Comércio Exterior
a) Resultados
A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 656 milhões na terceira semana de junho (entre os dias 11 e 17), diferença entre exportações de US$ 3,010 bilhões e importações de US$ 2,354 bilhões. Os dados foram divulgados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Com esse resultado, a balança acumula em junho saldo de US$ 1,725 bilhão e, no ano, superávit de US$ 18,579 bilhões, volume 6,66% superior ao de igual intervalo de 2006. No acumulado do ano, até a terceira semana de junho, as exportações totalizam US$ 66,559 bilhões, um crescimento de 20,2% em relação ao mesmo período do ano passado - a média por dia útil está em US$ 583,9 milhões. Já as importações cresceram 26,4% nesta mesma comparação, chegando a US$ 47,980 bilhões - média diária de US$ 420,9 milhões.
A média diária das exportações da terceira semana foi de US$ 602,0 milhões, 12,8% menor que a verificada até a segunda semana de junho (US$ 690,4 milhões). O principal motivo foi a retração das vendas de semimanufaturados (-26,9%, de US$ 103,4 milhões para US$ 75,6 milhões) e manufaturados (-25,2%, de US$ 390,3 milhões para US$ 291,8 milhões). Os básicos tiveram aumento de 19,1%, principalmente por conta de petróleo em bruto, minério de ferro e farelo de soja.
Houve queda nas importações (-1,2%) ao se comparar a media diária da terceira semana com a registrada até a segunda semana do mês de junho. O que motivou a redução nas importações foi a diminuição de compras de automóveis e partes, equipamentos mecânicos, aparelhos eletroeletrônicos, instrumentos de ótica e precisão e siderúrgicos.
b) Santa Catarina começa a exportar vinhos finos
Depois das primeiras vendas no mercado nacional, iniciadas há pouco mais de um ano, produtores de vinhos finos de Santa Catarina começam a desbravar o mercado internacional. O empresário Celso Panceri, dono da vinícola Panceri, no meio oeste catarinense, deu início às primeiras exportações com um embarque há cerca de 15 dias para a República Tcheca. A venda internacional representa a primeiras feita das novas regiões vinícolas do Estado (Tangará, Água Doce e São Joaquim), onde houve início do cultivo de cabernet sauvigon, merlot e pinot noir, em 2000. O volume exportado, cerca de mil garrafas, é pequeno, mas Panceri acredita que poderá ser o início de uma parceria duradoura.
A negociação ocorreu com apoio do Programa Wines from Brazil, uma parceria entre o Instituto Brasileiro do Vinho e o governo federal, que por meio da Apex, apóia encontro de produtores com compradores internacionais, ajuda nos custos de exposição dos vinhos fora do país em feiras e promove encontros com formadores de opinião. Panceri, único representante de Santa Catarina no programa, diz que tem como próximo alvo à Inglaterra, depois de ter participado em maio de uma feira internacional de vinhos, a London International Wine & Spirits Fair.
"Estamos botando o olho no mercado internacional, queremos participar, mas ainda não fechamos as vendas, estamos em conversações", diz Grando. Na sua opinião, a venda externa pode trazer reconhecimento aos vinhos produzidos no Estado e inclusive resultar em uma valorização de preços. "Quando acessarmos o mercado externo, vamos mostrar que a qualidade do vinho produzido aqui é igual a de qualquer outra região do mundo já reconhecida hoje por ter bons vinhos, e muito valorizados", acredita. Além da França, fazem parte do mercado-alvo da Villaggio a Itália e os Estados Unidos. A estratégia de Grando para iniciar os contatos internacionais tem sido receber clientes da sua outra empresa, a Madepinus, na área de produção de vinhos.
c) Marcopolo vai produzir na Índia e cresce na Colômbia
Ao mesmo tempo em que espera forte expansão do mercado interno em 2007, a Marcopolo, fabricante de carrocerias de ônibus com sede em Caxias do Sul (RS), inicia em julho as operações de uma nova unidade industrial na Colômbia, que vai substituir as instalações inauguradas em 2001. Em novembro ou dezembro será a vez de começar a produção na Índia, provisoriamente em uma fábrica da sócia Tata Motors. A unidade definitiva no país será construída no início de 2008 e deve entrar em funcionamento oito meses depois, disse ontem o vice-presidente do conselho de administração da empresa, José Antônio Fernandes Martins.
