17 a 21 de dezembro de 2007

Comércio Exterior

Resultados
BC projeta déficit de US$ 3,5 bi em 2008
Camex desburocratiza comércio exterior
Aportes japoneses em álcool ainda no papel
Bolívia ficará só com 18% do gás obtido em novos projetos

Agronegócio

União Européia reduz tarifa de grãos
PREVISÃO: Exportações de milho de Brasil e Argentina crescerão até 2010

Mercosul

Chile reconhece Santa Catarina como área livre de febre aftosa e deverá comprar suínos
Negociação entre Mercosul e União Européia deve recomeçar em maio de 2008
Política marca cúpula do Mercosul


OMC

OMC confirma vitória do país na disputa contra os subsídios dos EUA no algodão
G-20 flexibiliza teto tarifário para atrair protecionistas

Plano Internacional

Suíça aprova acordo de cooperação com Brasil
Japão mantém taxa de juros em 0,5%
Moody's acena elevar nota de empresas na América Latina




Comércio Exterior

a) Resultados

A balança comercial registrou superávit de apenas US$ 190 milhões na segunda semana de dezembro, resultado de exportações de US$ 3,332 bilhões e importações de US$ 3,142 bilhões. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, o resultado fraco se deve à entrada no País de US$ 608 milhões em petróleo. Com o resultado da segunda semana, o superávit acumulado em dezembro está em US$ 951 milhões, em 10 dias úteis. A média diária, de US$ 95,1 milhões, representa uma queda no saldo de 62,4% em relação à média registrada em dezembro do ano passado quando, com 20 dias úteis, o superávit foi de US$ 5,052 bilhões.

b) BC projeta déficit de US$ 3,5 bi em 2008

O Banco Central prevê um déficit em conta corrente de US$ 3,5 bilhões em 2008 em suas projeções oficiais para o balanço de pagamentos, divulgadas na quinta-feira. Caso se confirme, será o primeiro resultado negativo desde 2002, quando a crise das eleições presidenciais forçou o país a fazer um ajuste nas contas externas.

Em 2002, o déficit em conta corrente foi de US$ 7,637 bilhões. A partir de 2003, o Brasil apresentou superávits por cinco anos seguidos, chegando a um pico de US$ 13,985 bilhões em 2005. Para este ano, a estimativa é um saldo positivo de US$ 2,4 bilhões.

O fim do período de superávits em conta corrente não significará, porém, que deixará de haver abundância de dólares no mercado, reduzindo a pressão de valorização da moeda nacional. Nas contas do BC, o ingresso de divisas vai superar as saídas em US$ 25,2 bilhões, abrindo espaço para, em tese, a autoridade monetária acumular mais reservas internacionais.

A diferença é que, até agora, os superávits na balança comercial eram a principal fonte de dólares. A partir de 2008, consolida-se um quadro em que, além das exportações, os fluxos de capitais terão papel central no balanço de pagamentos, sobretudo investimentos estrangeiros diretos e investimentos no mercado de ações.

A forte demanda interna deverá produzir crescimento de 17% nas importações, que chegariam a US$ 142 bilhões. As exportações avançariam 8%, chegando a US$ 172 bilhões. No cenário traçado pelo BC, é pouco provável que uma queda nos preços das "commodities" atrapalhe o desempenho das exportações.

Na visão do BC, a volta dos déficits em conta corrente não preocupa porque: 1) é relativamente pequeno; 2) há capitais estáveis para financiá-lo, como investimentos diretos; 3) os indicadores de sustentabilidade externa estão mais sólidos.

O déficit em conta corrente esperado equivale a 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB), o que significa que o ajuste necessário para fazer frente a uma eventual restrição de financiamento seria relativamente pequeno, comparado ao tamanho da economia brasileira.

A principal fonte de financiamento externo são os investimentos diretos, que estão sendo previstos em US$ 28 bilhões em 2008. O número é menor do que os US$ 35 bilhões estimados para este ano. Quando projetou os investimentos diretos para 2007, o BC esperava US$ 25 bilhões, mas as fusões e aquisições elevaram esse valor.

