22/01/2013
O estado do mundo em 2013
Rubens Antonio Barbosa

Se comparadas com 2012, as perspectivas para o cenário político e econômico internacional para 2013soam pouco animadoras.

Na economia mundial não há motivos para otimismo exagerado.Os fluxos de capital continuarão reduzidos e, em função dessa limitação, o crescimento da economia global não deverá ultrapassar 3,% e o do comércio internacional 2,5%, segundo projeções do FMI e de outras agências. Nesse contexto de altos e baixos na economia em 2013, o preço das commodities continuará volátil, dependendo sobretudo da demanda da China e da desaceleração da Europa.

A Europa deverá continuar com baixo crescimento afetada pela crise econômica. Com a prevalências depolíticas de austeridade, o velho continente continuará com baixas taxas de crescimento, gerando graves crises sociais pela pressão dos desempregados sobre os governos da Grécia,de Portugal, da Espanha, e quem sabe até da França, para evitar mais arrocho.Em 2013, a união bancária e fiscal, com maior integração política e econômica, poderá se consolidar, mas a eventual saída do Reino Unido poderá acarretar forte retrocesso para a União Europeia.

Já a Ásia apresenta um cenário mais positivo. Na China, passado o efeito negativo da crise global com aeconomia crescendo a 7,5% em 2012, as perspectivas são de volta ao nívelde 8- 8,5% em 2013. Esse incremento deverá ser puxado pela expansão domercado interno favorecido pelos estímulos creditícios.

A economia dos EUA, que dá sinais de recuperação, deverácrescer mais do que os 2% de 2012. A aprovação pelo Congresso do aumento de impostose o acordo sobre a redução das despesas do governo evitouum forte corte orçamentário e a ameaça de recessão. Com isso, a economia americana deveráse fortalecer e, por conseguinte,será maior aconfiança do setor privado.Com menos gastos (retirada das tropas do Iraque e significativaredução da presença militar no Afeganistão) e mais receita de impostos, afetando os mais ricos e não a classe média, e com uma revolução na geração de energia abaixo custo (a partir de imensas reservas de xisto betuminoso), os EUAdeverão começar um processo de re-industrialização, trazendo de volta empresas mais eficientes e aumentando o emprego.

Os países emergentes, em especial os BRICS, continuarão a contribuir para o crescimento da economia global.

O cenário político internacional em 2013 está ainda incerto.Os EUA ea China começam o ano com novos governos e com boas perspectivas de recuperação econômica,mas com problemas sociais em função das desigualdades de renda doméstica. É possível prever um gradual aumento da rivalidade entre as duasprincipais potências globais, como consequência da nova estratégia militar,política e comercial dos EUA. Essa nova políticavisa reagir à cada vez mais visível presença chinesa na Ásia, no mar do sul da China e em outros continentes,como a América Latina e a África.O agravamento da crise noGrande Oriente Médio no final de 2012, com o conflito Israel-Palestina sempre presente, continuará a trazer preocupação, sobretudo em decorrência da paralisia política dos EUA e das Nações Unidas.A admissão da Palestina como membro não permanente da ONU, representa um complicador a mais no difícil processo de paz na região. É possível que em 2013, as negociações em torno do programa nuclear do Irãapresentem progressos concretos para evitar uma solução militar queincendiaria o Oriente Médio e atrasaria a recuperação econômica da Europa edos EUA, pelo efeito do aumento de preço do petróleo. A escalada na guerra civil na Síria continuará acarretando graves consequências humanitária como agravamento dos choques étnicos entre sunitas, xiitas, cristãos, alauitase kurdos espalhados em todos os países da região.A situação interna na Jordânia poderá sair do controle eo país poderá integrar a lista dos que viveram o movimento detransformação interna por via pacifica. Na América Latina, em 2013,a situação continuará relativamente positiva, sujeita a incertezas e volatilidade por causa do cenário internacional.O crescimento se reduzirá de 5,5% para ao redor de 4%, em virtude da ausência de reformas estruturais que permitam o aumento de investimento e restabeleçam acompetitividade perdida. Na Colômbia, poderá ocorrer o fim das ações armadas entre o governo e as FARC, depois de mais de 40 anos de lutas; na Argentina e na Venezuela não desaparecerá a crônica instabilidade política derivada da personalidade de seus lideres. O México, o Chile e o Peru deverão continuar a crescer voltados mais para o Pacifico do que para a região.

O Brasil, em 2013, poderá ter crescimento maior do que o “pibinho” de 1,% em2012, mas não deverá alcançaros 3% prometidos pela retórica oficial. O investimento e o crescimento do consumo familiar não deverão aumentar significativamente e o governo terá dificuldade em avançar no programa deinfraestrutura e não desbloqueará as discussões sobre mudanças no regimetributário e trabalhista. O investimento brasileiro no exterior, sobretudo na América Latina,tenderá a crescer e a diversificar-se. O comércio externo continuará a se reduzir como resultado da desaceleração do crescimento mundial mas, sobretudo pela perdade competitividade dos produtos brasileiros nos mercados internacionais.A dependência da China continuará a aumentar e a Ásia permanecerácomo a principal parceira do Brasil.O Mercosul, como acordo de liberalização e de abertura de Mercado para produtos brasileiros,seguirá paralisado e a Argentina continuará a impor barreiras ilegais aos parceiros do Mercosul, com o olhar leniente de Brasília, justificado pela “paciência estratégica” em relação ao governo de Cristina Kirchner.

Rubens Barbosa, presidente do Conselho de Comércio Exterior da Fiesp

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