O cenário positivo deve levar a Marcopolo a rever as projeções para 2007 no fechamento do semestre. Até agora, a empresa prevê expansão de 7,2% na produção consolidada em comparação com 2006, para 16,8 mil ônibus, e de 5,7% na receita líquida consolidada, para R$ 1,85 bilhão. Nos cinco primeiros meses, a receita líquida subiu 15,6%, para R$ 743,4 milhões (sendo 46,2% com exportações e vendas das subsidiárias na Colômbia, México, África do Sul e Rússia), enquanto a produção aumentou 1,1%, para 6.421 unidades. Segundo Martins, em janeiro e fevereiro chegou a faltar chassis para a produção de ônibus no país porque as montadoras "não estavam preparadas" para a demanda.
No mercado interno, as estimativas são de que a venda de ônibus cresça cerca de 20% no ano devido à disponibilidade de financiamento pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), informou Martins. A expansão da economia estimula ainda a comercialização de modelos urbanos e rodoviários (estes últimos também mais procurados em função da crise do setor aéreo), que avançaram 14,2% e 11,6%, respectivamente, na comparação entre os cinco primeiros meses de 2007 e 2006. No acumulado de todas as linhas de janeiro a maio, a alta foi de 4,2%, para 10.320 unidades, de acordo com a Fabus, a associação dos fabricantes do setor, disse o empresário.
d) Exportador de aves perde com real forte
Apesar dos números positivos das exportações de carne de frango desde fevereiro deste ano, as empresas do setor poderiam ter exportado mais não fosse a valorização do real ante o dólar. É o que mostra estudo do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Ícone), feito para a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos (Abef).
Segundo o estudo, os exportadores deixaram de vender ao exterior R$ 1,140 bilhão entre janeiro de 2006 e maio deste ano, período em que o dólar médio ficou em R$ 2,14. Para chegar à "receita perdida" por conta da valorização do real, o estudo considerou um dólar médio de R$ 2,46, no período, quase estável em relação aos R$ 2,43 de 2005, explicou Christian Lohbauer, presidente-executivo interino da Abef. O estudo tomou como base as vendas de cortes de frango e de processados que alcançaram US$ 3,472 bilhões no período.
O real valorizado faz o Brasil perder competitividade diante de concorrentes, como Tailândia (em frango processado) e Argentina (em cortes), segundo o Icone. Na conversão dos preços para as moedas locais, os valores recebidos em reais pelos exportadores brasileiros aumentaram menos que os recebidos em peso. O motivo é que enquanto o real se valorizou 10% ante o dólar, o peso subiu 2% a 3%.
Agronegócio
a) Colheita de cana avança e preços do álcool recuam
A colheita de cana-de-açúcar no centro-sul do país está quase 25% completa, de acordo com levantamento preliminar da Unica (União da Indústria da Cana-de-Açúcar). De acordo com Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da entidade, o volume colhido da matéria-prima na região ficou acima de 95 milhões de toneladas até o dia 15 de junho. O avanço da safra continua exercendo pressão sobre as cotações do álcool nas bombas. A safra 2007/08 de cana começou em abril para algumas usinas de São Paulo e Paraná, e se intensificou em maio. Até o fim deste mês, todas as usinas da região estarão em operação, segundo estimativa de Pádua.
O avanço da colheita no centro-sul continua pressionando as cotações do álcool anidro e hidratado no Estado de São Paulo. Levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) mostra que os preços médios do anidro ficaram em R$ 0,67361 o litro (posto usina sem impostos) na semana encerrada no dia 15, com recuo de 1,9% sobre a semana anterior. O litro do hidratado ficou em R$ 0,58963 (posto usina sem imposto), com baixa de 0,88% em relação à semana anterior.
