04 a 08 de agosto de 2008

Comércio Exterior

Resultados
Ferrous adquire terreno para porto e pelotizadoras no ES
Justiça prorroga benefício tributário para importação
Empresários querem mais missões à China

Agronegócio

Soja "se descola" e sobe na BM&F em julho
Exportar vira opção para produtor de trigo
Alta das commodities agrícolas fortalece cooperativas do país
União Européia concede cota de importação para açúcar

Mercosul

Argentina vai liberar venda de 500 mil toneladas de trigo
Ruralistas do Mercosul reclamam do fiasco de Doha

Organização Mundial do Comércio (OMC)

Lamy viaja à Índia e EUA para tentar reverter o fracasso da Rodada Doha
Brasil vai levar Estados Unidos aos tribunais, diz Amorim

Plano Internacional

Exportação russa de armas deve ser recorde



Comércio Exterior

a) Resultados

As vendas de produtos básicos para o exterior, como soja, petróleo e carnes ajudaram a garantir o recorde nas exportações brasileiras alcançado até julho deste ano. As exportações de produtos básicos cresceram 47,9% nos sete primeiros meses do ano, enquanto as vendas de industrializados avançaram 16,3%.

Segundo dados da balança comercial brasileira, as exportações e as importações brasileiras bateram recorde em julho e também no acumulado nos sete primeiros meses de 2008. Do início deste ano até julho, a balança comercial brasileira soma US$ 14,653 bilhões. As exportações foram de US$ 111,098 bilhões e as importações ficaram em US$ 96,445 bilhões, uma média diária de US$ 760,9 milhões e US$ 660,6 milhões, respectivamente.

Nos sete primeiros meses de 2007, conforme dados do ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o superávit comercial acumulado foi de US$ 23,920 bilhões, reflexo de vendas de US$ 87,333 bilhões e compras de US$ 63,413 bilhões.

Esses recordes foram puxados, principalmente, pelo aumento de preços no mercado internacional. A soja em grão, por exemplo, registrou o maior crescimento de exportações no ano (80%). Houve 12% de aumento na quantidade exportada e de 61% no preço.

No caso do petróleo, o efeito do preço fica ainda mais evidente. Houve queda de 17% na quantidade exportada e aumento de 96% no preço. Com isso, as vendas brasileiras subiram 63%, para US$ 6,8 bilhões.

O secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, afirmou que o recorde de julho é também reflexo de um fator sazonal, já que as exportações sempre aumentam nessa época do ano, impulsionadas pela safra agrícola e pela aceleração da economia. Ele disse acreditar que essa tendência se mantenha pelo resto do ano. "A participação das commodities tem aumentado muito. Haverá uma continuidade de crescimento das exportações brasileiras. Com isso, teremos um importante saldo comercial neste ano", afirmou.

As importações brasileiras continuam crescendo mais que as exportações. Mas houve uma desaceleração dessa tendência no mês passado. A taxa de crescimento das exportações passou de 24,4% para 27,2% no acumulado do ano entre os meses de junho e julho. Na mesma comparação, a taxa de importações subiu de 51,8% para 52,1%.

Apesar do ritmo menor, Barral disse ser difícil reverter a tendência de crescimento das importações devido ao aumento dos preços internacionais e ao crescimento da economia brasileira. Os dados da balança mostram que 48,3% das importações brasileira são de matérias-primas para a indústria. Outros 20% são de máquinas e equipamentos para a produção.

Além disso, houve forte crescimento nas compras brasileiras de combustíveis e lubrificantes (78%) e de automóveis (115%) no acumulado do ano. "Quase metade das importações brasileiras são insumos industrializados. O que torna difícil reduzir as importações em um momento de crescimento da economia brasileira", afirmou.

b) Ferrous adquire terreno para porto e pelotizadoras no ES

A Ferrous Resources acaba de definir o seu projeto de logística portuária e de pelotização, que faz parte de seu ambicioso projeto de mineração de ferro no Brasil. O complexo, que exigirá investimento de quase US$ 3 bilhões, será erguido em uma área de 11 milhões de metros quadrados localizada em Presidente Kennedy, município de 10.307 habitantes situado no extremo sul do Espírito Santo, na divisa com o Rio de Janeiro.

O plano da empresa é instalar no local três usinas de pelotização, aptas a produzir juntas 21 milhões de toneladas anuais, e um terminal portuário para exportar 50 milhões de toneladas ao ano. Esse complexo estará interligado por um mineroduto de 400 quilômetros de extensão até Congonhas (MG), onde a empresa desenvolve atualmente seu ambicioso projeto de exploração de minério de ferro.

O terminal portuário e o parque de pelotização vão exigir investimentos de US$ 2,7 bilhões. Desse valor, US$ 1,7 bilhão serão destinados à implantação das três usinas de pelotas - cada uma delas desenhada para produzir 7 milhões de toneladas anuais. O orçamento contempla ainda a instalação de uma usina termoelétrica para suprir as unidades industriais, que são grandes consumidoras de energia.

