07 de agosto a 11 de agosto de 2006

Comércio Exterior

Resultados
Setor automobilístico lidera importações
Revisão do SGP
Mantido superávit com os EUA
Maior autonomia para a CAMEX

Agronegócio


Balança Comercial Agrícola
Soja e sucroalcooleiros impulsionam vendas
Alta do café
Rússia retoma compras do MT

Mercosul


TLC Uruguai - EUA
Argentina e Uruguai no Tribunal

OMC


Camex retomará disputa do algodão

Plano Internacional


Petróleo ultrapassa os US$ 78
ONU aprova cessar-fogo
Uribe toma posse na Colômbia
Oposição lança candidato na Venezuela
Polícia britânica frustra plano terrorista
China com o pé no freio





Comércio Exterior

a) Resultados


No acumulado entre janeiro e a primeira semana de agosto, a balança comercial brasileira registrou US$ 23,823 bilhões, 1,02% maior em comparação com os US$ 25,562 alcançados em igual intervalo de 2005. As exportações totalizaram US$ 76,907 bilhões, crescimento de 14,7% sobre o mesmo dado do ano passado, enquanto que as importações somaram US$ 51,084 bilhões, aumento de 23,1% na mesma comparação.

A primeira semana de agosto teve 4 dias úteis e registrou um saldo positivo de US$ 653 milhões, 26,5% acima do superávit da semana anterior - de apenas 1 dia útil. Tais resultados refletem US$ 1,732 bilhão em compras no mercado internacional e vendas no valor de US$ 2,385 bilhões.

b) Setor automobilístico lidera importações 

A atual tendência de crescimento das importações, motivada pela valorização do real, registra maior presença no setor automobilístico, que ao longo do primeiro semestre elevou em 54,3% a quantidade de produtos estrangeiros comprados. A alta de 15% nos preços impulsionou em 78,4% a renda destinada aos importados. Argentina e México são os principais mercados exportadores de veículos automotores para o Brasil, um comércio que cresceu 60% desde janeiro.

Este resultado é reflexo dos acordos comerciais que permitem a isenção de tarifas de importação sobre os produtos argentinos e mexicanos, instrumento utilizado principalmente por multinacionais do setor. Os demais países que vendem ao Brasil pagam 35% em taxações alfandegárias.

c) Revisão do SGP 

Permanecem as especulações sobre a exclusão de países como Brasil e Índia do Sistema Geral de Preferências (SGP) americano, mecanismo que permite a isenção de tarifas para determinados produtos estrangeiros. A representante comercial americana, Susan Schwab, iniciou, na segunda-feira, 7 de julho, uma nova fase do processo de revisão do SGP na qual empresas, sindicatos e demais associações, poderão atuar na definição dos critérios adotados para a escolha dos beneficiados pelo programa.

Apesar de nada estar definido sobre a possível saída de 13 países, a pressão é grande por parte de alguns senadores, como o republicano Chuck Grassley, que colocam sobre Brasil e Índia a responsabilidade pela suspensão da Rodada Doha da OMC, motivo que justificaria retaliações por meio da exclusão do SGP. Em 2005, os Estados Unidos importaram um total de US$ 26,7 bilhões em compras de aproximadamente 3,4 mil produtos provenientes de 133 países contemplados pelo SGP. Os principais beneficiados pelo SGP no Brasil são filiais de multinacionais que vendem para os Estados Unidos aproveitando as isenções tarifárias, portanto, a medida poderia prejudicar as próprias companhias americanas. Analistas prevêem que, em caso de perda das vantagens do SGP, é provável que as multinacionais acionem filiais de países como China para manter as vendas.

