02 a 06 de julho de 2007

Comércio Exterior

Resultados
A abertura do comércio externo
Exportação cresce, mas importação derruba superávit da indústria
Com apoio do governo, empresas do País ampliam atuação internacional
Brasil deve aumentar exportação de energia para a Argentina

Agronegócio

Soja deve retomar espaço no país em 2007/08
Estoque cai e trigo deve subir mais
Exportações do agronegócio sobem 28% no semestre
Sadia amplia complexo em construção no Mato Grosso

Mercosul

Acordo Mercosul - UE ganha novo fôlego
Mais uma vez, a cúpula do Mercosul ressalta desavenças

OMC

Brasil vai tentar retomar Doha
Os impasses do G-8 e o Brasil

Plano Internacional

ONU prevê crescimento maior em 2007
China garante viés de alta para insumos

 




Comércio Exterior

a) Resultados

O resultado da balança comercial no primeiro semestre bateu todos os recordes da história do comércio exterior do país para o período de janeiro a junho. Mesmo com a apreciação do real frente ao dólar, que fez os preços dos produtos brasileiros aumentarem no mercado externo, o superávit foi 5,7% maior que o do mesmo período do ano passado. De janeiro a junho, o Brasil embarcou US$ 73,2 bilhões em mercadorias para o exterior, 19,9% a mais do que no ano passado, e importou US$ 52,5 bilhões - um aumento de 26,6% em relação ao primeiro semestre de 2006.

Para o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Armando Meziat, o bom desempenho deve-se a uma mudança que verificada na economia do país. - As exportações deixaram de ser uma oportunidade e passaram a ser uma estratégia das empresas, que têm melhorado em qualidade e estão buscando mais valor agregado e diversificação de mercados - disse Meziat.

Embora o secretário acredite que até o final do ano os embarques superem a meta estabelecida, de US$ 152 bilhões, não quis arriscar previsões. Segundo ele, tradicionalmente a balança costuma ter desempenho melhor no segundo semestre.

b) A abertura do comércio externo

Diversos recordes foram quebrados pelo comércio exterior em junho. Levando em conta a média diária, as exportações atingiram o recorde histórico de US$ 656 milhões e as importações, de US$ 465 milhões. O crescimento maior das importações reduziu para US$ 191 milhões (média diária) o saldo da balança comercial do mês.

O resultado de um mês não dá uma idéia completa da evolução da balança comercial, por isso é mais útil proceder a uma análise dos dados do semestre, em comparação com o mesmo período do ano passado, eliminando, assim, fatores sazonais. As exportações, num total de US$ 73,2 bilhões, acusam aumento pela quinta vez consecutiva - neste ano, de 20%. As exportações de produtos básicos, que somaram US$ 22,3 bilhões no semestre, tiveram uma elevação de 31,3% e as de produtos industrializados atingiram US$ 49,3 bilhões, com aumento de 16% - crescimento de 22% dos semi-manufaturados e de 14% dos manufaturados. A alta dos preços internacionais das commodities teve um papel importante no resultado geral das exportações, mas não se pode menosprezar o papel das exportações de manufaturados, com maior valor adicionado: os dados disponíveis até maio indicam uma elevação de 10,4% do quantum e de 9,4% dos preços.

Essa evolução das importações mostra que o Brasil não é um mercado fechado, mas é mais interessante examinar como esses aumentos se distribuíram no primeiro semestre em comparação ao mesmo período do ano anterior. O maior aumento foi o de bens de consumo: 34,3% (sendo 53,7% de automóveis). Porém, em valor absoluto, essas importações de bens de consumo não ultrapassam US$ 7 bilhões e não permitem falar numa desastrosa desindustrialização generalizada.

c) Exportação cresce, mas importação derruba superávit da indústria

Nos primeiros cinco meses deste ano, o saldo comercial da indústria de transformação aprofundou a queda em relação ao ano passado. Depois de encerrar 2006 com um saldo 5% menor (primeira redução em cinco anos) e iniciar 2007 com um superávit 16% inferior ao de 2006, a perda aumentou para 19% no acumulado até maio. A queda resulta de um ritmo muito mais intenso de importações (28%) do que de exportações (17%).