Pelotas é um produto resultante da aglomeração de minério super fino de ferro (pellet-feed) e lançada em altos-fornos ou em fornos de redução direta para fabricação do aço. Tem valor em torno de US$ 160 a tonelada.

A parcela restante de US$ 1 bilhão vai ser aplicada na construção do terminal portuário, que contará com três berços: dois destinados à exportação, com capacidade de embarque de 50 milhões de toneladas ao ano, e um à importação da matéria-prima usada pelas pelotizadoras - como carvão e betonita.

O projeto, em fase de detalhamento, prevê uma ponte de quatro quilômetros até o pier de atracação dos navios. Embora ainda não tenham sido concluídos os estudos técnicos, Graham disse ser possível montar um terminal com calado de 20 metros, permitindo o atracamento de navios de grande porte. "Para isso será necessário fazer dragagem, pois a profundidade hoje é em torno de 15 metros".

Os recursos desse complexo industrial fazem parte do plano de investimento anunciado recentemente pela Ferrous, de US$ 5,6 bilhões até 2014. Dona de quatro minas na rica região do quadrilátero ferrífero, em Minas Gerais, a empresa intenciona produzir 50 milhões de toneladas por ano dentro de seis anos. As operações começaram neste ano, com previsão de embarque de 1,2 milhão de toneladas de finos. Esse volume deverá chegar a cinco milhões em 2009.

Segundo Graham, a Ferrous chegou a analisar diversas localizações no litoral capixaba e do Rio para instalar o porto e as pelotizadoras. "Não é fácil encontrar uma grande área aberta como esta de Presidente Kennedy", disse. A Ferrous contará com incentivos do governo capixaba, por meio do programa Invest-ES, que contempla, entre outros benefícios, diferimento do ICMS na aquisição de máquinas e equipamentos, crédito presumido e redução do cálculo da base do imposto estadual.

c) Justiça prorroga benefício tributário para importação

Mesmo com o término em junho deste ano de um benefício fiscal concedido pela Câmara de Comércio Exterior (Camex) do Ministério do Desenvolvimento - que reduzia a alíquota do imposto sobre importações de 14% para 2% para bens de capital não produzidos no país -, um frigorífico do Rio Grande do Sul conseguiu uma liminar na Justiça Federal que garante o recolhimento do imposto pela alíquota reduzida, em uma importação de máquinas da Holanda para o corte de aves. Com a decisão, a empresa conseguiu reduzir o pagamento do imposto de R$ 448 mil para R$ 64 mil em relação ao total importado, de 1,344 milhão de euros. A Resolução nº 32, editada em 2006 pela Camex, manteve o imposto em 2% até junho deste ano, mas não foi reeditada, o que fez a alíquota voltar aos 14% em julho.

Benefícios nas importações de bens de capital - chamados de "ex tarifários" - são concedidos pela Camex e pela Receita Federal para equipamentos não produzidos no país, mas têm prazo de dois anos, pois as indústrias nacionais podem começar a fabricá-los. Tanto os pedidos para a concessão de ex tarifários quanto para suas renovações têm de passar pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), que emite atestados quando não há fabricação nacional.

No caso das máquinas importadas pelo frigorífico, sete processos administrativos pedindo a renovação, inclusive com os atestados da Abimaq, aguardam desde maio a análise do Ministério do Desenvolvimento. "A empresa não pode ser punida por causa da demora da Camex em deferir os processos", diz o advogado do frigorífico, Gilson Rasador, do escritório Pactum Consultoria Empresarial. Ele afirma que a negociação com os fornecedores das máquinas havia sido fechada no mês passado, quando a redução do imposto ainda vigorava.

Segundo o advogado, o Supremo Tribunal Federal (STF) já firmou entendimento de que a data do fato gerador para o imposto sobre importações é a da chegada dos produtos ao Brasil e não a da negociação. Mas o advogado acredita que isso não será problema caso a ação chegue à corte. "Os processos pedindo a renovação do benefício já estavam em andamento na Camex", diz.

A Segunda Turma do Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região, em pelo menos dois julgamentos ocorridos em 2006, estendeu a vigência de ex tarifários prescritos durante o trânsito de produtos importados.

Para o coordenador-geral da Camex, Ronaldo Almeida, responsável pela área de indústrias de bens de capital, as importações devem seguir as regras vigentes no momento do desembarque dos equipamentos. Segundo ele, os pedidos de renovação dos ex tarifários para as máquinas importadas pelo frigorífico gaúcho foram feitos em cima da hora - a um mês da prescrição. "Um processo como esse leva até quatro meses para ser aprovado", afirma.

