11 a 15 de maio de 2009

Comércio Exterior

Resultados
Maior presença de básicos vai se manter até 2010, avalia Mdic
Financiamentos do Exim Bank podem atingir US$ 5 bi
Rentabilidade das exportações caiu 23% desde outubro
Exportações brasileiras para a Europa diminuem

Agronegócio

Exportações e receita confirmam melhoria
Embarque de carne suína aumenta 11%
Queda nas exportações amplia perda da Kepler
USDA prevê alta na demanda por grãos
Área de milho deve ficar estável
Commodities Agrícolas
Brasil disputa mercado de carne de US$ 600 mi

Mercosul

Argentina pode ter de importar carne bovina
Argentina vai deixar de exportar trigo e carne

Organização Mundial do Comércio (OMC)

EUA querem destravar Doha

Plano Internacional

Exportações chinesas têm queda de 22% em abril



Comércio Exterior

a) Resultados

A balança comercial registrou superávit de US$ 547 milhões (média diária de US$ 109,4 milhões) na primeira semana de maio. O resultado é a diferença entre exportações de US$ 2,923 bilhões e importações de US$ 2,376 bilhões. Na comparação com o mês passado, a média diária de exportações apresenta queda de 5,1%, enquanto as importações crescem 10,4%. A balança acumula neste ano superávit de US$ 7,269 bilhões (média diária de US$ 84,5 milhões).

b) Maior presença de básicos vai se manter até 2010, avalia Mdic

A tendência de participação crescente dos produtos básicos na pauta de exportações brasileiras só deve se reverter a partir do segundo semestre de 2010, avalia o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). Esse é o tempo estimado para uma retomada da demanda dos Estados Unidos e da Europa -- que despencou com o agravamento da crise -, e também para que o Brasil recupere fatias de mercado perdidas para produtos asiáticos na América do Sul.

Hoje as commodities estão segurando a balança comercial brasileira, mas no médio prazo tem que ter uma estratégia para diversificar isso, afirmou o secretário de Comércio Exterior, Welber Barral. Isso é reversível, mas é reversível a médio prazo, acrescentou, citando o segundo semestre do próximo ano.

Barral disse não estar ainda preocupado com a recente desvalorização do dólar frente ao real. Desde o início de março, o dólar caiu 15,7% frente à moeda brasileira. Ainda assim, o real perdeu cerca de um terço do seu valor frente a agosto do ano passado. Para o secretário, esse movimento tende a ser temporário. Risco de choque no câmbio é a elevação dos preços das commodities, o que não é esperado, afirmou. Ele frisou que um dólar cotado a 2 reais ou mais garante a competitividade dos produtos brasileiros.

Segundo a última sondagem do Banco Central, o mercado espera que o dólar feche o ano a R$ 2,20, mas nesta segunda-feira a moeda norte-americana encerrou a R$ 2,059, mesmo depois de o BC ter feito um leilão de compra à vista. Nos primeiros quatro meses do ano, as exportações brasileiras de manufaturados despencaram 28,7% frente ao mesmo período de 2008, para US$ 19,6 bilhões. No mesmo período, os embarques de produtos básicos registraram valor recorde de US$ 17,2 bilhões de dólares, com alta de 8,7%.

Com isso, a participação dos produtos básicos na pauta de exportações do Brasil cresceu para 39,6% no quadrimestre, frente a 30,4% no mesmo período de 2008. Já a participação de industrializados caiu para 58,2%, contra 66,8%. Esse desempenho acompanhou um crescimento da participação das vendas para a Ásia, principalmente para a China, que superou pela primeira vez os Estados Unidos como principal parceiro comercial do Brasil.

As exportações brasileiras para a China saltaram 66,7% no quadrimestre, por conta de minério de ferro, soja em grão, celulose e siderúrgicos. Já para o Mercosul, Estados Unidos e América Latina e Caribe - tradicionais consumidores de manufaturados brasileiros - as vendas caíram respectivamente 39,4%, 34,5% e 28%. Barral aposta que grande parte da recuperação das vendas de manufaturados se dará com o arrefecimento da crise, aguardado para a segunda metade do próximo ano.

Enquanto isso não ocorre, o Brasil trabalha em uma ofensiva para criar oportunidades de negócios em países vizinhos onde o empresariado brasileiro ainda não tem grande presença, ou perdeu espaço recentemente para importações asiáticas. Entre as prioridades estão Peru e Colômbia, com quem o Brasil promove reuniões bilaterais e missões empresariais.

Em outra frente, o Brasil também tenta diversificar e ampliar a pauta de exportações de maior valor agregado para a Ásia, em particular para a China. Ele citou, como exemplo, que o Brasil quer passar a exportar mais derivados de soja, como óleo e farelo, e não apenas a commodity em grão, como ocorre atualmente. Outra aposta é o mercado de aviões. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em visita ao país asiático nos próximos dias, fará promoção dos modelos da Embraer.

c) Financiamentos do Exim Bank podem atingir US$ 5 bi

O Export-Import Bank dos EUA, a agência de fomento das exportações de produtos americanos, negocia cerca de US$ 5 bilhões em financiamentos no Brasil. Se os projetos saírem do papel, o país pode se tornar um dos principais destinos dos investimentos do banco americano. Não colocamos teto ou limite para os empréstimos. A porta está totalmente aberta para o Brasil, disse John McAdams, chefe de operações do Exim Bank.

