Comércio Exterior
a) Resultados
Os dados da balança comercial de setembro surpreenderam pelo inesperado vigor das exportações, que tiveram média diária de US$ 745,6 milhões, levando as vendas externas ao recorde mensal de US$ 14,16 bilhões. Mas a valorização da taxa de câmbio continua estimulando fortemente as importações, o que preocupa especialmente os fornecedores nacionais de bens de capital, matérias-primas, bens intermediários e bens de consumo. No mês passado, as importações somaram US$ 10,69 bilhões, valor que é recorde mensal, com média diária de US$ 562,9 milhões. O saldo comercial no mês foi de US$ 3,47 bilhões, elevando o superávit acumulado até setembro para US$ 30,94 bilhões.
No ano as exportações tiveram crescimento de 15,5%, com média diária de US$ 620,2 milhões e um total de vendas, neste ano, de US$ 116,59 bilhões. Mas o ritmo de aumento das importações é muito mais intenso. Houve um crescimento, no período, de 28,3%, com média diária de US$ 455,6 milhões e total de US$ 85,65 bilhões.
b) Saldo comercial terá US$ 5 bi a menos
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior reduziu de US$ 45 bilhões para US$ 40 bilhões a projeção de saldo da balança comercial brasileira em 2007. O anúncio foi feito pelo titular da pasta, Miguel Jorge. A revisão se deve ao ritmo forte de crescimento das importações.
Se for confirmada a estimativa, o superávit comercial será menor em US$ 6 bilhões na comparação com 2006. O ministério manteve a meta de exportações em US$ 155 bilhões para 2007 e projeta que as importações vão ultrapassar pela primeira vez os US$ 100 bilhões, atingindo US$ 115 bilhões.
As importações subiram 28,3% no acumulado de janeiro a setembro, enquanto as exportações aumentaram 15,5%, o que reduziu o superávit comercial em 9,5% ante o mesmo período de 2006. O saldo soma US$ 30,94 bilhões (exportações de US$ 116,59 bilhões e importações de US$ 85,65 bilhões).
c) Governo quer adotar metas para exportação
Depois de bater recordes sucessivos de exportações, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior quer estabelecer uma meta para aumentar a participação brasileira no comércio mundial.
’Agora precisamos alçar vôos mais altos. As exportações precisam continuar crescendo. Temos de ter uma macro-meta para aumentar a nossa participação no mercado mundial’, disse o secretário de Comércio Exterior, Armando Meziat, em sua última entrevista no cargo.
O secretário disse que, ’certamente’, as vendas externas atingirão cerca de US$ 180 bilhões em 2008, o que representa três vezes mais que o valor exportado em 2002, último ano do governo Fernando Henrique. Os dados do governo mostram que a corrente comercial brasileira (soma das exportações e das importações) rompeu pela primeira vez, em nove meses, a barreira dos US$ 200 bilhões.
d) Montadoras se ajustam ao dólar mais baixo
Em maio, durante um encontro de executivos do setor automotivo, o presidente da General Motors do Brasil, Ray Young, prenunciou a cotação que agora surpreende muitos executivos. Ao apresentar o prognóstico da direção da GM para o fim deste ano, que indicava o dólar a R$ 1,95, Young fez uma ressalva: "Eu particularmente acredito que chegará a R$ 1,80".
Na semana passada, durante apresentação organizada por uma publicação do setor sobre as previsões das empresas para o próximo ano, o presidente do grupo Fiat, Cledorvino Belini, disse que dólar baixo "é um fato consumado" e que, por isso, as empresas têm agora de buscar "aumento de produtividade e de escala". As declarações complementares de Belini apontaram para o constante crescimento do mercado interno, que tem surpreendido os próprios fabricantes de veículos e que já acumulam um avanço de 27,4% no acumulado de janeiro a setembro.