Outra fonte de financiamento do déficit externo são os investimentos de portfólio, estimados em US$ 26 bilhões. Nesse número, estão tanto os investimentos em ações como em renda fixa. A projeção oficial do BC pressupõe que sejam rolados 100% dos US$ 23,497 bilhões em papéis e empréstimos privados com vencimentos previsto para 2008.

A projeção do BC é que, em 2008, as reservas, que fecharam em US$ 177,060 bilhões em novembro, cresçam para US$ 185,501 bilhões em 2008. Esse crescimento seria produzido apenas pela remuneração recebida na aplicação das reservas no mercado internacional. Outro pressuposto é que o Tesouro Nacional compre US$ 6,355 bilhões em mercado para honrar seus compromissos externos.
Nas contas no BC, não estão contempladas eventuais compras de dólares no mercado. O BC não define previamente o quanto irá comprar - sua estratégia é intervir de acordo com as condições do mercado de câmbio.

c) Camex desburocratiza comércio exterior

Os sete ministros que compõem a Câmara de Comércio Exterior (Camex) decidiram revisar todos os procedimentos de fiscalização do Comércio Exterior brasileiro. A medida pretende desburocratizar as importações e exportações. Atualmente, há produtos que passam pela fiscalização de até três órgãos, o que aumenta o custo e prejudica a atuação das empresas.

"Sabemos de casos que, por falta de um carimbo, uma mercadoria não pode ser exportada dentro do prazo previsto e, dependendo do destino, isso significa a perda de um frete, de um navio", disse Ivan Ramalho, secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

A secretária-executiva da Camex, Lytha Spíndola, informou que atualmente 3.006 produtos importados pelo Brasil têm a necessidade de anuência prévia para entrar no país, o que representa 36% do valor importado pelo país. Nas exportações, as restrições atingem 666 produtos, ou 9,71% do valor exportado.

Ela disse que a Camex decidiu acabar com a anuência prévia de trânsito, que faz com que um produto tenha de ter um carimbo para ser liberado de um porto para um entreposto no interior do país, sem que, contudo, a mercadoria seja de fato fiscalizada, o que, no seu entender, tratava-se apenas de um carimbo e uma assinatura.

d) Aportes japoneses em álcool ainda no papel

Importante porta de entrada em potencial para o álcool brasileiro na Ásia, o Japão ainda está longe de confirmar as expectativas dos exportadores. Apesar das promessas de Tóquio, o programa de mistura do combustível na gasolina vendida naquele mercado continua parado. E, ao mesmo tempo, não saem do papel os polpudos investimentos anunciados por grupos japoneses em usinas no Brasil.
A demora para a realização dos aportes está relacionada à tradicional cautela japonesa para mudanças importantes como será a entrada do etanol em sua matriz energética. Mas, para especialistas e usineiros do Brasil, pode significar o sepultamento de projetos e repercussões negativas para as pretensões brasileiras de contar com âncoras para o álcool também em outros países como a Coréia do Sul.

"O que falta é decisão política. O setor privado tem pressionado o governo do Japão para que a mistura seja adotada", afirma Takao Omae, presidente da subsidiária da Mitsui no Brasil. A empresa formalizou, em 2006, uma parceria com a Petrobras para investimentos conjuntos - como sócias minoritárias - em usinas de álcool no país, mas até agora muito pouco aconteceu.

Ambicioso, o plano previa a construção de 40 plantas, com aporte total da ordem de US$ 10 bilhões - cerca de US$ 250 milhões por unidade, cada qual com moagem total de 4 milhões de toneladas de cana por safra. Isso para exportar toda a produção de álcool combustível das plantas para o Japão, em linha com a preocupação dos asiáticos de garantir oferta para a mistura à gasolina.