Desse total, US$ 2 bilhões correspondem a uma linha em fase preliminar para a Petrobras adquirir nos EUA as máquinas e equipamentos necessários na exploração das gigantescas reservas do pré-sal. Segundo McAdams, não existem exigências de venda futura de petróleo e o objetivo é estimular as vendas de produtos americanos e criar empregos no país.

O executivo não revelou as demais operações em discussão, mas disse que os EUA têm interesse nos projetos de infraestrutura do Brasil, como os incluídos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Em viagem pelo país esta semana, ele afirmou que seu objetivo é que governo e empresas estejam cientes da disponibilidade de recursos no Exim Bank.

Os investimentos já aprovados do Exim Bank americano no Brasil mais do que duplicaram, saindo de cerca US$ 1 bilhão em 2008 para US$ 2,5 bilhões este ano. Atualmente as empresas brasileiras que mais se beneficiam são as companhias aéreas TAM e Gol, que adquirem equipamentos nos EUA para a manutenção de suas aeronaves.

O México é hoje o país que mais recebe recursos do Exim Bank. Serão US$ 7,4 bilhões este ano e a petroleira Pemex é o principal cliente do banco de fomento das exportações dos EUA. McAdams citou Brasil, México, Peru e Colômbia como os países com mais oportunidades de investimento na América Latina. Todos são considerados aliados do governo dos Estados Unidos.

Na Venezuela, presidida por Hugo Chávez, as operações do banco estão tecnicamente fechadas, apesar dos projetos da bacia do rio Orinoco, a maior reserva de petróleo do mundo. A Venezuela certamente é atrativa por suas riquezas naturais, mas temos desafios no front político que nos tornam cautelosos, disse McAdams.

Fora do continente latino-americano, o Exim Bank possui uma exposição expressiva na Índia, também considerada nação amiga. Em 2008, o banco emprestou US$ 2,4 bilhões para investimentos em infraestrutura no país. Na China, um mercado em expansão mas dominado por bancos estatais, o Exim Bank dá os primeiros passos.

Em 2008, o banco de fomento disponibilizou US$ 14,4 bilhões para companhias ao redor do mundo dispostas a utilizar o dinheiro na compra de equipamentos e serviços americanos. O orçamento deste ano ainda não foi definido, mas, com certeza, será maior que o de 2008.

Tenho chamado este de o ano da relevância da agência de crédito à exportação, disse McAdams.

Ele acredita que é a hora de as agências de fomento preencherem o buraco deixado pelos bancos que ainda estão reticentes em emprestar por conta da crise.

Os Estados Unidos estão efetivamente precisando incrementar as exportações. Em março, o déficit do país em comércio e serviços subiu 5,7%, para US$ 27,6 bilhões, por conta de US$ 3 bilhões de queda das exportações em relação ao mês de fevereiro.

d) Rentabilidade das exportações caiu 23% desde outubro

A recente valorização do real pode quebrar de vez o tripé de sustentação das exportações de manufaturados, que já sofrem com a demanda mundial fraca e preços em queda. Com o dólar perto de R$ 2, o exportador brasileiro perdeu competitividade para roubar mercado dos concorrentes - o que é fundamental em tempos de consumo estagnado. A rentabilidade das exportações brasileiras está próxima do menor patamar desde a década de 80. Em abril, a margem média dos exportadores encolheu 6% em relação a março e 23% comparada com outubro de 2008, aponta cálculo preliminar da Fundação Centro de Estudos do comércio exterior (Funcex).

Uma das maiores exportadoras de móveis do país, a Artefama, voltou a ganhar mercado nos Estados Unidos aproveitando que o dólar estava em R$ 2,30, conta o presidente da empresa, Álvaro Vaz. Nesse momento, estamos reconquistando o mercado americano. Se o dólar ficar abaixo de R$ 2,20, os chineses vão retomar esse espaço, disse.

A participação dos EUA nas vendas externas da Artefama atingiu 20% este ano, acima dos 10% a 15% em 2008. O mercado americano chegou a absorver metade das exportações da empresa três anos atrás. Segundo Vaz, a demanda do país segue muito baixa, mas com preço competitivo é possível ocupar o espaço de outros fornecedores.

Em maio, a tendência da rentabilidade do exportador é de novo recuo. O real ganhou força frente ao dólar este mês graças à entrada de capitais no país, atraídos por juros altos, reservas significativas e um dos cenários políticos mais estáveis entre os emergentes. O dólar se recuperou um pouco e fechou a R$ 2,09. Ainda assim, representa queda de 3,6% contra o fim de abril e 10% ante dezembro.

Sem a ajuda dos robustos preços que predominaram no período pré-crise, a diferença cambial vai direto para o bolso do exportador, reduzindo sua capacidade de oferecer descontos a clientes já reticentes na hora de comprar. Em abril, com dólar a R$ 2,20, a rentabilidade da exportação era a mesma de julho de 2008 - na época, a moeda americana estava em R$ 1,60, mas os preços dos produtos eram 25% mais altos, em média, que os atuais.

