13 a 17 de agosto de 2007

Comércio Exterior

Resultados
Internacionalização reduz lucro da Alpargata
Exportações e produtos processados elevam o faturamento do Marfrig
Exportações


Agronegócio

Exportações agrícolas
Líder global, Malásia quer palma do Brasil
Agronegócio cresce 1,67% até maio, diz CNA

Mercosul

Brasil e Japão articulam missão na América do Sul
Sem benefício para CD e DVD

OMC

Defesa comercial gera polêmica na OMC
Brasil ataca etanol dos EUA na OMC
Crise pode afetar comércio mundial, alerta OMC

Plano Internacional

EUA reagem à pirataria chinesa
China proíbe importação de biscoitos de grupo dos EUA
Unica acelera sua internacionalização
O mundo fora de controle

 




Comércio Exterior

a) Resultados

Com o ritmo das importações bem acima ao ritmo registrado pelas exportações, o saldo está em queda. No ano, a diferença entre as vendas e as compras é de US$ 24,975 bilhões, 8,5% inferior ao registrado no mesmo período de 2006 (US$ 27,298 bilhões). Até o dia 12 de agosto, as vendas ao exterior totalizam US$ 92,463 bilhões e as compras, US$ 67,488 bilhões - crescimento de 15,2% e 27,4%, respectivamente. Na comparação de agosto 2007 ante agosto de 2006, a expansão é de 30,5%.

Já entre as exportações, todas as categorias de produtos registram expansão, mas não tão expressivas. A média diária apresenta alta de 7,9%. No caso dos semimanufaturados, o aumento é de 11,6%, puxado principalmente pelas vendas de cátodos de cobre, ferro-liga e cátodos de níquel. A exportação de manufaturados subiu 11,1% devido aos negócios com óxidos e hidróxidos de alumínio, fio-máquina e barras de ferro ou aço. No caso dos básicos, o crescimento foi o menor, 1,7%. Os destaques foram algodão bruto e milho em grão.

b) Internacionalização reduz lucro da Alpargata

As despesas geradas com o início das atividades das filiais nos Estados Unidos e no Chile e os investimentos na sua estratégia de internacionalização reduziram o ganho da Alpargatas no segundo trimestre. A empresa lucrou R$ 16,8 milhões entre abril e junho, menos da metade do que foi apurado em igual período de 2006. No acumulado do primeiro semestre, o lucro líquido caiu de R$ 78 milhões para R$ 75 milhões.

A receita bruta de vendas da companhia no segundo trimestre foi de R$ 391,8 milhões, um incremento de 7% em comparação com o ano passado e 25% acima do obtido no primeiro trimestre. O volume comercializado no período também cresceu 7% ante o segundo trimestre de 2006. De acordo com dados divulgados na última sexta-feira, a companhia controlada pela Camargo Corrêa vendeu 42 milhões de pares de calçados (linhas esportivas e sandálias Havaianas), além de 600 mil peças de vestuário esportivo. No acumulado do ano até junho, a receita bruta da companhia foi de R$ 705 milhões, ante os R$ 739 milhões no ano passado.

O volume de exportações das sandálias Havaianas, carro-chefe da companhia, aumentou 50% em comparação ao primeiro trimestre e 78% ante o mesmo período do ano passado. Dessa forma, as exportações representaram 8% do faturamento das vendas líquidas da companhia no trimestre. Segundo o presidente da Alpargatas, o crescimento da receita em dólares, de 40%, superou com folga a desvalorização do real perante o dólar. A estratégia, disse, foi baseada num maciço trabalho de marketing, de valorização do produto. Com o sucesso das vendas na Europa, a Alpargatas deve abrir no ano que vem um escritório no continente. O país ainda está sendo analisado pela companhia. Já a compra da Alpargatas Argentina ainda está em período de diligência e não há data para término da análise do negócio.

c) Exportações e produtos processados elevam o faturamento do Marfrig

O Marfrig, uma das maiores indústrias de carne bovina do país, teve um faturamento bruto de R$ 881,9 milhões no segundo trimestre deste ano, um crescimento de 53,1% sobre igual período de 2006. Conforme balanço divulgado ontem pela empresa, o lucro líquido pró-forma no período (desconsiderando as despesas com o IPO, no fim de junho) foi de R$ 26,371 milhões, aumento de 123,5% sobre o mesmo intervalo de 2006. Levando em conta os custos com o IPO, o lucro líquido real foi de R$ 7,474 milhões no segundo trimestre.