A liminar concedida pela juíza federal substituta, Rafaela Santos Martins, da 2ª vara federal do Rio Grande do Sul, também afastou a incidência, sobre as máquinas da empresa, do alargamento da base de cálculo do PIS e da Cofins sobre importações, previsto na Lei nº 10.865, de 2004. A norma elevou de 9,65% para 11,5% a carga dessas contribuições, ao incluir tributos como o ICMS, ISS, PIS e Cofins na base formada pelo valor aduaneiro. A lei já foi contestada no Supremo que, no ano passado, decidiu pela repercussão geral do tema e paralisou a subida de recursos até que julgue a questão.

d) Empresários querem mais missões à China

A visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Pequim para a abertura dos Jogos Olímpicos preocupa o setor empresarial. Empresas com negócios na China apóiam a iniciativa, mas estão receosas com a falta de conteúdo econômico da viagem e pedem nova visita presidencial ainda este ano ou, no máximo, no primeiro trimestre de 2009.

"A ida do presidente para defender a candidatura do Rio é importante, mas não podemos encarar como uma visita oficial", disse Rodrigo Tavares Maciel, secretário-executivo do Conselho Empresarial Brasil - China, entidade formada por empresas brasileiras e chinesas. "É impossível abrir mão da presença do governo para estreitar o relacionamento bilateral", insistiu, reforçando que uma visita presidencial tem "enorme" impacto no comércio e nos investimentos.

Da mesma forma que outros cerca de 80 chefes de Estado, Lula participa da cerimônia de abertura das Olimpíadas na sexta-feira. O governo quer utilizar sua presença como um trunfo para a campanha do Rio como sede dos jogos em 2016, mas o presidente já antecipou que também pretende tratar de outros assuntos. No programa de rádio "Café com o Presidente" ontem, ele disse que vai conversar com o presidente da China, Hu Jintao, sobre as negociações da Rodada Doha.

A expectativa do Itamaraty é que o presidente brasileiro se reúna com seu colega chinês e também com o primeiro-ministro, Wen Jiabao, na quinta-feira. Os encontros ainda não estão confirmados. Se ocorrerem, significarão uma deferência importante da China, que já anunciou que não pretende misturar assuntos políticos e econômicos com um evento esportivo. Segundo fontes próximas ao Itamaraty, Lula decidiu participar do evento na última hora e a embaixada do Brasil em Pequim teve que correr para conseguir reservar quartos em um hotel para a comitiva presidencial.

Os empresários reclamam da falta de prioridade do governo com a China, considerado um aliado estratégico. Depois da visita do presidente Lula à China e a vinda de Hu ao Brasil em 2004, ambos acompanhados por expressivas comitivas empresariais, as visitas escassearam. O vice-presidente José de Alencar foi à China em março de 2006. O ex-ministro do Desenvolvimento Luiz Fernando Furlan também esteve duas vezes no país, mas para tratar de acordos de restrições de importações.

Maciel insiste que uma visita de Lula é fundamental para implementar a "Agenda China", conjunto de ações positivas formulada por governo e setor privado. A balança comercial pode ser um sinal dos motivos do desinteresse. Em 2003, antes da primeira viagem de Lula, o Brasil teve superávit de US$ 2,4 bilhões com a China. Em 2007, amargava déficit de US$ 1,7 bilhão.

Agronegócio

a) Soja "se descola" e sobe na BM&F em julho

A pouca disponibilidade de soja no mercado físico motivou, em julho, o "descolamento" dos preços do grão no mercado futuro da bolsa de Chicago e na BM&FBovespa. Usualmente, a cotação futura do grão na bolsa brasileira acompanha o movimento da americana, referência internacional para a formação de preços.

Segundo cálculos do Valor Data, a média dos contratos de soja de segunda posição de entrega (normalmente os de maior liquidez) acumulou baixa de 0,39% em julho. Na BM&FBovespa, os contratos de segunda posição subiram 3,14%. No ano, as altas acumuladas são de 28,21% e 37,66%, respectivamente, de acordo com o Valor Data.

"A safra ’velha’ [2007/08] está muito vendida, o que eleva o preço no mercado físico. Isso se reflete na bolsa", diz Carlos Alexandre Gallas, da Intertrading Agentes Autônomos.

Grosso modo, a formação do preço futuro da soja na bolsa brasileira leva em consideração a cotação de Chicago mais o prêmio pago na exportação. Com o aumento das vendas antecipadas na safra 2007/08, a oferta de soja acabou apertada, o que ajuda a explicar o descolamento.

O fenômeno não foi registrado no milho, a outra commodity agrícola negociada em ambas as bolsas, e justamente pela expectativa de aumento da oferta do grão no mercado interno. Segundo o Valor Data, os contratos de segunda posição caíram 7,74% em julho. Na BM&FBovespa, a média dos papéis de segunda posição teve baixa de 1,10%.