Ao contrário do que ocorria antes da crise, os exportadores não conseguem compensar o câmbio com os preços, disse Fernando Ribeiro, economista-chefe da Funcex. Para José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de comércio exterior do Brasil (AEB), o principal problema é a perda de competitividade. É impossível atuar em um mercado em recessão sem preço competitivo, disse.

A participação das exportações nas vendas totais da Fiação e Tecelagem Cedro e Cachoeira recuaram de 15% em 2007 para 10% em 2008 e estão em cerca de 7% hoje, informa o presidente da companhia, Aguinaldo Diniz Filho. Ele conta que as vendas externas caíram significativamente no quarto trimestre do ano passado por falta de demanda, mesmo com o câmbio a R$ 2,30.

O empresário acredita que a queda da participação das exportações deve se agravar com o real forte. A saída encontrada pela tecelagem foi redirecionar seus produtos para o mercado interno. Um dólar de equilíbrio é importante, porque a alta carga tributária não permite que o país seja competitivo com o câmbio a R$ 1,6, disse Diniz, que também preside a Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit).

As exportações brasileiras de manufaturados recuaram 29,5% de janeiro a abril em relação ao primeiro quadrimestre de 2008, apesar do câmbio, em média, ainda competitivo no período. O desempenho está em linha com a queda global das trocas de produtos industrializados, que sofreram um forte revés após a falta de crédito provocada pela crise.

Para Ribeiro, da Funcex, a valorização do real corroerá as margens dos exportadores de manufaturados, mas não deve ter impacto relevante nas vendas externas totais ou no superávit brasileiros, porque o mercado já estava fraco. Nas commodities, o cenário é positivo graças à demanda da China. As exportações de produtos básicos cresceram 9% no primeiro quadrimestre do ano.

Mais sensíveis ao impacto cambial, os fabricantes de móveis, têxteis e calçados estão entre mais prejudicados. Nesses setores, os empresários tinham a expectativa de elevar a exportação com a ajuda do câmbio, apesar da menor demanda provocada pela crise, já que os volumes vendidos pelo Brasil não são significativos comparados com as compras totais dos mercados americano e europeu.

Segundo Ulrich Kuhn, presidente do Sindicato das Indústrias Têxteis do Vale do Itajaí e diretor de exportação da Hering, o setor têxtil estimava queda de 20% nas exportações antes da mudança no câmbio. Ele afirma que a valorização do real tende a reduzir ainda mais a exportação e alterar a tendência de queda das importações de matérias-primas vindas da Ásia.

Na avaliação do empresário, com a instabilidade, alguns setores dentro do ramo têxtil poderão ser mais prejudicados do que outros, citando como exemplo o segmento de cama, mesa e banho do Estado de Santa Catarina, que tem maior exposição de exportações do que a confecção. Para estes, não há solução. Será preciso se readequar a um novo tamanho de mercado mundial.

Para Milton Cardoso, diretor-executivo da Vulcabras e presidente da Associação Brasileira da Indústria Calçadista (Abicalçados), o real forte prejudica a exportação, mas o mais complicado para o comércio exterior é a oscilação significativa do câmbio. É uma desorganização absurda nas empresas, disse.

A Vulcabras, explica o executivo, estabeleceu o dólar a R$2,2 como meta para o semestre e segue nesse patamar. Só depois vamos saber se perdemos ou ganhamos dinheiro. Cardoso contou que as exportações da empresa tiveram queda significativa no quadrimestre, mas não revelou o percentual. Ele não responsabiliza a falta de demanda pelo resultado, mas as barreiras da Argentina.

e) Exportações brasileiras para a Europa diminuem

A recessão na União Europeia, mais forte do que era esperada pelo mercado para o primeiro trimestre, deverá ampliar a queda das exportações brasileiras para o bloco. Não apenas a quantidade de produtos vendidos aos países europeus será menor, mas os preços também poderão cair.

A União Europeia já perdeu, no primeiro quadrimestre do ano, o posto de principal bloco econômico que compra produtos brasileiros. De janeiro a abril, a Ásia ocupa a primeira posição de bloco importador do Brasil, com a compra de US$ 10,787 bilhões. No mesmo período, as exportações para a União Europeia foram de US$ 10,062 bilhões. Já o Mercosul importou do Brasil US$ 3,842 bilhões, quase a metade do registrado no mesmo período do ano passado.

A queda de exportações brasileiras para a União Europeia foi de 23,8% no primeiro quadrimestre. De janeiro a abril do ano passado, as vendas para o bloco respondiam por 25% de todos os embarques brasileiros, somando US$ 13,216 bilhões.

O secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Welber Barral, admite que a recessão dos países europeus, de 2,5% no primeiro trimestre do ano, vai afetar as exportações brasileiras. Mas ele pondera que nem todos os exportados serão afetados. A recessão da União Europeia afeta as exportações do Brasil, mas não da mesma forma. As vendas de alimentos, por exemplo, têm pouca elasticidade, afirma.