A alternativa para a exclusão de países é limitar a revisão do SGP à retirada de alguns produtos da pauta. O Itamaraty considerou natural a possibilidade de exclusão e inclusão de alguns produtos à lista de beneficiados pelo programa, mas descarta a possibilidade de expulsão do Brasil: "O Poder Executivo norte-americano já se posicionou sobre isso, enviou há alguns meses a proposta de revisão do SGP ao Congresso com a inclusão do Brasil. Não há nada que justifique uma mudança da posição do governo dos EUA" declarou um alto funcionário do Ministério das Relações Exteriores.

d) Mantido superávit com os EUA

A balança comercial Brasil - Estados Unidos registrou em junho um superávit de US$ 853 milhões, próximo ao dobro dos US$ 429 milhões do mês anterior. Este salto é atribuído ao fim da greve dos funcionários da Receita Federal que represou as mercadorias durante o mês de maio. Segundo o departamento de comércio americano, o saldo positivo alcançado entre janeiro e junho pelo Brasil frente os americanos foi de US$ 3,84 bilhões, valor inferior aos US$ 4,637 bilhões do mesmo período de 2005. O petróleo foi o produto que apresentou maior crescimento nas vendas para o mercado americano: 226%

e) Maior autonomia para a CAMEX

Após a suspensão da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC), a política comercial brasileira vem sendo questionada e algumas alternativas aparecem com o objetivo de reduzir a dependência do Brasil em relação ao sistema multilateral. A mudança defendida pela Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) exige uma maior participação do setor privado na Camex, órgão criado em 1995 e atualmente bastante criticado pelo empresariado paulista.

A proposta do ex-embaixador Rubens Barbosa, atual Presidente do Conselho de Comércio Exterior da Fiesp, defende uma presidência da Camex que responda diretamente ao Executivo, aproximando o setor privado da formulação das estratégias comerciais do país. Segundo um dos fundadores da câmara, o ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Sérgio Amaral, a Camex "não está sendo respeitada porque uma parte das suas atribuições está sendo subtraída por vontade da previdência". O Itamaraty permaneceria responsável pela coordenação das negociações externas.

Agronegócio

a) Balança Comercial Agrícola

A balança comercial do agronegócio registrou um superávit de US$ 23,033 bilhões entre janeiro e julho, resultado 7,71% superior ao recorde de US$ 21,383 bilhões alcançado no mesmo intervalo de 2005. As exportações chegaram a US$ 26,595 bilhões, alta de 9,6% sobre as vendas do mesmo período do ano passado, enquanto que as compras no mercado internacional registraram US$ 5,856 bilhões, crescimento de 17.9% sobre o mesmo dado de 2005.

O fechamento de doze meses encerrados em julho apresenta um saldo positivo de US$ 40,067 bilhões, 11,06% acima dos US$ 36,076 bilhões registrados no ano passado. Este crescimento é reflexo de exportações que somam US$ 45,923 bilhões, alta de 11,94%, e importações na ordem de US$ 5,856 bilhões, um aumento de 17,9% na comparação com 2005.

Considerando apenas o mês de julho, observou-se um avanço de 28,6% nas vendas agrícolas em relação a junho, o que elevou de US$ 4,072 bilhões para US$ 5,236 bilhões os rendimentos com as exportações do setor. As importações apresentaram crescimento ainda maior: os US$ 578 milhões representam uma alta de 41,6% sobre as compras do mês anterior.

b) Soja e sucroalcooleiros impulsionam vendas

As exportações de soja e sucroalcooleiros foram o destaque do mercado exterior brasileiro: juntos, ambos correspondem a cerca de 80% do total embarcado pelo agronegócio brasileiro. O complexo soja exportou US$ 1,438 bilhão, salto de 32,9% sobre os US$ 1,082 bilhão alcançados em julho de 2005. As vendas do setor sucroalcoolerio renderam US$ 1,034 bilhão, um notável crescimento de 123,2% frente aos US$ 463,4 do mesmo período do ano passado.

c) Alta do café

As exportações de café recuaram em julho, reflexo do atraso nas colheitas e do ritmo lento nas vendas. O volume embarcado foi de 1,811 milhão de sacas no mês, alta de 3,4% frente ao mês anterior, e redução de 8,5% na comparação com julho de 2005. O valor somado pelas exportações fechou em US$ 204,538 milhões, 10,5% abaixo do mesmo mês do ano passado e 1,44% menor em relação a junho.