Para Belini, um mercado doméstico forte e em crescimento constante pode atrair mais investimentos para o setor e garantir a escala necessária para manter um ritmo de exportações adequado, independentemente da cotação do dólar. Assim, as montadoras não apenas já se conformaram com a valorização do real, como ainda torcem agora para que as razões que mantêm o mercado interno aquecido, como crédito fácil, juros mais baixos e confiança do consumidor, se mantenham.
e) Câmbio também afeta embarques de multinacionais
As filiais brasileiras das multinacionais estão perdendo espaço no mercado dos Estados Unidos. A valorização do real atinge tão duramente as empresas que a concorrência não é apenas com unidades na China ou na Índia, países com baixíssimo custo de mão-de-obra, mas também com o México e até com unidades dentro dos EUA.
A fabricante de autopeças Robert Bosch reduziu as exportações para os Estados Unidos de US$ 800 milhões em 2005 para US$ 500 milhões nesse ano. Segundo Edgar Silva Garbade, presidente da empresa, as vendas para esse destino devem seguir em queda em 2008. A filial brasileira sofre com a concorrência da unidade da Bosch no México. "Os mexicanos ganharam muito com a valorização do real. A disputa está muito forte", diz.
Os EUA eram o principal cliente da empresa e chegaram a representar 20% das exportações. Hoje esse percentual caiu para 13%. De acordo com Garbade, a Bosch compensa o espaço perdido nos EUA com vendas para América do Sul, Europa e para o mercado interno, que está crescendo bastante.
Agronegócio
a) Exportações crescem
As exportações brasileiras de açúcar atingiram 1,89 milhão de toneladas em setembro, queda de 14% sobre agosto. Em relação ao mesmo período de 2006, a alta é de 26%, segundo dados do Ministério de Desenvolvimento Indústria e Comércio compilados pela Dow Jones. Do total embarcado em setembro, 1,2 milhão são de demerara e 698,7 mil de refinado. Os embarques de álcool ficaram em 336,6 milhões de litros em setembro, recuo de 4,2% sobre agosto e baixa de 6,8% sobre setembro de 2006. Em Nova York, os contratos de açúcar para maio fecharam a 9,99 centavos de dólar por libra-peso, baixa de 20 pontos. Em Londres, os contratos de março fecharam a US$ 283,50 a tonelada, baixa de US$ 3,30. Em São Paulo, a saca de 50 quilos fechou a R$ 24,39, de acordo com o Cepea/Esalq.
b) Consumo de fertilizantes deve bater recorde no ano
Com previsão de registrar números históricos, a safra de grãos deste ano, associada à explosão na cultura da cana-de-açúcar, deve gerar outro recorde: a venda de fertilizantes, que a indústria prevê chegar a 24 milhões de toneladas, acima dos 22,8 milhões obtidos em 2004, último ano considerado bom para o agronegócio.
Asdrúbal de Carvalho Jacobina, gerente de custos de produção da Conab, afirma que o produtor deve usar mais fertilizantes nesta safra porque está mais capitalizado. "Eles vão usar o pacote tecnológico recomendado, que é a quantidade de fertilizantes correta, máquinas novas, correção do solo com o uso de calcário."
Daher afirma que um aumento da produção nacional de fertilizantes para acompanhar o crescimento da demanda de janeiro para cá depende de investimentos que só vão ter efeito em cinco a sete anos. Por isso, a elevação da oferta está se dando muito mais pela importação.
c) Álcool eleva exportação de milho em 465%
A opção norte-americana pelo milho como matéria-prima para a produção de álcool provocou uma explosão nas vendas brasileiras do produto: em setembro, a exportação de milho em grão cresceu 464,99% em relação ao mesmo mês de 2006. Maiores produtores mundiais de milho, os norte-americanos vêm utilizando cada vez mais sua lavoura para a produção de álcool, aquecendo o preço da commodity no mercado. "Isso abriu espaço para o Brasil aumentar a presença em mercados tradicionais", avaliou Cacheta.
Na lista dos maiores compradores do produto brasileiro, estão quatro dos maiores países europeus: Espanha, Alemanha, Portugal e Itália. Esses países, segundo Cacheta, compravam tradicionalmente dos EUA. O especialista diz que o custo de produção do milho no Brasil corresponde a 80% do registrado nos EUA. A vantagem, no entanto, cai com os custos de transporte, principalmente pela infra-estrutura precária no Brasil. "Isso diminui muito a nossa vantagem, mas mesmo assim entramos na Europa um pouco mais baratos que o produto norte-americano."
d) Menor oferta de boi e dólar afetam exportação de carne
A alta dos preços do boi gordo no Brasil e a valorização cambial afetam as exportações de carne bovina do país e alteram o perfil das vendas. Embarques para países emergentes, onde o preço é fator fundamental, recuam, e a Europa, consumidora de cortes nobres, ganha importância para as exportações brasileiras. A razão é que enquanto os emergentes buscam preços competitivos, os europeus tradicionalmente absorvem valores mais altos para a carne.
