Comércio Exterior
a) Resultados
Empurradas pela elevação sustentada nas cotações internacionais, e mesmo com redução na quantidade vendida, as Exportações do agronegócio brasileiro avançaram 17,8% no primeiro trimestre deste ano na comparação com o mesmo intervalo de 2007, informou ontem a Secretaria de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura. De janeiro a março, o setor embarcou US$ 13,9 bilhões. Na outra mão, as importações do setor cresceram 49,5%, somando US$ 3 bilhões no período. Como resultado, o superávit acumulado bateu em US$ 10,89 bilhões em 2008 - 11,3% superior aos primeiros três meses de 2007.
O agronegócio superou a performance da balança comercial dos demais setores do país. Os dados apontam um crescimento de 11,6% nas vendas de produtos não-agropecuários com um déficit de US$ 8,05 bilhões para esses setores. Com isso, o agronegócio ampliou de 34,7% para 36% sua participação nas Exportações globais. Em março, as vendas do setor foram responsáveis por 38% desse total. O embargo da União Européia à carne bovina nacional afetou o desempenho dos embarques do produto em março. As vendas de carne in natura recuaram 11%, ou US$ 34 milhões. Ainda assim, o trimestre registrou um avanço de 8,7%, para US$ 1,17 bilhão. No total, o complexo carnes gerou receita cambial de US$ 3,14 bilhões, resultado 30,3% superior ao mesmo período do ano passado. Frango, suínos e perus in natura salvaram o segmento.
As Exportações do complexo soja, no total de US$ 2,24 bilhões, foram 34,8% maiores nestes primeiros três meses na comparação com 2007. Destaque para óleo, que rendeu US$ 520 milhões (148,5%)
b) Alta no setor de máquinas agrícolas
O mercado de máquinas agrícolas manteve sua rota ascendente no mês de março e encerrou o primeiro trimestre com forte aceleração. Produção, vendas no mercado interno e exportações tiveram crescimento expressivo em comparação com o mesmo período de 2007, de acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). De janeiro a março, foram produzidas 19 mil máquinas, volume 56,2% superior ao do primeiro trimestre de 2007. As vendas internas avançaram 54,6% no período, para 11,1 mil, e as exportações somaram 6,8 mil unidades, um aumento de 40,3%. Em volume financeiro, o crescimento das vendas ao mercado externo foi de 23,5%, para US$ 700 milhões.
O aquecimento do segmento ampliou o número de contratações. As fabricantes de máquinas agrícolas encerraram março com 16,8 mil trabalhadores, número 25,4% superior ao de março do ano passado. Em comparação com fevereiro, o crescimento foi de 1,7
Agronegócio
a) Recorde no embarque de café
As exportações de café do Brasil, o maior produtor mundial do grão, alcançaram uma receita histórica de US$ 4 bilhões entre abril 2007 e março de 2008. Dados divulgados na sexta-feira pelo CeCafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil) mostram que foram embarcadas 27,8 milhões de sacas de 60 quilos nesses doze meses.
Em março, a receita foi de US$ 376 milhões, alta de 14,5% em relação ao mesmo mês do ano passado. Mas em volume, houve queda de 5,7%, para 2,3 milhões de sacas, devido a uma retração nas vendas para a Alemanha.
De janeiro a março deste ano foram exportadas 6,6 milhões de sacas, queda de 3,5% em relação aos três primeiros meses de 2007, de acordo com o órgão.
b) Estudo estima perdas logísticas
O Brasil terá prejuízos de US$ 3,88 bilhões com a precariedade do sistema de transporte que movimentará a safra recorde de 2008. A perda tomará 7,8% da receita estimada para o setor agrícola brasileiro neste ano, quando a renda das exportações (excluídos produtos florestais e complexo carne) deve atingir cerca de US$ 50 bilhões.
Há quatro anos, as perdas com a ineficácia do sistema de escoamento da safra sugaram US$ 2,5 bilhões das exportações. O estudo é assinado pela (Anda) Associação Nacional para Difusão de Adubos, entidade que abriga empresas que trazem para o país todos os anos 70% dos fertilizantes usados na agricultura brasileira.
