14 a 18 de maio de 2007

Comércio Exterior

Resultados
Dobra crédito de exportação de curto prazo
UE planeja acordo com o Brasil
Ministro promete socorro a setores afetados

Agronegócio

Cresce exportação de commodities para os EUA

Mercosul

Bloco sofre com gargalo aduaneiro

OMC

Brasil deve mudar proposta industrial
G-4 avança para resolver impasse
Washington admite rever subsídios

Plano Internacional

Vietnã no caminho da China




Comércio Exterior

a) Resultados

Na 3ª semana de maio, a balança comercial apresentou exportações de US$ 3,330 bilhões e importações de US$ 2,029 bilhões, resultando em superávit de US$ 1,301 bilhão. Até a 3ª semana de maio, as exportações acumulam US$ 8,568 bilhões e as importações, US$ 5,864 bilhões, com superávit de US$ 2,704 bilhões. No ano, as exportações totalizam US$ 55,019 bilhões e as importações, US$ 39,329 bilhões, com saldo positivo de US$ 15,690 bilhões.

A média das exportações da 3ª semana chegou a US$ 666,0 milhões, 1,7% superior à média de US$ 654,8 milhões até a 2ª semana, em razão do aumento nas vendas de produtos básicos (+26,9%, de US$ 200,4 milhões para US$ 254,3 milhões, por conta, principalmente, de petróleo em bruto, soja em grão, minério de ferro, fumo em folhas e minério de cobre), enquanto os semimanufaturados apresentaram queda (-16,4%, de US$ 94,0 milhões para US$ 78,6 milhões, por conta, principalmente, de semimanufaturados de ferro/aço, ferro fundido, alumínio em bruto, celulose, ferro-ligas e couros e peles) e manufaturados (-9,7%, de US$ 352,2 milhões para US$ 317,9 milhões, principalmente, gasolina, óleos combustíveis, máquinas e aparelhos para terraplanagem, suco de laranja, hidrocarbonetos e seus derivados e veículos de carga).

Do lado das importações, houve queda de 15,4%, sobre igual período comparativo (média da 3ªsemana/média até a 2ªsemana), motivado, principalmente, pela retração dos gastos com combustíveis e lubrificantes, equipamentos mecânicos, aparelhos eletroeletrônicos, químicos orgânicos/inorgânicos, instrumentos de ótica e precisão e farmacêuticos.

b) Dobra crédito de exportação de curto prazo

O financiamento à exportação de curto prazo voltou a explodir, com aumento de mais de 100% nos bancos líderes em abril. A ampliação no volume de Adiantamentos de Contrato de Câmbio (ACCs), pré-embarque da mercadoria, e de Adiantamento sobre Cambiais Entregues (ACEs), pós-embarque - crédito de prazo de vencimento de até um ano - ajuda a inundar o mercado de dólares. No ano, apesar de compras pelo Banco Central superiores a US$ 40 bilhões no mercado à vista, o dólar acumula queda de 5,52%, para R$ 2,0190.

A razão para o crescimento dos ACCs e ACEs: os grandes exportadores aproveitam uma janela de oportunidade financeira que tornou o cupom cambial (o juro para investimentos indexados ao dólar no Brasil) mais alto do que os custos desse tipo de financiamento. O movimento levou a um recorde histórico a diferença entre o câmbio contratado para a exportação e as exportações físicas: US$ 17 bilhões acumulados em 12 meses, segundo o Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco. Somente em abril, a diferença foi de nada menos do que US$ 4 bilhões, elevando o total acumulado em 2007 a US$ 14,15 bilhões.

c) UE planeja acordo com o Brasil

A União Européia divulga no final deste mês documento no qual oferece uma parceria estratégica ao Brasil. Apesar de ser uma proposta de acordo político, e não comercial, a parceria deve incluir dispositivos para facilitar e incrementar o comércio entre Brasil e UE. E pode gerar constrangimentos na relação brasileira com os parceiros do Mercosul, embora o governo brasileiro defenda o contrário. A proposta oficial será encaminhada ao governo brasileiro na primeira cúpula UE-Brasil, em Lisboa, em 4 de julho.

O governo brasileiro vê a aproximação com a UE, como decorrência natural do longo relacionamento com o bloco europeu e do maior protagonismo brasileiro em instâncias políticas internacionais, como a ONU e a Organização Mundial do Comércio (OMC). A proposta ao Brasil é uma iniciativa do governo português, que assume em julho a Presidência rotativa da UE. "O objetivo é elevar a relação com o Brasil para o mesmo patamar que a dos parceiros mais importantes da UE", disse ontem o ministro das Relações Exteriores de Portugal, Luis Amado, antes de reunião com colegas europeus.

