03 a 07 de dezembro de 2007

Comércio Exterior

Resultados
Setor têxtil altera perfil de exportações
Brasil vai exportar 60% do aço produzido
Brasil é o 2º maior investidor externo dos emergentes
Peugeot Citroën vai investir R$ 110 mi em 2008
Mercado chinês precisa ser mais bem explorado, diz Amorim

Agronegócio

Sadia acelera novo projeto nos Emirados
Soja em 2007/08
Itália confirma importação de gado de SC
Controle sanitário brasileiro é ruim, conclui UE

Mercosul

Brasil espera que derrota modere Chávez
Amorim defende política ambiental única no Mercosul
Presidentes de 7 países chegam a acordo para criar o Banco do Sul

Mercosul desafia UE a retomar negociação

OMC

Brasil critica idéia da UE de ligar clima e comércio
OMC veta compra de pneu usado do Mercosul
OMC revê expansão do comércio em 2007

Plano Internacional

Europeus questionam subsídios dos EUA

Hillary Clinton põe em dúvida necessidade da Rodada Doha
China pode apresentar proposta pela Rio Tinto
BC chinês avisa que elevará o juro em 2008




Comércio Exterior

a) Resultados

O superávit da balança comercial caiu para US$ 2,02 bilhões em novembro, uma redução de 37,4% em relação a novembro de 2006 e o menor resultado mensal desde abril de 2004. A queda no saldo comercial é reflexo do forte aumento das importações, que vêm sendo estimuladas pela valorização do real e foram impulsionadas ainda mais, neste fim de ano, pelas compras de Natal.

O crescimento das importações foi de 38,9% em novembro, enquanto as exportações subiram 18,1%. O superávit acumulado no ano, de US$ 36,4 bilhões, ficou 12,1% abaixo do registrado no mesmo período de 2006. Apesar do saldo cadente, as exportações e as importações continuam batendo recordes.

O secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Welber Barral, disse que as vendas externas devem fechar o ano entre US$ 159 bilhões e US$ 160 bilhões, acima da meta do governo de US$ 157 bilhões.

Nos 12 meses encerrados em novembro, as exportações atingiram US$ 158,68 bilhões. De janeiro a novembro, as vendas externas acumulam US$ 146,42 bilhões, outro recorde, com alta de 16,6% sobre igual período de 2006. O resultado de novembro também foi o melhor para o mês, US$ 14,05 bilhões.

b) Setor têxtil altera perfil de exportações

As empresas do setor têxtil têm convivido com duplo desafio: manter a competitividade com o real apreciado e driblar a concorrência chinesa, em outros países e no mercado doméstico. O preço tem sido apenas parte da estratégia, que inclui foco nos bens de maior valor agregado na exportação e escala na produção interna.

A Karsten, que desde o ano passado direciona esforços para crescer no mercado interno, reduziu bastante a fatia das exportações no faturamento. A empresa vendia cerca de 40% da produção ao mercado externo, mas deve encerrar o ano com uma fatia de 18%.

De acordo com Luciano Eric Reis, presidente da Karsten, para os clientes que foram mantidos a empresa teve que reajustar preços para "conter o comportamento errático do câmbio" e ter algum resultado nas operações. Foram necessários dois reajustes de preços em dólar, um entre janeiro e fevereiro, e outro no meio do ano. Segundo Reis, a média de reajuste ficou em 16%, mas houve casos de até 28%. "Não era mais possível compensar a situação do câmbio apenas com redução de custos na empresa."

c) Brasil vai exportar 60% do aço produzido

O perfil da produção de aço, no Brasil, deve passar por uma transformação nos próximos oito anos. Se atualmente 60% das vendas vão para o mercado interno e os 40% restantes para o exterior, a tendência, segundo o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), é de inverter essa relação. O motivo são os projetos de novas siderúrgicas em andamento, a grande maioria voltada para as vendas externas.

O BNDES planeja contribuir com essa mudança com financiamentos de US$ 7,7 bilhões até 2015, o equivalente a 35% do volume total de investimentos para o período, de US$ 22 bilhões (quase R$ 39 bilhões). Para técnicos do banco e especialistas, trata-se de quebra de paradigma, que vai depender, também, do comportamento do consumo interno, que este ano está aquecido por causa do bom desempenho da construção civil e das indústrias automobilística e de eletrodomésticos.