A recente redução da oferta pelo Vietnã, maior produtor do grão, elevou os preços na Bolsa de Londres. Se no primeiro semestre a queda registrada pelo volume das exportações foi de 12% e a valorização chegou a 11% - de US$ 108 para US$ 120 - as últimas reações elevaram a cotação em 1,3%, valorização que já soma 16% no ano.

d) Rússia retoma compras do MT

O governo russo retomou, a 10 de agosto, as importações de carne bovina provenientes do estado do Mato Grosso, bloqueadas devido aos focos de febre aftosa encontrados nos estados vizinhos do mato Grosso do Sul e do Paraná. A liberação de apenas um dos sete estados bloqueados é apontada por analistas como uma manobra para privilegiar a indústria russa. O estado de Santa Catarina, por exemplo, maior produtor de carne suína, não foi liberado, enquanto que o governo russo criou há pouco tempo um programa de incentivo à sua indústria de carne suína.

O embargo movido pela Rússia à carne brasileira foi o principal empecilho para a exportação do produto no primeiro semestre do ano: a queda foi de 26,93% em relação a igual período de 2005, o que rendeu US$ 489 milhões, e o volume embarcado baixou para 251,167 mil toneladas, 28,8% menor na mesma comparação. Considerando apenas o mês de julho a receita caiu 32,1% e chegou a US$ 79 milhões enquanto que o volume embarcado foi de 39,386 mil toneladas, queda de 35,3%. O primeiro semestre apresentou uma queda de 27,51% nas exportações de carne bovina para o mercado russo, responsável por aproximadamente 65% das exportações de carne brasileira.

Mercosul

a) TLC Uruguai - EUA

Em conferência realizada pelo Conselho das Américas e a Câmara de Comércio Uruguai-EUA, cujo tema discutido era "Uruguai na economia global", o presidente Tabaré Vázquez, defendeu a dissociação entre ideologia e tratados comerciais. Diante da possibilidade de um Tratado de Livre Comércio (TLC) com os Estados Unidos, Vázquez enfrenta fortes divergências internas na Frente Ampla, coalizão do governo cuja maioria é origem de centro-esquerda.

Quanto à possibilidade de violação das normas do Mercosul que proíbem acordos bilaterais entre seus membros plenos e outros países, o presidente uruguaio reforçou seu comprometimento com o bloco, mas não escondeu as dificuldades comerciais que o Uruguai tem enfrentado ultimamente.

b) Argentina e Uruguai no Tribunal

A disputa entre Uruguai e Argentina envolvendo a instalação de duas papeleiras na margem uruguaia do Rio Uruguai tem um novo palco: o Tribunal Arbitral do Mercosul, na sede do bloco, em Montevidéu. As audiências foram convocadas pelo governo uruguaio devido aos bloqueios que fecham as pontes fronteiriças desde dezembro, uma violação ao Tratado de Assunção - documento fundador do Mercosul - que garante a livre circulação. Calcula-se que os protestos já tenham somado prejuízos na ordem de US$ 400 milhões.

O prazo para que o tribunal anuncie sua decisão é 7 de setembro e tal veredicto estará sujeito a apelação no Tribunal Permanente de revisão do bloco, sediado na capital paraguaia, Assunção.

OMC

a) Camex retomará disputa do algodão

Em decisão conjunta, os sete ministros que integram a Camex (Câmara de Comércio Exterior) decidiram autorizar os representantes brasileiros na Organização Mundial do Comércio (OMC) a submeter o pedido que condena os subsídios do governo americano a seus produtores de algodão. A ação tem base na omissão dos Estados Unidos, que não retiraram seus incentivos até 21 de setembro de 2005. O pedido tem potencial para um reembolso de pouco mais de US$ 4 bilhões e está previsto para submissão em 1º de setembro, data de retomada dos trabalhos no Órgão de Solução de Controvérsia da OMC. A réplica americana deverá ser feita após um prazo de 90 ou 120 dias.