"Julho é o mês em que o pior dos riscos climáticos, de geada, já passou. Por isso a queda", avalia Emmanuel Zullo, gerente agrícola da corretora Souza Barros. Gallas, da Intertrading, diz ainda que a produção do milho de segunda safra, o "safrinha", está acima do esperado. "Existia a expectativa de exportar entre 10 e 12 milhões de toneladas para a União Européia, mas neste ano a produção deles não está enfrentando os problemas que teve no segundo semestre de 2007", diz.

Ainda que momentâneo, o descasamento entre os preços da soja em Chicago e na BM&FBovespa ajuda a evidenciar um contrato que representa apenas 7% da movimentação total dos contratos agrícolas da bolsa brasileira, mas que cresceu quase 100% nos últimos 12 meses. Os contratos de boi gordo dominam amplamente as negociações, com cerca de 55% do volume total transacionado. Em julho, os contratos de segunda posição recuaram 5,44%.

Café, que subiu 1,69% em julho, e milho aparecem na seqüência do ranking. A soja é o quarto produto em volume negociado a BM&FBovespa. Etanol e açúcar, que subiram 8,92% e 7,37%, respectivamente, são os outros dois produtos com contratos transacionados na bolsa.

Os dados de volume negociado em julho ainda não foram compilados, mas Cézar Granieri, da mesa de operação de produtos agrícolas da Flow Corretora, acredita ter existido influência dos fundos de investimento na alta da soja em julho, em detrimento da baixa em Chicago. "Só na última semana os investidores institucionais compraram 1.500 contratos", disse.

Na sexta-feira, os papéis de soja para setembro recuaram 38,75 centavos de dólar na bolsa de Chicago, para US$ 13,5550 por bushel. Os contratos de milho com vencimento em dezembro caíram 22,50 centavos de dólar, para US$ 5,85 por bushel.

b) Exportar vira opção para produtor de trigo

Os produtores brasileiros de trigo, sobretudo os gaúchos, deverão exportar mais este ano. A colheita, que começa aos poucos em algumas regiões do Sul do país, não será nem de longe suficiente para suprir a demanda do mercado interno, como ocorre nos últimos anos, mas os embarques são uma das opções que os triticultores têm para garantir melhor rentabilidade.

A expectativa é de que as exportações atinjam até 800 mil toneladas na safra 2008/09. Se confirmada essa estimativa, o aumento em relação ao ciclo passado será de 26%. As exportações de trigo não são uma prática comum no Brasil - muito dependente da matéria-prima da Argentina. Mas em 2007, pela primeira vez, o país embarcou trigo para consumo humano, e o mesmo poderá ocorrer agora.

Tradicional importador (o segundo maior do mundo, atrás do Egito), o Brasil só vai exportar porque não terá espaço para comercializar o produto no mercado interno, que consome cerca de 10,5 milhões de toneladas anuais.

Durante o período de decisão de plantio, a partir de março, os preços do cereal atingiram o teto de R$ 830 (a tonelada) no mercado interno, o que motivou o aumento de 26% da área plantada, para 2,3 milhões de hectares, e produção estimada em 5,4 milhões de toneladas, com aumento de 38%.

Mas durante o pico da colheita, entre setembro e outubro, esse trigo estará cotado a R$ 500, de acordo com estimativas da consultoria Safras&Mercado. No Paraná, maior produtor do país, a tonelada fechou sexta-feira a R$ 650. "As cotações estão com viés de baixa", disse Élcio Bento, especialista em trigo da consultoria.

Em 2007/08, encerrado em 31 de julho, o Brasil importou 7,2 milhões de toneladas de trigo, dos quais 1 milhão de toneladas em farinha, com gastos de US$ 1,03 bilhão. No mesmo período, o país exportou 640 mil toneladas do cereal, com receita de US$ 200 milhões, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Para esta safra atual, a estimativa é importar 6,3 milhões de toneladas.

Os embarques brasileiros de trigo, quando ocorrem, geralmente são de produto de qualidade inferior, voltado para produzir ração animal. Os volumes colhidos no Paraná têm como destino o mercado interno por ser um cereal destinado às indústrias de panificação e massa. Já o Rio Grande do Sul, segundo maior produtor, produz o trigo denominado "soft", que é voltado para o mercado de biscoitos. É do mercado gaúcho que sairá boa parte dos embarques.

No ano passado, com a forte alta dos preços do trigo e grãos no mercado internacional, e a retenção das exportações de grãos e cereais pelo governo da Argentina, o cenário de oferta global para o produto ficou apertado. Em 2007, o trigo subiu 78% na bolsa de Kansas, onde se negocia o cereal de melhor qualidade. Neste ano acumula queda de 8%. Também este ano, o Brasil chegou a zerar a TEC (Tarifa Externa Comum), que é taxada em 10%, para comprar trigo de outros mercados, como os EUA. Com isso, cerca de 1 milhão de toneladas chegou ao país de fora do Mercosul.