O cálculo fechado considera os prejuízos com a perda de 3% da safra de grãos na logística terrestre (algo como 4,1 milhões de toneladas entre a fazenda e o porto) e o custo adicional para manter, além do tempo contratado, os navios a espera de um espaço para descarregar fertilizantes ou carregar produtos agrícolas, como soja, milho, café, açúcar e até frutas nos portos da costa brasileira. No primeiro caso, a perda atinge US$ 1,88 bilhão. No segundo caso, a perda alcança a cifra maior, US$ 2 bilhões.
Em 2004, a despesa com tempo adicional de espera de navios em portos era de US$ 1,2 bilhão. O bom desempenho do agronegócio brasileiro só agravou o problema nos últimos quatro anos, período em que o custo com o chamado "demurrage" (nome técnico para a sobrestada dos navios em portos) subiu mais de 60%.
c) Rússia libera carne bovina
Os Estados de Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo já podem voltar a exportar carne bovina in natura para a Rússia. A decisão foi comunicada ontem pelo Serviço Veterinário da Rússia ao Ministério da Agricultura. Quarenta estabelecimentos foram autorizados a retomar as vendas. O comércio estava suspenso desde 2005, quando foram diagnosticados casos de febre aftosa nos rebanhos do Mato Grosso do Sul e do Paraná. Agora, a Rússia liberou a exportação em três Estados e em alguns estabelecimentos em Goiás, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Tocantins, Rondônia e Santa Catarina. Atualmente, há 158 estabelecimentos habilitados a exportar carnes bovina, suína e de aves para a Rússia.
Plano Internacional
a) Bush aguarda posição do Congresso sobre acordo com Colômbia
O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, enviou no dia 6 ao Congresso o projeto de lei que prevê um Tratado de Livre Comércio (TLC) com a Colômbia, em claro desafio aos democratas ,que se opõem ao pacto. "Esse tratado permitirá aos EUA melhorar a segurança em uma região crítica para nós", disse Bush, durante uma cerimônia na Casa Branca. Bush ainda destacou a importância de que o texto seja aprovado antes que o Congresso inicie o recesso de férias (no meio do ano), pois, do contrário, não haveria tempo de levar adiante a iniciativa antes das eleições de novembro. Em uma tentativa de suavizar a oposição democrata, o presidente afirmou que o TLC com a Colômbia contém as questões ambientais e trabalhistas mais estritas em comparação com todos os outros tratados comerciais com os EUA.
Bush indicou que o tratado é similar ao que se aprovou com o Peru, com a diferença de que a economia colombiana é maior e seu papel estratégico, maior. Afirmou, além disso, que a "aprovação da legislação é a melhor forma de demonstrar apoio" para seus aliados. "A não-ratificação deste tratado enviaria a outros países a mensagem de que nossos amigos não podem contar com a ajuda dos EUA", apontou Bush.
b) China: inflação pressiona alta do Yuanan
A moeda chinesa passou ontem a barreira dos 7 yuans por dólar, em mais uma indicação de que o aumento de seu ritmo de valorização se tornou um dos principais instrumentos do governo para tentar conter a inflação, que em fevereiro atingiu o mais alto nível em quase 12 anos. O yuan fechou em 6,992 e acumula alta de 4,5% em relação ao dólar em 2008, porcentual que equivale a quase dois terços dos 6,9% registrados em todo o ano passado. Desde que a China abandonou o regime de câmbio fixo, em julho de 2005, a moeda local ganhou 18,4% em relação à americana.
Puxada pela alta dos alimentos, a inflação atingiu 8,7% em fevereiro, depois de ficar em 7,1% no mês anterior. Na próxima semana, será divulgado o índice de março, que deve ser superior a 8% (no acumulado em 12 meses). A disparada de preços torna pouco provável o cumprimento da meta de 4,8% fixada pelo governo para o ano inteiro de 2008. O combate à inflação se tornou o principal objetivo de Pequim, uma vez que as remarcações afetam principalmente a população mais pobre e são um poderoso foco de instabilidade social. Mas as autoridades sabem que as medidas para segurar a inflação não podem impedir que a economia cresça ao menos 8% ao ano, considerado o nível mínimo para geração dos 10 milhões de empregos de que a China necessita a cada ano.
A valorização do yuan ajuda no combate à inflação ao reduzir o preço dos produtos importados e diminuir o superávit comercial da China, uma das principais fontes do aumento da quantidade de dinheiro em circulação na economia, apontado por muitos especialistas como a origem das recentes remarcações.