De acordo com o diretor de relações com investidores da empresa, Ricardo Florence dos Santos, a receita líquida cresceu 46,5%, para R$ 775,9 milhões no segundo trimestre graças ao avanço das vendas de carne processada ou industrializada e ao aumento no volume de vendas. As aquisições de unidades no Uruguai, Argentina e Chile, que elevaram a capacidade de produção do Marfrig, também contribuíram para o desempenho.

Ele destacou ainda o crescimento das exportações no segundo trimestre, quando as vendas ao mercado externo alcançaram R$ 473 milhões, 54,5% mais que no segundo trimestre do ano passado. Em volumes, as vendas externas do Marfrig cresceram 46,6%, para 68.155 toneladas no trimestre. "A Europa aumentou a participação na fatia das exportações, de 43,5% para 58,9%", disse.

d) Exportações

O diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Derex) da Fiesp, Carlos Cavalcanti, afirma que ainda é muito cedo para falar nos reais efeitos da crise dos mercados, mas cogita algumas hipóteses. Uma delas diz respeito à construção civil. "O maior produto de exportação de construção civil para os EUA são as chapas polidas de granito. O segundo item é a cerâmica para revestimento", diz. Para Cavalcanti, a crise "obviamente se inicia como um produto dos mercados financeiros", mas que deve ter conseqüências no mercado da economia real, na exportação de bens e produtos.

O presidente da Abramat (de materiais de construção), Melvyn Fox, não acredita que a crise deva afetar o setor fortemente. Segundo ele, cerca de 91,4% da indústria de material de construção é voltada para o mercado interno e quem exporta já vem sofrendo há bastante tempo com o câmbio. "Eu acredito que alguns setores, como os cerâmicos, podem ser afetados, mas não de uma forma que possamos dizer que será uma crise no mercado de materiais brasileiros", afirma.

Agronegócio

a) Exportações agrícolas

As exportações brasileiras de carnes entre janeiro e julho deste ano somaram US$ 6,15 bilhões, informou ontem o Ministério da Agricultura, pouco abaixo das vendas do complexo soja, que totalizaram US$ 6,7 bilhões no período. No mesmo intervalo de 2006, os embarques de carnes ficaram em US$ 4,448 bilhões e os do complexo soja, em USS$ 5,676 bilhões. Em julho, as exportações totais do agronegócio bateram recorde e somaram US$ 5,272 bilhões, ante US$ 5,236 bilhões no mesmo mês de 2006. As importações do setor no mês aumentaram 27,7%, para US$ 727 milhões. Com isso, o saldo da balança do agronegócio foi de US$ 4,545 bilhões..

b) Líder global, Malásia quer palma do Brasil

Um feito inédito no setor de óleo de palma ocorreu nesta semana. A Agropalma, empresa controlada pelo Banco Alfa, é a maior produtora de óleo de palma do país, concluiu a primeira exportação para a Malásia - país líder mundial em produção e exportação de óleo e outros subprodutos da palma, responsável hoje por 44% da oferta mundial dessa commodity. A Agropalma fechou contrato com a trading japonesa Itochu para exportar estearina de palma orgânica a indústrias instaladas na Malásia. A estearina é uma espécie de gordura obtida no refino do óleo de palma e é utilizada pelas indústrias alimentícia e cosmética. Aproximadamente 30% do óleo de palma bruto é convertido em estarina no processo de refino.