O vice-presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), José Augusto de Castro, discorda. Ele diz que a queda de demanda no bloco fará com que os preços das commodities caiam.

Para o Brasil, afirma Castro, o impacto ocorrerá nas exportações de soja, carne de frango, suco de laranja, açúcar e café.

A demanda mais fraca da União Europeia vai fazer com que o bloco importe menos quantidade de produtos, mas também vai afetar os preços. Castro diz que ainda é difícil prever o tamanho da redução das exportações brasileiras para a UE até o fim do ano.

Entre os principais produtos brasileiros exportados para a União Europeia, estão soja, óleo de soja, café, aviões, pastas de madeira, petróleo e minério de ferro.

Agronegócio

a) Exportações e receita confirmam melhoria

Dois novos levantamentos do Ministério da Agricultura confirmam a melhora no cenário para o agronegócio brasileiro em 2009 em relação às perspectivas traçadas a partir do aprofundamento da crise global, em setembro de 2008, até o último mês de janeiro.

Segundo dados da Secex compilados pelo ministério, as exportações do setor cresceram 14,4% em abril sobre março. Em outra frente, o governo divulga mais um ajuste para cima em sua previsão de renda agrícola (da porteira para dentro) das 20 principais culturas do país neste ano, graças à valorização de commodities como soja e milho no mercado internacional.

Nos dois casos - exportação e renda -, os resultados e projeções ainda permanecem abaixo da performance de 2008, apesar de a possibilidade de reversão da tendência ter aumentado um pouco com o desempenho acima do esperado no primeiro quadrimestre.

Conforme o ministério, as exportações do agronegócio renderam US$ 5,483 bilhões em abril, ainda 4,7% menos que no mesmo mês do ano passado. Mas, como as importações caíram 13,4% na mesma comparação, para US$ 679 milhões, o superávit da balança do setor voltou a crescer e atingiu US$ 4,804 bilhões.

Os números mostram que o complexo soja (grão, farelo e óleo) seguiu na liderança das exportações em abril. Os embarques chegaram a US$ 2,087 bilhões, 52,3% mais que em março - por causa da sazonalidade que marca os embarques -, mas também 12,2% acima de abril de 2008. O aumento do volume de vendas (34,3% em relação a abril do ano passado) garantiu o salto, já que os preços foram 17,8% menores, tendo em vista a vertiginosa escalada pré-crise no segundo trimestre de 2008. Também vale notar que houve alta no mercado internacional em abril na comparação com março.

E aí está a principal justificativa para a nova elevação na previsão de renda agrícola do ministério. Conforme estudo concluído na sexta-feira, as 20 principais culturas agrícolas do país vão gerar receita de R$ 155,996 bilhões em 2009, 1,4% mais que o previsto em abril mas 3,2% abaixo de 2008 (R$ 161,156 bilhões). A soja deverá representar R$ 42,822 bilhões.

b) Embarque de carne suína aumenta 11%

As exportações de carne suína do Brasil somaram 53,99 mil toneladas em abril, alta de 10,82% sobre o mesmo mês do ano passado, segundo a Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de carne Suína (Abipecs). A epidemia do vírus A (H1N1), popularmente conhecida como gripe suína, e que surgiu no fim do mês de abril, não teve impacto sobre os embarques, disse o presidente da Abipecs, Pedro de Camargo Neto.

Mas as receitas com as vendas recuaram de forma expressiva, de US$ 130,6 milhões em abril de 2008, para US$ 103,999 milhões no mês passado. A razão foi a queda dos preços no mercado internacional. Segundo a Abipecs, o preço médio em abril foi de US$ 1.926 por tonelada, recuo de 28,18% em relação ao valor médio do mesmo mês de 2008. Camargo Neto avalia que a queda dos preços reflete a crise internacional, que afetou países importadores como a Rússia.

Para o dirigente, a gripe suína (expressão que ele critica) não deve afetar as exportações do setor, já que se trata de uma questão de saúde pública. Também não deve atrapalhar as negociações para abertura do mercado chinês. A expectativa, disse, é o que presidente Lula consiga, na viagem a China, na próxima semana, destravar a burocracia para abrir o país à carne suína do Brasil.

Até abril, as exportações brasileiras de carne suína totalizaram 188,79 mil toneladas, 18,11% mais do que no mesmo intervalo de 2008. Mas a receita caiu na mesma comparação, de US$ 393,3 milhões para US$ 377,25 milhões.

c) Queda nas exportações amplia perda da Kepler

Consequência direta da crise global, o tombo nas exportações num período de redução sazonal dos negócios no mercado interno puxou para baixo o desempenho da Kepler Weber no primeiro trimestre do ano. Com queda de 55% nos embarques ao exterior em relação ao mesmo intervalo de 2008, para R$ 7,2 milhões, a receita líquida total da fabricante de silos e equipamentos para armazenagem de grãos recuou 29,2%, para R$ 30,8 milhões, enquanto o prejuízo subiu de R$ 4,6 milhões, para R$ 7,2 milhões. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização caiu de R$ 1,5 milhão positivo para R$ 3,2 milhões negativos.