O detalhamento da balança comercial das 20 atividades analisadas em levantamento do Ministério do Desenvolvimento, mostra que, apesar do câmbio, apenas duas (material elétrico e de comunicações e indústrias diversas) registraram queda nas exportações e uma manteve o valor estável em relação aos cinco primeiros meses de 2006, em valor embarcado. Nas demais 17, as vendas ao exterior cresceram.

A abertura do saldo por setores permite vislumbrar diferentes estratégias que estão sendo adotadas pela indústria para conviver ou apenas se defender do câmbio valorizado. Alguns setores usam a importação de maneira complementar à produção, outros apenas sofrem com sua concorrência. E outros, ainda, convivem ao mesmo tempo com alta de importação e de produção local.

d) Com apoio do governo, empresas do País ampliam atuação internacional

Este ano, as empresas brasileiras deverão enviar US$ 10 bilhões ao exterior para investimentos diretos, segundo estimativa do Banco Central. Será bem menos do que em 2006, quando foram enviados US$ 28,2 bilhões, um número inflado por causa da aquisição da Inco. Ainda assim, é um novo nível de investimentos no exterior. 'O número de empresas grandes e médias que investem lá fora está aumentando', afirma o professor Luiz Carlos Carvalho, da Fundação Dom Cabral.

Segundo o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, são várias as razões que levam as empresas brasileiras a investir lá fora: proximidade com o cliente ou com a matéria-prima, juros mais baixos e prazos mais longos no financiamento. Há ainda outro fator: ao estruturar-se em bases globais, as empresas brasileiras ficam menos vulneráveis a crises financeiras internas ou externas.

A esses motivos, o professor Luiz Carlos Carvalho acrescenta uma razão de fundo: algumas empresas brasileiras estão ficando grandes demais para o mercado nacional. 'Elas precisam crescer para ter ganho de escala.' Ele cita como exemplo a Vale. 'Se ela ficasse só no mercado brasileiro, não teria porte para enfrentar suas concorrentes mundiais e acabaria sendo comprada por alguma delas.'

O diretor-executivo de Assuntos Corporativos e de Energia da Vale do Rio Doce, Tito Martins, explica que a empresa investe no exterior em busca de novas reservas minerais e para diversificar seu portfólio de modo que não fique concentrada só em minério de ferro. Mas há outra razão: a busca por capitais baratos.

e) Brasil deve aumentar exportação de energia para a Argentina

O Brasil deve elevar para 1 mil megawatts (MW) médios a exportação de energia elétrica para a Argentina. Segundo fontes em Brasília, o aumento teria sido autorizado na sexta-feira, em reunião entre a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, o ministro interino de Minas e Energia, Nelson Hubner, entre outros representantes.

A exportação maior de eletricidade atende a um pedido do país vizinho, onde a crise energética vem se agravando nos últimos meses e já afeta a economia. O Ministério de Minas e Energia não confirmou o aumento. Disse apenas que a reunião na sexta-feira faz parte de uma série de discussões sobre os efeitos do inverno rigoroso na Argentina. Outras fontes que participaram do encontro, no entanto, confirmaram a autorização. Só não sabem dizer quando e como isso seria oficializado.

A energia exportada pelo Brasil deverá ser produzida por usinas térmicas a carvão, óleo diesel e óleo combustível. Por esse acordo, os argentinos pagariam o custo da produção e também o da transmissão. Quem deverá monitorar o envio de eletricidade é o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

Agronegócio

a) Soja deve retomar espaço no país em 2007/08

Mesmo com as incertezas em relação ao avanço da área plantada com soja no Brasil, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) aposta que a oleaginosa voltará a ser a principal protagonista no segmento de grãos ao longo do ano-safra 2007/08, iniciado oficialmente nesta semana.

Em consultas a agentes de mercado ao longo de junho, a estatal detectou uma expectativa favorável de produtores e cooperativas com a elevação sustentada das cotações internacionais da soja e a tendência de aumento na área cultivada no país.