O contrato foi assinado na segunda-feira, com a entrega inicial de um contêiner (de aproximadamente 11 toneladas). Mas a expectativa da empresa é fazer uma entrega sistemática do produto à Malásia. "Esse é um namoro antigo e é de extrema importância porque vai ajudar a abrir mercados na Ásia", afirma André Gasparini, gerente de exportação da Agropalma. Segundo ele, faltam produtores de palma orgânica na Malásia - país que produz sozinho em torno de 16 milhões de toneladas de óleo de palma por ano, contra 130 mil do Brasil.

Neste ano, a Agropalma prevê produzir 130 mil toneladas de óleo de palma e derivados, 7% menos que em 2006. Conforme Marcello Brito, a seca que afetou a região Norte do país no ano passado afetou a formação dos frutos, provocando uma quebra de safra neste ano. Do total a ser produzido, a empresa prevê exportar 10 mil toneladas, ante 22,7 mil no ano passado. "O câmbio continua tendo um efeito perverso sobre as exportações. Só compensa exportar produtos com alto valor agregado, por isso a aposta nos orgânicos", disse.

c) Agronegócio cresce 1,67% até maio, diz CNA

O agronegócio cresceu 1,67% entre janeiro e maio na comparação com igual período de 2006. O número foi divulgado em relatório da CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária). O documento mostra que a demanda crescente e a alta dos preços internacionais ajudaram o setor no período. Conforme o estudo, o Produto Interno Bruto agrícola (soma da produção do setor) continua em expansão apesar da volatilidade em maio, quando a produção apresentou ligeira desaceleração.

Essa expansão da atividade é liderada pela produção agropecuária -que não inclui a agroindústria. O segmento cresceu 2,97% no acumulado do ano. Para as exportações, a entidade prevê aumento de 11,3% na comparação com 2006, o que poderá elevar as vendas externas para US$ 55 bilhões.

Mercosul

a) Brasil e Japão articulam missão na América do Sul

Os governos do Brasil e do Japão vão fazer missões conjuntas, no início de 2008, para tentar convencer os demais países sul-americanos a adotar o padrão nipo-brasileiro de TV digital. O sistema começa a funcionar, em São Paulo, em dezembro. "O nosso desejo é difundir esse padrão para países como Argentina e Chile", disse ontem o ministro das Comunicações do Japão, Yoshihide Suga, que se reuniu ontem com ministros e parlamentares, em Brasília.

"No momento em que o Brasil começar a transmissão e um outro país adotar o nosso sistema, nós automaticamente levamos a América do Sul toda", afirmou o ministro das Comunicações, Hélio Costa. Ele esteve reunido também com o coordenador de Política Internacional de Comunicações e Informação do Departamento de Estado americano, David Gross. Brasil e Estados Unidos podem levar o programa de inclusão digital brasileiro para países africanos, segundo definiram. A idéia é usar o programa Gesac (Governo Eletrônico - Serviço de Atendimento ao Cidadão), que leva internet a mais de 3.000 comunidades, entre elas aldeias indígenas e quilombolas.

"Estamos iniciando as conversas agora, mas surgiu a possibilidade de utilizar um projeto brasileiro bem-sucedido na África. Seria formada uma joint venture entre o Brasil e os Estados Unidos para levar o programa", afirmou Costa. O ministro ponderou que ainda se trata de uma idéia inicial e, portanto, não há prazos nem estimativa de investimentos. A questão será levada à Casa Civil e ao Itamaraty para estudos.

b) Sem benefício para CD e DVD

As importações de CDs e DVDs do Paraguai não serão beneficiadas pelo Regime de Tributação Unificada (RTU) criado pela Medida Provisória 380, que tem como objetivo a redução da informalidade e a legalização do comércio entre Brasil e Paraguai. As empresas que aderirem ao sistema terão alíquota unificada de 25%, mas não poderão importar alguns produtos como armas de fogo, bebidas e cigarros.