"Ninguém vai produzir placas de aço para vender no mercado spot (à vista). É a chamada demanda contratada, para o próprio grupo siderúrgico ou produtores associados lá fora", diz o chefe do departamento de Siderurgia do BNDES, Paulo Sergio Moreira da Fonseca.

d) Brasil é o 2º maior investidor externo dos emergentes

O Brasil foi o segundo maior investidor externo entre países em desenvolvimento em 2006, conforme estudo a ser publicado hoje pela Fundação Dom Cabral e pela Universidade Columbia (EUA). Hong Kong ficou em primeiro lugar no estudo, que considera fluxos de investimento direto estrangeiro.

Embora a Companhia Vale do Rio Doce e a Petrobras liderem o ranking das maiores multinacionais brasileiras em termos de ativos, a Gerdau é a primeira no ranking de internacionalização das empresas. Essa lista é feita a partir de um índice principal calculado pela média de ativos, pelo número de funcionários e pela receita no exterior como um percentual de seus respectivos totais. Não foram consideradas empresas de serviços financeiros.

A necessidade de buscar acesso a recursos naturais, a mercados mais amplos e a proximidade com consumidores está por trás do aumento da internacionalização de empresas domésticas, diz Luiz Carlos Ferreira de Carvalho, coordenador da pesquisa e do Núcleo de Negócios Internacionais da Fundação Dom Cabral.

A Petrobras teve de se internacionalizar para buscar mais recursos naturais, a Gerdau precisou de mercados, enquanto a Vale foi atrás dos dois fatores, explica o coordenador do estudo. "Para se tornar uma das maiores do mundo, o mercado brasileiro não é suficiente, é preciso exportar. A Vale terá de fazer novas aquisições para oferecer minério de ferro."

e) Peugeot Citroën vai investir R$ 110 mi em 2008

O presidente mundial da PSA Peugeot Citroën, Christian Streiff, anunciou R$ 110 milhões de investimentos no País para o lançamento de uma família de veículos em 2008. A meta é atingir uma gama de 200 modelos no Mercosul.

Estão previstos investimentos de US$ 500 milhões no Brasil e na Argentina até 2009, mas a proporção para cada um ainda não foi definida. Do montante, US$ 350 milhões serão destinados a pesquisa e desenvolvimento, e US$ 150 milhões, ao aumento da capacidade produtiva. A fábrica de Porto Real, no Rio, iniciou ontem seu terceiro turno, com mais 700 funcionários, o que vai aumentar a produção de 100 mil unidades para 150 mil unidades por ano. O objetivo do grupo é que Brasil e Argentina passem a fabricar juntos 500 mil veículos por ano -atualmente, podem produzir 300 mil unidades por ano.

"Nossa implantação no Rio está cada vez maior e mais profunda. Apesar das dificuldades, nossas ambições são as de nos tornarmos cada vez mais exportadores, gerando mais empregos", disse Sfreiff, no Palácio Laranjeiras, no Rio.

f) Mercado chinês precisa ser mais bem explorado, diz Amorim

As relações econômicas entre Brasil e China sofreram um "arrefecimento" e governo e empresários têm de explorar com mais empenho as oportunidades criadas pela expansão da China, defendeu o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, ao abrir ontem, no Itamaraty, um seminário para integrantes do governo sobre perspectivas das relações econômico-comerciais entre os dois países.

Amorim lembrou que, ao negociar com a China o reconhecimento do país como economia de mercado, o Brasil negociou a abertura do mercado chinês aos aviões da Embraer, que vendeu cem aeronaves aos chineses. O comércio entre os dois países, que estava em torno de US$ 1 bilhão anuais na década passada, hoje alcança cerca de US$ 22 bilhões. O país precisa explorar novas áreas, como a exportação de serviços, disse o ministro.

Agronegócio

a) Sadia acelera novo projeto nos Emirados

Após instalar uma fábrica na Rússia em parceria com a Miratorg, a Sadia terá uma indústria em Ras Al Khaimah, um dos sete emirados situados no Oriente Médio. A empresa, que já tem escritório comercial em Dubai, escolheu Ras Al Khaimah para seu próximo empreendimento, apurou o Valor, para atender aos mercados dos países árabes, de onde provêm 25% de seu faturamento com as exportações.

Nesse emirado, a Sadia levantará uma planta de R$ 100 milhões para produzir industrializados à base de carne bovina e de frango. Uma das razões da escolha foi que Ras Al Khaimah não está inflacionado como Dubai, hoje um canteiro de obras no meio do deserto.