As negociações para o acordo de comercial entre Mercosul e UE não serão tratadas nas conversas para a parceria estratégica, porque só serão retomadas após a definição das discussões comerciais mais amplas entre os sócios da OMC. Antes disso, nem os europeus nem os brasileiros se sentem em condições de decidir que ofertas farão.

d) Ministro promete socorro a setores afetados

A prevista queda do dólar abaixo dos R$ 2 confirmou-se na terça-feira, 15 de maio. Sob o olhar discreto do Banco Central (BC) e com boas notícias vindas do mercado internacional, especialmente dos Estados Unidos, a moeda fechou o dia com queda de 1,34%, cotada em R$ 1,982, no menor nível desde janeiro de 2001.A expectativa é que o dólar continue oscilando em torno dos R$ 2, com forte inclinação para baixo.

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, anunciou ainda na terça-feira, cinco setores da economia que serão beneficiados por uma política industrial de 'emergência': indústria têxtil e de vestuário, automobilística, naval, de calçados e móveis. Além da redução dos tributos incidentes na folha de pagamento, haverá aumento de alíquotas de importação para proteger alguns produtos.

Agronegócio

a) Cresce exportação de commodities para os EUA

Apesar de perder espaço nos produtos de alta tecnologia, o Brasil aumentou sua participação no mercado dos Estados Unidos de 1% em 1999 para 1,4% em 2006, conforme estudo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). No período, as exportações de produtos não-industriais quadruplicaram, saltando de US$ 1,1 bilhão para US$ 4,4 bilhões. A parcela desses itens na pauta exportadora brasileira para os EUA subiu de 9,9% para 17%. A China também tomou espaço do Brasil no mercado americano de produtos de baixa tecnologia. A queda foi de 4,5 pontos percentuais entre 1999 e 2006, de 27% de participação na pauta exportadora do país para 22,5%.

Na União Européia, a fatia brasileira nas importações do bloco oscilou de 1,7% para 1,8%. Nesse caso, o Brasil também perdeu espaço em alta tecnologia e ganhou nas commodities, já tradicionais nas vendas para a UE. As exportações de produtos não-industriais para o bloco subiram de US$ 7,5 bilhões para US$ 7,9 bilhões no período, alta de 77%. Em seis anos, a China quase dobrou seu market share no mercado americano total, saindo de 8% em 1999 para 15,5% em 2006. Graças a esse desempenho, tornou-se o segundo maior parceiro dos EUA, com vendas de US$ 287,7 bilhões em 2006. O Japão foi o país que mais perdeu participação no mercado americano total: 4,8 pontos percentuais. A fatia do país nas compras dos EUA caiu de 13% em 1999 para 8% em 2006. Países europeus também apresentaram perda de market-share no mesmo período. É o caso da Alemanha, de 5,4% para 4,8%, e da França, de 2,5% para 2%.

MERCOSUL            

a) Bloco sofre com gargalo aduaneiro

A integração aduaneira está prevista desde que o Mercosul ganhou personalidade jurídica, em 1994. Mas foi em 1997, por meio de resolução do Grupo Mercado Comum, órgão executivo do bloco, que foram definidos os pontos de fronteira em que seriam instalados os controles integrados. Em Uruguaiana-Libres estabeleceu-se que haveria controles nos dois lados do Rio Uruguai. Em 2006, passaram pelo local US$ 6,5 bilhões entre exportações e importações. Transitaram por ali 243.411 caminhões (média diária de 667 veículos). As medidas previstas na resolução do Mercosul (nº 43/97) foram parcialmente aplicadas. A liberação das importações brasileiras foi unificada no Porto Seco Rodoviário de Uruguaiana, onde estão instaladas, em um mesmo espaço físico, autoridades da Argentina e do Brasil.

A partir de abril de 2008, a situação deve melhorar. Nessa data os trâmites burocráticos das exportações brasileiras passarão a se concentrar do lado argentino. A medida depende da conclusão das obras de expansão do Complexo Terminal de Cargas (Cotecar), em Libres, estrutura onde trabalharão lado a lado funcionários do Brasil e da Argentina. Dados da Eadi Sul, empresa que administra o Porto Seco Rodoviário de Uruguaiana, mostram que, em abril, 69,74% dos veículos (entre exportação e importação) foram liberados no primeiro dia de permanência no local. O tempo médio de permanência dos caminhões na importação, em abril, foi de 12 horas e 18 minutos e, na exportação, de 5 horas e 16 minutos. O tempo médio de permanência (entre importações e exportações) foi de 7 horas e 59 minutos.

OMC

a) Brasil deve mudar proposta industrial

O G-4 - grupo que reúne Brasil, Estados Unidos, União Européia e Índia - aprofundou a discussão sobre o tamanho das reduções de tarifas de importação de produtos industriais. Os Estados Unidos e a União Européia querem uma fórmula de corte tarifário mais ambiciosa, para cortar nas alíquotas aplicadas dos países emergentes, como o Brasil e Índia. Em contrapartida, acenam com "soluções específicas" por país para acomodar a sensibilidade de determinados setores industriais, que cortarão tarifa abaixo da fórmula geral.

