para retomar os níveis pré-crise, só daqui a dois anos, com sorte, pondera Silva, dosando as previsões mais otimistas de recuperação.

Apesar de a estatal dos aeroportos garantir que não há estrangulamento da infraestrutura para a movimentação de cargas, a crise deu mais folga para a maturação de investimentos em novos terminais. A Infraero inaugurou recentemente seu 34º terminal de cargas (Teca), em Porto Velho. Em 2009, R$ 64 milhões estão sendo aplicados nesse segmento. Os investimentos incluem reformas, ampliações e compra de equipamentos, como empilhadeiras, balanças, câmaras frigoríficas e transelevadores.

Há boas perspectivas de concluir neste ano a reforma dos terminais 1 e 2 de Manaus, segundo Nicácio. Ele também aposta na entrega das obras de novos terminais em Fortaleza e Curitiba (ainda em 2009), e em Brasília, Goiânia e Porto Alegre (2010).

O diretor adianta que apresentará à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) um pedido de permissão para flexibilizar as tarifas de armazenagem e capatazia cobradas pela Infraero. Hoje a estatal tem de uniformizar os preços e não pode negociar descontos com grandes clientes, o que dá munição aos concorrentes pelo alfandegamento. Outro problema é a exigência de dupla cobrança das tarifas para cargas internacionais que entram por exemplo, por Guarulhos ou Campinas e depois seguem para terminais de cargas no interior do país. Estamos amarrados, afirma Nicácio, explicando que as mudanças precisam ser avaliadas pela Anac, que regula o setor.
Para ele, as alterações são cruciais para avançar na conquista de mais cargas domésticas. Os maiores competidores da Infraero nesse mercado têm sido as estações aduaneiras, ou portos secos, responsáveis pelo desembaraço aduaneiro. Nesses casos, a estatal tem bem menos receitas do que quando os produtos são desembaraçados e mantidos em seus terminais.

e) País discute como financiar aquisição de armamentos

O governo brasileiro espera fechar até a próxima sexta-feira, em Paris, a forma de financiamento para a compra de helicópteros Cougar EC-725 e submarinos Scorpène e para a construção de uma base naval no Rio, contratos firmados dentro da parceria estratégica com a França. Os acordos estão sendo discutidos com representantes da Companhia Francesa de Seguros para o Comércio Exterior (Coface) e com o banco privado BNP Paribas, sob os auspícios do Palácio do Eliseu.

As negociações foram retomadas ontem, na Embaixada do Brasil e visam a equacionar detalhes sobre taxas de juros e comissões. A construção dos 51 helicópteros pesados Cougar EC-725, que serão montados na subsidiária da Eurocopter no Brasil, a Helibrás, e os quatro submarinos convencionais Scorpène, além do casco de submarino de propulsão nuclear, produzidos pelo estaleiro DCNS, deverão ser financiados em 70% pela Coface. Embora o custo não seja divulgado, estimativas indicam que os dois contratos chegam a R$ 23 bilhões - R$ 6 bilhões para os helicópteros e R$ 17 bilhões para os submarinos.

Outro objetivo do Ministério da Defesa é concluir a análise da proposta de financiamento do estaleiro para a construção de submarinos, cujo custo estimado é de R$ 3 bilhões. As conversações estão em curso com o Coface e com o banco.

Além de questões financeiras, foram eliminadas dúvidas que restavam sobre a tecnologia embarcada dos submarinos e helicópteros. Tínhamos deixado uma lista de pendências técnicas com a DCNS.Resolvemos todas em relação aos submarinos e também as pequenas pendências que tínhamos em relação aos helicópteros, afirmou o ministro da Defesa, Nelson Jobim.

O esforço concentrado para bater o martelo sobre o reequipamento das Forças Armadas também envolve a licitação do avião FX-2. Segundo o ministro, até a primeira quinzena de agosto a comissão de técnicos da Força Aérea Brasileira (FAB) emitirá seu parecer sobre os três aviões concorrentes: o Rafale, fabricado pela francesa Dassault, o Gripen NG, da sueca Saab, e o F-18, da americana Boeing. A seguir, a licitação entrará em fase de análise política. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai analisar o laudo da FAB na sequência.

Jobim garante que não está tratando da licitação do FX-2 em Paris, mas viajará na quinta-feira a Toulouse para voar em um Rafale - como já fez em um F-18. Ele sustenta que não há preferências, mas demonstra desconfiança em relação à intenção de norte-americanos e suecos de transferir tecnologia, uma exigência do Brasil e um compromisso dos franceses. Estamos prestes a ter uma definição.

f) SK10 inaugura segunda unidade no país para atender a Embraer

A SK10, do grupo espanhol Alestis Aerospace, inaugura em São José dos Campos, a segunda unidade da empresa no Brasil e as únicas da companhia fora da Espanha. Na primeira, inaugurada em outubro de 2007, o grupo espanhol investiu US$ 50 milhões e contratou 150 funcionários para a montagem de estruturas metálicas da fuselagem dos jatos da família Embraer 170/190.

A nova unidade, localizada ao lado da fábrica principal da Embraer, produzirá peças e componentes estruturais em material composto, utilizando principalmente fibra de carbono e fibra de vidro. O grupo Alestis é 70% controlado pelo governo de Andaluzia, na Espanha, e o restante é dos bancos Cajasol, Unicaja e o Banco Europeu de Finanças (BEF).

A empresa não revelou o valor do investimento, mas segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico da prefeitura de São José dos Campos, José de Mello Correa, a expansão das instalações já teve como resultado a contratação de 150 funcionários. Além de fornecer para a Embraer, segundo Correa, a SK10 também será uma plataforma de exportação para empresas do setor aeronáutico mundial, como Airbus, e EADS-CASA, da Espanha, que já são clientes do grupo Alestis.

A SK10 é a sétima fornecedora estrangeira da Embraer a se instalar na região do Vale do Paraíba nos últimos cinco anos. As empresas de São José exportaram 116% a mais no mês de junho em comparação com maio, mantendo a cidade no segundo lugar no ranking dos maiores municípios exportadores do país. Isso mostra que, apesar da crise, as empresas da região estão numa boa direção, disse o secretário.