Moinhos brasileiros se abasteceram para evitar novo revés da Argentina e não queriam correr o risco de uma quebra de safra no país, segundo fontes das indústrias ouvidas pelo Valor. Como não houve problemas climáticos, o Brasil deverá colher este ano um volume de 5,4 milhões de toneladas, 38% mais que no ciclo anterior. A Argentina também começou a liberar as licenças de exportação e deverá vender mais 900 mil toneladas referentes à safra velha, boa parte para o mercado brasileiro. A partir de dezembro, os argentinos voltam novamente ao mercado com sua nova safra de trigo.

"Os produtores apostaram na alta dos preços do trigo e plantaram mais. Só que o período de comercialização coincide com um momento agora de oferta abundante", disse uma fonte.

As indústrias moageiras não têm do que reclamar. Abastecidas, elas também se beneficiam da elevação da alíquota de 10% para 18% das tarifas de exportações de farinha de trigo da Argentina, em vigor desde 28 de julho. Há quase 10 dias, as indústrias ameaçaram entrar com processo antidumping contra os moinhos argentinos. A maior pedra no calcanhar das indústrias era justamente a diferença entre as tarifas argentinas de exportação de farinha de trigo e a do trigo em grão (em 28%). Por conta dessa diferença em favor da farinha, os volumes importados do produto industrializado estavam aumentando no Brasil, tirando a competitividade dos moinhos nacionais. Em visita à Argentina, o assunto voltará à pauta pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Com isso, acreditam analistas, as indústrias terão maior poder de barganha para negociar a compra da matéria-prima nacional. Sem muita alternativa, os produtores devem recorrer ao mercado externo. "O câmbio é o que deve pesar contra", afirmou Élcio Bento, da Safras.

Somente neste ano, as indústrias brasileiras anunciaram dois reajustes: 10% em março e 20% em abril por conta da alta da matéria-prima no mercado internacional. Em recente entrevista a este jornal, Sérgio Amaral, recém-empossado presidente da Abitrigo (Associação Brasileira das Indústrias de Trigo), disse que a entidade não comenta política de comercialização de suas associadas. Diante do cenário de superoferta interna, disse, o consumidor será o maior beneficiado. Só que ele não prevê qualquer queda de preços.

c) Alta das commodities agrícolas fortalece cooperativas do país

A perspectiva de manutenção de preços internacionais elevados para as commodities agrícolas tem gerado forte valorização dos ativos das cooperativas do agronegócio, sobretudo nos segmentos de grãos e carnes. A tendência, evidenciada nos resultados dos grupos mais profissionais, destoa da realidade de algumas grandes tradings multinacionais do agronegócio, às voltas com dificuldades de caixa para cobrir operações em mercados futuros na safra passada.

Favorecidas pelo salto global dos ativos do campo, as cooperativas têm acelerado planos de novos investimentos na industrialização de matérias-primas e, em regiões como o Rio Grande do Sul, optado pela associação em grandes centrais como forma de ampliar margens e reduzir custos. A receita passa pela diversificação das atividades e a agregação de valor à produção. "Nosso poder de fogo aumentou. É igual ou melhor que as grandes multinacionais", diz o presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes de Freitas. "Trabalhamos com sócios, e não com clientes, o que reduz a taxa de risco. Fazemos ativos sem ter que bancar estoques enquanto as tradings têm que comprar para armazenar". No Paraná, modelo nacional para o segmento, as cooperativas prejudicadas pelos efeitos da inflação nos anos 90 aproveitam o bom momento para faturar com a alta das cotações. Neste ano, os grupos paranaense estimam faturar R$ 18 bilhões. Os investimentos devem somar R$ 1,3 bilhão.

A Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) prepara a criação de um consórcio de grupos para comprar fertilizantes em conjunto e reduzir os preços.

Maior cooperativa do país, a Coamo, de Campo Mourão (PR), apontou, em recente entrevista ao Valor, a profissionalização e o apartidarismo como chaves para o segmento. O presidente Aroldo Gallassini diz ter "tudo na ponta do lápis", mas reconhece dificuldades com a especulação em mercados futuros. O grupo trabalha sob o conceito "cooperativa-empresa"e disputa espaço com as principais tradings do setor. "A Coamo é o exemplo de que o sistema cooperativista agrícola brasileiro deu certo", afirma o dirigente.

O presidente da federação das cooperativas gaúchas (Fecoagro), Rui Polidoro Pinto, afirma que as estratégias do segmento atendem à "necessidade crescente de caixa". E o momento parece ser ideal para o fortalecimento das cooperativas. O consultor em cooperativismo Luís Humberto Villwock avalia que o segmento "é mais consistente e mais profissional" do que nos anos 70 e 80, mas ainda existe uma "depuração grande" a ser feita, além de evitar "euforia desmesurada" como na época de crédito "farto e barato".