Os volumes de carne in natura exportados em setembro, porém, caíram em relação ao mesmo mês de 2006: de 106 mil toneladas para 98,5 mil toneladas (ver quadro). A receita recuou de US$ 294 milhões para US$ 291 milhões.
"Com a menor oferta de boi, a produção diminui e a exportação também é menor", afirma Fabiano Tito Rosa, da Scot Consultoria. Oferta menor significa preços mais altos. Em setembro, a tonelada da carne in natura teve preço médio de US$ 2.954, alta de 6,3% em relação ao mesmo mês de 2006.
Mercosul
a) Gás importado da Bolívia tem reajuste trimestral recorde
O gás boliviano importado pela Petrobrás teve ontem reajuste recorde. A Yacimentos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) anunciou que o gás vendido ao Brasil foi aumentado em 7,9% no preço de origem, de US$ 4,17 para US$ 4,50 por milhão de BTUs (sigla em inglês para Unidade Térmica Britânica, medida calorífica do gás).
Segundo fontes do mercado, entretanto, o reajuste pode ainda chegar a 12,9%, dependendo do volume contratado. A Petrobrás não confirmou o porcentual exato. ’Quanto mais o Brasil consome, maior é o reajuste’, disse o consultor Marco Aurélio Tavares, da Gás Energy.
O mercado esperava que, para este trimestre, o reajuste ficasse na casa dos 4%. Se confirmado, o porcentual de 7,9% será o maior já repassado pela YPFB em períodos trimestrais. A imprensa boliviana informou ontem que, além do reajuste para o Brasil, a YPFB também teria repassado um novo valor para o preço do gás exportado para a Argentina.
b) Lula pede pressa para tratados, mas sem citar Chávez
Na reunião do Conselho Político, o presidente Lula cobrou mais agilidade na aprovação de tratados internacionais assinados pelo Brasil. Todos os presentes negaram que tenha citado o fato de o Congresso ainda não ter aprovado a entrada da Venezuela no Mercosul. Mas o pedido vem apenas 10 dias depois do último encontro de Lula com o presidente Hugo Chávez, que mais uma vez reclamou da lentidão do Congresso.
"O presidente não se referiu especificamente ao caso da Venezuela", disse o porta-voz da presidência, Marcelo Baumbach. "Ele observou que é importante que se aprovem, com máxima celeridade, os acordos internacionais."
Há 10 dias, no encontro em Manaus com Lula, Chávez se disse "triste e perplexo" com o atraso do Congresso. "Estou seguro que é a mão do império, a mão norte-americana", criticou. Em julho, ele chamara o Congresso de "papagaio dos Estados Unidos".
c) Cristina Kirchner quer ampliar cooperação energética com o Brasil
Em um provável governo de Cristina Kirchner, na Argentina, a Petrobras e a estatal argentina Enarsa deverão se associar para projetos conjuntos na América do Sul, e os governos dos dois países deverão cooperar em energia nuclear e ampliarão investimentos na Bolívia, segundo discutiu a candidata, em almoço, ontem, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Favorita nas eleições presidenciais, a serem realizadas neste mês, Cristina defendeu, com Lula, a cooperação dos dois países no setor energético, mas disse que é fundamental incluir nas conversas a Venezuela e a Bolívia.
O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, informou à candidata que o banco de desenvolvimento brasileiro tem, já enquadrados para aprovação, projetos que somam US$ 3,3 bilhões, que se somarão aos US$ 1,1 bilhão já aprovados pela instituição - muitos deles ligados ao setor energético, como os gasodutos do Norte e do Sul. "Quem for eleito assumirá com uma forte onda de investimentos financiados pelo BNDES", previu Coutinho, que, à saída do encontro, se dizia "muito bem impressionado" com a senadora, mulher do atual presidente, Néstor Kirchner.