Outra empresa estrangeira que já tem planos avançados para a instalação de uma unidade em São José é a francesa Daher-Socata, que já fornece peças estruturais para os jatos executivos da Embraer. Segundo um executivo que participa das negociações com a Embraer, só os cerca de 800 pedidos firmes dos jatos Phenom já suportam o início das atividades da empresa no Brasil. A proximidade com o cliente, que reduz os ciclos de fornecimento de materiais, e os custos competitivos do país também justificam o investimento, afirma.

Além de duas instalações da SK10, São José dos Campos também abriga unidades da espanhola Aernnova, antiga Gamesa (fuselagem); Sopeçaero, da empresa belga Sobraer (componentes usinados); a JetStar, controlada por capital americano (interiores); e a Eviation, dos Estados Unidos (projetos de engenharia). Juntas, elas geraram 642 empregos diretos e investiram mais de R$ 150 milhões nos últimos três anos.

Esse valor não inclui o novo investimento da SK10. No município de Jacareí, a 20 quilômetros de São José dos Campos estão as empresas Latecoére (fuselagem) e as americanas C&D Interiors, e a Parker Hannifin (sistemas hidráulicos, comandos de voo e de combustível).

g) Exportação para países árabes cresce 4% no ano

A queda no preço do petróleo e a manutenção do crescimento nas exportações garantiram saldo positivo na balança comercial entre o Brasil e os países árabes. O superávit foi de US$ 4,3 bilhões no primeiro semestre.

De janeiro a junho, as vendas aos países árabes cresceram 4,1% em relação ao primeiro semestre do ano passado. No mesmo período, as importações de produtos árabes tiveram queda de 61%. A redução no valor dos desembarques é creditada principalmente à queda no preço do petróleo, responsável por cerca de 80% da pauta de importações. Salim Taufic Schahin, presidente da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, lembra que o preço do barril de petróleo está atualmente em US$ 60 enquanto em julho do ano passado o valor era de US$ 145.

Para Schahin, a perspectiva para o segundo semestre é fechamento com superávit, com a tendência de estabilização dos preços do petróleo em um nível mais baixo. Ele também acredita que as exportações do Brasil para os países árabes deverão ter continuidade no segundo semestre. No primeiro semestre, as exportações brasileiras para a região aumentaram, mas as exportações do Brasil para o mundo caíram 22%. De janeiro a junho o conjunto dos países árabes atingiu cerca de 6% de participação nas exportações totais do Brasil. O segundo semestre deve encerrar com fatia semelhante, estima.

Schahin credita o crescimento das exportações aos países árabes durante o primeiro semestre tanto ao movimento de estocagem de produtos como à demanda de consumo. Assim como o Brasil, os países árabes foram menos afetados pela crise e devem ter um crescimento médio de 3% a 3,5% no ano, diz. Portanto, as vendas do Brasil devem continuar em ritmo semelhante no segundo semestre. Ele lembra ainda que o nível de comparação é alto, já que as exportações no primeiro semestre do ano passado já apresentaram crescimento em relação a 2007.

A pauta de exportações do Brasil para os países árabes no primeiro semestre incluiu itens tradicionais. Cerca de 61% das vendas ficaram concentradas em açúcar, carnes e minério de ferro. O que chamou a atenção e contribuiu para a elevação dos embarques foi a exportação de aeronaves, que cresceu 63% em relação ao primeiro semestre de 2008 e representou 6,3% do total exportado para a região.

h) Melhoria do mercado internacional eleva preços de exportação

Os sinais de melhoria econômica em vários países, principalmente na China e outros país da Ásia, e um movimento de recomposição de estoques, puxaram os preços do aço para cima. Benjamim Baptista, presidente da ArcelorMittal Tubarão, maior siderúrgica do país, disse que placas (aço semi-acabado) já são vendidas por até US$ 430 (valor FOB) a tonelada. Até quatro a cinco semanas atrás valiam US$ 300.

A empresa também faz bobinas a quente, aço laminado para autopeças e diversas outra aplicações. Esse produto saltou no mesmo período da faixa de US$ 400 para até US$ 520 atualmente, nos pedidos que vêm principalmente da China e de países do Sudeste asiático, além do Oriente Médio. "Na Ásia, já se paga até US$ 560 a tonelada, incluindo frete até os portos locais", afirmou Baptista.

O executivo aponta dois fatores: primeiro, os níveis de estoques bem baixos nos Estados Unidos e Europa, depois do longo tempo de desestocagem iniciado a partir da crise, em outubro; segundo, a reativação econômica de em vários países. "Há clientes colocando ordens de compra a mais do que necessita para recompor estoques, que já estão nos níveis normais de dois meses de consumo", informou.

Segundo ele, economias começam a se estabilizar por conta dos diversos programas de estímulos dos governos para sustentar a produção e empregos na China, Estados Unidos, Europa, Japão e América Latina. "Começamos a ver os resultados dessas inciativas", observou, lembrando que, hoje, mais de 60 altos-fornos de usinas no mundo ainda encontram-se paralisados.

Desse número, o Brasil respondeu por 10%, com seis equipamentos paralisados no auge da crise, em março. Ainda permanecem cinco - três da Usiminas e um, menor, de Tubarão. na próxima segunda-feira, a Gerdau Açominas paralisa o equipamento menor, com metade da capacidade do que foi reativado no início do mês. Mesmo assim, o total da produção de aço do país cresceu 2,5% em junho, para 1,9 milhão de toneladas, informou ontem o Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS).

Em relação a ao mesmo mês de 2008, a queda foi de 34%, mostrando que o parque fabril brasileiro opera, na média, 66% da capacidade instalada. "O nível mínimo adequado é de 80%", observa Marco Pólo de Mello Lopes, vice-presidente do IBS. "No auge da demanda, chegamos a 93%".