Na safra 2006/07, terminada em 30 de junho, o país produziu 58,04 milhões de toneladas (5,5% mais que em 2005/06) em uma área de 20,6 milhões de hectares (9,3% menor), conforme levantamento divulgado ontem pela Conab.

b) Estoque cai e trigo deve subir mais

Élcio Bento, analista da Safras & Mercado, lembra que no ciclo 2006/07 tal relação foi estimada em 16,7% - "nível mais baixo até agora" -, e foi determinante para sustentar os preços no primeiro semestre. E para 2007/08, diz, o percentual deverá recuar para 15,4%, o que confirma a tendência de alta nos próximos meses.

"Os meses de maio de junho são marcados pela entrada da safra americana, o que normalmente pressiona as cotações até agosto. É verdade que a colheita no país está um pouco atrasada, mas isso não aconteceu até agora. Pode haver alguma pressão em julho e agosto, mas a tendência é de alta", afirma Bento.

A baixa relação entre estoques e consumo vem sendo determinada pelo lado da oferta, uma vez que o consumo global segue relativamente estável. A Austrália ainda não se recuperou totalmente do tombo de 2005/06, problemas climáticos prejudicaram a produção de Ucrânia e Rússia e mesmo o Canadá já sinalizou retração em sua oferta.

c) Exportações do agronegócio sobem 28% no semestre

O agronegócio brasileiro, mesmo com os problemas internos pelo real valorizado e pelo endividamento dos produtores, mantém forte ritmo nas exportações. No primeiro semestre deste ano, as receitas externas superaram em 28% as de igual período de 2006. Apenas os dez principais produtos do setor trouxeram US$ 17,7 bilhões de janeiro a junho, contra US$ 13,8 bilhões em igual período de 2006. Nesse ritmo, o agronegócio deve manter volume superior a US$ 50 bilhões em receitas neste ano.

A soja, a líder no setor, soma US$ 3,4 bilhões, devido à concentração de vendas externas neste período do ano. Incluído o farelo, as receitas atingem US$ 4,7 bilhões. Esse é um setor que está surpreendendo, e, nos cálculos do analista Anderson Galvão, da consultoria Céleres, de Uberlândia (MG), o complexo soja (grãos, farelo e óleo) vai trazer US$ 10 bilhões para o país neste ano. Além dos preços elevados da soja em grãos em Chicago, praça formadora dos preços internacionais para o produto, Galvão destaca o avanço das exportações do óleo de soja.

O aumento de biodiesel na Europa provoca demanda maior desse produto, que é importado principalmente por Holanda, França e Alemanha, diz o analista.

Outro item de destaque nas exportações é o setor de carnes, que trouxe US$ 4,2 bilhões no primeiro semestre.

d) Sadia amplia complexo em construção no Mato Grosso

A Sadia decidiu ampliar o projeto do complexo industrial que constrói em Lucas do Rio Verde (MT), cuja primeira fase deve entrar em operação em meados de 2008. Agora, além de unidades de abate de suínos e aves, a empresa vai erguer também uma fábrica para processamento de carne suína e de frango, segundo o diretor-presidente Gilberto Tomazoni.

A decisão de investir também no processamento decorre da perspectiva de continuidade do crescimento de demanda no mercado interno. "Nos últimos anos, crescemos 12% a 15% por ano em industrializados", afirmou o executivo, que ontem acompanhou o governador Blairo Maggi em visita à área onde o complexo está sendo construído - e que já tem armazém de cereais e granjas de aves e suínos em funcionamento.

Com a alteração nos planos, a empresa deve investir R$ 800 milhões apenas no complexo de Lucas. Inicialmente, quando os planos para o Mato Grosso foram anunciados, em meados de 2005, a previsão da companhia era aplicar esse montante em Lucas do Rio Verde e também em Campo Verde, no norte do Estado, onde a empresa já tem granja de aves e fábrica de ração. Os recursos a serem investidos em Campo Verde ainda não estão definidos, segundo Tomazoni. Na cidade, a Sadia planeja implantar abatedouro de aves.

Mercosul

a) Acordo Mercosul - UE ganha novo fôlego

O Brasil avisou a União Européia (UE) que está pronto a retomar a negociação do acordo de livre comércio Mercosul - UE, sem esperar por certezas sobre o futuro da Rodada Doha na Organização Mundial do Comércio (OMC). "A bola está do lado europeu", declarou o subsecretário de assuntos econômicos do Itamaraty, ministro Roberto Azevedo. Já o principal negociador europeu, Karl Falkenberg, aguarda uma sinalização a partir do encontro entre o comissário de comércio, Peter Mandelson, e o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, nesta quarta em Lisboa, a margem da cúpula Brasil - UE.