A lista de mercadorias proibidas dentro do novo regime será fixada na regulamentação da lei, ainda sem data prevista. A relação dos produtos permitidos, no entanto, deve ser definida posteriormente por decreto, o que preocupa a indústria local. Segundo o secretário de Receita, Jorge Rachid, o governo precisa, primeiro, regulamentar a lei e depois relacionar os artigos que serão beneficiados pela regra especial de tributação.

De acordo com o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Ivan Ramalho, o governo brasileiro está preocupado com a concentração de produtos a serem importados por esse regime e, por isso, pretende adotar medidas para evitar danos às empresas brasileiras. “Continuamos preocupados com a importação predatória e a defesa da produção do Brasil”, garantiu. Ramalho defendeu a MP e disse que ela favorecerá o controle eletrônico das mercadorias. A lei é voltada a empresários que faturam até R$ 250 mil por ano. O governo paraguaio quer que o Brasil permita a importação de até R$ 240 mil em mercadorias por ano, mas as autoridades brasileiras defendem um valor menor, entre R$ 120 mil e R$ 150 mil anuais.

OMC           

a) Defesa comercial gera polêmica na OMC

Antidumping, salvaguarda e outros instrumentos e regras de defesa comercial são uns dos temas mais controversos das negociações da Rodada Doha da Organização Mundial de Comércio (OMC). Pouco foi discutido sobre esse assunto até agora ele permaneceu à margem das negociações sobre cortes de tarifas agrícolas e industriais. A expectativa de negociadores em Genebra é que o Chairman do comitê de regras apresente uma sugestão de acordo em setembro, após as férias na OMC.

É bastante difícil que modificações significativas no acordo sobre antidumping sejam aprovadas, porque possuem um oponente feroz: os Estados Unidos. Os americanos utilizam bastante esse mecanismo, algumas vezes contra exportações brasileiras, como no caso do aço. Já o Japão é um dos países que defende uma regulamentação mais rígida dos instrumentos de defesa comercial, evitando o uso abusivo.

O Brasil está em uma posição intermediária entre Estados Unidos e Japão, o que é natural, já que o país utiliza bastante o mecanismo, mas também é prejudicado. De acordo com Armando Meziat, secretário de Comércio Exterior, o país é favorável ao fim das revisões automáticas do antidumping, sem interromper sua utilização. Ele argumenta que, dessa maneira, os estudos são feitos com base na possibilidade de voltar a provocar dano, mas não permite que isso seja verificado na prática.

b) Brasil ataca etanol dos EUA na OMC

O Brasil inicia uma disputa que poderá minar os mecanismos que permitem a produção do etanol nos Estados Unidos. Na semana que vem, o Itamaraty e a Casa Branca fazem a primeira reunião sobre a queixa do Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra os subsídios agrícolas dos EUA. Um dos principais temas será o programa de subsídios à produção de milho destinada ao etanol. Nos EUA, um número cada vez maior de políticos que querem chegar à Casa Branca em 2008 se declaram a favor do etanol. Mas pesquisas alertam que o interesse desses candidatos se baseia na estratégia de agradar ao lobby dos produtores de milho, que querem novos subsídios nos próximos anos em troca de votos.

A decisão do governo brasileiro foi a de atacar todos os subsídios americanos, principalmente, diante da falta de avanços na rodada de negociações da OMC. Além do milho, a ajuda ao algodão, açúcar, soja e outros produtos serão alvo do bombardeio. O caso foi inicialmente aberto pelo Canadá contra os americanos, mas já conta com outros interessados, entre eles a Índia. Se o centro da disputa são os subsídios agrícolas, a realidade é que a guerra acabará contestando a base da produção americana de etanol, ainda que Brasília e Washington tenham, no início do ano, estabelecido uma parceria estratégica para promover o biocombustível no mundo.

Segundo a Global Subsidies Iniciative, os americanos destinam ao etanol subsídios de até US$ 7,3 bilhões por ano, tanto na forma de recursos para a produção como em incentivos fiscais. "Parte desses subsídios é a ajuda que os produtores de milho recebem", afirma um especialista da entidade.