Na comparação semestral deste ano com os mesmos seis meses de 2008, a produção de aço ainda apresenta queda de 39,5%. com volume de 10,6 milhões de toneladas. A fabricação de laminados planos e longos subiu 3,5% em junho sobre o mês anterior, para 1,7 milhão de toneladas, mas ainda com retração de 21,1% em relação a um ano atrás. No acumulado, o desempenho foi negativo em 37%, com 8,2 milhões de toneladas de produtos finais para venda.
As vendas das usinas no mercado doméstico tiveram leve alta de 0,8% em junho sobre maio e ainad amargaram retração de 34% comparado a junho do ano passado. Nos seis meses, o índice é negativo em 40%.

O alívio vem da melhoria das exportações, que atingiram 863 mil toneladas, com aumento de 45,5% sobre maio. Até aquele mês, os embarques vinham em queda livre, o que levou as usinas a fechar altos-fornos, pois 30% a 40% da produção era destinada ao mercado externo. O mais surpreendente é que os embarques foram 3,5% superiores aos de junho de 2008, com receita de US$ 425 milhões. De janeiro a junho, a redução ainda é 30% em volume, com 3,6 milhões de toneladas, e de 43,8% em valor, com divisas de US$ 2,1 bilhões. Com a crise, os preços desabaram a níveis históricos e somente de dois meses para cá iniciaram um processo de recuperação mais consistente.

Outro alívio veio das importações: a entrada de produtos caiu quase 21% em junho sobre maio. "Eram mais especulativas, de distribuidores aproveitando o mercado internacional aviltado", comentou Lopes. "Com o câmbio (real mais valorizado), a volta da normalidade das alíquotas de importação, para 12% em oito produtos e os aumentos de preços no mercado mundial, houve um movimento desencorajoso".

A questão, afirma Lopes, é em que patamar vai se situar o consumo do país no futuro. A previsão para este ano é de 18,7 milhões de toneladas (queda de 23% sobre as 24 milhões do ano passado) e para o próximo ano a projeção preliminar é de 20,3 milhões, que representa alta de 8,5% sobre 2009. Ele lembrou que existe, hoje, no mundo um excedente de capacidade na casa de 400 milhões de toneladas. "Há estimativas de que a retomada de fato do setor só vai ocorrer em 2011", afirmou.

Agronegócio

a) USDA turbina estoque de milho nos EUA em 2009/10

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) elevou consideravelmente suas estimativas para os estoques finais de milho naquele país e no mundo nesta safra 2009/10 e determinou a queda das cotações do grão na sexta-feira na bolsa de Chicago.

Conforme relatório divulgado na manhã de sexta, o USDA passou a projetar os estoques finais americanos em 39,38 milhões de toneladas em 2009/10, 42,2% mais que o previsto em junho. Em relação ao ciclo 2008/09, ainda há retração de 12,4%.

O aumento em relação ao mês anterior reflete uma forte correção para cima na estimativa do órgão para a produção do país na temporada. Segundo o USDA, com o clima favorável ao desenvolvimento das lavouras serão 312,18 milhões de toneladas, 3% mais que o projetado em junho e 1,6% acima do ciclo anterior.

Com a ajuda dos EUA, os estoques finais globais deverão atingir 139,17 milhões de toneladas na safra atual, volume 10,9% superior ao do relatório de junho, mas 3,2% inferior ao de 2008/09.

As revisões provocaram que a queda dos contratos futuros do milho em Chicago, mas a retração pode ser considerada modesta. Setembro fechou a US$ 3,2825 por bushel, baixa de 1,25 centavo, enquanto dezembro (pós-colheita nos EUA) recuou 2 centavos, para US$ 3,38 por bushel.

Para o mercado de soja, o relatório do USDA foi considerado praticamente neutro por traders consultados pela agência Bloomberg, que prestaram mais atenção em previsões meteorológicas menos favoráveis às lavouras do país. Com isso, os contratos com vencimento em agosto caíram 2,75 centavos de dólar, para US$ 10,4475 por bushel, mas novembro subiu 1 cent, para US$ 9,17.

Se no milho o USDA reduziu a previsão para as exportações brasileiras em 1 milhão de toneladas em 2009/10, no caso da soja não houve alterações significativas.

Para o trigo, o USDA elevou em 9,2% os estoques finais americanos em relação à previsão de junho, para 19,23 milhões de toneladas - foram 18,15 milhões em 2008/09 -e, apesar da redução na projeção para os estoques globais, as cotações caíram. Setembro fechou a US$ 5,1875 por bushel, em queda de 3,50 centavos de dólar.

b) Cosan fecha acordo para exportar álcool ao Japão

O grupo Cosan fechou um acordo com a trading japonesa Mitsubishi para exportar álcool anidro para o Japão. O contrato prevê o embarque de até 80 milhões de litros por ano, informou Mark Lyra, diretor comercial da companhia.

A parceria prevê o fornecimento do combustível para utilização do anidro na produção de ETBE (éter etílico terc-butílico), um aditivo que contém etanol misturado com derivados de petróleo. O álcool, neste caso, vai substituir o metanol, considerado um aditivo poluente, dando um caráter sustentável ao combustível final (gasolina).

Pelo contrato firmado com a Mitsubishi, a Cosan será fornecedora por um período de três anos. Os preços serão determinados pelo indicador Esalq, afirmou Lyra. O volume ainda é pequeno, mas tem potencial para crescer, disse. Na sexta-feira, o litro do anidro fechou a R$ 0,8237 (sem impostos), alta de 5,62% sobre a semana anterior, segundo levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).

De acordo com Lyra, o acordo firmado com a trading japonesa obedece os critérios de sustentabilidade. Este contrato está vinculado ao cumprimento das leis trabalhistas, à redução de gases de efeito estufa e ao respeito ao ambiente.

No ano passado, a Cosan e outras usinas do Centro-Sul também fecharam acordo com a empresa sueca Sekab para exportar álcool combustível para Europa, obedecendo os critérios de sustentabilidade. Esta exigência tornou-se comum, sobretudo por países protecionistas, que tentam barrar a entrada do etanol à base de cana.