De acordo com Marcelo Andrade, diretor da Ecoflex Trading, as exportações recentes são de álcool hidratado, boa parte via Caribe. Os volumes exportados estão saindo a R$ 647 por mil litros (sem imposto e frete), ante R$ 616 dos volumes negociados no mercado interno. Andrade observou que os preços do álcool devem continuar em queda, sobretudo, a partir do final deste mês, com a entrada do restante das usinas que ainda não tinham entrado em operação no centro-sul. Nesta safra, 17 novas usinas estão entrando em operação, acrescentando cerca de 20 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na região centro-sul do país.
b) Bertin planeja investimento em frigorífico no Acre
O Grupo Bertin fará o investimento, de R$ 75 milhões, em parceria com pecuaristas e empresários locais, segundo o secretário de Agropecuária do Acre, Mauro Ribeiro. O frigorífico entrará com 70% a 80% do capital. O anúncio foi feito na quinta-feira após reunião entre o governador do Estado, Binho Marques, e Reinaldo Bertin e Evandro Miessi, do grupo Bertin, e Jorge Viana, presidente do Fórum de Desenvolvimento Sustentável do Acre.
Segundo Ribeiro, até o fim de julho, o Bertin deve apresentar a proposta do empreendimento e pedir análise do Banco da Amazônia para financiamento de 80% do total de recursos a serem investidos. Ele informou que o Bertin deve ter acesso a incentivos para se instalar no Estado. Um deles é o financiamento do ICMS, pelo qual a empresa poderá se creditar do imposto ao fim de determinado período desde que cumpra requisitos relacionados à criação de postos de trabalho, proteção ao ambiente e rastreabilidade do gado bovino. Além disso, segundo Ribeiro, o Bertin também poderá ter acesso a recursos do Fundo Constitucional do Norte para o empreendimento.
A previsão, de acordo com o secretário de Agropecuária do Acre, é que a planta comece a operar num prazo de 18 meses. Inicialmente, o abate será de 1 mil a 1,2 mil animais por dia, mas a meta é atingir capacidade de abate de 2 mil animais em 2010.
Mercosul
a) Os sacoleiros e a nova política externa
Há uma novidade na política externa brasileira: o engajamento do Ministério da Fazenda nos esforços para conciliar os interesses do Brasil e seus vizinhos, e criar as bases para uma liderança consensual na América do Sul. A Receita Federal prepara para esta semana mais um exemplo dessa nova atitude, ao oficializar uma lista de produtos eletrônicos, de informática e de telecomunicações que terão ingresso facilitado nas alfândegas brasileiras a partir de fornecedores no Paraguai, o chamado Regime Tributário Unificado.
A Fazenda trabalhou profundamente também na criação de um mecanismo para comércio entre Brasil e Argentina sem necessidade de câmbio em moeda estrangeira, e na atribulada discussão sobre a formação de um Banco do Sul. O Ministério do Desenvolvimento ganhou um papel de sustentação do Mercosul, com a administração dos comitês de monitoramento, que administram as principais pendências comerciais do Brasil com os vizinhos. É sinal de que a política do governo Lula para a vizinhança começa, de fato, tornar-se efetiva política de Estado, não só de seus diplomatas.
A emergência de governos resultantes de crises políticas e institucionais na América do Sul, o desafio instaurado pelo projeto bolivariano da Venezuela de Hugo Chávez, e a carência de um consenso nacional em relação à política externa mostram, porém, que a coordenação do governo não basta. Mais clara em seus princípios, mais coerente em sua execução, a política externa para a região sul-americana exige uma nova estratégia, para antecipar-se a fatos novos e problemas emergentes.