O Itamaraty afirmou, ao Estado, estar consciente do impacto que sua contestação terá para a produção de etanol nos Estados Unidos. O que o Brasil alega é que o volume de subsídios dado pelos americanos ao milho já ultrapassou o teto estabelecido pelas regras da OMC e nos próprios compromissos da Casa Branca assinados nos anos 90. Se a reunião da próxima semana não chegar a um entendimento, o Brasil deverá, então, pedir que árbitros internacionais julguem as práticas americanas diante das alegações de violações das regras da OMC.

c) Crise pode afetar comércio mundial, alerta OMC

A Organização Mundial do Comércio (OMC) faz um alerta: as turbulências no mercado financeiro e imobiliário poderão ter impacto negativo no ritmo de crescimento das exportações e da economia mundial em 2008. A entidade, que apela para a conclusão da Rodada Doha como forma de fortalecer a economia mundial, acrescenta que a onda de volatilidade está aumentando as incertezas para a economia mundial neste ano.

A análise está no relatório anual da OMC publicado ontem e destaca que, para este ano, o comércio mundial deverá ter alta de 6% (ante 8% em 2006). Há cerca de dois meses, a OMC chegou a rever para cima a projeção de expansão do comércio. Mas, com a atual crise e diante das incertezas sobre o déficit comercial americano, acabou retomando a projeção inicial.

Para Robert Teh, economista da OMC, existe a possibilidade de que os riscos identificados hoje no mercado financeiro contaminem o crescimento mundial nos próximos meses. 'Essa é nossa grande preocupação no momento.' Segundo o economista da OMC, quanto maior a relação de um país com o mercado americano, maior poderá ser o risco. 'Nos últimos dez anos, o mercado americano foi muito interessante para muitos exportadores. Mas uma crise pode acabar exigindo que exportadores diversifiquem os destinos de suas vendas.'

Plano Internacional

a) EUA reagem à pirataria chinesa

Lutando contra prejuízos calculados em US$ 2,2 bilhões por causa da pirataria, o governo dos EUA abre uma disputa contra a China na Organização Mundial do Comércio (OMC). O motivo é o nível considerado inaceitável de violações de direitos de copyright por Pequim. O Itamaraty deixou claro ontem mesmo que entrará no processo como terceira parte. Pelos cálculos do governo brasileiro, dois de cada três produtos pirateados no País são chineses.

Washington e Pequim mantêm relações tensas por causa da pirataria há anos. Segundo a Casa Branca, as principais vítimas são CDs de músicas, livros, softwares e filmes. Mas, depois de algumas tentativas de resolver a questão de forma pacífica, Washington optou por pedir a intervenção dos árbitros da OMC, que terão de julgar se a China está ou não violando as regras internacionais no que se refere à proteção a patentes. "Os chineses não tomaram nenhuma medida para atender às nossas queixas", afirmou um diplomata americano. "Não tivemos outra alternativa." Um dos questionamentos se refere à falta de punições contra empresas que praticam violações de propriedade intelectual com a falsificação de produtos.

Para dar uma resposta à altura, Pequim anunciou no início do ano a prisão de dois americanos no país envolvidos no comércio de produtos pirateados. A medida não foi bem aceita pela Casa Branca, cada vez mais pressionada pelo Congresso a tomar uma atitude mais firme contra a China.

No processo, que será avaliado pela OMC no fim do mês, Washington faz ainda duas críticas. A primeira se refere ao fato de que a China permite que produtos pirateados possam ser comercializados se a marca falsificada for retirada. Para os Estados Unidos, esses produtos precisam ser destruídos. Outra crítica se refere ao fato de que as leis chinesas não garantem proteção à propriedade intelectual enquanto o conteúdo de obras estrangeiras está sendo avaliado pelos órgãos de censura de Pequim. Os americanos alegam que isso permite que distribuidores locais comecem a vender os produtos antes da empresa que detém os direitos sobre as obras.