Segundo o diretor-presidente, Anastácio Fernandes Filho, a receita do trimestre reflete a retração das vendas fechadas no fim do ano passado, provocada pelo adiamento de projetos de empresas privadas e de governos, principalmente na América Latina e na África, devido à crise. O fenômeno repetiu-se nos primeiros três meses do ano, quando foram originadas vendas de R$ 28,4 milhões, ante R$ 89,1 milhões no início de 2008.

Mesmo assim, conforme Fernandes Filho, a empresa está confiante na recuperação dos negócios nos próximos meses, principalmente por conta das vendas no mercado interno, que alcançam o auge em maio a agosto e deverão ser beneficiadas pelo desempenho da safra de grãos do país.

No mercado externo, ele espera a retomada gradual das linhas de financiamento bancário e a recuperação dos Estados Unidos com impacto positivo sobre a economia mundial. A fábrica de ordenhadeiras e tanques para pecuária leiteira, que gerou receita bruta de apenas R$ 775 mil no trimestre, deve ser vendida até o fim de junho.

A linha de R$ 10 bilhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o agronegócio deve favorecer a Kepler. A empresa também está elaborando um programa de estímulo à venda de equipamentos de armazenagem para pequenos e médios produtores rurais, que hoje respondem por 10% dos negócios.

d) USDA prevê alta na demanda por grãos

As primeiras estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) sobre os volumes de oferta e demanda por grãos no país e no mundo na safra 2009/10 - cujo plantio está em curso no Hemisfério Norte - corroboram a expectativa corrente de recuperação da economia global a partir do fim deste ano. Conforme o órgão americano, milho, trigo e soja, as três commodities agrícolas mais negociadas, terão demanda mais aquecida do que nas três últimas temporadas.

Para o milho, a previsão é de aumento de 2,3% em relação ao ciclo 2008/09, para 796,52 milhões de toneladas. Na mesma comparação, o consumo total de trigo deverá crescer 1,1%, para 642,77 milhões de toneladas, e o de soja tende a subir 4%, para 75,30 milhões.

Nos últimos meses da safra 2008/09 - que está em fase final de colheita no Hemisfério Sul -, o USDA reviu para baixo suas projeções de demanda por causa dos efeitos da crise global, conferindo mais peso a esse lado da balança na formação dos preços internacionais.

Em ciclos anteriores, marcados por sucessivos crescimentos da economia mundial, puxados por países emergentes, as atenções do mercado concentraram-se mais nas estimativas de oferta e nos fatores que a cercam, como rentabilidade e clima.

Diante das incertezas econômicas que perduram, e apesar dos primeiros números do USDA para a demanda, é de se esperar, para 2009/10, um equilíbrio maior entre os fatores para a formação de preços, sempre com destaque para as previsões para estoques finais.

Neste ponto, os números do órgão apontam para aumentos para soja e trigo e queda para o milho em 2009/10. Na soja, em parte por causa do aumento da produção dos EUA, a alta sobre 2008/09 deverá atingir 21,9%, para 51,88 milhões de toneladas. No trigo, o salto projetado é de 8,9%, para 181,9 milhões. Para o milho a queda estimada chega a 8,2%, para 128,19 milhões de toneladas.

Na bolsa de Chicago, principal referência global para as cotações dos grãos, os traders decidiram seus movimentos de olho no próprio umbigo - ou seja, mais atentos às previsões para os EUA do que para os fundamentos mundiais, ainda que a tendência seja que esses últimos ganhem força daqui para a frente. E houve valorizações, modestas, para as três commodities.

No mercado de milho, pesou a estimativa de que a demanda doméstica excederá a produção pela terceira vez nas últimas quatro safras. Os contratos com vencimento em julho (que ocupam a segunda posição de entrega, normalmente a de maior liquidez) subiram 6,25 centavos de dólar, para US$ 4,2750 por bushel. É o maior patamar em seis meses.

No trigo, o maior impacto foi o da projeção para a safra de inverno americana, que ficou um pouco abaixo das expectativas. Bastou para julho (segunda posição) registrar alta de 2 centavos em Chicago, para US$ 5,9275 por bushel - maior nível em 15 semanas -, e de 3,50 centavos na bolsa de Kansas, para US$ 6,3750.

No caso da soja, foi a quebra da safra sul-americana em 2008/09, e a expectativa de aumento da demanda pelo produto dos EUA, que sustentou as cotações. Julho (segunda posição) fechou a US$ 1,1750 por bushel, alta de 1,50 centavo.

Renato Sayeg, da Tetras Corretora, destaca algumas curiosidades do novo relatório do USDA para o quadro da soja. Entre elas, uma leve queda da demanda interna no Brasil, na contramão das projeções para o mundo e para países como EUA e Argentina. As exportações brasileiras também deverão perder espaço no total global. Ele destacou, ainda, os menores estoques em cinco anos nos EUA e no mundo e considerou modesta a estimativa para as importações da China.