O projeto se baseou nas projeções de que a demanda japonesa chegará a 1,8 bilhão de litros anuais com a adoção de um percentual de 3% de mistura de etanol à gasolina. Tal mistura já poderia até ser feita, mas não é. E, como o programa de mistura obrigatória do país parece distante, o aceno do Japão de que um dia o percentual de mistura poderá chegar a 10% continua submerso.

Dos 40 projetos anunciados, Petrobras e Mitsui afirmam que cinco estão mais avançados. Dois deles - em Chapadão do Céu (GO) e outra em Chapadão do Sul (MS) - são com a Equipav. Mas, segundo Newton Salim Soares, diretor-superintendente da empresa paulista, não há nada decidido. "Trocamos e-mails [com Petrobras e Mitsui] na semana passada. O assunto está em pauta, ninguém desistiu, mas não há nada concreto".

Já Omae, da Mitsui, reitera que demora não significa desistência. "Em 2008, haverá a conferência global sobre mudanças climáticas. A introdução do etanol seria uma boa prática". A Mitsui já investe em etanol nos EUA.

Efetivamente, somente a trading Mitsubishi tem negócios com álcool no Brasil. Mas não combustível, só industrial. Em março, a empresa acertou a compra de 30% da produção da usina Boa Vista, construída pelo grupo São Martinho em Goiás, por 30 anos. No pacote, a São Martinho vendeu 10% da Boa Vista para a Mitsubishi. O Japão é tradicional importador de álcool finos (para indústrias e bebidas e farmacêuticas) do Brasil, com a aquisição de cerca de 300 milhões de litros por ano.

e) Bolívia ficará só com 18% do gás obtido em novos projetos

A Petrobras conseguiu uma garantia importante nos acordos firmados com o governo da Bolívia para novos investimentos na exploração de gás naquele país. No máximo 18% do volume de gás proveniente de novos projetos será destinado ao mercado interno daquele país, onde o preço é tabelado e o gás custa cerca de US$ 1 por milhão de BTU. Pela nova legislação boliviana, o mercado interno tem prioridade sobre as exportações tanto para o Brasil como para a Argentina, que pagam mais caro - cerca de US$ 5 por milhão de BTU _ pelo gás.

Sob o ponto de vista financeiro, a venda a preços subsidiados pela Petrobras não remuneraria novos investimentos em exploração na Bolívia e sequer garantiriam novos volumes para o Brasil. Isso porque o gasoduto Bolívia Brasil (Gasbol) já está com toda a sua capacidade de transporte ocupada. E para trazer mais gás para o Brasil será necessário ampliar o gasoduto.

Como era esperado, a Petrobras informou ontem que ela e seus sócios (Repsol e Total) poderão investir entre US$ 750 milhões e US$ 1 bilhão para aumentar a produção de gás na Bolívia. O valor maior depende do sucesso na exploração de novas áreas. Também ficou acertado que a Petrobras e a YPFB poderão criar uma sociedade de economia mista para executar projetos de exploração nos blocos Carohuaicho, Astillero e Cedro.

Agronegócio

a) União Européia reduz tarifa de grãos

A União Européia suspendeu as tarifas de importação para cereais como o trigo e o milho para conter a inflação dos preços gerada pela oferta "excepcionalmente apertada", segundo a Bloomberg. A UE eliminou suas tarifas de importação para os cereais, com exceção da aveia, do trigo sarraceno e do painço, nesta safra, que vigora até junho de 2008, por conta da quebra da produção desses produtos.

b) PREVISÃO: Exportações de milho de Brasil e Argentina crescerão até 2010

As remessas de milho provenientes da Argentina e do Brasil, que são, respectivamente, o segundo e o terceiro maior exportador mundial da commodity, subirão nos próximos três anos, com a alta dos preços estimulando o comércio do grão, disse a Celeres. As exportações de milho da Argentina crescerão para 22,1 milhões de toneladas no ano de comercialização de 2010, a partir dos 15,8 milhões de toneladas do atual ano de comercialização. As remessas do Brasil avançarão de 11 milhões de toneladas para 14 milhões de toneladas.