Com capacidade para produzir 2,3 bilhões de litros de álcool por safra, a Cosan exporta 20% de sua produção para os EUA, Europa e Ásia. Boa parte das exportações da Cosan para os países asiáticos é de etanol voltado para as indústrias químicas e farmacêuticas.

A própria Mitsubishi tem um acordo comercial com o grupo São Martinho, de Pradópolis (SP), para comprar parte da produção do álcool químico industrializado pela unidade Boa Vista, de Quirinópolis (GO), para exportar ao Japão. A trading japonesa tem participação de 10% na usina Boa Vista, controlada pela São Martinho.

Apesar do mercado japonês ainda ser muito pequeno para o álcool combustível brasileiro, as usinas do país apostam no potencial que terá no futuro. A mistura do ETBE é uma das alternativas estudadas pelo Japão, que consome 60 bilhões de litros de gasolina por ano.

A Petrobras fechou um acordo com a japonesa Mitsui para produzir álcool no Brasil em parceria com usinas locais para enviar ao mercado japonês. O acordo, contudo, ainda não saiu do papel. Em julho de 2008, a Copersucar assinou contrato com a japonesa JBSL (Japan Biofuels Supply LLP), que representa dez distribuidoras de combustíveis do Japão, para exportar 200 milhões de litros de álcool anidro por ano. A Brenco também fechou no fim do ano passado acordo com a empresa americana Lyondell para este mesmo fim.

c) Amaggi vai esmagar soja na Europa

Um ano depois de estabelecer um escritório de representação no exterior, o Grupo André Maggi, dono da maior trading agrícola de capital nacional, passará também a processar soja em terras estrangeiras. O novo passo do grupo foi dado com a compra de 51% da norueguesa Denofa. O valor do negócio não foi revelado.

A aquisição, fechada na sexta-feira, dará à Amaggi participação em uma planta de esmagamento de soja em Fredrikstad, na Noruega, que tem capacidade de 430 mil toneladas anuais. O negócio inclui ainda uma unidade de beneficiamento de óleo de canola na Polônia.

A Norgrain, então controladora da Denofa, permanecerá com fatia, agora minoritária, na esmagadora norueguesa. Os 60% que a Norgrain tinha na Denofa passaram a 49% após a venda da fatia de 11% para o grupo brasileiro. Os outros 40%, que deram à Amaggi os 51% de participação na esmagadora, foram comprados da Agrenco Netherlands, subsidiária da Agrenco Ltd. Em recuperação judicial, a Agrenco tem negociado ativos como parte do projeto de retomada de suas atividades operacionais.

Com foco de atuação no mercado de soja não-transgênica, a Denofa já chegou a atuar no esmagamento do grão em solo brasileiro. Em janeiro de 2001, a empresa encerrou um contrato de arrendamento de uma esmagadora em Cuiabá, que então pertencia à Encomind - a empresa não atua mais no segmento.

A Denofa decidiu não renovar o contrato de arrendamento, que vigorou por um ano, por considerar pouco atrativas as margens. Com isso, voltou a restringir sua atuação no Brasil à exportação de soja em grão para ser esmagada na unidade de Fredrikstad, a mesma que o Grupo André Maggi passa a controlar.

Embora tenha inaugurado oficialmente sua unidade no exterior apenas em outubro de 2008, as atividades do escritório, aberto em Roterdã, na Holanda, começaram exatamente há um ano, em julho. Quinze especialistas em comércio exterior foram contratados na ocasião para o início das atividades da Amaggi Europe, como foi batizado o posto avançado do grupo no velho continente.
As 430 mil toneladas de capacidade de esmagamento na Noruega representarão um acréscimo de 18% à capacidade atual do Grupo André Maggi, que é de 2,4 milhões de toneladas, distribuídas em três esmagadoras. As mudanças recentes na companhia incluíram, no início deste ano, a transferência de sua sede nacional de Rondonópolis (MT) para Cuiabá. O Grupo André Maggi encerrou o ano de 2008 com faturamento de US$ 2 bilhões.

d) Embarques do campo rendem 7% a menos de janeiro a junho

As exportações brasileiras do agronegócio registraram, em junho, a primeira variação positiva significativa de 2009 na comparação com igual mês do ano passado. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) compilados pelo Ministério da Agricultura, os embarques, liderados pela soja (grão, farelo e óleo) totalizaram US$ 7,337 bilhões, 12% mais do que em junho de 2008.
Com o resultado ainda afetado por quedas nos preços de produtos importantes na pauta, as exportações fecharam o primeiro semestre em US$ 31,444 bilhões, 6,9% menos que no mesmo período de 2008. O superávit foi de US$ 26,356 milhões, queda de 6,4%.

e) Mercado interno de adubo dá mostras de recuperação

A demanda dos agricultores brasileiros por fertilizantes confirmou as expectativas e começou a reagir em junho, o que fortalece as projeções de que as vendas devem voltar a sua sazonalidade histórica em 2009 e se concentrar no terceiro trimestre. Esse comportamento não foi observado em 2008, quando a oferta internacional estava apertada no início do ano e temia-se no mercado o risco de escassez no momento do plantio da safra de verão, em parte evitado pelos reflexos da crise internacional.

De acordo com a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), as entregas das misturadoras (empresas que produzem o insumo acabado) às revendas espalhadas pelo país somaram 1,836 milhão de toneladas no mês passado, 32,5% a mais que em maio. Na comparação com junho de 2008, a queda ainda foi de 23,6%. Com isso, o volume acumulado atingiu 8,455 milhões de toneladas no primeiro semestre, 26,5% abaixo do total apurado em igual intervalo do ano passado.