Para o assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia, a senadora Kirchner apresentou "um programa equilibrado, um projeto muito sensato de governo", segundo avaliou, ao fim dos encontros. "Se cumprido na Argentina esse programa nos permitirá prosseguir na integração, em temas como comércio em moeda nacional", comentou, anunciando que uma futura colaboração em um eventual governo Cristina Kirchner "vai envolver sobretudo programas de cooperação científica e tecnológica, inclusive de ponta como é o caso da energia nuclear".
OMC
a) Bush pressiona Lula para obter concessões
Os EUA aumentam a pressão sobre Brasil, Índia e África do Sul para que se comprometam com cortes médios entre 55% e 60% nas tarifas industriais na Rodada Doha, percentuais que, inicialmente, foram rejeitados pelos três países.
O governo americano espera que o encontro dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, do sul-africano Thabo Mbeki e do primeiro-ministro indiano Manmohan Singh, no próximo dia 17 em Pretória (África do Sul), resulte numa forte declaração de apoio a reduções tarifárias propostas pelo mediador da negociação industrial na Organização Mundial do Comércio (OMC).
Fontes do Itamaraty disseram que durante o encontro da semana passada, em New York, Lula informou ao presidente George Bush sobre sua participação no Fórum de Diálogo Índia, Brasil e África do Sul, onde seria discutido também como avançar na Rodada Doha.
Agora, a Casa Branca aumenta a pressão, particularmente sobre Lula, para que o presidente brasileiro use sua "liderança"’ junto aos dois emergentes, vistos como problemáticos por Washington, que tenta isolá-los na negociação. Os americanos querem que os três líderes declarem apoio formal às bases de um acordo, não apenas em relação ao texto industrial, mas também sobre as tarifas agrícolas, numa pressão sobre a Índia, que resiste à abertura no setor.
b) Brasil pressiona a OMC pelo etanol
O Brasil apresentou uma proposta à Organização Mundial do Comércio (OMC) com a qual espera incluir definitivamente o etanol em um acordo de liberalização de tarifas de importação em todo o mundo. O Itamaraty sugeriu que cada país apresente uma lista de bens ambientais que teriam as tarifas reduzidas a zero. Hoje, o que existe é apenas uma lista de cerca de 350 produtos identificados pelos países ricos como bens ambientais, que fariam parte das negociações. Nessa lista, o etanol é a única energia renovável que não está incluída.
Hoje, as exportações de etanol do Brasil pagam altos impostos para entrar tanto no mercado europeu quanto no americano. Em negociações bilaterais, o Itamaraty não tem conseguido convencer Washington e Bruxelas a reduzir as taxas. Na OMC, o debate até agora apenas patinou. Isso porque os países ricos se recusam a incluir o etanol na lista de bens ambientais que teriam as tarifas eliminadas. A classificação, porém, inclui energia solar, tecnologia para o tratamento de água e até iate e bicicletas, que supostamente seriam bens que não poluem.
O Brasil já deixou claro que não aceitará a lista feita pelos países ricos na OMC e sugere que cada governo faça a sua oferta do que está disposto a liberalizar e apresente uma lista de setores que gostaria de ver incluído nas negociações. A sugestão brasileira provocou polêmica, principalmente entre os países ricos.
c) Pressões crescem e G-20 busca aliados
O confronto tende a crescer nas negociações da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC), jogando mais dúvidas sobre um futuro acordo. Brasil e outros emergentes, de um lado, e os EUA e outros industrializados, de outro, são os atores dessa disputa. O Brasil, na liderança do G-20, e os grupos em desenvolvimento, representando mais de 70 países, articulam um forte comunicado para reclamar do "total desequilíbrio" entre os textos agrícola e industrial que Washington quer como a base para o acordo final.
Isso ocorre ao mesmo tempo em que a representante comercial dos EUA, Susan Schwab, advertiu que só existem duas respostas dos emergentes - "sim ou não" - aos textos que estão na mesa de negociação. Mas representantes de nações em desenvolvimento acusam os EUA de demonstrarem "aceitação seletiva" do texto agrícola, enquanto exigem "aceitação incondicional" do texto industrial por parte de países como Brasil, Argentina e África do Sul. "O texto agrícola procura acomodar as sensibilidades de todos, enquanto o texto industrial não preserva sensibilidade de ninguém", aponta um dos mais importantes negociadores do G-20.