O projeto nos Emirados Árabes Unidos, que deve começar em 2008, é o novo passo na internacionalização da empresa, que no sábado inaugurou sua fábrica em Kaliningrado, encrave russo no mar Báltico, entre Polônia e Lituânia. O aporte de US$ 90 milhões foi feito em uma joint venture com a Miratorg, que já distribuiu os produtos da Sadia na Rússia. A Sadia tem 60% de participação no negócio.

A previsão inicial era investir US$ 70 milhões para construir a indústria de processados de carnes (empanados e embutidos), mas o chamado processo de "russificação", uma herança do regime soviético, encareceu o negócio. Segundo Walter Fontana, presidente do conselho de administração da Sadia, a "russificação" visa adequar projetos às normas russas. Isso significou mais tempo e dinheiro. Do aporte total, 70% foi financiado pelo International Finance Corporate (IFC), braço do Banco Mundial. Segundo Fontana, o financiamento é em rublos e o prazo para pagar é de dez anos.

b) Soja em 2007/08

A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) prevê que a produção de soja para a safra 2007/08 ficará em 60,5 milhões de toneladas, ante 60,7 milhões divulgado em outubro. Em relação à safra 2006/07, haverá um crescimento de 2,3%. A exportação do grão aumentará 9,6%, para 27,3 milhões de toneladas. A produção de farelo crescerá 2,5%, para 24 milhões de toneladas, e a produção de óleo crescerá 100 mil toneladas, para 5,9 milhões. de toneladas O esmagamento no ano comercial que vai de fevereiro de 2008 a janeiro de 2009 será 3,3% maior, chegando a 31,5 milhões de toneladas.

c) Itália confirma importação de gado de SC

Os italianos pretendem começar a importar terneros vivos - gado com idade entre 6 e 13 meses - de Santa Catarina a partir de março de 2008, quando estiver avançado o programa de rastreabilidade bovina, identificados por brincos.

Ontem, uma comitiva integrada por representantes de importadores e governo, com a presença do ministro da agricultura da Itália, Paolo Di Castro, esteve em Santa Catarina, para discutir com o governo do Estado como se daria essa aliança. Eles também visitaram propriedades potenciais na produção de terneros para a Itália na região serrana, em Lages. O governo aproveitou para lançar oficialmente o programa de colocação de brincos de identificação nos bovinos do Estado, condição prévia da Itália para iniciar a importação.

Castro pediu ao governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira (PMDB), formalização do interesse do Estado e do país em realizar esse comércio com a Itália, com descrição do comprometimento da quantidade de animais que enviaria anualmente.

De acordo com o embaixador da Itália no Brasil, Michele Valensise, o governo italiano quer ter certeza de que o Brasil quer vender esses animais à Itália, o que não está completamente claro hoje. A formalização seria uma espécie de segurança, garantia de venda do Brasil para os italianos. "Não queremos exclusividade, mas garantia de que ao abrirmos esse caminho, seremos atendidos", disse Renzo Fossato, representante da União de Importadores e Exportadores de Carne e Derivados (Uniceb), citando que após a abertura, ajudada pela Itália, uma vez que apóia o Estado, na área de defesa com o Instituto Caporalle -, a preocupação seria com outros países, que se aproveitariam da situação.

d) Controle sanitário brasileiro é ruim, conclui UE

Um comitê científico da União Européia examinou esta semana as primeiras conclusões da missão veterinária enviada ao Brasil mês passado para avaliar o controle sanitário da carne exportada para o mercado europeu. Agora, o comissário de Saúde, Marcos Kiprianou, estuda a recomendação que fará sobre a entrada da carne brasileira. A única certeza em Bruxelas é que a UE tem em mãos conclusões "muito ruins" sobre o sistema de controle sanitário brasileiro.

Técnicos europeus pediram dados complementares aos brasileiros com uma rapidez que surpreendeu, já que normalmente isso só ocorre muitas semanas depois de encerrada a missão.

A UE tem prazo até o fim deste ano para apresentar ao Brasil as conclusões preliminares. Até pela importância das exportações do Brasil, maior fornecedor de carne bovina para os 27 países da UE, aumentam rumores e pressões para Bruxelas ser dura com o produto brasileiro.