Maior cooperativa do Centro-Oeste, a Comigo, de Rio Verde (GO), reflete em boa medida o "boom" das matérias-primas e o momento de fortalecimento do segmento. Em processo de ampliação da capacidade de armazenagem nos 12 municípios do sudoeste de Goiás onde atua, a Comigo poderá receber nesta safra até 940 mil toneladas - ou 15 milhões de sacas.

Há 22 anos no comando da sociedade, Antonio Chavaglia diz que essa posição faz a diferença na comparação com as operações das tradings. "Quando há flutuação de preços, mas se tem ativos de produção, é bem menos arriscado", afirma. "Temos sempre o produto na mão. Assim, podemos acompanhar os preços. Quem não tem, entra na especulação e corre mais riscos". Em 2008, a Comigo prevê dobrar o faturamento, chegando a R$ 1,4 bilhão. E deve seguir a tradição de fechar poucos contratos em mercados futuros, já que privilegia os clientes no mercado interno.

A cooperativa acelera investimentos de R$ 20 milhões nas estruturas de recepção de soja, milho e sorgo para sustentar elevação de 20% na capacidade de secagem de grãos. Neste ano, os cooperados de Caiapônia, Iporá e Montes Claros terão armazéns do grupo. Dona de uma fábrica de esmagamento de soja para 2,5 mil toneladas diárias, de onde saem o óleo da marca e o farelo para a exportação, a Comigo ampliará ainda mais os ganhos com a venda de 200 mil toneladas de adubo de sua misturadora. Os preços subiram 50% em média. "Nessa hora, somos o ponto de referência e equilíbrio para o produtor porque damos assessoria técnica e financeira. Não somos só vendedor de insumos", diz Chavaglia.

Embora otimista, a Comigo enfrenta problemas para diversificar a atuação, focada em grãos. O polêmico avanço da cana-de-açúcar no sudoeste de Goiás motivou briga judicial da prefeitura de Rio Verde para colocar travas ao processo e tem reduzido a área plantada de 1 milhão de hectares de soja, milho e sorgo na região. A tendência eleva os preços e acirra a concorrência com as tradings.

"Em cinco anos, vamos perder 300 mil hectares para a cana", diz o vice-presidente da Comigo, Aguilar Ferreira Mota. "É um fato consumado". A Comigo debate incentivar alternativas, como entrar no ramo de frigoríficos de bovinos. "Vamos ser obrigados a tomar uma atitude. Talvez tenhamos que entrar em frangos e suínos. Ou um fábrica de sucos prontos", diz Aguilar. Uma usina de etanol está descartada. "É caro demais porque precisaríamos de várias unidades", diz Chavaglia.

d) União Européia concede cota de importação para açúcar

A União Européia (UE) decidiu abrir cota de importação de 400 mil toneladas de açúcar por ano para as indústrias química e de fermentação para encerrar uma briga com produtores do bloco em torno do preço. A UE também dará o sinal verde para os mesmos produtores exportarem 650 mil toneladas fora do sistema de cotas, mas sem subsídios, de acordo com um porta-voz em Bruxelas.

A decisão coincide com um período de safra de açúcar de beterraba com rendimento recorde neste ano. A produtividade é de 70,3 toneladas por hectare, 19% a mais do que no ano anterior. O resultado é atribuído ao clima favorável nos principais produtores do bloco, como França e Alemanha.

Segundo assessores europeus, a produção no ano-fiscal que termina em setembro é estimada em 17 milhões de toneladas. Para 2008, deve cair para 14 milhões de toneladas. A expectativa é de que mais empresas renunciem a suas cotas de produção para que seja alcançado o plano de cortar 6 milhões de toneladas por ano do bloco.

Pela reforma do regime europeu de açúcar, os preços pagos para o produto devem cair em até 40% em 2010, quando os refinadores usarão menos açúcar de beterraba produzido no bloco e poderão aumentar a importação. Só dos 76 países mais pobres, a UE importará cerca de 3,5 milhões de toneladas/ano até 2015, sem taxação.

A briga entre a indústria química e produtores já ocorre há um bom tempo. A indústria pagava aos produtores o preço europeu, mas recebia depois indenização da UE. Com a reforma do regime do açúcar, a compensação foi eliminada e a UE mandou os lados negociarem, o que não conseguiram.

Com a cota, o setor químico poderá importar, pelo preço internacional, 300 euros por tonelada mais barato que o açúcar europeu. Mas a Associação Européia de Produtores de Açúcar tem minimizado o impacto da medida e acha que os brasileiros terão mais lucro se continuarem exportando à África, em vez de vender pelo preço mundial para a indústria química européia.