No milho, destaca-se a elevação da previsão das exportações do Brasil, para 10 milhões de toneladas nas safras 2008/09 e 2009/10. No trigo, o USDA projetou leve queda das importações do país no novo ciclo.

e) Área de milho deve ficar estável

A área plantada com milho na safra 2009/2010 deve se manter inalterada em relação a 2007/2008 em 9,3 milhões de hectares, segundo a consultoria Agroconsult. Os dados foram divulgados semana passada, no seminário Perspectivas para o Agribusiness em 2009 e 2010, evento realizado pelo Ministério da Agricultura e pela BM&FBovespa, na capital.

O sócio-diretor da empresa, André Pessôa, disse que uma mudança neste cenário, com avanço no plantio de milho, pode vir do crescimento das exportações do cereal no segundo semestre. A Agroconsult projeta exportação de 9 milhões de toneladas este ano, acima dos 6,4 milhões de toneladas exportados em 2008.

O incremento das vendas tem como motivo a menor presença dos EUA e da Argentina no mercado internacional. A Argentina costuma exportar, por ano, 15 milhões de toneladas, mas, este ano, deve embarcar não mais que 7 milhões de toneladas. As exportações dos EUA devem cair de 62 milhões para 43 milhões de toneladas na safra atual.

Até setembro, as vendas externas brasileiras devem alcançar 500 mil toneladas/mês. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, as exportações de milho este ano totalizam 2,934 milhões de toneladas, 36% acima do volume dos primeiros quatro meses de 2008, de 1,887 milhão de toneladas.

O maior ajuste entre oferta e demanda, por causa da quebra da safra, e a perspectiva de aumento das exportações darão sustentação aos preços internos. A Agroconsult projeta aumento de 10% a 15% nas cotações do cereal até o fim do ano. Pela projeção, o preço do milho base Campinas (SP) - referência para contratos futuros da BM&F - deverá atingir entre R$ 25 e R$ 26 a saca de 60 quilos. A opção pelo cultivo de milho transgênico deve crescer no País, mas Pessôa não fez projeções. Questionado sobre as condições de segregação da safra, afirmou que a perspectiva de o Brasil ter mercado segregado de milho é mínima. Não temos infraestrutura física para armazenagem ou segregação.

Conforme a Associação Brasileira de Agribusiness (Abag), o agronegócio vai precisar de R$ 150 bilhões para financiar a safra 2009/2010 mas, por enquanto, há sinalização para R$ 100 bilhões. Não discordo da Abag, mas vamos ter dificuldades para chegar neste número, disse, no seminário, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes.

f) Commodities Agrícolas

A soja atingiu a maior cotação em sete meses na bolsa de Chicago. De acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), os embarques da oleaginosa para o exterior nas quatro últimas semanas encerradas em 7 de maio foram mais que o dobro do mesmo período do ano passado. As vendas externas de farelo registraram, sozinhas, uma guinada de 92%. O USDA também divulgou a venda de mais 120 mil toneladas de soja à China. As exportações estiveram melhor que o esperado na semana passada, e a China ainda aumentou o volume, disse Roy Huckabay, do Linn Group, à Bloomberg. Os papéis para julho subiram 19,5 centavos, a US$ 11,475 por bushel. No mercado interno, a saca fechou a R$ 50,81, alta de 1,01%, segundo o Cepea/Esalq.

g) Brasil disputa mercado de carne de US$ 600 mi

As restrições impostas por cerca de 20 países às exportações de carne suína dos Estados Unidos, do Canadá e do México, em razão da epidemia da influenza A (antes chamada de gripe suína) naquela região, devem abrir uma disputa por US$ 600 milhões entre os demais países exportadores. É nesse cenário que o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) espera que as empresas brasileiras conquistem novos mercados e abocanhem boa parte desse valor. China e Rússia são consideradas as melhores oportunidades.

Estudo realizado pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostra que China (incluindo Hong Kong), Rússia e Filipinas representaram 26% das exportações totais de carne suína dos Estados Unidos e do Canadá no ano passado. Além disso, 98% dos embarques de mercadorias americanas e canadenses para os países que impuseram restrição destinaram-se à China, Rússia e Filipinas.

O cálculo considera que metade das vendas realizadas pelos Estados Unidos e pelo Canadá no ano passado pode não ser exportada neste ano por causa das restrições comerciais, o que representa 311 mil toneladas de carne suína, no valor de US$ 600 milhões.

Esse volume equivale a 64% do total exportado pelo Brasil em 2008 (470 mil toneladas). Os embargos à carne suína do México não devem favorecer o Brasil porque praticamente todas as vendas mexicanas em 2008 foram para o Japão, que não impôs nenhuma restrição.

O cenário foi traçado com a expectativa de que a gripe suína não chegue ao Brasil com força suficiente para provocar restrições ao produto brasileiro. O Brasil é o quarto maior produtor e exportador mundial de carne suína. O País também terá que superar algumas barreiras para aproveitar a oportunidade: fazer o primeiro embarque para a China e ampliar a cota fixada pela Rússia.

Já foi assinado um protocolo sanitário com o governo chinês, mas nenhuma venda foi realizada até o momento. O presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e exportadora de carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto, disse que a expectativa é que a habilitação de frigoríficos brasileiros seja concluída com a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Pequim, na próxima semana.