b) Adesão ao Mercosul ameaçada
O ministro de Relações Exteriores da Venezuela, Nicolás Maduro, admitiu ontem que a repercussão internacional do fechamento da TV opositora RCTV pode atrasar a entrada de seu país no Mercosul. “Talvez (a polêmica) bloqueie o ingresso (no Mercosul) por um tempo”, disse. Nos Parlamentos do Brasil e do Uruguai, a oposição ameaçou bloquear a adesão da Venezuela, que já passou pelos Legislativos da Argentina e do Paraguai. No caso do Congresso brasileiro, as ameaças foram feitas após o presidente Hugo Chávez acusar o Senado do Brasil de ser “papagaio” do Legislativo dos EUA, o que abriu uma crise diplomática entre os dois países. Para a oposição brasileira, a existência da “cláusula democrática” no texto constitucional do Mercosul justificaria a exclusão da Venezuela.
c) GM estuda expandir produção na Argentina
A General Motors (GM) estuda a possibilidade de ampliar a capacidade de produção de sua fábrica em Rosário, na Argentina, que hoje opera a toda carga em dois turnos, com 30 veículos por hora. Mas um terceiro turno só será adotado se for mantido o ritmo de vendas na região, a partir do ano que vem, e depois de esgotadas todas as possibilidades de expandir a produção em dois turnos, afirmou o presidente da GM para o Mercosul, Ray Young. Ele deu uma entrevista via teleconferência, de São Paulo, para um grupo de jornalistas brasileiros que visitavam a fábrica de Rosário na sexta-feira.
A fábrica da GM em Rosário é uma das mais importantes da companhia na região. Ocupa um terreno de 1,169 milhão de m², com 91,1 mil m² de área construída, onde produz 84 mil unidades ao ano do Corsa e do jeep Suzuki Vitara, tanto para o mercado doméstico quanto para exportação, empregando 1.520 funcionários. Seu projeto arquitetônico e de logística, projetado para garantir produtividade máxima ao menor custo possível, serviu de modelo para as fábricas da GM na Polônia, China e Tailândia. Somada à unidade de Córdoba, onde produz a Blazer, a GM produz na Argentina 109 mil carros por ano.
Young e o presidente da subsidiária local, Felipe Rovera, estão super otimistas com o desempenho da companhia na Argentina. As vendas internas e externas estão indo de vento em popa, depois da forte crise que atingiu o país em 2002, quando a produção das duas fábricas desabou para 27 mil automóveis. Além da retomada da produção, a GM também trabalha para recuperar a liderança do mercado argentino, hoje nas mãos da Volkswagen. Um executivo que preferiu não se identificar, contou que a marca ficou prejudicada no país durante anos após ter fechado as portas nos anos 70, como resposta ao pesado clima político da época, com a ditadura militar e os ataques dos grupos de esquerda que ameaçavam e algumas vezes seqüestraram altos executivos das grandes empresas multinacionais.
OMC
a) Dois produtos chineses terão anti-dumping
O Brasil vai aumentar o imposto que incide sobre ferros de passar roupas e ventiladores de mesa importados da China. A medida atende aos interesses dos produtores nacionais, que alegam perdas com a concorrência dos itens chineses, que entram no país com valores muito baixos. A medida anti-dumping (adotada contra práticas comerciais consideradas desleais) foi autorizada ontem pela Câmara de Comércio Exterior (Camex) e será aplicada a partir de sua publicação no "Diário Oficial da União".
No caso dos ferros, a tarifa anti-dumping será de US$ 4,27 por unidade. Já nos ventiladores de mesa, será uma tarifa adicional de 45,24%. Elas têm validade de cinco anos. As importações de ferros totalizaram US$ 10,23 milhões entre janeiro e maio deste ano, um crescimento de 119,47% em relação ao mesmo período de 2006. Além desses dois itens, o Comitê Executivo de Gestão (Gecex) vai decidir no dia 27 a aplicação de medidas anti-dumping contra escovas de cabelo, alto-falantes, óculos de sol e armações de óculos provenientes da China.