Mercosul

a) Argentina vai liberar venda de 500 mil toneladas de trigo

Após liberar a exportação de 902 mil toneladas de trigo na semana passada, o governo argentino anunciou que autorizará em breve a venda de outras 500 mil toneladas, em data ainda não definida. Com exportações restritas desde o fim do ano passado, a falta do trigo argentino causou desabastecimento do produto no Brasil e aumento de preço de derivados, como o pão.

O anúncio foi feito após a reunião de monitoramento do comércio bilateral entre os dois países. Apesar de as exportações não terem um destino específico, é provável que o Brasil, principal comprador do trigo argentino, fique com a maior parte.

Segundo o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Ivan Ramalho, os novos embarques argentinos, junto com a safra interna brasileira do segundo semestre e com as exportações sem impostos liberadas recentemente de outros países, melhoram a situação brasileira, mas não é possível garantir que não haverá desabastecimento.

Ramalho afirmou que espera que os importadores do Brasil comprem todo o trigo argentino, até porque a medida ajudaria a reduzir o superávit brasileiro no comércio bilateral, uma reclamação da Argentina. No primeiro semestre deste ano, esse superávit ficou em US$ 2,8 bilhões. E, no ano passado inteiro, o superávit foi de US$ 4 bilhões.

b) Ruralistas do Mercosul reclamam do fiasco de Doha

A Federação das Associações Rurais do Mercosul (Farm), entidade criada em 1997 para representar os interesses dos produtores rurais do bloco econômico, divulgou nota em que manifesta "profunda decepção" ante o fracasso das negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC) na Rodada Doha.

A Federação "lamenta a incapacidade de estabelecer estratégia comum por parte dos países membros do bloco regional para adotar posições, em particular nos temas relacionados ao acesso a mercados".

A nota da Farm é assinada por representantes de entidades que integram a Federação, como a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a Sociedade Rural Brasileira (SRB), a Sociedade Rural Argentina (SRA), a Associação Rural do Uruguai (ARU), a Associação Rural do Paraguai (ARP) e a Confederação de Produtores de Gado da Bolívia (Congabol).

Segundo o vice-presidente da CNA, Carlos Rivaci Sperotto, a nota pretende chamar a atenção para um momento ímpar em termos de oportunidades para o Mercosul.

– O Mercosul tem cerca de 100 milhões de hectares disponíveis para produção, a mão-de-obra, a tecnologia e o clima para aproveitar esse espaço – disse Sperotto. – Agora, depois de uma espera de sete anos, quando se aguardava uma conclusão das negociações em Doha, ocorreu simplesmente o desmonte da reunião.

O vice-presidente da CNA informou que a Farm prepara um documento para ser apresentado aos ministros do Mercosul ampliado em reunião no Chile, no dia 27.

Organização Mundial do Comércio (OMC)

a) Lamy viaja à Índia e EUA para tentar reverter o fracasso da Rodada Doha

Pascal Lamy, diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), prepara viagem à Índia e aos Estados Unidos para discutir uma maneira de superar o colapso da Rodada Doha, argumentando que isso causou frustração entre a maioria dos países.

A intransigência dos EUA e da Índia quebrou a negociação global para liberalizar o comércio, na semana passada. Para Lamy, isso é ainda mais doloroso porque, segundo ele, cerca de 85% dos pacotes agrícola e industrial estavam praticamente acertados e podiam proporcionar benefícios de US$ 130 bilhões aos países.

A idéia do diretor-geral da OMC é tentar retomar discussões técnicas em setembro para superar o que causou o colapso - o uso de uma medida de salvaguarda pelo qual países com agriculturas frágeis podem frear importações agrícolas em caso de súbito aumento de volume ou queda de preços. Só que Kamal Nath, o ministro de Comércio da Índia, foi recebido em Nova Déli quase como herói e motivo de orgulho nacional por ter resistido as pressões, inclusive do Brasil, para fechar um acordo na OMC.

Em Washington, o influente senador Chuck Grassley, do Comitê de Finanças, responsável por políticas comerciais, já avisou que o Congresso americano não vai apoiar de jeito nenhum um acordo que inclua cláusula aumentando tarifas sobre exportações agrícolas- algo que o Brasil aceitou, para irritação do setor brasileiro do agronegócio.

No governo brasileiro, enquanto o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, só vê possibilidade de retomada de negociações impulsionada por uma grande tragédia que mobilize os políticos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomou outro rumo.

Lula disse no sábado que já conversou sobre a retomada com o presidente dos EUA, George W. Bush. "Eu disse ao presidente Bush que não é possível que a gente morra na praia depois de tanto trabalho, depois de tanta reunião e de tanta negociação. Acho que, se resolver o problema entre Índia e Estados Unidos, penso que se firma um acordo," afirmou.

Para Lula, "aconteceu uma certa anormalidade " na Rodada Doha. "Nós estivemos tão próximos de fazer um acordo e ele não aconteceu por coisas menores." Mostrando-se otimista, o presidente disse que a retomada das negociações pode ocorrer já dentro de dois meses, algo que Amorim descartava em Genebra.