Como a indústria ainda está com estoques elevados - eles chegaram a 7 milhões de toneladas em dezembro, em decorrência da forte retração das vendas entre o quarto trimestre de 2008 e o primeiro trimestre deste ano -, a produção nacional e as importações ainda não ganharam fôlego similar ao das entregas. A produção atingiu 752,8 mil toneladas em junho, 3,6% mais que em maio e 2,6% abaixo de junho do ano passado. As importações, por sua vez, alcançaram 901,6 mil toneladas, quedas de 4,2% e 48,8% nas mesmas comparações.

No primeiro semestre, a produção nacional chegou a 3,712 milhões de toneladas, retração de 21,2%, e as importações somaram 3,359 milhões, baixa de 61,1%.

f) Ásia toma lugar da Europa e é o maior cliente do agronegócio brasileiro

A União Europeia (UE) perdeu, no primeiro semestre deste ano, o posto de principal comprador de produtos do agronegócio brasileiro. Por blocos econômicos, a Ásia passou a ser o grande mercado para as exportações brasileiras, adquirindo, nos seis primeiros meses do ano, US$ 10,190 bilhões, enquanto a cifra embarcada para a UE foi de US$ 9,3 bilhões. Esse novo cenário foi puxado pela China, que desde o ano passado já ocupa o topo da lista.

A virada ocorreu em junho, quando o continente asiático (excluindo o Oriente Médio) apresentou um crescimento de 78,8% das aquisições de produtos agropecuários. A região foi responsável por 41,5% do total exportado no mês passado, contra 26% no mesmo mês de 2008. Lidera a pauta para os asiáticos a soja em grão — as vendas àquele mercado cresceram quase 50%.

Chineses mais do que dobraram volume comprado Entre todos os países importadores do agronegócio brasileiro, a China mantém a liderança, pela compra de produtos no valor de US$ 1,9 bilhão.

No último mês, os chineses compraram 102,9% a mais do Brasil do que em igual período no ano passado. Na mesma comparação, os embarques para a Índia — principalmente de açúcar, devido à quebra da safra local — aumentaram 1.206% e chegaram a US$ 124,7 milhões.

— O mercado asiático é o grande comprador dos produtos agrícolas brasileiros, mostrando um número melhor que o ano passado — relatou o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, após a reunião da equipe do presidente Lula.

Junho registrou o melhor resultado mensal do ano na balança comercial do agronegócio, com superávit de US$ 6,6 bilhões. As exportações de US$ 7,3 bilhões no último mês foram 12% maiores do que o vendido ao exterior no mesmo período de 2008, com destaque para a expansão da penetração no mercado estrangeiro de produtos nacionais do complexo soja ( 4 8 , 9 % ) , s u c ro a l c o o l e i ro (21,6%) e fumo (54%).
Por outro lado, as compras de produtos agropecuários de outros países caíram 24,1% frente a junho do ano passado, passando de US$ 950 milhões para US$ 721 milhões. Mesmo com o aumento de 34% na quantidade de trigo importada, a queda de 43,7% no preço médio do produto possibilitou ao Brasil gastar US$ 35 milhões a menos que no mesmo mês de 2008.

Considerando todos os produtos — básicos e industrializados — que o país comercializa com o exterior, o superávit da balança comercial na segunda semana de julho foi de US$ 693 milhões. A corrente de comércio no período somou US$ 4,799 bilhões, sendo US$ 2,719 bilhões em exportações e US$ 2,080 bilhões em importações.

O saldo positivo acumulado no mês é de US$ 1,257 bilhão.

Mas a média diária dos embarques em julho (US$ 593,6 milhões) até agora foi 33,2% menor que a registrada em todo o mês de 2008, e 13,8% inferior à apurada em junho deste ano. Pelos mesmos critérios, as compras caíram 41,4% e 6,9%, respectivamente.

Desde janeiro, o saldo comercial brasileiro está positivo em US$ 15,244 bilhões.

g) Exportação de frango à Rússia despenca

Depois de fechar o semestre com recuo de 1,9% nos volumes exportados de frango e de 20% na receita com os embarques, a Abef (reúne as empresas exportadoras) mantém a expectativa de elevar em 5% as vendas externas este ano. O faturamento, porém, deve cair. Certamente não vamos repetir a receita de 2008. Haverá queda, disse Francisco Turra, presidente da Abef. A principal razão é a queda dos preços internacionais e a oscilação do dólar. O crescimento nos volumes deve vir com a abertura do mercado da China e com a recuperação das vendas em relação ao último trimestre de 2008, quando estas despencaram por causa da crise financeira internacional.

Segundo a Abef, de janeiro a junho os embarques de carne de frango somaram 1,8 milhão de toneladas, queda de 1,9% ante o mesmo período de 2008. Já a receita cambial foi 20,16% menor do que no primeiro semestre do ano passado, caindo para US$ 2,7 bilhões.

Turra afirmou que em comparação com outros setores, considerando o cenário de crise, o desempenho da carne de frango até foi satisfatório. De fato, houve crescimento das vendas para mercados importantes, mas os preços de negociação recuaram bastante. Em setembro, mês em que a crise eclodiu, a cotação média do frango na exportação estava na casa dos US$ 2.100 por tonelada. Caiu para US$ 1.500, começa a se recuperar e atualmente está em US$ 1.608 por tonelada, segundo Ricardo Santin, diretor-executivo da Abef.

Um dos mercados em que as vendas no semestre avançaram foi o Oriente Médio - aumento de 17%, para 654 mil toneladas. Além das compras para o Ramadã, outra razão para a alta é que os países da região compram principalmente frango inteiro. As vendas cresceram como reflexo do efeito substituição por produtos mais baratos, observou Santin. Enquanto os embarques de inteiro subiram 6%, para 687 mil toneladas no semestre, as vendas de cortes recuaram 6%, para 942 mil toneladas.

Para a Rússia, as vendas despencaram. Mas a crise não foi a maior culpada. Segundo a Abef, os embarques caíram 60% no semestre, batendo em 35 mil toneladas. Em receita, o tombo foi de 74%, para US$ 44 milhões. A mudança no sistema de cotas para importação da Rússia explica a queda, segundo Turra. Uma missão brasileira embarca esta semana ao país para tratar das cotas para frango e suíno, disse Santin.