A China enviou uma missão veterinária ao Brasil em novembro de 2008 e o Brasil encaminhou informações de 24 frigoríficos que desejam ser habilitados. Maior produtora e consumidora de carne suína no mundo, a China passou nos últimos três anos de exportadora a importadora, como resultado do aumento do consumo e dos problemas sanitários na suinocultura do país.

Esse setor também negocia a ampliação da cota de 177,5 mil toneladas este ano imposta pela Rússia para um grupo de países. Nesse grupo, o Brasil é o principal exportador e a Rússia, o primeiro destino da carne suína brasileira. Camargo Neto lembra ainda que a Rússia impôs, inicialmente, por causa do surto de gripe, restrição a diversos Estados americanos. Mas, poucos dias depois, restringiu as barreiras a apenas dois Estados. Segundo ele, os Estados Unidos devem manter as exportações para a Rússia por meio dos dois Estados habilitados. No ano passado, a Rússia comprou US$ 315,5 milhões dos americanos.

O Brasil também tenta um acordo com as Filipinas. No ano passado, houve troca de questionários sobre a sanidade da carne brasileira. Agora, o setor espera a visita dos veterinários filipinos para conseguir a liberação das exportações.

Camargo Neto disse que ainda é preciso considerar qual será a queda de consumo de carne suína nos Estados Unidos e seus reflexos no preço internacional do produto.

Mercosul

a) Argentina pode ter de importar carne bovina

Pela primeira vez, o governo argentino admite o recuo da produção e reconhece que o país corre o risco de ter de importar carne bovina a partir de 2010. Especialistas da Secretaria de Agricultura estimam que a produção de carne deve cair para 2,67 milhões de toneladas em 2010, ante 3,11 milhões de toneladas projetadas para este ano, enquanto o nível de consumo continua o mais alto do mundo. O sinal de alerta já havia sido dado pelas entidades agrícolas e analistas do setor.

b) Argentina vai deixar de exportar trigo e carne

Trigo e carne bovina foram símbolos da agricultura da Argentina por quase um século e meio. Mas os ícones da economia rural da Argentina devem deixar de fazer parte de sua pauta de exportação a partir do ano que vem.

Em 2010, pela primeira vez desde 1890, a Argentina - país que na primeira metade do século 20 era chamado de O Celeiro do Mundo - não exportará trigo. O anúncio foi feito pelo Centro de Exportadores de Cereais (CEC) durante o congresso A todo trigo, na cidade de Mar del Plata.

O CEC calcula que a colheita 2009-2010 não terá saldo a exportar. Dessa forma, seria suficiente apenas para abastecer o mercado interno. A superfície semeada com trigo é 18% menor que a do ano passado (esta já havia sido a menor dos últimos 20 anos). No ano que vem, a produção argentina pode ser de 6,3 milhões de toneladas. Calcula-se que o mercado interno total de trigo é de pouco mais de 6 milhões de toneladas.

O Brasil, que no último ano e meio sofreu reduções drásticas do abastecimento de trigo argentino, ficaria com o fornecimento do país vizinho totalmente cortado.

Por trás da crise no setor do trigo está a política do governo Cristina Kirchner de aplicar pesados tributos sobre a produção agrícola, as restrições para as exportações (de forma a redirecionar o produto para o mercado interno, e assim forçar uma baixa dos preços). Esta política confrontou o governo com os ruralistas, que no ano passado fizeram cinco locautes em protesto contra a presidente. De quebra, no segundo semestre de 2008 o setor foi assolado pela maior seca desde 1961.

Os emblemáticos baby beefs made in Argentina, que desde o fim do século 19 foram um dos principais elementos de exportação do país, devem passar a ser consumidos somente no país. O presidente da Sociedade Rural, Hugo Biolcatti, confirmou as conclusões de um estudo do governo Cristina, indicando que em 2010 a Argentina não terá estoque para exportar.

A produção de carne bovina - das 3,11 milhões estimadas para este ano - despencaria para 2,67 milhões em 2010. Por trás da queda estão as controvertidas políticas do governo para o setor, que desde 2006 sofre pressões tributárias, além de restrições para a exportação.

Mas, além da insólita possibilidade de não poder exportar, as avaliações da Sociedade Rural indicam que a Argentina poderia deparar-se com a necessidade de importar carne. Essa seria única forma de abastecer o voraz mercado interno. Segundo Biolcatti, o país precisaria importar mil toneladas para completar a demanda interna.

Os argentinos são os maiores consumidores de carne bovina do mundo. Apesar das seis crises econômicas dos últimos 34 anos, o consumo anual é de 68 quilos per capita. Em 2011, segundo a Sociedade Rural, a produção anual não chegará a 50 quilos por habitante. Há mais de um ano e meio tentamos conversar com o governo sobre uma política pecuária, sem resultados!, lamenta Biolcatti.