Para vários membros do G-20, os EUA adotam a estratégia de jogar a culpa nos outros pelo eventual fiasco da negociação. Um negociador acusou Washington de "falácia" quando fala que aceitou o texto agrícola. Isso porque os EUA admitem negociar a limitação de seus subsídios agrícolas na faixa entre US$ 13 bilhões e US$ 16,4 bilhões, mas recusam outras propostas do mediador da negociação. Os EUA não aceitam, por exemplo, proposta para cortar mais rapidamente os subsídios para algodão. Tambem rejeitam o período-base do mediador para fixar limites de subvenção por commodity. Mesmo a cifra de US$ 13 bilhões para os subsídios significa pouco ou nada, sem disciplinas e monitoramento para as subvenções.
Plano Internacional
a) Disparada em NY
Compras especulativas, fatores técnicos e a expectativa de impacto do clima - ainda que moderado - em pomares de laranja da Flórida determinaram a forte valorização das cotações do suco na sexta-feira na bolsa de Nova York. Os contratos com vencimento em novembro fecharam a US$ 1,2910 por libra-peso, em alta de 300 pontos, ao passo que os futuros para entrega em janeiro subiram 290 pontos e alcançaram US$ 1,2940. Mais volátil do que o normal nas últimas semanas, o mercado aguarda a nova estimativa do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) para a produção da fruta no país, que será divulgada nos próximos dias. No mercado doméstico, a caixa de 40,8 quilos da laranja destinada às indústrias saiu por R$ 10,04 na média paulista, segundo o Cepea/Esalq.
Os preços futuros do café fecharam com ligeira queda, na sexta-feira, na bolsa de Nova York, pressionados por movimento de realização de lucro, segundo analistas ouvidos pela agência Dow Jones. Em Nova York, os contratos para março fecharam a US$ 1,3230 a libra-peso, recuo de 25 pontos. Em Londres, os contratos para novembro encerraram a US$ 1.914 a tonelada, alta de US$ 23. Os preços se manterão "muito altos" devido ao clima seco no Brasil, disse Néstor Osorio, diretor-executivo da OIC (Organização Internacional do Café), à agência Bloomberg. "Os estoques estão em um nível baixo", afirmou Osorio. Há o receio de que a safra brasileira não será tão grande quanto se esperava.
b) Europeus reclamam do câmbio
A Business Europe, a antiga União das Indústrias da Europa, reclamou ontem da desvalorização do dólar para o comitê de ministros da Fazenda do bloco. Um euro tem comprado nestes dias algo em torno de US$ 1,41. Em tese, tende a comprar ainda mais, a se valorizar, se os juros continuarem a cair nos EUA. O euro também fica mais forte diante do iene e, claro, do yuan chinês. Economistas de bancos e a Comissão Européia dizem que anos de valorização do euro (lenta, a bem da verdade) não haviam causado dano às exportações européias. Mas, no mínimo, um euro mais forte reduz a rentabilidade do exportador, tudo mais constante.
Nicolas Sarkozy, presidente da França, detona o Banco Central Europeu (BCE) por causa dos "juros altos", que podariam o crescimento e estariam supervalorizando o euro. Mas o BCE tem os genes do BC alemão, que foi um dos mais conservadores do planeta. Ora é dirigido por um dos três ou quatro franceses de fato liberais, Jean-Claude Trichet.
Comissão Européia e BCE dizem a Sarkozy e adeptos que países como a França estão endividados, gastam em excesso e mantêm leis trabalhistas e previdenciárias que protegem demais os trabalhadores e que limitam o incremento da eficiência e falta de reformas.
O premiê da Itália, Romano Prodi, ligou para Angela Merkel, "preocupado" com a valorização do euro. Merkel "compartilha" das preocupações do italiano, mas jamais detonaria o BCE, como Sarkozy, e os britânicos fazem do francês "intervencionista". Prodi diz "respeitar a independência do BCE", mas que é preciso levar em conta sinais renovados de lentidão na economia européia.