No ano passado, as cotas totais para o frango eram 1,2 milhão de toneladas e caíram para 1 milhão de toneladas em 2009. Os volumes reservados aos EUA saíram de 900 mil para 780 mil toneladas, mas o país continuou a ser beneficiado pela Rússia, que busca apoio para entrada na Organização Mundial do Comércio (OMC). O mesmo não ocorreu com o Brasil, que utiliza a rubrica outros da cota. Ela era de 68 mil toneladas e caiu para 12 mil toneladas. Além disso, a tarifa extracota disparou, de 65% para 95%.

De acordo com Santin, a missão vai pedir o fim das cotas geográficas e que seja utilizado o critério de nação mais favorecida, previsto na OMC, pelo qual o Brasil teria vantagens, já que é mais competitivo. A Rússia, disse ele, sinalizou que acabará com as cotas geográficas.

Ele disse ainda que o Brasil deve pedir que a Ucrânia retire a acusação de antidumping contra o frango brasileiro. O argumento é que as vendas brasileiras não chegam a 3% da produção local na Ucrânia.

Mercosul

a) Crise do trigo na Argentina beneficia o Brasil

A Argentina terá sua menor área de produção de trigo em 100 anos e começa a mudar o mapa agrícola do Mercosul. A crise argentina ainda pode trazer benefícios para o Brasil nos mercados externos com as exportações de milho. A avaliação é da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), que publicou seu relatório anual sobre a produção de cereais e apontou que a queda na exportação da Argentina será recorde em 2009 e 2010.

Na América do Sul, a produção de cereais em 2009 será 14% menor que o recorde de 2008, com 124,6 milhões de toneladas de grãos. O volume é ainda 4 milhões de toneladas inferior à média dos últimos cinco anos. Só a produção de milho e outros grãos será 20% menor que o recorde de 2008, passando de 91,7 milhões de toneladas para 74 milhões, em grande parte por causa da seca.

No Brasil, a produção de cereais passou de 79,6 milhões de toneladas em 2008 para 71,8 milhões projetadas para 2009. O volume ainda é superior ao de 2007. A produção de trigo passou de 4,1 milhões de toneladas em 2007 para 5,9 milhões no ano passado e uma projeção de 5,7 milhões em 2009. A produção de milho e outros grãos vai passar de 61 milhões de toneladas em 2008 para 53,3 milhões em 2009.

Segundo a FAO, os preços pouco atraentes, alto custo de insumos e a dificuldade de obter créditos induziu os fazendeiros a reduzir suas plantações.

No trigo, a safra será ainda pior que a de 2008, com 17 milhões de toneladas e uma das piores já registradas. O frio e a seca são os principais responsáveis. Na Argentina, a área plantada está sendo revista para baixo com frequência. Hoje, a previsão é do uso de 3 milhões de hectares, a menor área em 100 anos e 30% abaixo do ano passado. Uma reviravolta para o país que era considerado como um dos principais fornecedores do mundo.

Quem ganha com isso é Brasil, com uma previsão de produção em 2,3 milhões de hectares para o trigo e a projeção de chegar a uma safra de 5,7 milhões de toneladas. No Uruguai, o aumento será de 9%. Produtores argentinos estão cruzando o Rio de La Plata e começando a investir no Uruguai por causa das melhores condições de exportação, acesso a crédito e preços de terras mais baixos.

No total, o Brasil deve acumular um estoque de cereais de 8,6 milhões de toneladas em 2009, metade de todo o estoque sul-americanos e quase três vezes maior que o argentino.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO (OMC)

a) Relatório da OMC sobre protecionismo irrita Camex

O governo brasileiro pode protestar contra o relatório da Organização Mundial do Comércio (OMC) que incluiu o Brasil entre os países que adotaram medidas protecionistas em resposta à crise, disse a secretária-executiva da Câmara de Comércio Exterior (Camex), Lytha Spíndola. Ela pediu ao Itamaraty para exigir a revisão do documento, divulgado no último dia 1º. Lytha acusa a OMC de dificultar a condenação ao protecionismo, ao misturar conceitos, juntando medidas rotineiras como drawback e ações antidumping com pacotes protecionistas editados por grandes parceiros comerciais, como os Estados Unidos e a China.

"Além de pôr alhos e bugalhos na mesma cesta, não foi feita uma triagem mais rigorosa", reclama. Lytha rejeita a inclusão, entre as medidas do relatório divulgado no início do mês pelo diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, de seis decisões do governo brasileiro, entre elas o aumento dos limites de crédito do BNDES às empresas que, com a crise, se viram sem fontes externas de financiamento. "São linhas sem subsídio com prazos maiores e taxas superiores às existentes no mercado internacional para exportadores de outros países", argumenta.

A secretária estranha que, com a divulgação do relatório por Lamy, medidas tomadas pelo Brasil, como o início de investigações por dumping contra produtos chineses, apareçam listados com o mesmo destaque que medidas de forte potencial de distorção de comércio, como as regras nos EUA e na China para dar prioridade às compras de fornecedores locais.

O governo brasileiro insiste que, ao contrário do que considerou a OMC, a recente elevação das taxas de importação para diversos tipos de produtos siderúrgicos não pode ser comparada às reações protecionistas à crise. "Houve uma exceção à tarifa comum para esses produtos, há meses, como resposta à escassez no mercado interno. Agora voltamos ao normal", diz. "As tarifas estão em 10% e 12%, quando o país poderia praticar até 35% segundo os compromissos do Brasil na OMC", afirma.

Lytha não se conforma com a inclusão, entre as medidas apontadas pela OMC no Brasil, de iniciativas como o drawback integrado, que é apenas a simplificação da desoneração de impostos como o IPI e a Cofins sobre produtos de exportação, dos quais as exportações já são isentas. Entre as medidas do Brasil incluídas no relatório da OMC estão o socorro de liquidez ao sistema bancário providenciado pelo governo brasileiro. A preocupação do relatório, segundo o texto divulgado pela OMC, é mostrar medidas potencialmente capazes de distorcer o comércio e as condições de competição entre empresas locais e estrangeiras.