Segundo fontes em Bruxelas, a UE examina se "convoca" autoridades competentes do Ministérios da Agricultura antes do Natal para discutir as deficiências encontradas no sistema de controle sanitário. Seria boa notícia: significa que a UE não aplicaria de imediato medidas contra o país.

Mercosul

a) Brasil espera que derrota modere Chávez

Derrotado no referendo sobre a reforma na Constituição venezuelana, o presidente Hugo Chávez deixou o governo brasileiro na expectativa do que fará em seguida. E alimenta a esperança, em Brasília, de que esse resultado modere as atitudes belicosas do polêmico parceiro venezuelano. A iniciativa de Chávez, de anunciar publicamente, que acata o resultado, provocou comentários de alívio nos palácios do Planalto e do Itamaraty. As ameaças veladas feitas por ele, de voltar à carga com o projeto de reforma constitucional, foram minimizadas, como típicas do estilo de Chávez.

"Foi uma decisão da maioria do povo da Venezuela e o próprio Chávez já reconheceu oficialmente o resultado", disse o presidente, segundo relato do ministro da coordenação política, José Múcio Monteiro, ao relatar os comentários feitos por Lula durante a reunião da coordenação política de ontem.

Para Lula, o resultado não chegou a ser uma surpresa, já que a possibilidade de derrota de Chávez era desenhada há algum tempo, especialmente depois da revolta dos estudantes venezuelanos, que tomaram as ruas da capital, Caracas, em protesto contra a reforma constitucional.

b) Amorim defende política ambiental única no Mercosul

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, defendeu a adoção de uma política única ambiental no Mercosul para resolver o "conflito" jurídico criado com a decisão de OMC (Organização Mundial do Comércio) sobre pneus usados. A OMC aceitou, em instância final, o argumento brasileiro de que a importação de pneus usados prejudica a saúde pública e o meio ambiente. Por um lado, a decisão do organismo permite ao Brasil impedir a entrada do produto vindo da União Européia.

Por outro, exige que o país tome todas as medidas para impedir a entrada de pneus usados oriundos de qualquer país do mundo, e nisso há um problema. A questão já foi analisada pelo Tribunal Permanente de Revisão do Mercosul, que decidiu contra o Brasil, permitindo a exportação de pneus usados pelo Uruguai.

Enquanto não há indicação jurídica sobre as alternativas para o Brasil, Amorim propôs a adesão a uma política comum no Mercosul para resíduos nocivos ao meio ambiente. O texto do acordo já foi aprovado pelos ministros de Meio Ambiente do bloco, e deve ser analisado na próxima reunião do Mercosul, no dia 17, em Montevidéu. A política de gestão ambiental que o Brasil prevê como resíduos pneus usados, óleos vegetais e minerais usados, baterias e pilhas, eletroeletrônicos, embalagens de agrotóxicos, telefones celulares e utensílios que contenham mercúrio, como lâmpadas e termômetros.

c) Presidentes de 7 países chegam a acordo para criar o Banco do Sul

Sete presidentes sul-americanos, entre eles o brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, firmarão a ata de fundação do Banco do Sul, uma nova instituição financeira destinada a apoiar projetos e investimento no continente. Eles aproveitarão a posse da nova presidente da Argentina, Cristina Kirchner, para a cerimônia, que fixará em apenas dois meses o prazo para entrada em funcionamento do banco.

Ontem, durante debate sobre o tema na Câmara dos Deputados, em Brasília, o assessor internacional do Ministério da Fazenda Luiz Eduardo Melin informou que não há ainda acordo entre os governos sobre quanto cada um contribuirá para as finanças do banco, nem como serão tomadas as decisões a respeito dos projetos. Os demais países fundadores do banco são Paraguai, Uruguai, Bolívia, Equador, Argentina e Venezuela. "Esse debate ainda está por se corporificar", disse Melin.

d) Mercosul desafia UE a retomar negociação

O Mercosul acaba de fazer praticamente um desafio à União Européia (UE) para retomar o mais rápido possível a negociação do acordo de livre comércio entre os dois blocos, que está paralisada há meses. O comissário europeu de Comércio, Peter Mandelson, recebeu pela primeira vez, na semana passada, uma carta dos quatro países do Mercosul, assinada por Reinaldo Gargano, ministro das Relações Exteriores do Uruguai, na presidência temporária do bloco, indicando formalmente a disposição de reativar as discussões.