O chanceler brasileiro, Celso Amorim, mostrou preocupação com a possibilidade do surgimento de hostilidades a partir da apelação brasileira, o que bloquearia ainda mais as conversas para a retomada da Rodada Doha da OMC. A decisão da Camex também pode tencionar as relações com Washington e implicar na exclusão do Brasil do Sistema Geral de Preferências (SGP), benefício concedido por Washington a parceiros em desenvolvimento e aproveitado por 20% das exportações brasileiras destinadas ao mercado americano.

Plano Internacional

a) Petróleo ultrapassa os US$ 78

Logo após ser comunicado o fechamento do campo de exploração de petróleo Prudhoe Bay, no Alasca, o preço do barril de petróleo se aproximou dos US$ 77 em Nova Iorque e ultrapassou os US$ 78 em Londres. Segundo a notícia, esta reserva é o maior campo petrolífero americano, respondendo por 8% da produção diária dos Estados Unidos, e teria sua produção suspensa por meses devido a vazamentos e corrosões em um oleoduto.

Ao final da semana o WTI registrava US$ 74,50 em Nova Iorque e US$ 75,70 em Londres.

b) ONU aprova cessar-fogo

A resolução 1701, aprovada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU), na sexta-feira, 11 de agosto, estabeleceu um cessar-fogo entre Líbano e Israel a ser iniciado às 7h (local) do dia 14 de agosto. O documento prevê o envio de aproximadamente 15 mil soldados na posição dos chamados "capacetes azuis" (tropas internacionais da ONU), que atuarão juntamente com o exército libanês e sem a presença de tropas israelenses.

Apesar de Líbano e Israel terem aceitado os termos, a trégua é considerada frágil, uma vez que dependente da postura do Hizbollah e da eficiência das tropas internacionais. Além disso, o exército israelense se recusa a deixar a região sul do Líbano antes da chegada dos exércitos liderados pela ONU.

c) Uribe toma posse na Colômbia

Álvaro Uribe, assumiu, a 7 de agosto, seu segundo mandato como presidente da Colômbia, na primeira reeleição ocorrida no país. Seu alto nível de popularidade é reflexo da recuperação da segurança pública - redução de 43% nos homicídios e 56% nos seqüestros - e lhe rendeu 7,3 milhões de votos no pleito de 28 de maio.

d) Oposição lança candidato na Venezuela

O social-democrata Manuel Rosales, governador do estado venezuelano de Zulia, foi apresentado como o candidato da oposição ao pleito presidencial de dezembro, no qual Hugo Chávez irá concorrer à reeleição. Os demais pré-candidatos se retiraram em favor de Rosales em uma decisão consensual que exigiu meses de debate - eleições primárias estavam agendadas para domingo, dia 13 de agosto, mas foram canceladas.

O candidato, um dos dois únicos governadores opositores a Chávez nos 24 estados da Venezuela, colocou como prioridade social de seu programa a "distribuição certa da riqueza petrolífera" e defendeu uma política externa "para a paz, não uma política ideológica par a guerra." Segundo as mais recentes pesquisas de intenção de voto, Hugo Chávez possui 55% do apoio do eleitorado.

e) Polícia britânica frustra plano terrorista

A polícia britânica interceptou um grande plano terrorista contra vôos comerciais com rota Reino Unido - Estados Unidos. A intenção era detonar explosivos escondidos em bagagens de mão no momento em que o avião sobrevoasse o atlântico. Mais de 20 pessoas foram presas e o alerta nos aeroportos britânicos e americanos subiu ao nível máximo.

f) China com o pé no freio

O Banco Popular da China - equivalente ao Banco Central chinês - informou que adotará medidas para reduzir o superávit em sua balança comercial e desacelerar o crescimento de sua economia. A mudança aumentará as importações, permitirá uma maior evasão de capitais e a flexibilização do iuane (moeda local). O primeiro semestre registrou um crescimento de 10,9% na economia da China; seu superávit aumentou para US$ 61,5 bilhões, alta 50% no mesmo período.
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