A reação à OMC iniciada na Camex enfrentará algumas dificuldades diplomáticas, já que o relatório toma o cuidado de dizer que a lista de medidas reproduzida no documento não implica um julgamento se determinada medida é ou não protecionista por intenção ou natureza. O texto alerta que a inclusão de medidas não pode ser tomada como uma avaliação sobre sua adequação aos acordos da OMC. No caso das medidas incluídas sobre o Brasil, a maioria foi comunicadas pela própria delegação brasileira à organização.

b) Com discrição, Brasil e EUA discutem Doha

O Brasil e os Estados Unidos realizaram em Genebra a primeira negociação bilateral pelo processo que Washington considera como a melhor maneira de barganhar para tentar concluir a Rodada Doha no ano que vem. O governo de Barack Obama quer mostrar aos reticentes Congresso e setor privado que a abordagem da negociação mudou e pode, com barganha direta, arrancar mais abertura de Brasil, China e Índia, mercados com maior potencial de expansão para as exportações americanas.

Associações industriais americanas condicionam um acordo na Organização Mundial do Comércio (OMC) à obtenção de entendimentos setoriais para acelerar a abertura em áreas chaves nos países emergentes. Por esse mecanismo, as tarifas de importação de certos setores cairiam a zero mais rapidamente do que pelo cronograma normal, que prevê redução ao longo de oito a dez anos. Os Estados Unidos pressionam para obter uma redução maior nas tarifas de importação em setores que incluem químicos, máquinas industriais, bens eletroeletrônicos, produtos florestais e equipamentos ambientais, por exemplo.

O Brasil, contudo, está discutindo com uma atitude prudente e sequer admite a existência de uma nova abordagem de negociação que, na prática, significaria reconhecer que as concessões já feitas aos americanos seriam insuficientes. Procurado pelo Valor, o embaixador brasileiro na OMC, Roberto Azevedo, apenas comentou, sobre a reunião, que sempre que os dois lados se encontram discutem "suas dificuldades".

O representante brasileiro foi, em todo caso, incisivo, e avisou que para o Brasil a negociação tem que continuar multilateral, que o país não aceita abertura seletiva do pacote agrícola e industrial que está na mesa de negociação e, se for o caso de reabrir uma área para algum ajuste, isso precisa ser compensado em outra. Além disso, o jogo final para o Brasil está nos textos já propostos pelos mediadores das negociações agrícola, industrial e de serviços na OMC. Os americanos alegam que não conseguem ver resultados claros para seus exportadores.

Pelos cálculos da OMC, um acordo final em Doha, pelo que está na mesa de negociação, levaria os países ricos a fazer cortes médios de 53% nas alíquotas de importação agrícola e de 60% em produtos industriais. Para os países em desenvolvimento, o corte médio seria de 20% nas tarifas agrícolas e pouco mais de 50% nas industriais.

Nas tarifas realmente aplicadas, os países ricos fariam corte de 48% na agricultura e de 46% em produtos industriais. Já as nações em desenvolvimento aplicariam redução de 11% na agricultura e de 18% sobre produtos manufaturados. Segundo a OMC, o pacote recusado em Doha proporcionava cerca do dobro das reduções tarifárias acertadas na Rodada Uruguai (1987-1994) e que vigoram atualmente no comércio global.

Estudo da entidade concluiu que, nesse cenário, o Brasil teria um beneficio proporcionalmente muito maior no comércio agrícola do que as outras nações, enquanto perderia pouco com a abertura de seu mercado às importações industriais. O país poderia ter exportações adicionais de cerca de US$ 4 bilhões por ano, pela metodologia usada pela entidade. O ganho líquido do país teria sido numa proporção mais elevada também na comparação com sua fatia de 1,2% nas exportações e 0,8% nas importações mundiais.

O Brasil já avisou que sua prioridade é concluir Doha o mais rapidamente possível, porque depois do primeiro trimestre de 2010 a campanha eleitoral vai esquentar de vez no país, dificultando mesmo "ajustes" para cortar mais determinadas tarifas, para atender a demanda dos parceiros.

Em setembro, haverá uma reunião de ministros em Nova Déli, mas será sobretudo política. A barganha mais efetiva virá depois da cúpula do G-20 em Pittisburgh, EUA. Em novembro, haverá uma conferência ministerial da OMC em Genebra, a princípio marcada para temas rotineiros da entidade, mas que poderá se transformar em nova tentativa de negociação.

Plano Internacional

a) Brasil espera o aumento de sanções econômicas

Após cancelar programas de cooperação militar, acordos técnicos e análise de financiamento para obras de infraestrutura com Honduras, o governo brasileiro espera que os demais associados da Organização dos Estados Americanos revejam também seus próprios programas de cooperação com o país, enquanto não for restabelecido o governo constitucional de Manuel Zelaya, derrubado num golpe de Estado.
No governo, a avaliação de que o repúdio internacional levaria em breve à queda do governo de facto em Honduras deu lugar à apreensão com a demora em se garantir a volta de Zelaya ao poder.

O falta de sucesso da missão da OEA enviada a Honduras para garantir a volta de Zelaya foi lamentada em Brasília, onde é questão de honra recusar qualquer negociação com o governo de facto, considerado ilegítimo e golpista. Para o governo brasileiro, qualquer ação em relação a Honduras deve ser precedida pela volta de Zelaya ao governo. A Embaixada do Brasil no país teve ordens de se limitar a trabalhos administrativos e consulares; e o instrutor militar Paulo Pimentel, que estava na Escola de Comando e Estado Maior das Forças Armadas, teve sua volta antecipada ao Brasil.

O BNDES decidiu rejeitar a tramitação de qualquer novo pedido de financiamento envolvendo Honduras, e suspendeu a análise de três projetos de infraestrutura de interesse de empreiteiras brasileiras em Honduras, cuja soma poderia ultrapassar US$ 300 milhões. Estava prevista uma visita do navio-escola a Honduras neste ano, que foi adiada indefinidamente.