Até agora, Bruxelas tem condicionado a retomada da negociação regional ao fim da Rodada Doha, porque não quer fazer concessões agrícolas duas vezes. Mas a Alemanha, maior exportador mundial, impulsiona a UE a procurar rapidamente diferentes acordos bilaterais na medida em que vê as chances de sucesso da Doha diminuírem.

Falkenberg considera ser "muito cedo" para discutir as bases para a retomada da negociação UE-Mercosul, mas lembrou que existe o "histórico da negociação" com diferentes ofertas. Em abril do ano passado, os dois blocos chegaram a colocar na mesa "elementos para um possível acordo". A UE considerou a demanda de cotas pedidas pelo Mercosul como "bem além" do que Bruxelas pode oferecer para entrada de carnes, etanol, banana, milho, arroz, açúcar, queijo e trigo, mas deixou claro que tinha "algumas flexibilidade".

b) Mais uma vez, a cúpula do Mercosul ressalta desavenças

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou à 33ª Cúpula de Presidentes do Mercosul, em Assunção, com idéias corretas, embora tardias. "Agora, mais do que nunca", disse Lula, "devemos aprofundar a parceria com outros países e blocos". Com o fracasso de Doha, não sobra ao Brasil seguir outro rumo que o que aquele para o qual já deveria ter tentado antes, o dos acordos comerciais paralelos, como fizeram com ênfase, no continente, México e Chile, sem contar os Estados Unidos. Os outros sócios do Mercosul, com exceção de Hugo Chávez, que se encontrava na Rússia arrematando submarinos para deter eventuais invasões americanas, se comportam mais como parte do problema do que da solução. A preocupação de Lula pressupõe uma afinação cada vez maior dos membros do Mercosul, afinação esta ainda distante, como cada cúpula indica.

Às vésperas da chegada em Assunção de Lula, que trazia a determinação de resolver contenciosos do comércio fronteiriço com o Paraguai, o governo do país anfitrião sepultou ao menos provisoriamente a aspiração do Brasil de elevar tarifas de importação de calçados e confecções de 20% para 35% e mudar a forma de cálculo da taxação. O Uruguai deu sua concordância ao veto, que agora terá de ser negociado pelo Itamaraty e por empresários dos quatro países. Os uruguaios se insurgiram contra a medida por motivos óbvios - já estimulados pelo governo a ganhar competitividade, esses dois setores, com a proteção extra pedida, teriam para si uma defesa excessiva.

Os sócios menores do Mercosul têm sido fonte constante de divergências. O Uruguai chegou a cogitar um acordo paralelo com os Estados Unidos e o Paraguai sente-se prejudicado com a intensa fiscalização da Receita Federal contra o contrabando e a sonegação de impostos na Tríplice Fronteira. A saída apresentada pelo governo brasileiro aos paraguaios foi a criação de um Simples dos sacoleiros, com formalização de empresas, simplificação e alíquota única de importação de 25% para quem faturar até R$ 240 mil por ano. Tenta-se pôr um esparadrapo na ferida principal, que é o abrigo formal ou informal dado pelo governo vizinho à falsificação, contrabando de produtos e evasão de divisas.

OMC           

a) Brasil vai tentar retomar Doha

À margem da reunião de cúpula Brasil-União Européia, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, deverá encontrar-se com o comissário europeu para o Comércio, Peter Mandelson, numa tentativa de retomar o diálogo sobre a Rodada Doha. Na diplomacia brasileira, Doha continua a ser prioritária mesmo depois do recente fracasso em Potsdam, na Alemanha, quando o G-4 - composto pelos quatro protagonistas da rodada (Brasil, União Européia, Estados Unidos e Índia) - tentou em vão delinear um entendimento.

A saída, avaliam diplomatas, será buscar outro formato de negociação, provavelmente contemplando um grupo maior de interlocutores. O diálogo, que já estava difícil, ganhou mais um complicador: o fim da possibilidade de o governo dos Estados Unidos fechar um acordo sem ter de submetê-lo ao Congresso.