Há algumas semanas, o comissário europeu tinha enviado uma reclamação aos ministros do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, contra a elevação da Tarifa Externa Comum (TEC) na importação de têxteis e calçados. Em nome do bloco, Gargano respondeu no dia 28, justificando a decisão e insistindo que isso não afetará o comércio com a UE. E sinaliza que, na verdade, o bloco quer negociar liberalização. Essa sinalização vem no fim da carta, que foi certamente negociada nas capitais do Mercosul. Confirma o interesse do bloco de retomar "o mais rápido possível" a negociação birregional e conclama Bruxelas a "repartir o mesmo objetivo".

OMC           

a) Brasil critica idéia da UE de ligar clima e comércio

A União Européia (UE) defende acordos setoriais globais que abriguem as indústrias a reduzir o uso de energia na produção e combatam as mudanças climáticas. A proposta, que será enfatizada em Bali, serve para engavetar sugestão da França de taxar importações de produtos industriais de países onde as normas ambientais são menos estritas e a produção é feita com maior emissão de gases.

Pela idéia francesa, a empresa poluente que exportasse para a UE teria de comprar permissão de emissão, através do "Emissions Trading Scheme" (ETS). Esse sistema permite que empresas incapazes de reduzir suas emissões comprem créditos daquelas menos poluentes, contribuindo assim para a UE cumprir o Protocolo de Kyoto.

A UE engavetou a proposta francesa por duas razões: primeiro, pela complexidade do cálculo para o exportador pagar pelo crédito na UE. E, segundo, pelo risco de retaliação por parte dos outros países, além de contestações na OMC.

b) OMC veta compra de pneu usado do Mercosul

A Organização Mundial do Comércio (OMC) reverteu ontem algumas decisões de um painel (comitê de especialistas) na briga dos pneus entre o Brasil e a União Européia (UE), com impacto no Mercosul e na indústria do pneu reformado no país. O órgão de Apelação, espécie de corte suprema do comércio internacional, confirmou a determinação central do painel, reconhecendo que a proibição de importação de pneus reformados adotada pelo Brasil pode se justificar para proteger a saúde humana e o meio ambiente.

No entanto, os juízes reconheceram que o Brasil aplica a medida de maneira contraditória - o que significa sobretudo pressão para o país fechar de vez outros buracos que permitem importações de usados e reformados. Nesse cenário, o Orgão de Apelação ficou desta vez ao lado da UE, estabelecendo que não é permitido que o Brasil importe pneu reformado originário de países do Mercosul, enquanto proíbe o produto de outros países.

Para os árbitros, autorizar só a importação do Mercosul está em contradição com as alegações de proteção a saúde, é discriminação "arbitrária e injustificada" e portanto deve ser alterada. Além disso, o Órgão de Apelação confirmou que as importações de pneus usados, viabilizados através de liminares judiciais, para utilização como matéria-prima pela indústria nacional de reforma, também configura discriminação - ou seja, se é para proteger saúde e meio ambiente, a coerência impõe o fechamento total desse tipo de comércio.

c) OMC revê expansão do comércio em 2007

A Organização Mundial do Comércio (OMC) revê para baixo o crescimento do comércio mundial em 2007 e alerta para os riscos de um ressurgimento de medidas protecionistas. A projeção inicial seria de alta de 6% em volume. Mas, com o desaquecimento na economia americana nos últimos meses, os números devem ficar abaixo do índice previsto.

As novas projeções indicam um crescimento entre 5% e 5,5%. Em 2006, o aumento em volume havia sido de 8%. Para 2008, o clima ainda é de cautela, com números parecidos com os de 2007 e distante das taxas dos últimos anos, como em 2005 com crescimento de 10%.

"Foi um pouco alta demais a nossa previsão inicial para 2007", disse Patrick Low, diretor do departamento de pesquisas da OMC, que ontem participou do lançamento de um relatório para comemorar os 60 anos do atual sistema multilateral do comércio. No total, as exportações mundiais atingiram US$ 11,7 bilhões em 2006, com crescimento nominal de 15%.

Segundo dados da OMC, o comércio no primeiro semestre cresceu acima de 6%. Mas a desaceleração no segundo semestre e principalmente nos três últimos meses do ano deve ser sentida. O maior consumidor do mundo - os Estados Unidos - teve um crescimento de suas importações em apenas 4% de janeiro a setembro, ante 11% em 2006. Para a OMC, já está claro que os americanos não terão em 2007 e possivelmente em 2008 o mesmo papel na expansão da economia mundial e do comércio como no passado.