O Brasil vai discutir ainda com a Argentina a aplicação de mais medidas contra a importação de produtos chineses. No encontro bilateral, o Brasil deverá informar o apoio à proposta argentina de elevar de 20% para 30% a Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul para tecidos e de 20% para 35% no caso de tapetes. Já o Brasil quer a alíquota de 35% para vestuário.
b) Na OMC, acordo mínimo, com otimismo
Não são nada animadoras as notícias vindas de Potsdam, onde ministros de países decisivos da Organização Mundial do Comércio (OMC) debatem pela centésima vez um acordo para liberar o comércio mundial. Na berlinda, os subsídios agrícolas, tema que vem sendo debatido há 21 anos, desde a Rodada Uruguai, em 1986.
Mesmo os mais otimistas acreditavam que sairia, no máximo, apenas um acordo mínimo. Ficamos com isso e depois voltamos a conversar, devem ter dito os ilustres representantes de Brasil, EUA, União Européia e Índia. E o Japão? E a China? Ora, ela não está lá e não está nem aí. Diz que não pediu para entrar nesse grupo dos quatro nem foi convidada.
Parece que deve ser só isso. Segundo informações obtidas pela coluna, o que vazava era um clima de semi-desânimo e conformismo, com os dois personagens principais, e mais Índia, criando obstáculos em torno de números que nem grandes são. Coisa de um bilhão aqui, outro bilhão ali, num comércio mundial de mais de US$ 10 trilhões.
Ao saber da possibilidade de um acordo mínimo, um alto representante dos produtores agrícolas brasileiros saiu-se com uma frase lapidar: 'Um acordo mínimo pode ser, mas não um acordo medíocre. Estamos nisso há 21 anos'. E a impressão era que teríamos um acordo medíocre e mínimo.
c) Acordo negociado por diplomatas na OMC desagrada exportadores
Às vésperas da reunião decisiva da Organização Mundial do Comércio (OMC), o setor agrícola brasileiro alerta que o governo está perto de fechar um acordo de cotas com a Europa, no marco da Rodada Doha, que está abaixo do que os exportadores esperavam como resultado dos mais de seis anos de negociações em Genebra.
Nos últimos dias, diplomatas brasileiros vêm tentando convencer o setor privado nacional a aceitar um acordo em termos de acesso a mercados. Os exportadores estão avaliando os números do acordo final, mas exigem que o governo consiga novas concessões dos europeus.
Uma série de reuniões sigilosas ocorreram nos últimas dias em Paris, entre Brasil, Índia, Europa e Estados Unidos. Segundo diplomatas, vários 'movimentos estratégicos' foram feitos. A partir de amanhã, será a vez dos ministros dos quatro governos conhecidos como G-4 se reunirem para tentar um entendimento e salvar a Rodada Doha de um fracasso. O encontro ocorre em Potsdam.
Uma das fórmulas escolhidas para destravar o processo é a negociação de produtos individuais de interesse do Brasil. Setores como o de carne bovina, frango, soja, açúcar são alvo de debate com os europeus para que se encontre fórmula matemática que possa permitir cotas de exportação para o Brasil. O valor das cotas oferecidas pelos europeus não foi revelado pelos empresários brasileiros. Mas eles alertam que são bem menores que o que esperavam obter com o acesso ao mercado europeu. Segundo o governo brasileiro, o que o setor agrícola pede hoje é um acesso duas vezes maior que as atuais exportações ao mercado europeu.
Plano Internacional
a) Governo dos EUA mantém barreiras a suco brasileiro
O governo americano rejeitou há duas semanas um pedido apresentado pela Tropicana, maior produtor de suco de laranja dos EUA, para que fossem eliminadas as barreiras tarifárias que encarecem a importação do produto brasileiro. A empresa deve recorrer contra a decisão.
Como as tarifas foram impostas há menos de dois anos, a Comissão de Comércio Internacional dos EUA (ITC, na sigla em inglês) informou à empresa que o pedido só poderá ser analisado agora se ela demonstrar que ele tem "justa causa", uma tecnicalidade jurídica que obrigará a Tropicana a buscar novos argumentos.