Embora a intenção não seja negociar, o encontro será uma boa oportunidade para restabelecer o diálogo. A reunião de cúpula e o jantar logo após serão ocasiões para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva insistir na tese de que só uma interlocução no mais alto nível político, entre chefes de Estado, será capaz de tirar Doha do impasse.

b) Os impasses do G-8 e o Brasil

A recente reunião do G-8, realizada na Alemanha, não trouxe novidades. O tema da regulação financeira foi descartado, como sempre, por EUA e Inglaterra. Os desequilíbrios econômicos globais também saíram da agenda, já que ninguém quer falar de crise quando se vive em cenário de expansão. Frases proclamando o combate à pobreza foram lançadas ao vento, mas sem que se deixasse de fazer as ressalvas de sempre: respeito à propriedade intelectual e combate à corrupção nos países pobres. Sobre meio ambiente, os EUA aparentemente apresentaram uma postura menos unilateral. Preocupadas com a artilharia verbal de Putin, as potências ocidentais preferiram ser menos assertivas em relação aos cinco "primos pobres": África do Sul, Brasil, China, Índia e México.

Voltemos um pouco no tempo para que possamos entender o que está em jogo. Em 1976, o G-7 foi criado como clube informal das nações desenvolvidas, para que pudessem "combinar o jogo" em assuntos tais como crise do petróleo, taxas de juros e oscilações cambiais. A China não havia iniciado a sua abertura, a Rússia ainda era socialista, os tigres asiáticos apenas engatinhavam e os países latino-americanos cresciam voltados para os seus mercados internos. Em 1988, sem se acabar com o G-7 econômico, surgiu o G-8, com a inclusão da Rússia para que fossem tratadas questões geopolíticas.

Nos últimos 30 anos, muita coisa mudou. A China "capitalista" responde por boa parte do déficit externo americano, enquanto os países emergentes recebem investimentos externos mais expressivos e se posicionam de forma competitiva no comércio de bens e serviços. Alguns números revelam a transformação da economia mundial: 89% da população, 2/3 das reservas internacionais e 50% da produção mundial hoje se encontram nos países do mundo em desenvolvimento.

Plano Internacional

a) ONU prevê crescimento maior em 2007

O bom momento da economia mundial levou a Organização das Nações Unidas (ONU) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) a revisar para cima suas projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).

Dois dos principais organismos econômicos internacionais se reuniram ontem em Genebra para debater o cenário financeiro e, apesar dos riscos, a conclusão é de que a redução do ritmo de expansão prevista para 2007 não será tão pronunciada como se esperava.

As Nações Unidas projetam crescimento de 4,8% para a América Latina neste ano. Há seis meses, a expectativa era de 4,2%. Segundo a ONU, o desempenho de várias economias latino-americanas 'surpreendeu'.

A região, portanto, deve repetir o mesmo desempenho de 2005, mas ainda ficará abaixo dos 5,7% atingidos em 2006. Para 2008, a previsão é de um crescimento de 4,4%.

b) China garante viés de alta para insumos

Dá para contar nos dedos de uma mão as vezes que os países registraram simultaneamente taxas de crescimento tão alta na economia e por tanto tempo. E hoje, quem melhor simboliza a combinação desses dois indicadores no mundo é a China. Com índices de crescimento anuais que variam entre 8% e 10% há pelo menos uma década, os chineses precisaram ir às compras para viabilizar a formação de sua indústria. E o resultado é que viraram verdadeiros devoradores de matérias-primas.

Nos últimos anos, a China comprou de tudo. Níquel, cobre, petróleo, minério de ferro, enfim, insumos fundamentais para a construção de sua indústria de base. E tamanho apetite fez com que o preço de boa parte das commodities explodisse no mundo.

Só que o país ficou mais precavido, depois da alta dos preços. No petróleo, por exemplo, os chineses resolveram não só diversificar sua matriz de fornecedores, muito fundamentada na Rússia e Irã, como também apostar na criação de estoques. Hoje, além de negociar contratos de fornecimento com a venezuelana PDVSA, a China também criou um plano capaz de garantir o abastecimento ininterrupto por 90 dias. E isso deverá fomentar a alta do petróleo no mundo.

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