Mercosul

a) Chile reconhece Santa Catarina como área livre de febre aftosa e deverá comprar suínos

O Chile reconheceu o Estado de Santa Catarina como área livre de febre aftosa sem vacinação e deve enviar, em janeiro de 2008, uma missão técnica para habilitar plantas brasileiras para exportação de carne suína ao país.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto, o governo brasileiro recebeu correspondência da autoridade sanitária do Chile informando sobre o reconhecimento e a disposição de enviar os veterinários.

A certificação obtida por Santa Catarina como área livre de aftosa sem vacinação em maio deste ano pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) abriu caminho para a decisão chilena, disse Camargo Neto.

O reconhecimento pelo Chile tem grande importância, por se tratar de um país que também produz carne suína e que tem um bom controle sanitário.

Pelas estimativas da Abipecs, o Brasil poderia exportar cerca de 50 mil toneladas de carne suína para o Chile, país que vende parte de sua produção de suíno para o atraente mercado japonês, que paga preços altos.

Os novos mercados no alvo dos exportadores brasileiros de carne suína são México, Japão e China, segundo a Abipecs.

b) Negociação entre Mercosul e União Européia deve recomeçar em maio de 2008

Congeladas nos últimos dois anos, as negociações de um acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Européia (UE) devem voltar à mesa a partir de maio de 2008. Na segunda-feira, em um gesto destinado a enfatizar a "vontade política" do bloco europeu para a retomada das negociações, a Comissão Européia despejou 50 milhões (US$ 72,2 milhões) em projetos para o fortalecimento institucional do Mercosul.

A iniciativa foi complementada com uma declaração conjunta sobre a cooperação entre os blocos até 2013, assinada pelo comissário europeu de Assuntos Econômicos e Monetários, o espanhol Joaquín Almunia, e o chanceler uruguaio, Reinaldo Gargano.

O impulso de Bruxelas em direção ao Mercosul acontece em um momento de estagnação das negociações da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC) e de ceticismo em relação à possibilidade de conclusão desse acordo multilateral até o fim de 2008.

Ocorre também logo depois do fracasso da tentativa européia de iniciar negociações sobre livre comércio com a África, na Cúpula de Lisboa, no último dia 9 - e em um ambiente livre do contrapeso de outra discussão importante do Mercosul na área comercial, como era a Área de Livre Comércio das Américas (Alca), abortada em novembro de 2005.

Em princípio, as áreas técnicas do Mercosul e da UE deverão se reunir em março para tratar do possível relançamento das negociações em maio, às margens da reunião ministerial América Latina-União Européia. A UE, no entanto, não deverá fazer nova proposta, segundo se informa em Bruxelas.

Na declaração assinada segunda-feira, oportunamente foi destacado o fato de a União Européia ser o maior sócio comercial do Mercosul, com um fluxo de US$ 86,7 bilhões em 2006 e superávit de US$ 52,0 bilhões para o bloco.

c) Política marca cúpula do Mercosul

Os presidentes do Mercosul deram um tom essencialmente político à 34ª reunião de Cúpula, realizada segunda e terça-feira na capital do Uruguai. Das críticas explícitas aos Estados Unidos por parte dos presidentes da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, e da Venezuela, Hugo Chávez, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destoou. Lula frisou aos seus pares que os problemas do Mercosul são causados internamente e não fora da região. Também participaram do encontro os presidentes dos países associados ao Mercosul: Michelle Bachelet, do Chile, e Evo Morales, da Bolívia.

Nos três comunicados conjuntos divulgados no fim do encontro, contudo, os presidentes deixaram claro que estavam sintonizados. Reiteraram a posição expressada pelos chanceleres e ministros de economia um dia antes, de insistência com a entrada da Venezuela no Mercosul, e reforçaram o apoio aos governos do Equador e da Bolívia, que passaram recentemente por turbulências políticas para implantarem mudanças em suas constituições.