Plano Internacional

a) Europeus questionam subsídios dos EUA

As companhias européias de biodiesel decidiram abrir uma queixa à Comissão Européia, órgão executivo da União Européia (UE), contra os subsídios dos Estados Unidos às exportações do produto. A informação é do secretário-geral da Bolsa Européia para o biodiesel, Raffaelo Garofalo. O apoio americano permite ainda a compra de biodiesel de países fora da Europa a um preço mais baixo, que depois recebem novo subsídio do governo americano para exportar o produto aos europeus.

b) Hillary Clinton põe em dúvida necessidade da Rodada Doha

A candidata às eleições presidenciais dos Estados Unidos, Hillary Clinton, advertiu ontem que, se for eleita, colocará em questão se de fato vale a pena retomar a Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC). As declarações, publicadas no jornal Financial Times, produziram polêmica e inquietação dentro da entidade com sede em Genebra, que há seis anos negocia novas regras para o fluxo de bens e serviços, mas sofre para chegar a um acordo.

Hoje, a OMC ainda comemora os 60 anos do sistema comercial e a Rodada é a principal aposta do governo brasileiro em termos de negociações internacionais. Na semana passada, o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, anunciou seu novo cronograma, que prevê a conclusão da Rodada até o fim de 2008.

Mas muitos diplomatas em Genebra duvidam que isso possa de fato ocorrer. O cenário mais realista seria o de ter a conclusão das negociações apenas em 2009, com um novo governo nos Estados Unidos. Isso porque o atual presidente americano, George W. Bush, tem dificuldades para convencer o Congresso a adotar uma política mais liberalizante no setor agrícola, uma exigência do Brasil na OMC.

Hillary, porém, deixou claro que, se depender dela, um novo acordo na OMC em 2009 teria de ser repensado se ela for eleita para ocupar a Casa Branca. Em Genebra, várias delegações criticaram as declarações da senadora democrata.

c) China pode apresentar proposta pela Rio Tinto

A siderúrgica chinesa Baosteel, uma das principais clientes mundiais da Vale, anunciou ontem que poderá apresentar oferta para a compra da mineradora anglo-australiana Rio Tinto, o que reduziria o poder de barganha da companhia brasileira na renegociação de preços e condições dos contratos de venda de minério de ferro.

O presidente da Baosteel, Xu Lejiang, disse ao jornal chinês "21st Century Business Herald" ser "muito provável" que a empresa tente adquirir o controle da Rio Tinto, que é a terceira maior mineradora do mundo. Segundo ele, o preço poderia ultrapassar os US$ 200 bilhões, valor sem precedentes nas aquisições já realizadas pela China no exterior em busca de fontes seguras de matérias-primas para sua indústria.

O minério de ferro é o principal item de exportação do Brasil, com vendas de US$ 8,77 bilhões no período de janeiro a outubro de 2007. A China é de longe o maior comprador individual do produto, com US$ 3,14 bilhões, ou 36% do total.

O país asiático depende da importação de minério de ferro para a fabricação de aço, que é um dos principais insumos para a indústria e a construção civil. Nada menos que 34% da produção de aço global está concentrada na China, o equivalente a 422,7 milhões de toneladas em 2006. No mesmo ano, o Brasil produziu 30,9 milhões de toneladas de aço.

d) BC chinês avisa que elevará o juro em 2008

O Banco Popular da China disse ontem que vai implementar uma política monetária mais apertada no ano que vem, abandonando sua posição anterior de prudência.

A mudança na condução da taxa básica de juros chinesa já era esperada por analistas, em conseqüência da alta da inflação no país. O Índice de Preços ao Consumidor chinês está perto de 7% em termos anualizados, nível considerado elevado demais pelas autoridades.

O anúncio seguiu-se à reunião de trabalhos econômicos do país, quando o governo monta suas políticas econômicas para o ano seguinte. A reunião começou na segunda-feira e foi encerrada na madrugada de ontem.

Em um comunicado publicado em seu site na internet, o banco central chinês disse que vai fortalecer a gestão de liquidez, melhorar o mecanismo da taxa de câmbio do yuan, regular a demanda doméstica e trabalhar para melhorar a situação dos pagamentos externos do país.

A instituição acrescentou que vai estimular o papel da política monetária no controle econômico do governo. O objetivo de Pequim é evitar o superaquecimento econômico e a inflação difundida.

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