b) China proíbe importação de biscoitos de grupo dos EUA

A China proibiu ontem a importação de 3,6 toneladas de três tipos de biscoitos infantis produzidas pela empresa PT. Arnotts Indonésia, uma das subsidiárias da gigante americana de alimentos Campbell Soup. Segundo a Administração Geral de Supervisão de Qualidade, Inspeção e Quarentena (AQSIQ, na sigla em inglês) da China, seus supervisores detectaram a presença de elevados níveis de alumínio nos alimentos - entre 280 e 320 partículas por milhão, enquanto a tolerância máxima é de 100 partículas. "O consumo em excesso pode provocar graves efeitos colaterais, como problemas gastrointestinais, anemia e amnésia", disse a agência de notícias Xinhua.

A iniciativa, que vem depois do gigantesco recall de brinquedos anunciado pela americana Mattel, pode ser uma retaliação ao que Pequim começa a classificar como a imposição de barreiras comerciais contra os seus produtos. "Algumas mídias estrangeiras estão caluniando os produtos feitos na China. A prática é sinônimo de protecionismo, pois pretende levantar barreiras não alfandegárias contra os nossos produtos", disse o vice-ministro do Comércio chinês, Gao Hucheng, logo depois de a Fisher Price - subsidiária da Mattel, a maior fabricante de brinquedos do planeta - anunciar, há 11 dias, a retirada de 1,5 milhão de brinquedos do mercado internacional.

c) Unica acelera sua internacionalização

A Unica (União da Indústria da Cana-de-Açúcar) deve inaugurar em dois meses sua base em Washington (EUA). Segundo Marcos Jank, presidente da Unica, a entidade está contratando um executivo americano para representar o setor sucroalcooleiro do país no mercado americano. "Esse executivo será a nossa voz nos EUA. Ele irá ao Congresso e Executivo dos EUA, participará de debates sobre biocombustíveis e nossa ponte com ONGs", disse. Nos próximos meses, a Unica terá uma base em Bruxelas, para representar o setor na União Européia, e outra na Ásia, mas o local ainda não foi definido.

A internacionalização da Unica reflete a importância que o etanol ganhou no mercado internacional. Nos EUA, a intenção da Unica é abrir caminho para o álcool brasileiro. Os EUA impõem uma tarifa de US$ 0,54 por galão para entrada de álcool de outros mercados, além de uma tarifa de 2,5% ad valorem.

Mesmo com essa restrição, cerca de 65% do álcool exportado pelas usinas do centro-sul do país de abril a julho deste ano, referente à safra 2007/08, foram para o mercado americano. Os volumes incluem os embarques diretos para os EUA e os feitos via Caribe, segundo a Unica.

d) O mundo fora de controle

O mundo está de ponta-cabeça. Quem era pessimista há um mês, hoje é considerado otimista. De 19 de julho, quando bateu 58.124 pontos, até ontem, o Índice Bovespa perdeu 19,28%, percentual que, em dólar, chega a 30,81% por conta da crise de liquidez iniciada com as perdas de fundos internacionais com títulos hipotecários de risco "subprime". As perdas não se limitam, porém, à bolsa de valores. A moeda americana, largada há meses, disparou para R$ 2,09, ou 13,5% em relação ao piso de R$ 1,84 de 23 de julho. E os juros prefixados de 12 meses entre bancos, que estavam abaixo dos 10,70% em 18 de julho, fecharam a 11,84%.

O impacto dessa reviravolta atinge praticamente todas as aplicações: no dia 14, por exemplo, de 660 fundos de renda fixa, 181 tiveram perdas segundo dados do site Fortuna, muitos deles mais agressivos, que possuem papéis prefixados ou longos títulos indexados à inflação. E esse impacto será maior quando entrarem as cotas relativas a ontem, quando os juros subiram ainda mais. Nos multimercados, as perdas também foram fortes e vários gestores independentes acumulam perdas de 4%, 5% no mês. Um fundo do Opportunity, o Mid 90, mais agressivo, chegou a perder 20% no mês até quarta, mas ainda tem ganho de 20% no ano.

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