No caso da Venezuela, foi divulgado um comunicado em separado, mandando um recado aos políticos brasileiros e paraguaios, que demoram a aprovar a entrada do país no bloco: que consideram "fundamental para o fortalecimento do Mercosul". Em outro documento, os chefes de estado atestaram a lisura do referendo realizado há duas semanas na Venezuela, em que os eleitores disseram "não" às reformas constitucionais propostas pelo presidente Hugo Chávez. E reiteraram que o referendo "fortaleceu o processo democrático venezuelano".

Cristina Kirchner se alinhou a Chávez nas críticas aos EUA. Foi o primeiro encontro entre os dois depois que, na semana passada, o FBI anunciou que tinha provas de que uma mala com US$ 800 mil, apreendida entrando ilegalmente na Argentina em agosto, pelas mãos de um empresário venezuelano, era dinheiro de origem duvidosa para financiar a campanha política de Cristina. "Há operações sujas e políticas sujas na região. Vamos sofrer interferências dos que parecem que só querem países empregados e subordinados", afirmou a presidente argentina.

Lula fez outra abordagem. Concordou que existem "inimigos internos e externos que não querem" o Mercosul. No entanto, identificou-os em maior número dentro das próprias burocracias dos respectivos países. "As coisas que não estão andando não é culpa do vizinho. Não é culpa da Alemanha, dos EUA, do Japão. A culpa é nossa de não tomarmos as decisões que nós precisamos tomar." E conclamou seus pares a se esforçarem mais para superar as dificuldades do bloco. "É como se nós acordássemos todo dia olhando para o nosso filho (o Mercosul) dizendo: que filho feio! Tem o nariz muito grande, ou tem o pé grande, ou tem a orelha grande. Vamos achar um pouco de beleza nesse filho! Afinal de contas fomos nós que colocamos ele no mundo!"

Apesar da aparente disposição de Lula, pouco se avançou nas questões que emperram o Mercosul. Foi estendido para o fim do primeiro semestre de 2008 o prazo para conclusão dos trabalhos para eliminação da dupla cobrança da Tarifa Externa Comum (TEC) no comércio intrabloco.

O único avanço concreto foi no campo externo. O Tratado de Livre Comércio Mercosul-Israel foi finalmente assinado ontem, após muitos anos de negociação, um acordo com pequenas perspectivas econômicas, pois Israel absorve, atualmente, apenas 0,3% das exportações do Mercosul. E com a presença do comissário da União Européia para Assuntos Econômicos e Monetários, Joaquim Almunia, ficou marcada para maio de 2008 no Peru, uma reunião de altos funcionários para a retomada das negociações de um acordo de livre comércio entre os blocos.

OMC           

a) OMC confirma vitória do país na disputa contra os subsídios dos EUA no algodão

A Organização Mundial do Comércio (OMC) anunciou oficialmente na terça-feira sua decisão a favor do Brasil na disputa com os Estados Unidos sobre os subsídios pagos aos produtores americanos de algodão. "Os EUA falharam em observar" as regras sobre concessão de subsídios, diz o documento produzido pelo painel (comitê de arbitragem) que julgou a disputa. Agora, os EUA têm prazo de seis meses para reformar os programas de subsídios aos produtores de algodão e comunicar as mudanças à OMC.

O governo americano alega que reformou de modo suficiente as regras para subsídios ao algodão ao eliminar dois programas de garantia de crédito às exportações e ao eliminar, no ano passado, o chamado "Step-2" - programa do governo dos EUA para compra do algodão americano a preços mais altos que os de mercado. O Brasil alega que os Estados Unidos conseguiram manter a posição de segundo maior produtor de algodão do mundo (atrás da China) devido aos US$ 12,5 bilhões em subsídios pagos aos produtores entre 1999 e 2003.

Em julho, a OMC já havia decidido contra os EUA, em caráter preliminar, na questão do algodão. Em outubro, o painel da OMC manteve a decisão. Com a decisão favorável, o Brasil tem o direito de impor aos EUA sanções anuais de até US$ 4 bilhões. A representação comercial dos Estados Unidos, órgão do governo americano equivalente a um Ministério de Comércio Exterior, ainda não informou se irá apelar da decisão.