O presidente anunciou que iria telefonar para o primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, e discutiria o assunto com o presidente da China, Hu Jintao, durante visita a Pequim na próxima sexta-feira. Lula quer telefonar até para o combalido primeiro-ministro britânico Gordon Brown, que não tem influência direta nas negociações, já que a União Européia é representada pelo comissário europeu de Comércio, Peter Mandelson.

Na direção oposta do Ministério das Relações Exteriores, o presidente Lula acha que as eleições tanto na Índia como nos Estados Unidos não devem interferir nas negociações, já que os acordos são fechados entre os Estados e não entre os governos.

b) Brasil vai levar Estados Unidos aos tribunais, diz Amorim

O Brasil vai processar os Estados Unidos na Organização Mundial do Comércio (OMC) para contestar os subsídios americanos concedidos aos produtores de algodão do país, segundo o Financial Times.

– Os EUA são os maiores subsidiários do mundo em termos do que nos afeta, então teremos de levá-los aos tribunais – afirmou o ministro das Relações Exteriores Celso Amorim ao jornal britânico.

Além dos subsídios agrícolas, o Brasil também vai contestar as tarifas de importação no valor de US$ 0,54 o galão impostas ao etanol brasileiro pelos EUA. Amorim as descreveu, segundo o FT, como discriminatórias. O ministro disse ainda ao jornal que o Brasil e o Canadá prepararam ação conjunta contra os EUA em relação aos subsídios em geral.

O Brasil pedirá autorização da OMC para reclamar mais de US$ 1 bilhão (R$ 1,5 bilhão) em sanções retaliatórias pela recusa dos EUA em remover os subsídios ilegais para seus produtores de algodão.

Na entrevista ao FT, Amorim admitiu estar frustrado com o fiasco da Rodada Doha em Genebra e disse que as conseqüências serão terríveis, como o aumento do número de mortes em decorrência da fome e a desestabilização de mais governos pela inflação desenfreada.

O FT destacou ainda que foi especialmente frustrante para Amorim o fato de o fim das conversas ter sido causado pela recusa da Índia em entrar em um acordo acerca de medidas para proteger seus setores não-agrícolas e pela má vontade da China e até da Argentina, principal parceira do Brasil no Mercosul, em fazer concessões semelhantes em nome de um acordo multilateral.

– Talvez alguns desses líderes, avaliando as conseqüências de não ter a rodada, e fazendo algumas concessões mútuas, poderiam perceber que ela seria útil e tentar finalizar as conversas. Mas essa é uma idéia muito ingênua – desabafou ao jornal britânico.

No médio prazo, o Brasil, como parte do Mercosul, vai buscar acordos bilaterais com EUA, UE e outros, de acordo com o FT. O cenário em longo prazo é, segundo Amorim, desolador.

– Não que a paz mundial corra risco. O mundo hoje é diferente daquele da década de 1930. Mas muitos países estarão desestabilizados – previu.

Plano Internacional

a) Exportação russa de armas deve ser recorde

As vendas de armas da Rússia devem chegar neste ano a um novo recorde para a era pós-soviética, passando dos US$ 8 bilhões, segundo Mikhail Dmitriev, diretor do Serviço Federal para Cooperação Técnica e Militar.

As vendas de armas russas vêm crescendo rapidamente. Em 2007 alcançaram US$ 7,5 bilhões, um recorde para o período posterior ao fim da União Soviética. Segundo as autoridades russas, esse patamar deve ser superado neste ano.

De acordo com o último relatório da ONG Stockholm International Peace Research Institute (Sipri), a Rússia foi responsável por cerca de 25% de todas as vendas de armas do mundo de 2003 a 2007, ficando trás apenas dos EUA.

Embora China e Índia continuem sendo seus maiores clientes, Moscou diversificou bastante ao fechar negócios com a Venezuela, a Argélia e o Irã.

Dmitriev confirmou ontem que a Rússia completou a entrega de 24 caças Su-30 para a Venezuela.

Mas, apesar do crescimento estável das vendas, as exportações de armas da Rússia registraram fracassos que viraram notícia em todo o mundo, atribuídos principalmente ao aumento dos custos de produção e à ineficiência generalizada da indústria armamentista.

A Rússia, por exemplo, está exigindo a revisão nos preços de um contrato para rearmar um porta-aviões da era soviética que está na Marinha indiana. As negociações com as autoridades indianas ainda estão em andamento. Os russos não conseguiram cumprir o prazo de entrega de 38 aviões de transporte para a China, o que levou à suspensão do negócio.

No começo do ano, a Argélia também devolveu os caças MiG-29 que havia comprado dos russos alegando defeitos de fabricação.

Dmitriev reconhece que a indústria de armamentos da Rússia vem lutando para cumprir os contratos já firmados.

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