Organização Mundial do Comércio (OMC)

a) EUA querem destravar Doha

Cinco meses depois de tomar posse, o governo de Barack Obama finalmente dará seus primeiros passos no campo comercial e na tentativa de fechar a Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC). O representante de Comércio de Obama, Ron Kirk, inicia sua primeira visita à OMC. No fim de semana, se reuniu com europeus para traçar um plano para tentar levar a Rodada a uma conclusão. O Brasil vai deixar claro sua posição: o governo americano precisa mostrar liderança e acabar com o silêncio mantido até agora sobre qual será sua estratégia comercial.

A Rodada Doha foi lançada em 2001 e o ex-presidente George W. Bush passou todo seu mandato prometendo flexibilizar suas posições para fechar um acordo. No ano passado, exatamente a Casa Branca impediu um entendimento, depois que governos de todo o mundo já estavam prontos para assumir as consequências de um acordo de liberalização.

Com os democratas no poder, o temor dos países emergentes é de que as condições para um acordo fiquem ainda mais difíceis. Durante a campanha, tanto Hillary Clinton - hoje secretária de Estado - como Obama rejeitaram assinar acordos que não trouxessem vantagens aos trabalhadores americanos, chegando a sugerir uma revisão completa dos termos de acordos na OMC.

O próprio governo Obama já deixou claro que, em um acordo, terá de ter maior acesso aos mercados de países emergentes, entre eles o Brasil. O preço pago por um acordo, portanto, seria maior para as economias em desenvolvimento, que teriam de aceitar produtos americanos. Essa indicação gerou preocupações entre as diplomacias dos países emergentes.

Mas, com a recessão mundial, Obama sabe que precisará também dar uma resposta e ainda garantir sua promessa de que quer fortalecer o sistema multilateral. Há uma semana, em seu primeiro discurso sobre política comercial, Kirk deu seus primeiros recados. Além disso, fechou um acordo sobre o comércio de carnes com a Europa, colocando um fim a uma disputa de 13 anos. O acordo foi visto como um sinal de que a Casa Branca quer negociar.

Como de praxe, garantiu que os EUA estão comprometidos com a OMC e com a conclusão da Rodada. Kirk ainda anunciou que trabalharia para garantir uma agenda comercial "robusta e responsável". "Esse não é o momento de ser tímido", afirmou, em um discurso na Universidade de Georgetown. "Esse é o momento de reviver o comércio mundial."

Segundo a OMC, o comércio mundial deve cair 9% em 2009. Já o Banco Mundial estima uma queda de 12%. Desde a eclosão da crise, as exportações americanas foram reduzidas em 16%. Pascal Lamy, diretor da OMC, estima que a conclusão da Rodada poderia amenizar perdas. Em Genebra, a maioria dos países está pronta para fechar um acordo até o fim do ano. Mas alertam que dependerá de como Obama reagirá. Se de um lado diplomatas estrangeiros mostram certa esperança com o novo governo, de outro temem que o discurso positivo de Obama não se traduza em concessões. Diante da recessão, a Casa Branca está sendo pressionada a não abrir seu mercado.

Na mesa, está já um acordo quase pronto e que apenas os americanos se recusaram a assinar em 2008. O temor de muitos é de que os EUA queiram agora rever essas propostas. Se isso ocorrer, toda a negociação desmoronaria e pelo menos mais dois anos seriam necessários para chegar a um entendimento.

O Brasil deixou claro que não aceitará uma reabertura dos pontos do acordo. Se isso ocorrer, também terá de rever sua posição, o que acabará fazendo com que haja uma atraso em todo o processo.

O entendimento sobre a mesa é considerado como positivo pelo Itamaraty, pois prevê limitação nos subsídios agrícolas e garante aumento modesto em acesso aos mercados para as exportações nacionais. Em contrapartida, o Brasil terá de reduzir impostos de importação. O que os EUA querem é que o corte do Brasil e de outros emergentes seja mais profundo.

Plano Internacional

a) Exportações chinesas têm queda de 22% em abril

As exportações chinesas caíram 22,6% em abril, em relação ao mesmo mês do ano passado. É o sexto mês consecutivo de queda, ainda maior do que a registrada em março, de 17,1%.

As importações caíram 23%, um pouco acima da queda de 25,1% em março. A China exportou em abril US$ 91,9 bilhões e importou US$ 78,8 bi, o que dá um superávit ao gigante asiático de US$ 13,1 bilhões.

A informação de que o setor exportador chinês continua a sofrer a queda na demanda internacional interrompeu uma série de notícias positivas sobre a economia do país.

Nas últimas semanas, a venda de imóveis e carros cresceu, o número de empréstimos bancários bateu recordes entre janeiro e março e a compra de matérias primas pelo país voltou a aumentar. O governo também anunciou que os investimentos em ativos fixos nas áreas urbanas aumentou 30,5% em abril, também em comparação com o mesmo mês em 2008.

Projetos de infraestrutura financiados pelo governo são considerados responsáveis pela reação da economia chinesa entre março e abril.

O governo lançou um pacote de estímulo de US$ 580 bilhões em novembro. Muitos analistas, que previram que o PIB (Produto Interno Bruto) chinês só cresceria 5% em 2009, refizeram seus cálculos e já apontam que a economia chinesa deva crescer acima dos 7% neste ano. Ainda assim, será a pior taxa de crescimento no país em quase uma década.
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