Na terça-feira, a OMC abriu uma investigação para apurar se os EUA estão violando as regras do comércio internacional sobre limites de concessões de subsídios a produtores agrícolas - decisão tomada após o Senado americano ter aprovado na sexta-feira passada, dia 14, a nova lei agrícola ("farm bill") de 2007, com um orçamento de US$ 286 bilhões.

A OMC abriu um painel para arbitrar a disputa sobre subsídios depois de Brasil e Canadá terem solicitado a investigação --com a nova lei são mantidos os subsídios agrícolas e ampliados os recursos para a produção de álcool. A queixa nesse caso é que os Estados Unidos ultrapassaram, entre 1999 e 2002 e em 2005, o teto de US$ 19,1 bilhões em subsídios, que era o total permitido. O governo americano alega que os programas citados como canais para as concessões de subsídios deixaram de existir há mais de cinco anos.

b) G-20 flexibiliza teto tarifário para atrair protecionistas

O G-20, grupo liderado pelo Brasil, apresentou seis propostas agrícolas quarta-feira, na última reunião do ano na Organização Mundial do Comércio (OMC), na tentativa de favorecer um acordo na Rodada Doha em 2008.
Numa das propostas de maior impacto, o grupo admitiu aumentar a tarifa máxima que os países poderão impor na importação de produtos agrícolas. Seria fixada em 150%, comparado aos 100% que o G-20 defendia até agora e aceito pela União Européia, um dos maiores importadores.

Na verdade, com a flexibilização, o G-20 quer atrair o G-10, grupo dos mais protecionistas que inclui Japão, Coréia do Sul e Suíça, que simplesmente recusa teto tarifário num futuro acordo global. Atualmente, existem tarifas acima de 500% no comércio agrícola, e mesmo o corte pelos percentuais em discussão ainda as deixaria num nível tão elevado que manteria o comércio bloqueado. Daí a necessidade do teto tarifário.

As propostas que serão apresentadas no Conselho Geral, a instância máxima da OMC, têm a marca do G-20, de serem intermediárias entre as demandas dos exportadores e o protecionismo dos importadores.

O G-20 quer facilitar o mediador da negociação, o neozelandês Crawfor Falconer, a apresentar um esboço de acordo até o início de março. Com isso, os ministros poderiam fazer barganhas entre agricultura e os outros temas, sobretudo a abertura industrial.

A primeira proposta do grupo é sobre produtos que os países ricos querem designar como "produtos sensíveis" e portanto sujeitos a cortes tarifários menores. O G-20 sugere novas diretrizes para garantir transparência nessa designação. Também procura garantir cortes maiores para os "produtos agrícolas processados" (PAP), de maior valor agregado, de enorme interesse do Brasil. E também sugere como se pode alcançar a expansão de 4% a 6% das quotas tarifárias, admitindo que em alguns casos esses percentuais poderão ser menores.

As propostas estão, na verdade, vinculadas. Uma delas enfoca a questão da escalada tarifária, pela qual os países ricos cobram mais imposto na medida em que o produto importado tem mais valor agregado.

O G-20 apresenta uma lista com várias páginas de produtos, estabelecendo que se um deles é designado como "sensível", tem que ficar fora de escalada tarifária, por exemplo.

A idéia é assim reduzir a escalada sobre café, cacau e outros produtos de interesse exportador de países como o Brasil. No mesmo sentido, outra proposta visa a simplificação tarifária, para evitar truques adotados atualmente que escondem o real nível de proteção que um pais dá a seus agricultores.
O G-20 faz sugestão também sobre crédito à exportação, para evitar que elementos condenados na disputa do algodão entre o Brasil e os EUA voltem a ser permitidos num futuro acordo.

Plano Internacional

a) Suíça aprova acordo de cooperação com Brasil

O Parlamento da Suíça deu sua aprovação nesta semana a um acordo de cooperação jurídica com o Brasil, cujo objetivo é facilitar a troca de informações sobre suspeitos de crimes financeiros e de corrupção. Segundo um especialista em bancos suíços, porém, a ratificação pouco ajudará para incriminar suspeitos e menos ainda para rastrear contas e forçar a devolução de fundos desviados.