Em 2006, a ITC concluiu que indústrias brasileiras de suco estavam prejudicando produtores dos EUA ao exportar o suco com preços abaixo de seus custos. Para impedir esse prejuízo, a comissão mandou aplicar tarifas anti-dumping de 9,73% a 60,29% sobre o suco brasileiro.
Mas a produção de laranja dos EUA entrou em crise, e empresas como a Tropicana se viram obrigadas a importar volumes crescentes de suco do Brasil para complementar sua produção. Nos EUA, o produto brasileiro é misturado com o americano e comercializado com marcas locais. Por isso a Tropicana pediu a revisão das tarifas, e por isso vai recorrer.
b) Analistas prevêem juros abaixo de 10% no fim do ano que vem
Os analistas do mercado financeiro esperam que o processo de redução das taxas de juros promovido pelo Banco Central tenha continuidade no ano que vem e prevêem, pela primeira vez, que a Selic caia para a casa de um dígito. A expectativa é que ela termine 2008 em 9,75% ao ano, contra 10% da previsão anterior, segundo o boletim Focus, divulgado semanalmente pela autoridade monetária. Até o final deste ano, a expectativa é que a Selic seja reduzida até 10,75%. Hoje, a taxa está em 12% ao ano.
Na semana passada, o Copom (Comitê de Política Monetária) utilizou a queda do dólar e o aumento das importações para justificar a aceleração na redução dos juros. Na análise da maioria dos membros do comitê, os bens importados contribuem para manter a inflação sob controle, mesmo que a economia esteja crescendo. O processo de redução dos juros teve início em setembro de 2005.
Os analistas acreditam que a inflação continuará sob controle tanto neste ano como em 2008. A previsão do mercado financeiro para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) na última semana foi mantida em 3,59% no ano e, para 2008, em 4%.
Em relação ao dólar, a expectativa do mercado é que a moeda feche o ano cotada a R$ 1,93. O PIB (Produto Interno Bruto) deve registrar crescimento de 4,25% neste ano, contra a previsão anterior de expansão de 4,20%. No primeiro trimestre de 2007, a economia brasileira cresceu 4,3% em relação ao primeiro trimestre do ano passado, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
c) BNDES avalia hoje empréstimo à usina CSA
A diretoria do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deve aprovar esta semana financiamento para a construção da usina ThyssenKrupp CSA Companhia Siderúrgica. O projeto está orçado pelos sócios - ThyssenKrupp e Companhia Vale do Rio Doce- em cerca de 3 bilhões de euros. O BNDES mantém em sigilo o valor do empréstimo, que poderá ser um dos maiores já concedidos pela instituição ao setor privado no país.
O diretor das áreas de insumos básicos e infra-estrutura do BNDES, Wagner Bittencourt, disse que o projeto está em fase final de análise e deverá ser aprovado pela diretoria, que se reúne hoje. Ele não quis antecipar o percentual a ser financiado. Disse somente que o BNDES apoiará a compra de equipamentos e serviços nacionais como a unidade de sinterização. A coqueria da usina será importada da China. Em setembro de 2006, no lançamento da pedra fundamental do projeto, Bittencourt disse que a CSA havia solicitado empréstimo de R$ 1,1 bilhão. Instalada no distrito industrial de Santa Cruz, na região metropolitana do Rio de Janeiro, a usina terá capacidade de produzir 5 milhões de toneladas de placas de aço por ano e deve entrar em operação em março de 2009. A produção será toda voltada para a exportação.
A ThyssenKrupp tem 90% do empreendimento e a Vale os 10% restantes. Bittencourt negou que o banco esteja demorando além do previsto para aprovar o financiamento. Ele disse que uma operação de empréstimo a empresa estrangeira envolve exigências específicas. O executivo disse que o BNDES analisou questões ambientais e sociais do projeto e salientou que a ThyssenKrupp CSA já tem licença de instalação concedida pelo órgão ambiental do Estado. Segundo Bittencourt, o banco poderá a financiar também parte dos investimentos sociais do projeto. "O banco só apóia projetos que estejam regulares do ponto de vista social e ambiental", afirmou.