Ao chegar a Paris, o ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Amorim, descartou a demanda dos países industrializados, de fórmula com coeficiente 15 para os emergentes, que significa redução de 65% nas alíquotas consolidadas do Brasil. Mas reiterou que o Brasil está pronto a mostrar flexibilidade na área industrial, sempre pelo princípio da proporcionalidade. O recente acordo entre a Casa Branca e a liderança democrata na área comercial foi recebido como indicação positiva. Mas Amorim alertou que as regras trabalhistas e ambientais são só para acordos de livre comércio que os americanos estão fazendo. "É impossível isso entrar na Rodada Doha", alertou.

b) G-4 avança para resolver impasse

Após se reunirem por mais de 13 horas no castelo Val Duchesse, nas proximidades de Bruxelas, os negociadores do G-4 - Brasil, União Européia (UE), Estados Unidos e Índia - começaram a acenar com a possibilidade de fechar em junho um acordo para a conclusão da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC). Segundo Celso Amorim, ministro das Relações Exteriores do Brasil, há entre os integrantes do G-4 'um claro esforço para concluir ' a Rodada Doha, cujas negociações já duram cerca de seis anos. Se as conversas realmente avançarem, o encontro de junho pode ser realizado no Rio de Janeiro.

Além de Amorim, participam da reunião de Bruxelas o comissário europeu para o Comércio, Peter Mandelson, e sua colega para a Agricultura, Mariann Fischer Boel; a representante para o Comércio dos Estados Unidos, Susan Schwab, e o secretário americano para Agricultura, Mike Johanns; e o ministro do comércio da Índia, Shri Kamal Nath. As discussões do dia 17 se concentraram nas áreas agrícola e de bens industriais. O ministro evitou falar em números, mas deixou claro que um dos pontos cruciais para o progresso das negociações, a redução dos subsídios aos produtores agrícolas americanos, está próximo de ser superado. Washington já vinha sinalizando, nas últimas semanas, que aceitaria a redução do teto desses subsídios para um total inferior a US$ 18 bilhões por ano. Os países em desenvolvimento exigem uma queda desse apoio financeiro para algo entre US$ 10 bilhões e US$ 14 bilhões.

c) Washington admite rever subsídios

A Secretaria de Agricultura dos Estados Unidos divulgou as propostas complementares do governo para a reformulação de sua Lei Agrícola ("Farm Bill"), que disciplina o funcionamento de dezenas de programas oficiais e expira no segundo semestre. Entre as propostas, o governo sugere a criação de um fundo adicional obrigatório de US$ 250 milhões, em dez anos, para reduzir as diferenças entre culturas que são diretamente subsidiadas e as não diretamente subsidiadas. O governo também propôs aumentar os fundos obrigatórios em US$ 68 milhões, o que poderia ocorrer ao longo dos anos, até 2013. A proposta inclui elevar o valor do crédito concedido de US$ 250 mil para US$ 500 mil por projeto.

O governo dos EUA avaliará ainda a reforma dos programas de garantia de crédito à exportação, para que haja conformação com as normas da Organização Mundial do Comércio (OMC). Alguns deles, como o de incentivo às exportações, podem ser abolidos. Conforme a Secretaria, os EUA gastarão US$ 87 bilhões nos próximos cinco anos na área agrícola, se o plano for aprovado - cerca de US$ 17,5 bilhões a menos do que os programas dos últimos cinco anos.

Plano Internacional

a) Vietnã no caminho da China

Com uma mão-de-obra mais barata que a chinesa, o Vietnã aposta nesta controversa característica para atrair os investimentos e desenvolver sua economia. Segundo dados da Warner Consulting, consultoria global do setor têxtil, uma operária vietnamita de confecção em Hanói recebe US$ 0,28 por hora trabalhada.Setores intensivos em empregos, como calçados e têxteis, iniciaram a industrialização do país e lideram a inserção internacional de suas empresas.

Juntamente com a crescente presença dos produtos chineses em território brasileiro, o Vietnã tem se beneficiado desta abertura e registrou, entre 2005 e 2006, US$ 75 milhões, crescimento de 58% em suas exportações para o Brasil. Em 2000, o Brasil comprava apenas US$ 19 milhões do Vietnã. As exportações brasileiras para o país asiático cresceram quase o dobro, 109%, para US$ 128 milhões em 2006, o que garante superávit para o Brasil de US$ 53 milhões. O Brasil vende commodities para o Vietnã: madeira, frango, couro, fumo, fios de seda etc. Em 2006, as vendas de frango cresceram 373% e as de madeira, 75%, o que explica o "boom" exportador. Enquanto isso, o Vietnã manda manufaturados para o Brasil, principalmente calçados e têxteis. A participação do Vietnã nas importações brasileiras de calçados subiu de 7,4% em 2004 para 20,7% em 2006 e o país já é o segundo maior fornecedor do Brasil, conforme dados da Associação Brasileira da Indústria de Calçados (Abicalçados).
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