Quatro projetos de cooperação, assinados após a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, também foram suspensos. Um deles envolvia transferência de tecnologia da Embrapa; o outro, visitas técnicas para promoção da produção de etanol. Havia ainda programas para apoiar a constituição de um sistema de estoques reguladores para alimentos e outro para fornecer conhecimento sobre gestão de recursos hídricos, que também foram paralisados.

Tradicionalmente avesso a sanções econômicas contra países, argumentando preferir as negociações, o governo brasileiro diz que, no caso hondurenho, os governantes legítimos foram derrubados por um golpe de Estado, que retira dos atuais mandatários qualquer legitimidade para funcionarem como interlocutor do Estado brasileiro.

O Brasil optou, entretanto, por ter uma atuação discreta na crise de Honduras, por avaliar que o assunto depende das iniciativas da OEA e, especialmente, da posição a ser adotada pelos Estados Unidos, que condenou o golpe.

b) Demanda crescerá no mundo, mas Opep terá menor procura

A demanda mundial pelo petróleo dos países-membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) vai cair em 2010, informou o grupo, que citou o aumento da oferta por outros países e o ritmo lento da recuperação da economia global.
A Opep informa em relatório mensal que sua demanda será de 28,11 milhões de barris diários em média em 2010, uma queda de 380 mil barris em relação a 2009. Apesar da queda esperada, o grupo informou que a demanda mundial total deve crescer em 2010 para 84,34 milhões de barris diários, em alta de 500 mil barris por dia em relação a este ano. O crescimento será puxado principalmente pelos países em desenvolvimento.

Com o preço do petróleo em queda livre desde o início do ano e após vários cortes na produção para conter o desabamento, especialistas reunidos no 20º Congresso Mundial do Petróleo, realizado em Londres, concluíram que o principal desafio dos governos agora é garantir o fornecimento quando a demanda começar a subir.

Os especialistas concordaram em relação à necessidade de um ajuste global que permita garantir o consumo de petróleo em todo o mundo quando a crise chegar ao fim e a demanda e os preços se estabilizarem.

O vice-secretário adjunto do Departamento de Energia dos EUA, Alan Hegburg, disse que desejaria ver no mercado tanto petróleo quanto for possível. Já o responsável de Política e Segurança Energética da Comissão Europeia órgão executivo da União Europeia , Jean-Arnold Vinois, insistiu na necessidade de acordos multilaterais que permitam avançar da dependência para a interdependência energética.

Nenhum dos dois políticos quis especular sobre o tempo que o mercado do petróleo demorará para sair da crise, mas ambos mostraram confiança de que a demanda começará a se recuperar à medida em que os focos de retomada da economia forem se consolidando.

O ministro do Exterior holandês. Peter van Leeuwen, especialista em segurança energética, considerou que, em um prazo de dois a cinco anos, o preço e a demanda de petróleo voltarão a seu nível normal, um momento crucial no qual a prioridade será conseguir que haja a commodity para todos.

Os especialistas recomendaram à Opep que não permita que os preços do petróleo voltem a cotas tão elevadas como as de meados do ano passado, já que se trata de um nível que não é sustentável a longo prazo e poderia provocar novos desequilíbrios no mercado.

Além da segurança energética, os presentes à reunião também insistiram especialmente na necessidade de recolocar o mix energético operacional na maioria dos países desenvolvidos, e orientá-lo para um modelo baixo em carvão, menos agressivo ao meio ambiente.

c) Cepal já prevê uma forte recuperação da AL em 2010

A economia da América Latina terá uma retração de 1,9% este ano, depois ter crescido por seis anos seguidos, segundo projeções da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal).

Em 2010, no entanto, os países da região voltarão a crescer graças à recuperação dos preços de matérias-primas e da retomada de alguns segmentos da indústria, prevê a Cepal. Em conjunto, as economias terão uma avanço de 3,1% no próximo ano. O Brasil, segundo o estudo, encolherá 0,8% este ano e crescerá 3,5% no próximo.

O órgão da ONU reviu para baixo a previsão de retração do conjunto dos países de 1,7% para 1,9%. O desempenho da região será um pouco melhor que os de economias desenvolvidas. Em 2009, os EUA deverão ter uma retração ao redor do 3%; o Japão de 6% a 7%; e a União Europeia, de 3,5% a 4,8%.

Nos países latino-americanos e caribenhos, o impacto da queda do PIB este ano provocará uma alta nas taxa de desemprego para 9%. No ano passado, a taxa ficou em 7,5%. Esse aumento terá um reflexo direto no poder de compra dos latinos. Tudo isso terá um impacto muito sério sobre a pobreza, disse a secretária-executiva da Cepal, Alicia Bárcena, durante apresentação do Estudo Econômico da América Latina e Caribe.

Segundo ela, a previsão é que já no segundo semestre deste ano, a economia regional comece a se recuperar. Cremos que em 2010 poderá haver uma recuperação mais consolidada, após um período de queda na atividade econômica muito forte e muito dramática este ano.

A expectativa de aumento do preço do petróleo e de algumas commodities ajudará no reaquecimento das economias regionais.

Isso deve ajudar países cujas economia têm alto grau de dependência de petróleo, minérios e agricultura. Um deles é a Venezuela, o maior exportador de petróleo da América do Sul, que segundo a Cepal crescerá 3,5% depois de um avanço de 0,3% neste ano. Mesmo no México, onde a produção petrolífera vem caindo e a redução da demanda americana deverá levar a economia a se retrair 7%, a previsão para 2010 é de avanço de 2,5%.

A Cepal concorda com a análise de muitos especialistas e governantes que têm insistido na capacidade de reação da região à crise atual. Os países da região contam com margens de manobra que, com diferenças de um caso para outro, permite a eles implementar políticas destinadas a moderar os efeitos [da crise internacional] sobre a produção e o emprego, diz.

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