O acordo, assinado em 2004 pelo então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e seu equivalente na Suíça, o controvertido líder ultranacionalista Christoph Blocher, levou mais de três anos para passar no Parlamento suíço. Agora, precisa ser ratificado pelos dois governos para entrar em vigor.

Além de lavagem de dinheiro, o tratado prevê cooperação contra corrupção, tráfico de drogas e de armas e exploração sexual de crianças e de mulheres. Mas não inclui casos de evasão fiscal, prática que não é considerada crime na Suíça.

No Brasil o acordo já fora aprovado pelo Congresso em 2006. A esperança das autoridades brasileiras é de que a ratificação do acordo agilize a troca de informações sobre brasileiros suspeitos de crimes que enviaram dinheiro para a Suíça.

Mesmo com a entrada em vigor do acordo bilateral, porém, valores bloqueados na Suíça só poderão ser devolvidos quando houver uma decisão judicial em última instância, conforme dita a lei de cooperação judiciária internacional, alertam autoridades judiciais em Berna.

b) Japão mantém taxa de juros em 0,5%

O Banco do Japão (banco central do país) decidiu na quinta-feira, por unanimidade (9 votos a 0), manter sua taxa de juros em 0,50%.

Em julho do ano passado, o BC do país asiático elevou sua taxa para 0,25%, primeira modificação desde 2001. A taxa anterior era praticamente zero (0,069%). Em fevereiro deste ano, a taxa passou para o atual patamar.

As taxas de juros no Japão estão muito abaixo da de outras grandes economias, como os Estados Unidos (que reduziram os juros neste mês para 4,25%) e a União Européia (que manteve sua taxa em 4%). Juros baixos favorecem as exportações japonesas, por manterem o iene fraco em relação ao dólar e ao euro.

Ontem, o governo informou que a economia do país deve crescer 2% no próximo ano, mas reduziu a projeção para este ano de 2% para 1,3%. No início do mês, o governo japonês revisou para baixo o crescimento do PIB do país no terceiro trimestre do ano, de 2,6% para 1,5%. Ele pode ser menor nos próximos meses em razão da queda no mercado de construção doméstico e da demanda dos Estados Unidos.

c) Moody's acena elevar nota de empresas na América Latina

As empresas latino-americanas avaliadas pela agência Moody’s Investors Service poderão ter suas notas de crédito elevadas no ano que vem, o que sinaliza que elas estão mais bem preparadas para suportar uma desaceleração na economia dos Estados Unidos, segundo a agência.

Quatro de cada cinco empresas da América Latina avaliadas pela Moody’s têm baixa exposição "direta" à economia ou aos mercados dos EUA, o que sugere que os esforços para reduzir as dívidas e diversificar a base de exportações funcionaram, escreveu em relatório divulgado ontem Alexander Carpenter, analista da Moody’s em São Paulo. Se o crescimento econômico mundial ficar abaixo de sua média de longo prazo em 2008, "a oscilação nas classificações poderá ser ligeiramente negativa", disse ele.

"A pesquisa da Moody’s sugere que a qualidade do crédito das emissoras latino-americanas poderá depender menos da saúde da economia norte-americana do que se supõe normalmente", informou o relatório. Cerca de 83% das empresas classificadas pela Moody’s dispõem de dinheiro suficiente para resistir a um período de condições de crédito adversas.
Os efeitos colaterais adversos registrados desde julho passado nos mercados de crédito, devido aos prejuízos gerados por valores vinculados a empréstimos imobiliários de alto risco [subprime] dos EUA, reduziram o acesso a recursos para as empresas da América Latina. Mesmo assim, a Moody’s elevou a classificação e as perspectivas de crédito de 15 empresas da região desde então -e reduziu as notas de seis. As empresas mexicanas são as mais vulneráveis, diz Carpenter.

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